sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Santa Fabíola de Roma, matrona


    














     A única fonte biográfica sobre esta santa é a Epístola 77 de São Jerônimo, escrita no verão do ano 400 da era Cristã. Da nobre família dos Fabi, Fabíola muito jovem casou-se com um homem cruel de quemse divorciou para casar-se novamente, fato que escandalizou a Igreja.
     No Sábado Santo de um ano impreciso, Fabiola se apresentou, vestida com tecido se saco, na Basílica de São João de Latrão, pedindo para ser recebida na Igreja. Diante do clero e dos fieis fez publicamente penitência, e o papa Sirício (384-399) admitiu-a de novo à comunhão.
     Retirou-se para a vida privada, dedicou-se aocuidado dos pobres e fundou em Óstia, junto a Roma, um grande hospital para os doentes abandonados, onde eles eram tratados gratuitamente. Foi a primeira fundação do gênero na Europa. Esta fundação é “uma das datas mais altas da história da civilização ocidental”, segundo o historiador Camille Julian.
     Em 394 ela foi para a Palestina convidada por São Jeronimo e lá se dedicou ao estudo das Sagradas Escrituras. São Jerônimo ficou muito impressionado com a sua forte personalidade, inteligência e virtude, e escreveu sua biografia. No ano seguinte, receando uma invasão dos Hunos, ela retornou a Roma, onde viveu na pobreza, morrendo no ano400. Toda a cidade participou de seu funeral cantando o Aleluia.
     Em 397, São Jeronimo enviara a ela uma dissertação sobre as vestes sacerdotais e a ela também destinou, em 400, o Liber exegeticus XLII mansionibus Israelitarum in deserto.Por outro lado, ela também tinha admirado ao máximo a carta escrita por Jerônimo aomonge Heliodoro, por volta de 376, em que ele elogiava a solidão. 
    Na carta a Oceano assim São Jeronimo resume as virtudes de Fabiola: "Laudem Christianorum, miraculum gentilium,luctum pauperum, solatium monachorum".
     O nome de Fabiola aparece nos martirológios somente a partir do século XV ao séculoXVIII no dia 27 de dezembro. Entretanto, não foi incluída por Baronio no Martirológio RomanoEla deve a sua grande notoriedade ao famoso livro do Cardeal Wisemann, intitulado Fabiola, ou a Igreja das Catacumbas (Londres 1855) que apresenta uma Fabiolaespectadora simpática da última perseguição" em vez de uma matrona penitente do século.IV.

Santa Nicareta de Nicomédia, mística e eremita


Nicareta (Νικαρέτη,Nikaréte) nasceu em Nicomédia de Bitínia, no Século IV, em data ignorada, e morreu em Constantinopla, em 440 d.C. (Século V). Era uma mulher cristã que se tornou eremita. É venerada com a santa pelas Igrejas Católica e Ortodoxa.
De família nobre, Nicareta consagrou-se à vida cristã; tornou-se famoso pela sua piedade e benevolência, assim como pelas curas que realizava gratuitamente, graças aos seus conhecimentos de Medicina. Vivia muito austeramente, retirada da mesma maneira que uma eremita, em sua própria a casa, em Constantinopla. Elogiada por São João Crisóstomo, recusou por humildade o convite para que fosse diaconisa ou para que dirigisse uma comunidade monástica de mulheres.
Quando São João Crisóstomo foi expulso de Constantinopla, em 404 d.C., Nicareta também sofreu perseguição, sendo cruelmente difamada. Além disso, foi injustamente desprovida de seus bens. Empobrecida, soube gerir seus recursos para poder viver e ainda repartir o pouco que lhe sobrara com os pobres, a quem fazia freqüentemente gestos de caridade.
Finalmente, Nicareta foi declarada inocente e seus difamadores acabaram exilados. Poderia ter sido ela a mulher responsável pela cura de São João Crisóstomo, mas não há provas suficientes para se confirmar esta tese. Foi canonizada pela Igreja Católica Apostólica Romana e sua memória é celebrada em 27 de dezembro.

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Venerável Teresa de Santo Agostinho, princesa e carmelita


