domingo, 28 de abril de 2013

Beata Maria Luisa de Jesus Trichet, religiosa e co-fundadora


           

         Maria Luísa Trichet (ou Maria Luísa de Jesus),  com São Luís Maria Grignion de Montfort, é a co-fundadora da Congregação das  religiosas chamadas “Filhas da Sabedoria”.
              Nasceu em Poitiers (França), no dia 07 de maio de 1684, tendo sido batizada no mesmo dia.  Filha de uma família de oito filhos, recebeu sólida educação cristã, tanto no seio da família, quanto na escola. Aos  17 anos, encontrou-se pela primeira vez com S. Luís Maria Grignion de Montfort, que acabara de ser nomeado como capelão do hospital de Poitiers. Sua fama de pregador e  de confessor,  já era notável entre a juventude daquela região. 
            Espontaneamente,  Maria Luisa ofereceu seus serviços ao hospital.  Ela consagra uma boa parte de  seu tempo, aos pobres e aos enfermos.  Diante da sua dedicação,  São Luís prontamente a pediu para que ali permanecesse.  A este convite, Maria Luísa respondeu com sua entrega total. Mesmo não havendo posto vago para o cargo de governanta,  aceitou ser admitida somente como simples colaboradora.
              “Você voltará louca como este sacerdote”, lhe havia dito a sua mãe. “Que idéia,  quando se é bela, jovem e de boa família, vestir um hábito cinza (2 de fevereiro de 1703) e passar seu tempo a  cuidar de vagabundos, enfermos e  empestados!  Que loucura seguir  este sacerdote louco!”
             Durante dez anos,  Maria Luisa desempenhou com a maior perfeição possível, seu humilde serviço de cuidar dos inválidos.  Nesta época,  São Luís havia deixado Poitiers e Maria Luísa permaneceu à frente dos serviços.
             A célebre cruz que Montfort havia deixado, está colocada no centro do hospital.  Maria Luísa leva uma cruz sobre sua túnica cinza, porém, de todo o coração.  Com efeito, continua a realizar seu esgotador trabalho de cada dia,  enfrentando a ausência pela diminuição do número de companheiras, além de sofrer dura perda do falecimento de suas irmãs e  de seu irmão,  jovem sacerdote morto por causa da peste, vitimado pela sua extrema abnegação.
            Nesta fase deu-se o início da Congregação das irmãs “Filhas da Sabedoria”,  em 1714 com a chegada da primeira companheira, Catarina Brunet e consolidada em 1715, com a fundação em La Rochele, com duas novas recrutas: Maria Regnier e Maria Velleau.
             No ano seguinte (1716),   morre prematuramente São Luís Maria de Montfort, com a idade de  43 anos.  Este fato, a princípio, desestabilizou a  jovem congregação, abalada duramente por esta notícia, tanto dolorosa, quanto inesperada. Foi neste momento que, Maria Luísa,  encontrou forças para reerguer o ânimo de todos,  lembrando-se  da frase escrita  por São Luís:  “Se não arrisca-se algo por Deus, nada de grande  se fará por Ele”.
            Durante 43 anos Maria Luisa  de Jesus, só, forma  suas companheiras, conduz e desenvolve as fundações que se multiplicam:  Escolas de  caridade,  visitas e cuidados aos  enfermos, sopa popular para os mendigos, gestão de grandes hospitais marítimos na França. 
            Os pobres do hospital de Nior (Deux-Sèvres) a  chamavam “A boa Madre Jesus”.  Nisto expressava-se tudo! Seu lema de vida era muito simples:  “É necessário que eu ame a Deus ocultamente, em meu próximo” (Coro de um cântico composto por Luís Maria de Montfort, destinado às Filhas da Sabedoria).
        Quando ela  morreu em Sant Laurent sur Sévre, em 28 de abril de 1759, a congregação contava com 174 religiosas, presentes em  36 comunidades, mais a casa da Madre.  São Luís Maria de Montfort e a  Beata Maria  Luísa de  Jesus, descansam juntos,  na Igreja paroquial de São Lourenço.
           Desde este momento,  as Filhas da Sabedoria atravessaram os séculos arrebanhando milhares e milhares de vocações, pelo chamado à entrega total,  pela loucura do Amor de Deus e  dos pobres.   Hoje,  elas estão presentes nos cinco continentes. 
           Em 16 de  maio de  1993,   Maria Luisa de Jesús (Trichet),  foi beatificada pelo Papa Joao Paulo II,  em Roma.  O Santo Padre esteve, em 19 de setembro de 1996 em  Saint Laurent sur Sévre , quando rezou junto às tumbas de São Luís e da Beata Maria Luisa.  

