segunda-feira, 16 de maio de 2011

São Simão Stock


             São Simão Stock nasceu de uma das mais ilustres famílias da Inglaterra, cerca do ano de 1164, no castelo de Harford, condado de Kent, onde seu pai era governador.
             Desde o berço o nosso Santo teve com a mãe  de Deus a mais terna devoção e antes de chegar a idade de 1 ano, articulava distintamente e diversas vezes a saudação angélica, a Ave Maria.
            Com a graça prevenira em tudo nesse filho abençoado, a ordem e desenvolvimento da natureza, pouco foi preciso fazer para sua educação, e a medida que a inteligência se desenvolvia, progredia também no conhecimento do amor de Deus na devoção à Santíssima Virgem.
            Um dia lendo certo tratado sobre a Imaculada Conceição de Maria Santíssima, concebeu tanta estima, tamanho amor para com a perfeita pureza que a igreja venera em Maria, que possuído de uma santa inspiração do céu e instigado por ardente desejo de ter alguma semelhança com a mais pura das virgens, por ele sempre considerada como sua mãe, consagra a Deus a sua virgindade, e retira-se para a solidão. Tinha então 12 anos.
           Escolheu para lugar do seu retiro, uma floresta imensa, no condado de Kent, perto do Oxford, e, encontrando no seu caminho uma árvore de dimensões extraordinárias, improvisou, no tronco, uma cela que lhe serviu, durante 20 anos, de abrigo contra os rigores do tempo, e de esconderijo contra as perseguições dos seus parentes. Ornou-se com um crucifixo e uma imagem da SS. Virgem Maria, os únicos    objetos que levava consigo, ao retirar-se da casa paterna.
          Dali em diante, não cessou de invocar o doce nome de Maria; e foi pela virtude toda poderosa deste nome, que superou, como ele próprio relata, muitas tentações horríveis; graças a virtude deste nome, saiu sempre vitorioso nos combates que o espírito das trevas lhe declarava no deserto.
         No momento em que o santo recebia as mais ricas graças e favores celestes, a SS. Virgem o favoreceu com uma aparição, e, numa revelação expressa, lhe diz que Deus, satisfeito com as penitencias de sua solidão, queria que completasse a obra de sua santificação, unindo-se aos religiosos do Carmo e abraçando a sua regra, logo que eles passassem da Terra  Santa à Inglaterra, para aí fundar mosteiros.

A Virgem entrega o Escapulário a São Simão Stock - Balzico, séc. XIX, Igreja de Santa Maria da Vitória, Roma.

A Virgem entrega o Escapulário a São Simão, Igreja de Santa Maria da Vitória, Roma