     A princesa Louise Marie de France, filha do rei Luís XV e da rainha Maria Leszczynska, princesa da Polônia, nasceu no Palácio de Versalhes a 15 de julho de 1737. Foi educada na Abadia de Fontevrault.
     Ainda muito criança sofreu um acidente que quase a fez perder a vida. Impaciente por sua criada de quarto não vir logo atendê-la, subiu na grade de seu leito, daí caindo. Embora logo tratada, essa queda legou-lhe uma deformidade física, e levou-a às portas da morte. Nessa ocasião, as religiosas do mosteiro fizeram um voto à Virgem pela saúde da princesa e ela foi curada miraculosamente. Nunca mais esqueceu ao que devia sua vida, o que a marcou de um modo profundo.
     Desde a infância mostrou inclinação para a vida de piedade, nunca se cansando da extensão do Oficio Divino. Um dia chorou amargamente porque uma dama que a servia falou-lhe de um príncipe estrangeiro que seria seu esposo. Entretanto, era orgulhosa de sua posição. Certa ocasião, julgando-se ofendida por uma de suas damas, disse-lhe com azedume: "Não sou eu a filha de vosso rei?" "E eu, Madame", respondeu a senhora, "não sou a filha de vosso Deus?" "Tendes razão", respondeu a princesa tocada pela resposta, "eu estava errada e peço perdão".
     Extremamente generosa com os pobres, dava-lhes o dinheiro que recebia para seus gastos, nada reservando para si. A dama de honra encarregada de suas despesas acostumou-se a entregar aos pobres o que recebia para Louise Marie, sem mesmo consultá-la.
     Dotada de um caráter vivaz, gostava dos exercícios violentos. Um dia, caçando em Compiègne, seu cavalo assustou-se e lançou-a a razoável distância. Ela caiu quase sob as rodas de uma carruagem que vinha em disparada. Salva como por milagre, fizeram com que regressasse de carro. Rindo-se dos temores gerais, ordenou ao seu escudeiro que lhe trouxesse o cavalo, montou, dominou o animal nervoso e continuou o passeio. De volta ao castelo, foi agradecer a Virgem o que chamou a segunda salvação de sua vida.
     Madame Louise viveu até os 33 anos na Corte mais faustosa do mundo, nela haurindo tudo quanto havia de bom e dando ali exemplo de virtude, sem se deixar contaminar pelos aspectos mundanos e frívolos que, infelizmente, vinham se introduzindo em tais ambientes a partir do fim da Idade Média. Seu pai tinha concubinas e ela e a irmã, Clotilde (já beatificada), serviram de esteio para uma reação dentro da corte, que conduzia consigo os destinos da moralidade da corte, e consequentemente os destinos da moralidade do reino.

     Desejando ingressar no convento, ao assistir a tomada de hábito no Carmelo de uma condessa quis ingressar nessa Ordem. Começou a preparar-se para isso estudando a regra de Santa Teresa, e abstendo-se lentamente do conforto que a cercava. Afastava-se do aquecimento do castelo durante períodos de frio horroroso. Ela não suportava o cheiro de velas e venceu essa repugnância após anos de esforços. 
     Tendo falecido sua mãe, a piedosa rainha Maria Leszczynskaconseguiu o consentimento do rei e a 20 de fevereiro de 1770, entrou para as carmelitas de Saint-Denis, considerado o mais pobre da França e o de regime mais severo. A França admirou-se desse exemplo e o papa Clemente XIV escreveu à princesa, para lhe exprimir a felicidade que sentia em ver seu pontificado assinalado por um acontecimento tão consolador para a religião.
     No convento, lutou arduamente para que suas companheiras deixassem de distingui-la das outras. Trabalhou também para vencer sua dificuldade em ficar longo tempo de joelhos, tendo conseguido essa graça após uma novena feita a São Luís Gonzaga. Recebeu o hábito a 10 de setembro de 1770, revestida do manto de Santa Teresa que as carmelitas de Paris possuíam e tomou o nome de Irmã Teresa de Santo Agostinho.
     Nomeada mais tarde mestra de noviças, destacou-se sobremodo nesse trabalho tão difícil, manifestando constante alegria em meio às dificuldades com que se deparava. Foi eleita depois, unanimemente, superiora. Quando o visitador geral das carmelitas levou a notícia ao rei, avisou-lhe que somente um voto fora contra a Irmã Teresa. "Então", respondeu Luís XV, "entretanto, houve um voto contra ela?" "Sim, Senhor", respondeu o prelado, "mas foi o voto dela mesma".
     Como superiora, foi cheia de caridade para com suas irmãs e extremamente severa consigo própria, procurando seguir com o máximo de fidelidade o espírito de sua regra. Preocupava-se, também, em conseguir junto a seu pai e, mais tarde, junto a Luís XVI, todos os benefícios que pudesse para a religião. Foi a ela que as carmelitas dos Países Baixos austríacos deveram ser acolhidas em França, quando expulsas de sua terra por José II.
     Irmã Teresa também contribuiu para a fundação de um mosteiro de estrita observância para os carmelitas descalços, cuja regra relaxara durante algum tempo. Severamente interdita de usar de sua influência para tudo aquilo que se referisse a assuntos mundanos, usou-a, entretanto, o quanto pode, para a salvação das almas.
     Afastada dos problemas do Estado, interessava-se profundamente por suas necessidades e na oração procurava solvê-los. Suas orações e penitências pela conversão do pai foram atendidas: em 1774, o rei Luís XV morreu reconciliado com Deus e com a Igreja, depois de 30 anos afastado dos Sacramentos. Rezava pela conservação da fé no reino, a restauração dos costumes, a salvação dos povos, a paz e a tranquilidade pública. 
     Deixou duas obras espirituais, publicadas postumamente:Meditações Eucarísticas e Coletânea dos testamentos espirituais a suas filhas religiosas carmelitas.
     Devotadíssima ao Papa, tornou-se defensora dos direitos da Santa Sé face aos ataques dos galicanos e jansenistas, que exerciam grande influência na Corte. Nessa luta, procurou ajudar os Jesuítas, então especialmente perseguidos.
     Tinha pelos franceses o mesmo amor que seu antepassado São Luís. Tudo que interessava à sua pátria interessava à sua piedade. Luís XVI a reverenciava como o anjo tutelar da França. Indiscutivelmente, foi para afastar a influência que ela exercia sobre Luís XVI que os ímpios decidiram exterminá-la definitivamente. É quase certo que Marie Louise morreu envenenada.
     Em novembro de 1787, seu mal de estômago agravou-se violentamente com dores agudas (dois anos antes da Revolução Francesa...). Daí em diante piorando gradativamente, preparou-se para morrer. Sua morte foi magnífica pela coragem com que a enfrentou. Suas últimas palavras foram: "Ao Paraiso! Depressa! Já é tempo!". Era o dia 23 de dezembro de 1787, às quatro e meia da manhã.
     Em 1793, por ordem dos revolucionários, lançou-se ácido contra os restos da venerável princesa e acreditaram tê-los destruído. Mas um grande número de milagres conduziu a introdução de sua causa, declarando-a Pio IX venerável no dia 1º de junho de 1873.
     O decreto reconhecendo as virtudes heroicas da Venerável Madre Teresa de Santo Agostinho foi publicado em 18 de dezembro de 1997. Basta apenas um milagre oficialmente reconhecido e atribuído a ela para que a Igreja a declare Beata.Madame Louise de France deixou por Deus os degraus do trono. Esperemos que em troca Ele um dia a faça gozar a honra dos nossos altares