São Pedro Chanel, religioso e mártir



Infância e Juventude

Pedro Maria Chanel nasceu de uma família humilde e numerosa na aldeia de Potière, perto da cidade de Cuet, França, em 12 de julho de 1803. A referida família era composta pelos pais e oito filhos.
Desde crianças colaborava nos pequenos trabalhos da casa, uma granja da família, alimentando as galinhas com cevada e aveia e, como um pequeno pastor, cuidado de suas três vacas, quatro cordeiros e duas cabras. Estava sempre acompanhado do seu fiel cão, um sólido bastão na mão e nos bolsos sua frugal comida do meio dia.
Quando adolescente começou a estudar o latim para preparar-se bem e chegar um dia a ser sacerdote, vocação para a qual se sentia atraído. Já desde jovem sua piedade e modéstia edificavam a todos.
Depois de cinco anos no seminário menor e três no seminário maior, foi ordenado sacerdote em 15 de julho de 1827.

Aprovação da Sociedade de Maria

Logo após a ordenação  se uniu a um grupo de sacerdotes amigos que haviam se consagrado à Virgem Nossa Senhora de Fourvière, em Lyon, e mais tarde formaram a “Sociedade de Maria”, chamada também de Padres Maristas.
Eles receberam a aprovação da Sociedade por parte da Santa Sé, e com o prévio consentimento do Padre Colin, Superior geral, aceitaram o encargo de ser missionários na Oceania.
Para cumprir com essa recomendação do Papa, o primeiro grupo partiu da França em 24 de dezembro de 1836. Era composto por Mons. Pompallier, ordenado bispo e nomeado vigário apostólico da Oceania ocidental, quatro sacerdotes e três irmãos, que como valentes aventureiros do Evangelho chegaram ao seu destino 11 meses depois. Mons. Pompallier era o chefe da missão, e ao chegar no destino os distribuiu pela Nova Zelândia e outras ilhas do Pacífico.
Entre eles estava o Padre Chanel, que com o irmão marista Marie Nizier foram destinados à ilha de Futuna, para trabalhar com os nativos e através do Evangelho convertê-los ao cristianismo, missão que levaria quase quatro anos.

A aventura Marista

A aprovação da Sociedade Maria, muito desejada e obtida apesar das dificuldades e depois de numerosas empreitadas, suscitou um entusiasmo fácil de entender. Os preparativos relacionados com o envio de missionários constituíram uma preocupação importante para os responsáveis da Sociedade; era necessário, o mais cedo possível, responder à confiança das autoridades romanas.
Foi primordial escolher e designar o grupo de Sacerdotes e de irmãos missionários, prever o mobiliário, os recursos financeiros indispensáveis e reunir o material necessário... sem contar com os vários trâmites que foram necessários empreender com as autoridades civis.
Esse primeiro grupo estava formado, , pelo Mons. Pompallier, como já foi dito, os Padres Chanel, Bataillon, Servant e Bret, e os irmãos Marie Nizier, Miguel e José Javier.
Em L’Hermitage, o Padre Champagnat manifestava muita alegria e, ao mesmo tempo, certa tristeza por não poder também partir para a Oceania. Mas tinha a satisfação de haver preparado dois dos seus filhos espirituais para tão longínqua missão: os irmãos Marie Nizier e Miguel. Seriam acompanhados pelo irmão José Javier Luzy, que vinha de Belley, onde estava a serviço dos Padres maristas. Durante certo tempo este irmão também esteve se preparando em L’Hermitage para completar tão delicada e responsável delegação missionária.


Missionário de alma

O Padre Chanel chegou a Lyon em 5 de outubro de 1836, com o objetivo de organizar a partida do grupo missionário escolhido.
Em seguida viajou para L’Hermitage, onde falou com os irmãos durante o retiro espiritual. Logo voltou para Lyon com os dois jovens maristas que o acompanharam, os irmãos Marie Nizier e Miguel, e se alojaram na residência religiosa “Providência do Caminho novo”.
Depois de se despedirem da Virgem, Nossa Senhora de Fourvière, os missionários viajaram para Paris de “diligência”, veículo especial que se usava naquela época para as longas viagens. Porém, eles viajaram na segunda classe. Em Paris, encontraram-se com o grupo de Mons. Pompallier, que havia chegado alguns dias antes. Todos se alojaram no seminário de “Missões Estrangeiras”, beneficiando-se de sua generosa hospitalidade.
De Paris partiram para o Havre, porto onde embarcariam. Ali tiveram que permanecer quase dois meses.
O Padre Chanel escreveu em seu diário: "Chegamos ao Havre em 27 de outubro, nos alojamos na casa da Sra. Dodard, em Ingouville. Ficamos comodamente instalados, com calefação e bem alimentados, sem que tivéssemos de pagar nenhum centavo”. Fora, chovia e nevava.
"Esta senhora, escreve o irmão Marie Nizier, é muito boa e se acha honrada em receber os missionários. Faz 16 anos que os acolhe.”
A senhora Dodard, octogenária, adoeceu enquanto os Maristas se encontravam alojados em sua casa, e eles deram-lhe assistência durante sua última enfermidade. Mons. Pompallier lhe administrou os últimos sacramentos, e ela morreu alguns dias depois da partida dos missionários.
O embarque estava previsto para o dia 15 de novembro, porém houve um atraso porque ainda não havia chegado toda a mercadoria e o tempo também não era favorável.
Finalmente, em 24 de dezembro, véspera de Natal, eles puderam embarcar no navio chamado “Delphine”. Não era muito grande, mas estava “bem organizado, limpo e bonito”.
Como imaginamos o referido barco? Que comodidades gostaríamos ter para uma tão longa viagem?
Verdadeiramente, nossos missionários deveriam ser valentes e decididos. Somente a glória de Deus e a salvação das almas os fortaleciam. Verdadeiros heróis!
O início da viagem foi marcado por vários acontecimentos: ao tentar sair do cais, a embarcação não se movia... Talvez alguma avaria no momento de zarpar?...
Somente saberiam dias depois. Partiram com certo nervosismo e preocupação, e já em alto mar chegaram os enjôos; o medo de se chocar com algum barco perigosamente próximo, as manobras que tiveram que realizar, o tumulto causado pelo vento, os gritos e as ordens dadas fizeram o Padre Chanel acreditar que um passageiro havia caído no mar e imediatamente subiu à ponte para lhe dar absolvição.

