segunda-feira, 2 de maio de 2011

Santo Tomás de Aquino, "Ev. sec. Io" 10,3, in I Padri vivi, cit.

          

         "Ofício do pastor é a caridade; por isso se diz: "O bom pastor dá a vida pelas suas ovelhas". É preciso saber que há uma diferença entre o bom e o mau pastor; o bom pastor olha para o proveito do rebanho; o mau pastor olha para o próprio proveito; e esta diferença é assinalada em Ezequiel 34,2: "Ai dos pastores [...] que se apascentam a si mesmos". Mas não é o rebanho que deveria ser pastoreado pelo pastor? Aquele, portanto, que se serve do rebanho para apascentar-se a si mesmo não é um bom pastor. E daí deriva que o mau pastor, mesmo aquele material, não quer sofrer nenhum dano por seu rebanho porque não se preocupa com o bem do rebanho, mas com seu próprio. Por outro lado, o bom pastor, mesmo aquele material, submete-se a muitas coisas pelo rebanho, porque quer o bem dele; por isso Jacó, em Gênesis 31,40, diz: " Durante o dia devorava-me o calor, durante a noite o frio". Mas np caso de pastores materiais, não se pede que um bom pastor arrisque a própria vida para salvar o rebanho. Mas dado que a salvação espiritual do rebanho é mais importante que a vida corporal do pastor, quando está em perigo a salvação eterna do rebanho o pastor espiritual deve afrontar até a morte, por seu rebanho. E é isso que o Senhor diz com as palavras: "O bom pastor dá a vida pelas suas ovelhas"; está pronto a dar a vida temporal com responsabilidade e amor. Duas coisas são necessárias: que as ovelhas lhe pertençam e o amem; a primeira sem a segunda não basta. Desta doutrina fez-se modelo Jesus Cristo. Leia em 1João 3,16: "Ele deu sua vida por nós. E nós também devemos dar a nossa vida pelos irmãos".