Santa Vicenta Maria Lopez y Vicuña


     A Madre Vicenta Maria López y Vicuña nasceu em Navarra, Cascante, no dia 24 de março de 1847, em uma família solidamente cristã.

     Na família Vicenta Maria captou o sentido de Deus em sua vida. Seu pai, José Maria López, membro do Colégio de Advogados de Pamplona, foi seu primeiro mestre. Rezava com os familiares, aprendendo a sentir a necessidade da gratidão a Deus, da obediência à suas leis. A devoção ao Rosário na família, orações marianas, seria como uma tábua de salvação em sua vida espiritual. Um tio padre completava a sua formação religiosa.
     Momento significativo na sua vida espiritual foi sua Primeira Comunhão. Outro fato importante para o seu crescimento foi sua transferência, em 1857, para a casa dos tios em Madri, a fim de completar sua formação. Ali continuou a aprender o catecismo e vivia sua fé nos trabalhos de caridade para a "Casita". "Casita" era uma casa para as jovens da zona rural vítimas da transformação social ocasionada pela industrialização.
     Aos 17 anos, resolvida a dedicar sua vida ao apostolado e convencida da necessidade de fundar uma congregação religiosa que garantisse sua continuidade, comunicou a ideia ao seu diretor espiritual o Pe. Víctorio Medrano SJ. Ele aprovou a ideia deixando para o futuro a concretização.
     Em março de 1868, Vicenta fez os Exercícios Espirituais no Primeiro Mosteiro da Visitação e saiu resolvida a fundar sua obra. Mas seus pais se opõem ao projeto e ela teve que retornar a Cascante onde permaneceu por sete meses.
     Em fevereiro de 1869 retornou a Madri e se dedicou completamente ao desenvolvimento da obra em favor das empregadas e a elaboração das Constituições e regras da nova congregação. A situação política e social atrasou um tanto a fundação, mas Vicenta Maria, sua tia Maria Eulália e um pequeno grupo de senhoras, começaram a levar uma vida de comunidade a partir de 22 de fevereiro de 1871.
     O Pe. Isidro Hidalgo y Soba S.J. começou a dirigir espiritualmente Vicenta e suas companheiras em julho de 1875.
     Em 11 de junho de 1876, solenidade da Santíssima Trindade, D Ciriaco Maria Sancha impunha o hábito religioso a Vicenta Maria e as outras companheiras; nascia assim a Congregação das Irmãs do Serviço Doméstico (o nome atual da Congregação, depois de várias mudanças é Religiosas de Maria Imaculada).
     Antes de completar um ano de fundação, Madre Vicenta abria a terceira casa de seu Instituto. E outras fundações se seguiram, não sem dificuldades, e lentamente novas candidatas foram se apresentando.
     Em 1879 uma enfermidade começou a minar a saúde de Madre Vicenta. Prostrada na cama, debilitada pela enfermidade, pronunciou a fórmula de sua profissão perpétua em 31 de julho de 1890, às cinco e meia da manhã. Duas horas mais tarde participou na capela da primeira celebração deste tipo que a Congregação teria, em que foram recebidas em profissão nove companheiras.
     Na tarde do dia 26 de dezembro de 1890, após ter abençoado pela primeira vez sua religiosas, tendo nas mãos o Crucifixo e uma estampa da Virgem, entregou sua alma ao Criador.
     A causa para sua beatificação e canonização foi introduzida em 19 de fevereiro de 1915. Foi beatificada pelo Papa Pio XII em 1950 e canonizada pelo Papa Paulo VI em 25 de maio de 1975. A memória litúrgica é 26 de dezembro, o dia de sua morte.