Logo souberam do ocorrido: ao desamarrar os cabos, os suportes do timão se romperam. Havia uma única solução: navegar lentamente para chegar a um porto e ali efetuar a reparação. Dirigiram-se à ilha de Tenerife, e em 8 de janeiro entraram na enseada de Santa Cruz.

Escala forçada

A reparação do timão foi demorada; 50 dias para por a peça em boas condições e perfeito funcionamento.
Por sua vez os efeitos da navegação também se fizeram sentir... o Padre Servant e o irmão José Javier se encontravam seriamente doentes, e o padre Chanel, com disenteria. Por esses motivos tiveram que permanecer um mês e meio em terra e alugar uma casa na cidade, esperando a recuperação física e o conserto da embarcação.

De Santa Cruz de Tenerife a Valparaíso

Em 28 de fevereiro de 1837 o navio partiu rumo ao mar. Os dois enfermos, entretanto, ainda estavam convalescentes, e foram se restabelecendo progressivamente. Porém, o Padre Bret, compatriota e amigo do Padre Chanel, contraiu uma grave enfermidade, e morreu um mês depois em meio ao mar.
Essa longa travessia, sem escalas através do Atlântico, serviu para que o Padre Chanel pudesse exercer de algum modo seu apostolado entre os marinheiros e outros passageiros. As palestras com os irmãos e a preparação à comunhão pascal foram a obra de toda a equipe missionária.
Tanto tempo de navegação fez com que os viajantes obtivessem uma resistência notável para suportar os embates, as tormentas e as fortes sacudidelas do barco, especialmente ao passar pelo Cabo de Hornos sem sofrer os enjôos característicos do mar.
Todos experimentaram muita alegria quando, em 28 de junho de 1837, entraram no porto de Valparaíso (Chile), exatamente quatro meses depois da saída de Santa Cruz de Tenerife.
Os Padres do Sagrado Coração, Congregação religiosa missionária, e também companheiros de viagem, chegaram ao seu destino. Os Maristas se alojaram na casa que aqueles religiosos já possuíam em Valparaíso.
O barco “Delphine” não continuaria mais sua viagem. Ficaria ali como porto final. Portanto, era necessário descarregar toda bagagem, os objetos pessoas e as caixas com o material destinado à missão, e depositá-los em um lugar seguro até a partida para a Oceania.
Os Padres antes mencionados ofereceram sua hospitalidade aos Missionários Maristas durante todo o tempo necessário para preparar a última etapa de sua viagem: receber informações de outros missionários, de viajantes, comerciantes, etc., conhecedores daquela região do mundo, e encontrar um barco que pudesse levá-los a bordo, depois que soubessem o lugar preciso onde deveriam desembarcar.

Para a Polinésia...

