quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Beata Maria dos Apóstolos, cofundadora


     Na noite de Natal de 1907 o coração generoso de Madre Maria dos Apóstolos cessava de bater. Terminava em Roma a sua vida operosa, cheia de ardor missionário, tendo fundado em Tivoli, no Lácio, o Instituto das Irmãs do Divino Salvador.
     Teresa von Wüllenweber nasceu aos 19 de fevereiro de 1833 no Castelo de Myllendonk, em Neuwerk, próximo de Mönchengladbach, Alemanha. Sendo a primogênita dentre as cinco filhas do casal Joseph Theodor, Barão de Wüllenweber, e Constância Elizabeth Lefort, Teresa devia herdar o castelo.
     Cresceu em um ambiente profundamente religioso, com alguns aspectos austeros, mas caracterizado por um forte afeto familiar. O pai, homem reto e afável, era bem quisto por todos. Teresa recebeu a primeira instrução em casa com sua mãe e com alguns sacerdotes. Na idade de 15 anos aperfeiçoou sua educação e instrução junto às Beneditinas de Liège, Bélgica, onde, pensando em Roma como o coração da cristandade, desejou estudar também o italiano.
     Em 1850 regressou ao castelo e ajudava sua mãe nos afazeres da casa e seu pai nos trabalhos administrativos; exercitava-se ao piano e gostava de trabalhos artísticos; junto com a mãe visitava os pobres e os doentes dos arredores. O Evangelho passou a ser seu estudo preferido.
     Em 1853 e em 1857 participou com a mãe e a irmã de retiros espirituais dos Jesuítas, durante os quais nasceu nela o grande amor pelas missões.
     Aos 24 anos, contra a vontade do pai, mas com a permissão da mãe, entrou no convento do Sagrado Coração de Blumenthal, perto de Aquisgrana. Exerceu vários ofícios em Warendolf e em Orleans (França), mas embora fosse feliz no apostolado que exercia e aproximando-se a profissão solene, sentia em seu coração que o Senhor tinha para ela outros desígnios. Deixou amigavelmente o Instituto em março de 1863.
     Na nota de demissão a fundadora, Santa Madalena Sofia Barat, anotou:“piedosa e de bom caráter ... não se encontrou nela a disposição para ser educadora”. Foi uma experiência muito importante que a tornou uma grande devota do Sagrado Coração por toda vida.
     Por algum tempo se preocupou com a casa e as irmãs, até que, em 1868, ingressou na Congregação da Adoração Perpétua de Bruxelas, com encargos em Liège. Ali constatou que milhares de alemães pobres emigravam para Liège, porque não sendo obrigatório dar estudo às crianças, os mandavam trabalhar nas minas de carvão. Se tornavam assim vítimas da corrupção, sem religião, arruinando-se espiritual e fisicamente. Ela pensava em uma fundação na Alemanha, mas eram os anos da kulturkampt com perseguições anticlericais, dioceses vazias, seminários fechados, sacerdotes no exílio. Dois anos depois Teresa voltou para casa.
     Em 1872, Teresa conheceu o pároco de Neuwerk que se tornou seu diretor espiritual. Começaram a falar de uma nova fundação. Em 1876 alugou uma parte do ex-mosteiro beneditino de Neuwerk e ali abriu o Instituto Santa Bárbara para assistência dos órfãos, das jovens e das senhoras sozinhas. Tentou sem sucesso a união com um instituto similar. Entre outros, conheceu Santo Arnoldo Janssen.
     Finalmente, após ler um anúncio no jornal da Sociedade Apostólica Instrutiva, em 4 de julho de 1882 encontrou-se com o jovem sacerdote João Batista Jordan (Francisco da Cruz), que seis anos antes havia fundado em Roma o Instituto (o termo Apostólica seria substituído por Católica).
     Embora a diferença de idade entre os dois fosse de 15 anos e pertencessem a classes sociais diferentes (o Padre Jordan era de humilde origem), logo se tornaram muito unidos.
     Dois meses após o primeiro encontro, Teresa (então com 49 anos) se ligou com votos privados à Sociedade, dando-lhe “o seu convento”. Em 1888, com um pequeno grupo de coirmãs, foi chamada pelo Padre Jordan para ir a Tivoli. Em 8 de dezembro de 1888, nasceu o novo ramo feminino da Sociedade Católica Instrutiva; Teresa foi eleita Superiora com o nome de Irmã Maria dos Apóstolos. Ela é considerada cofundadora da Congregação das Irmãs do Divino Salvador.
     A nova Congregação logo recebeu vocações da Alemanha, Suíça, Áustria, Hungria e do Tirol do Sul. Desde os primeiros tempos o seu espírito foi missionário, tanto que poucos anos depois Madre Maria enviava as primeiras Irmãs para a Índia e o Equador, mantendo sempre com elas contatos através de correspondência.
     Em Tivoli, no ano de 1894, abriu um seminário magistral para uma maior preparação das Irmãs, sob o olhar vigilante do Padre Jordan. A obediência ao Fundador por parte de Madre Maria foi sempre um dever.
     Pelo fim de 1905, aconteceu o Primeiro Capítulo, com a Madre já doente e envelhecida, tendo quase perdido a visão. Foi reeleita, mas as condições de saúde, suportadas com paciência, pioraram progressivamente com ataques de asma e problemas de mobilidade. Dois anos depois uma meningite foi fatal: enquanto as Irmãs se encontravam na igreja para a Missa de Natal, ela faleceu.
     Em 4 de agosto de 1903 ela tinha escrito o seu testamento espiritual: “Espero humildemente que as minhas boas Irmãs rezarão muito por mim. Que continuarão a trabalhar com santo zelo pela própria perfeição, procurando sempre fazer o verdadeiro bem ao próximo, mantendo-se firmes no espírito do Fundador”.
     Madre Maria dos Apóstolos foi beatificada em 13 de outubro de 1968 pelo Papa Paulo VI. As suas relíquias são veneradas na igreja da Casa Generalícia de Roma.