Beata Maria dos Apóstolos, cofundadora


     Na noite de Natal de 1907 o coração generoso de Madre Maria dos Apóstolos cessava de bater. Terminava em Roma a sua vida operosa, cheia de ardor missionário, tendo fundado em Tivoli, no Lácio, o Instituto das Irmãs do Divino Salvador.
     Teresa von Wüllenweber nasceu aos 19 de fevereiro de 1833 no Castelo de Myllendonk, em Neuwerk, próximo de Mönchengladbach, Alemanha. Sendo a primogênita dentre as cinco filhas do casal Joseph Theodor, Barão de Wüllenweber, e Constância Elizabeth Lefort, Teresa devia herdar o castelo.
     Cresceu em um ambiente profundamente religioso, com alguns aspectos austeros, mas caracterizado por um forte afeto familiar. O pai, homem reto e afável, era bem quisto por todos. Teresa recebeu a primeira instrução em casa com sua mãe e com alguns sacerdotes. Na idade de 15 anos aperfeiçoou sua educação e instrução junto às Beneditinas de Liège, Bélgica, onde, pensando em Roma como o coração da cristandade, desejou estudar também o italiano.
     Em 1850 regressou ao castelo e ajudava sua mãe nos afazeres da casa e seu pai nos trabalhos administrativos; exercitava-se ao piano e gostava de trabalhos artísticos; junto com a mãe visitava os pobres e os doentes dos arredores. O Evangelho passou a ser seu estudo preferido.
     Em 1853 e em 1857 participou com a mãe e a irmã de retiros espirituais dos Jesuítas, durante os quais nasceu nela o grande amor pelas missões.
     Aos 24 anos, contra a vontade do pai, mas com a permissão da mãe, entrou no convento do Sagrado Coração de Blumenthal, perto de Aquisgrana. Exerceu vários ofícios em Warendolf e em Orleans (França), mas embora fosse feliz no apostolado que exercia e aproximando-se a profissão solene, sentia em seu coração que o Senhor tinha para ela outros desígnios. Deixou amigavelmente o Instituto em março de 1863.
     Na nota de demissão a fundadora, Santa Madalena Sofia Barat, anotou:“piedosa e de bom caráter ... não se encontrou nela a disposição para ser educadora”. Foi uma experiência muito importante que a tornou uma grande devota do Sagrado Coração por toda vida.
     Por algum tempo se preocupou com a casa e as irmãs, até que, em 1868, ingressou na Congregação da Adoração Perpétua de Bruxelas, com encargos em Liège. Ali constatou que milhares de alemães pobres emigravam para Liège, porque não sendo obrigatório dar estudo às crianças, os mandavam trabalhar nas minas de carvão. Se tornavam assim vítimas da corrupção, sem religião, arruinando-se espiritual e fisicamente. Ela pensava em uma fundação na Alemanha, mas eram os anos da kulturkampt com perseguições anticlericais, dioceses vazias, seminários fechados, sacerdotes no exílio. Dois anos depois Teresa voltou para casa.
     Em 1872, Teresa conheceu o pároco de Neuwerk que se tornou seu diretor espiritual. Começaram a falar de uma nova fundação. Em 1876 alugou uma parte do ex-mosteiro beneditino de Neuwerk e ali abriu o Instituto Santa Bárbara para assistência dos órfãos, das jovens e das senhoras sozinhas. Tentou sem sucesso a união com um instituto similar. Entre outros, conheceu Santo Arnoldo Janssen.
     Finalmente, após ler um anúncio no jornal da Sociedade Apostólica Instrutiva, em 4 de julho de 1882 encontrou-se com o jovem sacerdote João Batista Jordan (Francisco da Cruz), que seis anos antes havia fundado em Roma o Instituto (o termo Apostólica seria substituído por Católica).
     Embora a diferença de idade entre os dois fosse de 15 anos e pertencessem a classes sociais diferentes (o Padre Jordan era de humilde origem), logo se tornaram muito unidos.
     Dois meses após o primeiro encontro, Teresa (então com 49 anos) se ligou com votos privados à Sociedade, dando-lhe “o seu convento”. Em 1888, com um pequeno grupo de coirmãs, foi chamada pelo Padre Jordan para ir a Tivoli. Em 8 de dezembro de 1888, nasceu o novo ramo feminino da Sociedade Católica Instrutiva; Teresa foi eleita Superiora com o nome de Irmã Maria dos Apóstolos. Ela é considerada cofundadora da Congregação das Irmãs do Divino Salvador.
     A nova Congregação logo recebeu vocações da Alemanha, Suíça, Áustria, Hungria e do Tirol do Sul. Desde os primeiros tempos o seu espírito foi missionário, tanto que poucos anos depois Madre Maria enviava as primeiras Irmãs para a Índia e o Equador, mantendo sempre com elas contatos através de correspondência.
     Em Tivoli, no ano de 1894, abriu um seminário magistral para uma maior preparação das Irmãs, sob o olhar vigilante do Padre Jordan. A obediência ao Fundador por parte de Madre Maria foi sempre um dever.
     Pelo fim de 1905, aconteceu o Primeiro Capítulo, com a Madre já doente e envelhecida, tendo quase perdido a visão. Foi reeleita, mas as condições de saúde, suportadas com paciência, pioraram progressivamente com ataques de asma e problemas de mobilidade. Dois anos depois uma meningite foi fatal: enquanto as Irmãs se encontravam na igreja para a Missa de Natal, ela faleceu.
     Em 4 de agosto de 1903 ela tinha escrito o seu testamento espiritual: “Espero humildemente que as minhas boas Irmãs rezarão muito por mim. Que continuarão a trabalhar com santo zelo pela própria perfeição, procurando sempre fazer o verdadeiro bem ao próximo, mantendo-se firmes no espírito do Fundador”.
     Madre Maria dos Apóstolos foi beatificada em 13 de outubro de 1968 pelo Papa Paulo VI. As suas relíquias são veneradas na igreja da Casa Generalícia de Roma.