Depois de receber várias informações de outros viajantes chegados da Oceania, a incerteza reinava no grupo sobre a direção que deveriam tomar. Não encontrando nenhum navio que fosse para Nova Zelândia, embarcaram em um navio com direção a Taiti.
Saíram de Valparaíso em 10 de agosto de 1837, e depois de um mês de navegação tocaram as ilhas de Gambier, para obter provisões e informar-se sobre o possível lugar onde estabelecer a futura missão.
Os missionários foram muito bem recebidos pelo Vigário Apostólico e os novos cristãos daquelas ilhas já evangelizadas há algum tempo.
Tendo chegado ao Taiti, tiveram que deixar o barco e decidir como continuar viagem. A bordo de uma escuna, embarcação fina e pequena, continuaram sua complicada travessia, com o permanente perigo de se chocarem contra as rochas muito numerosas nessa área. As chuvas torrenciais e a escuridão durante a noite vieram complicar ainda mais a situação já bastante preocupante.
Passaram pelo arquipélago de Tonga e não puderam ficar ali porque o rei não deu permissão. Por isso seguiram para a ilha de Wallis, e ali sim, ficaram o Padre Bataillon e o irmão Juan Javier Luzy, para fundar a primeira missão marista em terras da Oceania.
Alguns dias depois chegaram à ilha de Futuna, onde ficaram o Padre Chanel com seu colaborador, o irmão Marie Nizier, depois de haver obtido a permissão de um dos reis da ilha, chamado Niuliki. A recepção dos habitantes de Futuna foi favorável e alguns deles se alegraram com a chegada dos missionários. Primeiro foi a curiosidade, depois rodearem a embarcação, subiram nela e logo os acompanharam sem nenhuma hostilidade.
A autorização para se estabelecer em ilha foi concedida depois de uma longa discussão com Mons. Pompallier, uma vez que o primeiro ministro, Maligi, influenciado por alguns habitantes de Wallis, contrários à religião, se opunham fortemente. Foi necessária a convincente intervenção de um parente do rei, respeitado por sua bravura e autoridade: “Deixemos aos brancos habitarem na ilha, lhes disse, eles podem nos trazer riquezas”. Depois disso veio a calma e os missionários foram convidados a comer com o rei e sua família essa noite. Monsenhor presenteou o rei com uma série de presentes que repartiu com a sua gente.
No dia seguinte, 12 de novembro de 1837, foi o dia fixado para desembarcar com sua pobre equipagem, algumas caixas com míseras provisões e material para a missão.
Nesse mesmo dia aconteceu a separação: Mons. Pompallier, o Padre Servant e o irmão Miguel embarcaram para Nova Zelândia. O Padre Chanel ficou definitivamente na ilha de Futuna e não voltaria a vê-los mais. Seu companheiro inseparável será o irmão Marie Nizier. Os dois terão como campo de missão as ilhas de Futuna e Alofi.
Primeiramente tiveram que construir uma casa ou algo que se parecesse com isso para viver; na verdade uma choça coberta com folhas de coqueiros e alguns troncos de árvore. Tudo era tão precário que durante dois meses não sabiam como se proteger da chuva assim como seus pobres pertences.
Enquanto isso, o Padre Chanel sentiu de imediato a necessidade de uma alimentação mais abundante e sã para poder suportar o clima, os trabalhos esgotantes, assim como um mínimo de descanso durante as noites.
Desde o dia 8 de novembro, dia da sua chegada, não tinha podido celebrar nenhuma missa na ilha. Pela especial devoção que o Padre Chanel tinha pela Santíssima Virgem Maria, esta, sem dúvida, lhe inspirou a idéia de escolher o dia 8 de dezembro, festa da Imaculada Conceição, para celebrar a primeira missa em Futuna.
Logo começaram os contatos com as pessoas da ilha para aprender seu idioma e seus costumes, e ensinar a elas a trabalhar a terra, plantar árvores, criar alguns animais domésticos. Também pouco a pouco foi evangelizando-as a fim de convertê-las ao cristianismo na medida em que se encontravam preparados.
O rei Niuliki os apoiou desde o início. Mais tarde, por influências estranhas, começou a manifestar sua oposição. Mesmo que no início tenha havido notáveis conversões, logo começaram as dificuldades de todo tipo para o Padre Chanel e o irmão Marie Nizier. Surgiram as oposições “aos brancos e à sua nova religião” por parte de alguns nativos. Porém, sem desanimar, nosso santo missionário de Futuna se empenhou cada vez mais com energia em sua pregação e por isso aguçou ainda mais a luta. Percorreu a ilha em todas as direções e sem descanso, enfrentado tudo, constantemente, com amável paciência e coragem.

Martírio do Padre Pedro Chanel

Mais uma vez, viu o perigo sobre sua cabeça, pois seus amigos declarados o perseguiam. E isso ocorreu realmente do dia 28 de abril de 1841. Das ameaças eles passaram aos fatos.
Um chefe nativo que se opunha ferozmente ao seu trabalho missionário se apresentou numa manhã com vários de seus cúmplices na casa do Padre Chanel para matá-lo. Um dos homens com um machado deu-lhe dois golpes na cabeça: o sangue começou a escorrer abundantemente. Outro o golpeou com um grosso bastão; e o chefe que rondava a casa como um animal feroz ao redor da sua presa, saltou por uma janela lançando-se sobre o Padre Chanel com seu facão e o cravou na cabeça. Assim morreu o “homem de grande coração” como o chamavam os homens de Futuna. Não obstante, o cristianismo continuou se propagando na ilha através de outros missionários.
Seu martírio foi reconhecido pela Igreja que o declarou santo, quando em 1954 realizou a Canonização de São Pedro Chanel em Roma, determinando sua festa para o dia 28 de abril.
O que chama a atenção agora, é constatar em que grau São Pedro Chanel se converteu em algo muito familiar para os habitantes de Futuna. É um deles. A Sociedade de Maria, que mandou transferir para Lyon os restos mortais dele em 1842, os devolveu aos habitantes de Futuna em 1977, a pedido deles. Seus restos mortais, como preciosas relíquias, descansam hoje no lugar do seu martírio, dentro de uma grande basílica construída em 1986.