            São Simão obedeceu a voz celeste, apesar da sua grande atração pelo deserto, e voltou a Oxford, onde estudou teologia, com uma grande aplicação toda particular, a fim de ser um dia digno e competente para cumprir o ministério a que Deus o predestinava. Ordenando sacerdote, volta novamente à solidão, e não a deixa senão em 1212, 15 anos depois da revelação que lhe fizera a SS. Virgem.
          Da parte de sua Mão celeste recebeu a participação da chegada de alguns eremitas do Monte do Carmo,  e a essa feliz notícia  apressou-se em obedecer as ordens do céu recebendo o Hábito da Ordem das mãos do bem-aventurado  Alain, chefe da missão e mais tarde superior geral da Ordem. Poucos anos depois, o novo carmelita aproveita a ocasião favorável que lhe oferece, para fundar um mosteiro em Norwich; e, deixando-o em condições de  receber novos aspirantes, retira-se com licença dos seus superiores, e volta a solidão.
         Mas o superior Geral, São  Brocardo (festa em  2 de setembro -1150 -1230 ), informado das maravilhas  operadas pelos solitários de Norwich, e sobretudo do fervor de São Simão de Stock, chama-o para coadjuvar no governo da Ordem, e o nomeia seu Comissário Geral em toda a Europa, para presidir o governo dos religiosos.
          A Ordem do Carmo, porém, introduzida há pouco na Europa, e favorecida com extensão inesperada, provocou a ira do demônio, que desgostoso com a piedade dos Carmelitas, excita, em toda parte, contra o Carmo, homens animados de um zelo indiscreto, que sob pretexto de adesão às leis da Igreja, pretenderam ataca-lo, até no ocidente, e suprimi-lo de todo.
        Simão não tarda em colocar os filhos de Maria ao abrigo… e Maria toma a si a sua sorte. A Santíssima Virgem apareceu ao Papa Honório III e ordenou-lhe que aprovasse a Regra confirmada e protegesse a Ordem, acrescentando com império: – “ Nem se há de contradizer o que eu mando, nem demorar o que eu promovo; e para que entendas que a presente resolução é minha… esta noite, sendo Deus o vingador, dois dos teus curiais, que são êmulos da minha religião, acabarão a vida, com morte repentina na mesma hora”.
         Os dois ministros morreram e o Papa Honório III, reconhecendo a realidade do que se lhe havia ordenado, redigiu no mesmo dia , 30 de janeiro de 1226, na Bula de aprovação da Regra e confirmação da Ordem. Em conseqüência desse fato, a Ordem Carmelita, instituiu Festa solene da Nossa Senhora do Carmo, que se celebra no dia 16 de julho.
         Em 1245, Simão é eleito Sub Prior Geral da Ordem Carmelita, mas o seu elevado cargo só lhe servia de cruz. Vivia desconsoladíssimo, por causa das opressões invencíveis que os seus religiosos padeciam; porque, não obstante todos os fatores do céu e de proteção do Papa, era tal a oposição de todos, que só os efeitos de violência se fazia sentir.
        O que sobretudo desgostava os adversários dos Carmelitas, era a especial denominação de que gozavam de : Irmãos da Bem-aventurada Virgem Maria; e, por esse motivo, pretendiam com todas as forças, ou desmentir, ou extirpar  tão notória felicidade, como se os religiosos tivessem culpa de serem favorecidos pela proteção celestial de Maria.
        Vendo, pois, o aflito Padre Geral que a perseguição não cessava, antes prevalecia,  e considerando que só na benignidade da mesma Clementíssima Senhora, de quem era filho, poderia encontrar o amparo de que necessitava, recorreu ao seu eficaz patrocínio. Rogava-lhe com repetida insistência, e permitiu-lhe que confirmasse a Bula do Papa Honório III, com alguma pública demonstração da sua afetuosa Maternidade.
         Nas vésperas da Festa Solene, no ano de 1251, o Santo Geral, mais do que nunca desvelado, perseverou em suas súplicas à poderosa Mãe dos Carmelitas, com amorosas palavras e devotos suspiros, nascidos do íntimo de sua alma. Lhe compunha louvores, dignos de eterna memória. Entre estes conservamos ainda a bela antífona:
“ Flor do Carmelo,
Vide florígera,
Esplendor do céu,
Virgem fecunda,
E singular:
Mãe aprazível
sem conhecer varão,
A vossos Carmelitas
dai privilégios
Ó  Estrela do Mar !
         Acabava, o santo, de dizer essas doces palavras, quando a Virgem Santíssima lhe apareceu, vestida com o Hábito da Ordem, coroada de cintilantes estrelas, rodeada de anjos e tendo o seu Divino Filho nos braços. Trazia nas mãos o Escapulário, e entregando-o a São Simão, lhe disse:
      “Meu filho muito amado; recebe este ESCAPULÁRIO da tua Ordem, sinal de minha confraternidade, privilégio para ti e todos os Carmelitas; quem com ele morrer, não padecerá o fogo eterno. Eis o sinal da salvação, de proteção nos perigos, pacto de paz e aliança para sempre.”
         Debaixo da proteção tão sublime e poderosa, Simão teve a felicidade de ver o desagrado dos seus êmulos, converteram-se em benevolência, e o mesmo motivo do desprezo passou a ser fundamento de veneração.
        Entretanto, São Simão Stock avançava em idade. Teve, porém, a morte bem-aventurada. Não querendo viver senão para contemplar a Obra Divina, tomou a generosa resolução de consagrar as suas últimas forças  a visitas pastorais. E, quantos conventos e retiros ?  Historiadores há que nos enumeraram 7.500 . Tinha estão 96 anos de idade.
        Nos princípios de 1265, Simão chega a Bordeaux, e ali  termina as suas visitas e …  os seus dias, por uma  morte preciosa aos Olhos de Deus. Pronunciando as palavras que a Igreja acrescentou à saudação angélica: “ Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém … “  rendeu a alma a Deus. Mostrou-se, assim , por essa derradeira homenagem, digno filho e irmão da Bem-Aventurada Virgem Maria, até o último alento.
       Jaculatória  recitada por São Simão; que se poderá recitar todas as noites antes de deitar-se, beijando o Santo escapulário:
“ Virgem do Carmo, vosso sou;
com vossa permissão dormir vou.
Recebei meus agradecimentos e dai-me vossa bênção.”

Aspiração:
“ Virgem do Carmo,
Estrela do Mar,
Meus olhos te vejam
Antes de expirar.”