Santo Estêvão, diácono e protomártir



        Depois do Pentecostes, os apóstolos dirigiam o anúncio da mensagem cristã aos mais próximos, aos hebreus, aguçando o conflito apenas acalmado da parte das autoridades religiosas do judaísmo. Como Cristo, os apóstolos conheceram logo as humilhações dos flagelos e da prisão, mas apenas libertados das correntes retomam a pregação do Evangelho. A primeira comunidade cristã, para viver integralmente o preceito da caridade fraterna, colocou tudo em comum, repartindo diariamente o que era suficiente para o seu sustento. Com o crescimento da comunidade, os apóstolos confiaram o serviço da assistência diária a sete ministros da caridade, chamados diáconos. 

      Entre eles sobressaía o jovem Estêvão, que além de exercer as funções de administrador dos bens comuns, não renunciava ao anúncio da Boa Nova, e o fez com tanto sucesso que os judeus “apareceram de surpresa, agarraram Estêvão e levaram-no ao tribunal. Apresentaram falsas testemunhas, que declararam: ‘Este homem não faz outra coisa senão falar contra o nosso santo templo e contra a Lei de Moisés. Nós até o ouvimos afirmar que esse Jesus de Nazaré vai destruir o templo e mudar as tradições que Moisés nos deixou.’ " 
        Estêvão, como se lê nos Atos dos Apóstolos, cheio de graça e de força, como pretexto de sua autodefesa, aproveitou para iluminar as mentes de seus adversários. Primeiro, resumiu a história hebraica de Abraão até Salomão, em seguida afirmou não ter falado contra Deus, nem contra Moisés, nem contra a Lei, nem fora do Templo. Demonstrou, de fato, que Deus se revelava também fora do Templo e se propunha a revelar a doutrina universal de Jesus como última manifestação de Deus, mas os seus adversários não o deixaram prosseguir no discurso, "taparam os ouvidos e atiraram-se todos contra ele, em altos gritos. Expulsaram-no da cidade e apedrejaram-no."
        Dobrando os joelhos debaixo de uma tremenda chuva de pedra, o primeiro mártir cristão repetiu as mesmas palavras de perdão pronunciadas por Cristo sobre a Cruz: "Senhor, não os condenes por causa deste pecado." Em 415 d.C., a descoberta das suas relíquias suscitou grande emoção na cristandade. A festa do primeiro mártir foi sempre celebrada imediatamente após a festividade do Natal. 

Jacopone da Todi, franciscano, autor do Hino "Stabat Mater"



     Jacopone (Jacopo) da Todi é um personagem muito pitoresco, mas quase desconhecido. Sua obra, relativamente importante, lhe assegura a merecida reputação de poeta e autor espiritual. Atribui-se-lhe a composição do "Stabat Mater dolorosa".

Sua vida

      Os historiadores que se debruçaram sobre sua história crêem que ele nasceu numa família nobre, em Todi, por volta de 1228 e 1230. Jacopo estudou Direito, provavelmente na Universidade de Bolonha, como um de seus poemas autobiográficos nos dá a entender. Pensa-se que ele exerceu a profissão de advogado, e que ele se casou com uma nobre dama. Infelizmente, esta dama, que era linda e piedosa, morreu prematuramente, o que afetou muito o jovem esposo.
      Após ter renunciado à sua profissão, ele se engajou numa vida de penitência e não tardou a entrar para a Ordem Terceira Franciscana, levando uma vida relativamente retirada do mundo, descuidando-se de sua aparência e de suas roupas, vivendo como um vagabundo e entregando-se a toda sorte de excentricidades. Ele queria, assim, participar das humilhações sofridas por Jesus Cristo em Sua Paixão. Tendo sido ridicularizado pelos que o cercavam e mesmo pelas crianças das ruas, ele recebeu este apelido de Jacopone (no lugar de Jacopo), pelo qual ele é mais conhecido.

Sua obra

      Jacopone escreveu sobretudo poemas, em dialeto úmbrio (italiano antigo), bem como alguns tratados de vida espiritual. Sua obra foi impressa, uma primeira vez, em 1490, em Florença, contendo 102 textos. Outras edições vieram depois, enriquecidas com outros poemas, provavelmente apócrifos (não oficiais). A edição de Veneza, em 1514 contém 139 poemas, e a edição de Veneza, de 1617, contém 211 peças. Seria muito útil podermos dispor de uma edição crítica moderna.