sábado, 27 de abril de 2013

Santa Zita



Natural de  Montesegradi (Itália), filha de  pais pobres mas honestos e piedosos, nasceu Zita em 1212 e, graças à sólida educação que recebeu na casa paterna, bem cedo seguiu o caminho da  virtude e da  perfeição cristã. Zita era uma menina,  por sua mansidão e modéstia de  todos querida.  Educada no santo temor de Deus, pouco falava, tanto mais trabalhando  e conservando sua alma em constante recolhimento. Tendo doze anos, se empregou na casa  de  um nobre, senhor de  nome Pagano di Fatineli, que residia perto da igreja de São Fridigiano, na cidade de Luca. Bem cedo, antes dos outros levantarem-se, ia à igreja assistir à missa. À hora marcada infalivelmente se  achava  no seu trabalho. 48 anos serviu Zita àquela família, sempre com a  mesma pontualidade e dedicação. 
"Quatro são as principais qualidades, que uma  empregada deve ter - costumava ela dizer : temor de Deus, obediência, fidelidade e amor ao trabalho".  Zita possuía  todos estes predicados no mais alto grau. 
O que  nela mais se admirava, era a paciência e o bom humor, que a acompanhavam  em toda a  parte, e a submissão a seus  patrões, mesmo nas condições mais difíceis. O tempo que lhe restava de seus afazeres, empregava-o com orações e boa leitura, não deixando nunca de elevar seu espírito a  Deus também no meio do trabalho.  
Zita fugia dos divertimentos profanos;  tanto maior  era  seu amor  à oração e à penitência. O jejum e as  esmolas faziam parte de sua vida.   O cilício o tinha em uso constante, e para dar descanso ao corpo, o leito era substituído por umas duras tábuas. Pessoas  que a conheciam de perto, testemunharam terem-na visto  freqüentes vezes em  estado de êxtase. 
Fatos admiráveis e  extraordinários em grande número provam com quanto agrado Deus olhava para as  obras  de sua serva Zita. Certa vez, um mendigo pediu a esta um copo de vinho. Zita, não dispondo de  nenhuma  gota desta bebida para servir ao pobre, foi com o cântaro à fonte, e cheio deu-o ao mendigo. Este não pouco se admirou quando, levando-o à boca, provou um vinho delicioso.  
As frutas  no celeiro, a farinha na  dispensa multiplicavam-se nas mãos de Zita todas as vezes que, com licença  dos patrões, tirava um tanto para seus pobres. Certa ocasião, quando todos  iam assistir  à missa do galo na noite de Natal, fazendo um frio intensíssimo, o patrão de Zita ofereceu-lhe  sua pelúcia. Zita aceitou-a, mas  para dá-la a  um pobre que tiritava de frio.  Disse-lhe, porém, que  no fim da missa, devia restituir. Terminada a missa o pobre não apareceu e Zita teve de voltar para casa sem a pelúcia  e que lhe importou forte censura do patrão.  Pelo meio dia à hora do jantar, veio o  pobre, e com muitos agradecimentos entregou a  pelúcia retirando-se. O patrão ao ver isto, começou a  formar conceito mais  elevado de sua empregada. 
Jamais  alguém a viu encolerizada. Só se  em sua presença alguém se  atrevia a  dizer uma palavra que ofendesse  a virtude angélica, Zita não continha  sua indignação.  A um jovem que menos respeitosamente se atrevera a aproximar-se de  sua pessoa com malícia , aplicou-lhe uma forte bofetada, pondo imediato fim aos  seus intentos. 
Quanto Zita chegou a completar sessenta anos, quiseram seus amos aliviá-la em seu trabalho, a que  a santa empregada  se  opôs. 
Deus, porém,  mandou-lhe sinais indubitáveis de sua próxima  morte.  Zita preparou-se então santamente para a última recepção dos santos sacramentos. No dia  27 de  abril de1272, sua alma voou  para o Céu.   Neste  dia, apareceu sobre sua morada uma estrela de brilho extraordinário. As crianças do lugar,vendo-a , exclamaram:  "De certo morreu a  Santa Zita, vamos vê-la".  Seu corpo foi depositado na igreja de São Fridigiano. 
No ano de  1580 foi aberto o  túmulo e o corpo encontrado intacto. Muitos  milagres foram  registrados  no lugar de sua sepultura. Santa Zita foi canonizada pelo Papa Inocêncio XII.   