Beato Felipe Sifhong, leigo, catequista, pai de família e protomártir tailandês


O Cristianismo foi introduzido na Tailândia em 1881. A Sociedade das Missões Estrangeiras de Paris era ativa naquele país, bem como outras Congregações missionárias ou caritativas. Em 1940, o país contava com um milhão de católicos reunidos em pequenas comunidades, além da presença de comunidades cristãs protestantes. A Tailândia era um país essencialmente budista, com algumas minorias hinduístas.
A partir de 1940, os missionários franceses tiveram que deixar o país por causa da II Guerra Mundial. O pluralismo religioso era então considerado uma ameaça à unidade nacional. O vilarejo de Songkhon às margens do rio Mekong, na fronteira com oLaos, foi o palco do martírio de sete moradores católicos daquela região: Philippe Siphong, as religiosas Agnes Fhila e Lúcia Khambang, e os leigos Ágata Fhutta, Cecília Butsi, Viviane Khamfhai e Maria Fhon.
Felipe Sifhong nasceu na província de Nakhon Fhanom em 30 de setembro de 1907, numa família católica, e foi batizado no mesmo dia do seu nascimento. Aluno da escola paroquial de Non Seng, Felipe tornou-se mais tarde professor primário, em 1926, no vilarejo de Songkhon. Ali ele se casou, cinco anos mais tarde, com Maria Thong, e tiveram cinco filhos. Além de professor, Felipe era também catequista e homem de confiança dos missionários, que lhe confiavam a administração do posto missionário quando precisavam se ausentar.Ele era o chefe da comunidade cristã local.
Em agosto de 1940, um grupo de policiais tailandeses chegou em barcos nesse vilarejo isolado, constatando que os habitantes daquele lugar professavam uma religião estrangeira. Em novembro, o Padre Figuet foi expulso do país. Os habitantes locais se confiaram à proteção do catequista Felipe Sifhong e das Irmãs Agnes Fhila e Lúcia Khambang, a fim de permanecerem firmes na Fé.
Em meados de dezembro, Felipe recebeu uma carta contendo uma mensagem falsa, escrita por policiais, ordenando-lhe que comparecesse à subprefeitura. Felipe pressentiu o perigo. No início da noite do dia 15 daquele mês, dois policiais levaram-no preso para que fosse interrogado. Felipe foi fuzilado naquela noite, depois de fazer o sinal da Cruz. A mesma sorte estava reservada às duas religiosas. O Cristianismo era, então, considerado uma das práticas anti-nacionais. As autoridades tailandesas tiveram o cuidado de esconder os túmulos dos mártires a fim de que as almas dos falecidos não viessem“atormentar os vivos”Em 1959, seus restos mortais foram solenemente enterrados em Songkhon.
       Os sete tailandeses foram beatificados em 1989 pelo Papa João Paulo II. São celebrados no dia 26 de dezembro.

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Santa Adélia de Pfalzel, abadessa



        A tradição oral germânica nos conta que Adélia ou Adele era a irmã mais nova de Ermina, ambas princesas, filhas do rei da Austrásia, Dagoberto II, o Bom. Hoje todos são venerados nos altares como Santos da Igreja, embora esse parentesco ainda seja motivo de controvérsias e por isso continua sendo pesquisado. 
       Adélia foi identificada também como a abadessa Adola, a quem Elfrida, abadessa do mosteiro de Streaneshalch, teria enviado uma carta. Também como Adula, "religiosa matrona nobilis", que se hospedou no mosteiro de Nivelles em 17 de março de 691, com um filho pequeno. Consta que Adélia, depois da morte de seu marido, Alderico, influente nobre da região, decidiu se recolher para a vida religiosa. Para isso, fundou o mosteiro de Pfalzel, na região de Treves, atual Alemanha, onde ingressou e foi a primeira abadessa. Escolheu as regras dos monges beneditinos, como pertenciam os de Ohren e de Nivelles, o primeiro fundado por sua irmã a futura Santa Ermina. 
      No mosteiro havia um hospede freqüente, o neto da abadessa, um rapaz esperto e vivaz. Seu nome era Gregório e, como conhecia o latim, ficou encarregado de ler em voz alta os textos sagrados, enquanto as religiosas estivessem no refeitório. Certo dia, no ano de 722, passou pelo mosteiro um monge inglês de nome Bonifácio. Ele estava retornando da sua primeira missão na Frísia. Foi acolhido como hospede, mesmo não sendo conhecido. Mas naquele exato momento todos estavam no refeitório, onde o jovem Gregório lia uma bela página latina do Evangelho. 
      Terminada a leitura, Bonifácio se aproximou dele e expressou seus cumprimentos, mas lhe pediu que explicasse o que acabara de ler. Gregório tentou repetir a leitura, mas Bonifácio o impediu, pedindo que o jovem explicasse no seu próprio idioma. Ocorre que mesmo lendo muito bem o latim, não conseguia compreender o que realmente o texto dizia. "Deixe que eu mesmo explicarei para todos os presentes" disse o monge estranho. Explicou o texto latino com tanta clareza, o comentou com tamanha profundidade e de maneira tão convincente, que deixou todos os ouvintes encantados. 
        O mais atingido de todos foi Gregório, a ponto de não querer mais se separar do monge que ninguém sabia de onde era. Porém, apesar das preocupações de avó, Adélia permitiu que o neto partisse ao lado de Bonifácio, confiando na sua intuição religiosa e na Providência Divina. Muitos anos depois Gregório se tornou o Bispo de Utrecht e foi um dos melhores discípulos de Bonifácio, o "apóstolo da Germânia" e Santo da Igreja.


    Adélia morreu pouco tempo depois, num dia incerto do mês de dezembro no ano 734, e foi sepultada no mosteiro de Pfalzel. Passados mais de onze séculos, em 1868 as suas relíquias foram transferidas para a igreja da paróquia de São Martinho. 


      O culto litúrgico em memória de Santa Adélia de Pfalzel foi autorizado pela Igreja. São duas as celebrações em dezembro, nos dias: 18, com uma festa local; e no dia 24, junto com Santa Ermina, que sem dúvida alguma é sua irmã na fé.

Santo Ivo, presbítero e advogado




O Santo Padroeiro dos advogados nasceu na Bretanha, França, e foi em Paris que mostrou o brilho da sua inteligência, no estudo da Filosofia, da teologia e do Direito. 

Ivo de Kermartin, ao voltar à sua terra natal, aceitou o encargo de ser juiz do tribunal eclesiástico, por onde passavam as questões mais espinhosas. Com sua sabedoria, imparcialidade e espírito conciliador desfazia as inimizades e conquistava o respeito até dos que perdiam as causas. 

A defesa intransigente dos injustiçados e dos necessitados deu-lhe o título de "advogado dos pobres", um título que continuou merecendo ao tornar-se sacerdote e ao construir um hospital, onde cuidava dos doentes com as suas próprias mãos.

Santa Tarsila, leiga celibatária e mística


A família romana Anícia teve a graça de enviar para a Igreja aquele que foi um dos grandes Doutores da Igreja do Ocidente, o Papa Gregório Magno, depois também santo. Era um homem de estatura pequena e de saúde frágil, mas um gigante na administração e uma fortaleza espiritual. Entre seus antepassados paternos estão o imperador Olívio, o Papa São Félix III e o senador Jordão, que era seu pai.
A formação intelectual, religiosa e moral do menino Gregório ficou sob a orientação e cuidado de sua mãe, a futura Santa Sílvia, e de suas tias, Tarsila, Emiliana, também santas, e de Jordana, irmãs de seu pai, que faleceu cedo.
Tarsila e Emiliana eram muito unidas, além do parentesco, pelo fervor da fé em Cristo e pela caridade. As três viviam juntas na casa herdada do pai, no monte Célio, como se estivessem num mosteiro. Tarsila era a guia de todas, orientando pela Palavra do Evangelho e pelo exemplo da caridade e da castidade. Dessa maneira, os progressos na vida espiritual foram grandes. Depois, Jordana decidiu seguir a vida matrimonial, casando-se com um bom cristão, o administrador dos bens da sua família.
Tarsila permaneceu com a opção de vida religiosa que havia escolhido. Sempre feliz, na paz do seu retiro e na entrega de seu amor a Deus, até que foi ao seu encontro na glória de Cristo. São Gregório relatou que a tia Tarsila tivera uma visão de seu bisavô, o Papa São Félix III, que lhe teria mostrado o lugar que ocuparia no céu dizendo estas palavras: "Vem, que eu haverei de te receber nestas moradas de luz".
Após essa experiência, Tarsila ficou gravemente enferma. No seu leito de morte, ao lado da irmã Emiliana e dos parentes, pediu para que todos se afastassem dizendo: "Está chegando Jesus, meu Salvador!" Com essas palavras e sorrindo, entregou sua alma a Deus. Ao ser preparada para o sepultamento, encontraram calos, duros e grossos, em seus joelhos e cotovelos, causados pelas contínuas penitências. Durante as orações, que duravam muitas horas, rezava, ajoelhada e apoiada, diante de Jesus Crucificado.
Poucos dias depois de morrer, Tarsila apareceu em sonho para sua irmã Emiliana e a convidou para celebrarem juntas a festa da Epifania no céu. E foi isso o que aconteceu, Emiliana acabou morrendo na véspera do dia dos Reis.
O culto a Santa Tarsila, mesmo não sendo acompanhado de fatos prodigiosos, se manteve discreto e persistente ao longo do tempo. Talvez pelo enriquecimento dos exemplos singulares narrados pelo sobrinho, Papa São Gregório Magno, o qual, entretanto, nunca citou o ano do seu falecimento no Século VI.
A Igreja Católica estabeleceu o dia 24 de dezembro para as homenagens litúrgicas de Santa Tarsila, data transmitida pela tradição dos seus fiéis devotos.

Santa Vitória, mártir


Provavelmente era membro da ilustre família romana dos Anicia, uma família convertida ao cristianismo já no Século I e cuja recordação permanece hoje como nome de uma rua romana do Trastevere. Junto com sua amiga Anatólia, Vitória converteu-se ao cristianismo e manifestou a intenção de permanecer virgem. Como já estava prometida em casamento, o noivo de Vitória, um nobre romano de nome Eugênio, interessado em preservar o dote e procurando ganhar tempo, conseguiu com o favor imperial que Vitória fosse exilada de Roma. A jovem Vitória foi exilada na cidade Trebula Mutuesca, na Sabina.
Conta a lenda que, na entrada desta cidade, habitava um dragão (representação de algo mau, que é contrário ao Bem, a Deus) que, com seu hálito pestífero, contaminava e matava homens e animais. O senhor de Trebula dirigiu-se ao local onde estava exilada Vitória e solicitou-lhe que, invocando o seu Deus, libertasse a cidade do dragão, prometendo em troca a conversão de toda a cidade ao cristianismo.
Através de jejum e orações, o dragão foi exorcizado, desaparecendo da região. Em agradecimento, a comunidade enviou a Vitória várias jovens para serem educadas no credo cristão. No entanto, foi denunciada como cristã pelo noivo, ainda inconformado com a negativa de casamento. Negando-se a adorar uma deusa pagã, Vitória foi morta pelo carrasco com um golpe de espada. Martirizada no dia 19 de Dezembro, foi colocada num sarcófago no dia 23 e enterrada no mesmo local de onde havia afugentado o dragão.