São Pedro Armengol













Nasceu São Pedro Armengol em meados do século XIII, na Catalunha, sendo então o mais novo rebento da ilustre família dos Condes de Urgel. Seus pais eram minto chegados ao rei de Aragão, o soberano daquela região ibérica, frequentando com liberdade a Corte.
Nessa atmosfera de alta nobreza, o menino Pedro recebeu esmerada educação. Mas, à medida que foi crescendo, ao invés de permanecer nos bons ambientes e de se deixar influenciar pelos ditames e pela moral da Igreja Católica, foi decaindo nos costumes e na piedade. Passou a conviver com más companhias e se desviou das sendas do bem.
Em vão, os pais fizeram todo o possível para retê-lo. Pedro se desclassificou a tal ponto que abandonou a casa paterna, embrenhou-se no meio da última ralé de bandidos, de sem-vergonhas, e ali se perdeu completamente. Com o tempo, chegou a se tornar chefe de uma quadrilha de salteadores de estrada. Ladrão perigoso, assassino e fugitivo, se a polícia real o apanhasse, certamente seria morto.
Fulminante golpe da graça
Aconteceu porém que, estando ele um dia a vagar pelo mato com seus companheiros de perdição, ouviu ao longe um toque de clarim, típico de gente da Corte. Imaginando os preciosos despojos que aquele séquito lhe proporcionaria, Pedro resolve ataca-lo com sua quadrilha.
Mal os dois grupos se encontram, Pedro sai em busca do chefe do destacamento e está prestes a lhe desferir um golpe quando... percebe tratar-se de seu próprio pai.
Como que tocado por fulminante raio, o bandido permanece imóvel, detendo no ar seu braço armado. Ele, e não o pai. recebera o golpe fatal Um golpe da graça divina. Por certo, naquele instante alguém, em algum lugar, devia estar rezando por ele a Nossa Senhora…
A vista da nobreza e da respeitabilidade de seu pai deu a ele a ideia de como tinha caído, de como se tornara a escória da sociedade e, por isso mesmo, indigno do ambiente no qual vivia sua família. “Que diferença” — pensou ele. ‘Meu pai e minha mãe numa situação honrosa, e eu, entre bandidos! De pessoa limpa e decente, transformei-me num canalha!”
Essas reflexões de Índole humana, sugeridas pela graça, foram acompanhadas de outra: ‘Pequei contra Deus! Isto é o mais grave, infinitamente mais grave, em tudo o que fiz. Ó Senhor, como é grande a minha maldade!”
Confuso e envergonhado, Pedro teve verdadeira contrição dos pecados cometidos. Como o filho pródigo do Evangelho, lançou-se aos pés do pai e pediu perdão. Acabou sendo agraciado pelo Rei, deixando para sempre a roda de malfeitores no meio dos quais vivera. Depois, com toda a humildade, procurou um religioso mercedário, a quem confessou os crimes que perpetrara e expôs os remorsos que lhe torturavam a alma.
Na Ordem de Nossa Senhora das Mercês
Uma vez absolvido de seus pecados, Pedro solicitou, por misericórdia, que o admitissem como mercedário. Os frades resolveram aceitá-lo, reconhecendo seu profundo e sincero arrependimento.
Os mercedários são membros de uma Ordem religiosa consagrada a Nossa Senhora sob esta linda invocação: Nossa Senhora das Mercês. Mercês são os favores que Nossa Senhora concede aos seus devotos. Tanto valeria dizer, pois, Nossa Senhora da Bondade, Nossa Senhora da Generosidade ou Nossa Senhora dos Presentes...
Era missão dos mercedários trabalhar pela libertação dos cativos que viviam sob o jugo de infiéis. De fato, no tempo dc Pedro Armengol o Mediterrâneo era infestado de piratas maometanos que assaltavam os navios católicos, não apenas para roubar, mas para capturar tripulantes e passageiros a fim dc transformá-los em escravos. Assim, o norte da África estava repleto desses cativos, tiranizados pelos bárbaros para o resto de suas vidas.
A situação desses infelizes era física e espiritualmente horrenda, posto praticarem os mouros a poligamia e terem uma péssima moralidade, criando deste modo um ambiente venenoso para seus cativos. Porque, tal o mestre, tal o escravo.
Ora, no intuito de cumprir sua heróica missão, os frades mercedários não só se arriscavam a viver em território maometano, como faziam um voto admirável: por amor às almas, oferecerem-se como reféns, para serem trocados por cativos católicos que estivessem no meio dos mouros. Trata-se de uma das mais elevadas manifestações de dedicação que eu conheço. Um homem pode ser grande herói porque assaltou as muralhas de tal cidade, porque combateu como ninguém. etc. Mas, oferecer-se para correr os riscos da escravidão nos domínios maometanos!...
No norte da África
Foi esta, precisamente, a forma de heroísmo abraçada por Pedro Armengol. Convertido, ingressou na Ordem dos Mercedários e se tornou excelente religioso. Passaram-se alguns anos e, certo dia, aconteceu o que tinha de acontecer. O Superior mandou chamá-lo e lhe disse:
— Frei Pedro, o senhor esta designado para ir libertar os cativos na África.
- Pois não  — respondeu ele sem hesitar, certamente pensando no seu intimo: Eu mereço isso pelos meus pecados.”
Atendendo à voz da obediência. Frei Pedro passou um número de anos no norte da África. Numa arriscada existência.
Quando já se preparava para voltar à Espanha, soube que 137 jovenzinhos cristãos, escravizados, jaziam nas casas de seus senhores expostos à depravação e ao risco de perderem a Fé.
Com religioso desvelo. Frei Pedro procurou os mouros e negociou a libertação daqueles cativos. Os infleis exigiram muito dinheiro. Soma tão avultada só poderia vir da Espanha, o que prolongaria ainda mais o tempo da perigosa escravidão dos jovens católicos.
Sem hesitação, Frei Pedro ofereceu-se como refém no lugar deles, até que lhe fosse enviada da Espanha a quantia necessária para o resgate.
Os mouros concordaram, impondo entretanto a seguinte condição:
— Damos a eles um prazo para irem à Espanha, recolherem o dinheiro e no-lo enviarem. Durante esse tempo você fica aqui à nossa disposição. Se o dinheiro não chegar até o dia X. nós o enforcamos.
Pendurado na forca, sem perder a confiança em Nossa Senhora
Nos seus insondáveis desígnios, queria a Providência colocar à prova o ex-salteador de estradas.
Esgotara-se o prazo estipulado pelos maometanos. Furiosos, cumpriram a ameaça: enforcaram Frei Armengol e, acreditando-o já morto, abandonaram-no pendente da corda.
Pouco tempo depois chega o navio com o dinheiro do resgate. Problemas de navegação haviam determinado o atraso.
— Onde está o Frei Armengol — perguntaram os emissários.
A resposta do chefe mouro foi aterradora:
— Chegaram tarde. Ele está no cadafalso, enforcado há três dias, conforme prometi.
Indignados com a crueldade do infiel, os frades quiseram ver o corpo de seu irmão de habito.
Ao chegarem junto ao patíbulo, grande surpresa: Frei Pedro. ainda na forca, estava vivo, embora pálido como um cadáver. (Ele conservaria no rosto, por toda a vida, essa palidez cadavérica: e no pescoço, bem visível,a marca da corda.)
Era um milagre extraordinário!
Por humildade, Pedro Armengol nada disse a respeito desse milagre. De volta à Espanha, porém, o Superior lhe ordenou em nome da santa obediência:
— Frei Pedro, conte o que se passou.
Com a mesma humildade, ele simplesmente respondeu:
-- Nossa Senhora ficou me sustentando o tempo inteiro.
Quer dizer, ele confiara na Santíssima Virgem, e Ela realizou esse estupendo milagre em favor de seu heróico devoto.
Com autorização dos superiores, Pedro Armengol se retirou para um convento nas montanhas, onde viveu solitário, fazendo penitência por sua vida passada e rezando pelos católicos cativos nas mãos dos mouros. Ali cresceu ele em graça e santidade, até o dia cm que “adormeceu no Senhor”. Anos depois, a Santa Sé o canonizou.
Admirável modelo de confiança
Para mim, São Pedro Armegol é o modelo da confiança. Pecador medonho, arrependeu- se. confiou e foi perdoado. Mais ainda: recebeu a vocação religiosa! O bandido fora chamado por Nossa Senhora para abraçar a condição de frade.
Insondável desvelo foi também o atrai-lo para a Ordem das Mercês, onde o antigo Ladrão haveria de correr riscos que lhe dariam a oportunidade de, ao mesmo tempo, expiar seus pecados e fazer muito bem ao próximo.
Subitamente, mais uma prova: ficar como refém, com perigo de morte. A calma da espera, e o navio que não chega...
Vêm os carrascos para matá-lo, ele caminha sereno e tranquilo para o patíbulo. Suspenso na corda, ele percebe naturalmente estar sendo objeto de um milagre.
Outra espera. O que vai acontecer?
Chega o dinheiro do resgate, descem-no da corda. A sua confiança estava preenchida.
Este é o tipo de confiança que todo católico deve ter. Ainda que — segundo as pungentes palavras do salmista — imersos no limo profundo, onde nossos pés não encontram terreno sólido, temos de confiar em Nossa Senhora.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

São Marcelino, papa e mártir



Pouco ou nada se sabe da sua vida antes do começo do seu pontificado que começou a 30 de junho de 296 edurou até 25 de outubro de 304, ano em que foi martirizado durante a grande perseguição organizada pelo imperador Diocleciano, “homem grande, magro, de nobre estatura e de olhar penetrante”, mas “impassível e que cultivava e mesmo dissimulava um temperamento violento, sujeito a contradições frequentes”“um dos três imperadores que a história permite então de admirar”, escreve o historiador da Igreja, Daniel Rops.
Os motivos exactos desta perseguição que começou em 295 — um ano após a chegada do Papa Marcelino ao Sumo Pontificado —, continuam obscuros, e nada parecia anunciar que o grande reformador do império romano, zeloso pela unidade deste, enveredasse por este trágico caminho: perseguir e martirizar os cristãos, como se estes fossem culpados dos problemas políticos que agora começavam a aparecer.
Deus assim o permitiu, para que “o sangue das vítimas fosse semente de cristãos”.
Sabe-se igualmente que foi durante o pontificado do Papa Marcelino que “nasceu” o primeiro país cristão: a Arménia.
O corpo do santo Pontífice, segundo o Liber Pontificalis, foi sepultado a 26 de abril no cemitério de Priscilla, sobre a Via Salaria, 25 cinco dias após o seu martírio; todavia o Catálogo liberiano diz que foi em 25 de outubro, mas isso pouco importa, visto que o principal é saber onde se encontram os seus restos mortais de maneira que os cristãos os possam venerar.
Após um certo lapso de tempo, durante o qual não houve Papa, São Marcelo sucedeu a São Marcelino.
Passado quase um século após a sua morte, os inimigos do bispo de Roma, particularmente os donatistas, acusaram o Papa Marcelino de ter queimado incenso diante dos deuses romanos. Esta acusação foi combatida e refutada por santo Agostinho, o qual afirmava que nenhuma prova existia que corroborasse uma tal acusação.
Efectivamente, se o facto fosse verdadeiro, se Marcelino tivesse renegado a sua fé e incensado os deuses romanos, não faltariam provas, não só verbais mas também escritas, provas que jamais existiram.
O que é certo é que o túmulo do Papa Marcelino se tornou, para os cristãos de então, um lugar de peregrinação e de recolhimento.