sábado, 21 de dezembro de 2013

Venerável Ludovico Necchi



     
         Ludovico Necchi, nascido em Milão a 19 de novembro de 1876, filho de um casal, mas indiferente no aspecto religioso. O pai morreu quando ele tinha 5 anos, e a mãe, parente do célebre escritor Manzoni, três anos mais tarde casou em segunda núpcias com um escultor que era incrédulo declarado. A mãe faleceu em 1904, depois de se ter reencontrado com Deus, e ao mesmo aconteceu ao padrasto, que também se converteu à fé e morreu três anos mais tarde.
       Ludovico inscreveu-se aos 13 anos no liceu Parini, que frequentou até terminar os estudos liceais, e onde teve por companheiro de curso Eduardo, o futuro pai de Agostinho Gemelli, com quem travou laços de profunda amizade que o levaram à conversão. O ambiente estudantil era hostil à religião. A religiosidade de Necchi quando entrou no liceu era já resultado de conquista pessoal. Em 1893, com 17 anos, fala da sua conversão como uma completa entrega a Deus. A sua bondade natural e agudeza intelectual, corroboradas pela educação e direção espiritual de um padre jesuíta, ajudaram-no a superar a crise. Aos 20 anos inscreveu-se na faculdade de medicina da universidade de Pavia, entrando no círculo universitário “Severino Boécio”, do qual mais tarde veio a ser presidente.
        Em 1900 em Roma, por ocasião do congresso internacional dos estudantes católicos, foi recebido com outros colegas em audiência privada por Leão XIII, e teve encontros com outras personalidades de renome. Convidado em 1901 a fazer parte do conselho diretivo lombardo da obra dos congressos, dedicou-se ao progresso social dos trabalhadores, favorecendo o incremento das ligas católicas para a melhoria das condições dos rurais.
      Completado o curso de medicina a 30 de junho de 1902, começou, juntamente com Gemelli, o ano de serviço militar no hospital militar da Praça de Santo Ambrósio. Decorridos alguns meses, tocado pela graça e pelo testemunho de Necchi, Gemelli, anti-clerical e incrédulo, converteu-se, e terminado o serviço militar, ingressou nos frades menores. Esse grande convertido Agostinho Gemelli foi o fundador da célebre universidade do Sagrado Coração de Milão. De resto, não foi ele o único condiscípulo de Necchi que por sua influência se converteu e fez sacerdote.
        Em 1905 resolveu casar, e teve três filhos desse casamento. Em conjunto com o P. Gemelli organizou o dispensário psico-pedagógico para a educação de crianças atrasadas mentais, que orientou durante dez anos, e que o estimularam a estudos e publicações sobre a neurose. Em 1908 apoiou decididamente o P. Gemelli na fundação da universidade católica de Milão. Nescchi desde a juventude pertencia à ordem franciscana secular  e vivia intensamente a sua espiritualidade.
        A morte surpreendeu-o repentinamente aos 54 anos, a 10 de janeiro de 1930, a coroar uma vida dedicada ao bem dos doentes, como médico diligente e dedicado.

Serva de Deus Serafina de Jesus Farolfi




           Maria Francisca nasceu em Ímola, (suedeste da Bolonha), a 6 de outubro de 1853, e morreu não longe de Forlívio (um pouco mais a sudeste), a 18 de junho de 1917 com quase 64 anos de idade.
        Foi uma dessas pessoas que passam pela terra a deixar nela marcas do céu. A sua alma ardente não conhecia obstáculos nem admitia pausas. A sua delicada compleição física era compensada por uma rara força moral. Jovem inteligente, culta e vivaz, com qualidades que poderiam levá-la a sonhar com um futuro rico de belas perspectivas mundanas, ouviu a voz do Senhor a convidá-la a voar mais alto, e entrou no mosteiro das Clarissas de Forlívio (Forlí), para realizar o seu sonho de perfeição religiosa. O intinerário espiritual dessa frágil, mas valorosa mulher é deveras sugestivo e audaz. Quando se é conduzido por Deus, chega-se a bom porto.
         O mosteiro era insalubre e necessitava de reparações urgentes. Por isso a irmã Serafina, devido à sua fragilidade, foi transferida, com um grupo de educandas necessitadas de ares mais saudáveis, para outra casa, onde passaram um proveitoso período de repouso, oração e reflexão. O senhor mostrou-lhe então a urgência em assistir, educar e formar a juventude, com frequência abandonada à dura lei da rua. E foi assim que com a aprovação das autoridades religiosas e a benção do bispo Mons. Polloni, juntamente com um grupo de generosas discípulas deu início ao Instituto das Irmãs Clarissas Missionárias Franciscanas do Santíssimo Sacramento. 
         O instituto foi agregado a ordem dos frades menores a 28 de abril de 1904, aprovado provisoriamente por São Pio X com um decreto de louvor em maio de 1907, e depois em definitivo por Bento XV em 12 de agosto de 1915. É portanto uma congregação de direito pontifício onde as irmãs professam a regra de Santa Clara, adaptada por Constituições especiais. Baseia-se na espiritualidade franciscana, pondo em relevo certas expressões específicas: culto especial à Eucaristia, apostolado nas missões e na educação da infância e da juventude mais necessitada, vida autenticamente evangélica, testemunho visível da caridade de Cristo.
         A madre Serafina de Jesus, aberta a todos os problemas, adiantou-se em relação ao seu tempo. O seu programa pode resumir-se em três palavras: alma eclesial, alma eucarística e alma educadora. Dele nasceram assim numerosos colégios e escolas que ainda hoje atendem milhares de jovens, bem como hospitais, dispensários, assistência espiritual a militares e presos, trabalho apostólico em países católicos e em terras de missão.     
        A sua obra continua nas diversas atividades realizadas pelas suas filhas, alimentada pela oração e pelo sacrifício, para atrair a Cristo fiéis e infiéis, a fim de que todos os glorifiquem num hino de louvor e de perfeita alegria franciscana.