Santo Anacleto, papa e mártir


Santo Anacleto, também conhecido por São Cleto, foi o terceiro Papa da Igreja Católica, portanto, o segundo sucessor de São Pedro na Sé apostólica.
Era de origem romana, da família  dos pretorianos. Convertido à fé, fez-se discípulo de São Pedro, se bem que por pouco tempo, mas o suficiente para absorver as virtudes angélicas na escola de  seu mestre, de forma que destacou-se por seu grande fervor e admirável devoção. Com sua afabilidade, conquistou o coração de todos, tendo especial simpatia mesmo entre os pagãos.  São Pedro tanto apreciou Santo Anacleto que, assim como São Lino, o designou para importantes trabalhos apostólicos em Roma e lugares circunvizinhos.
Assumiu o trono pontifício logo após o martírio de seu predecessor, São Lino, no ano 79. Da mesma forma, enfrentou as  dificuldades, perseguições e constantes investidas, defendendo com muita coragem as causas da Igreja de Cristo. Em todo o império romano, não havia província tão remota e nem rincão tão escondido, que não sentisse os efeitos da sua caridade e preocupação com as necessidades dos cristãos. A uns, socorria com esmolas, a outros, alentava com cartas, e a todos consolava e dirigia com paternais instruções. Ainda que seu rebanho fosse extremamente numeroso, pastoreava os cristãos com extrema vigilância.
Ao completar doze anos no governo da Igreja, o imperador Domiciano, inimigo mortal dos cristãos, moveu contra a Igreja uma das mais horríveis e atrozes perseguições. Foram usadas todas as formas de crueldades contra os servos de Cristo. Deflagrou uma verdadeira tempestade que simultaneamente atingiu todos os cantos do império. Tão fulminante foi a ordem de extermínio que, somente em um dia, tombaram milhares de mártires cristãos, cujo sangue correu desde a parte central até às regiões mais longínquas do império. Mas pouco caso o tirano fazia da exterminação do rebanho, pois tomou conhecimento que o Pastor ainda vivia e por isto, concentrou contra ele toda a sua ira. Ordenou aos guardas que fosse encontrado o Pontífice romano, o qual não cessava de percorrer, de dia e de noite, todas as cidades e lugarejos, campinas, grutas e mesmo cavernas, usadas como esconderijo cristão. Na sua peregrinação, Santo Anacleto procurava consolar e assistir os cristãos, durante este duro período. Acabou sendo encontrado e foi arrastado e metido num cárcere, amarrado por cadeias. Grande alegria demonstrou, para admiração de todos, pois nutria o desejo de poder derramar seu sangue por Cristo. O tirano, ainda que impaciente em acabar com a vida do Pontífice, submeteu-lhe a diversos tormentos. Foi, pois, finalmente martirizado no dia 26 de abril de 92. Seus restos mortais encontram-se na Igreja de São Pedro, no Vaticano.

Beato Estanislau Kubista, sacerdote e mártir


         
         Estanislau Kubista nasceu no seio de uma família devota de nove crianças, em Kostrechna. A família recitava todos os dias o terço, antes do jantar, diante do altar de Nossa Senhora. Era quase uma evidência que ele viria a ser sacerdote. Uma das suas irmãs, Ana entrou num convento perto de Viena. Quanto a ele, estudou numa escola alemã e, portanto, não só falava a língua materna mas também correntemente o alemão.
         Criança ainda, ficou impressionado com as prédicas e sermões dos missionários da Santa Cruz de Steyl — missionários do Verbo Divino. Estudou na escola de Neisse. Foi mobilizado no exército em 1917 na frente ocidental, onde era telefonista. Desmobilizado em Maio de 1919, em Stettiner, continuou os seus estudos em Neisse no noviciado dos Padres missionários verbitas, desejoso de se tornar missionário na China.
            Os Padres publicavam numerosas publicações e brochuras em polaco. Ele foi enviado para o noviciado de São Gabriel de Mödling perto de Viena. Ali foi ordenado sacerdote em 1927 com 29 anos de idade.
              Ecônomo da escola e do convento de Gorna Grupa, era responsável de 300 pessoas (alunos e professores). Posteriormente, foi nomeado procurador. Publicava livros e brochuras, especialmente para a juventude e cada vez mais se apaixonava pelas missões. Ele tinha uma grande devoção a são José. Os seus escritos foram famosos na Polônia.
        Quando o alemães invadiram a Polônia, ele foi preso com outros missionários e sacerdotes da sua Congregação aos vieram juntar-se muitos sacerdotes diocesanos. Na Congregação do Verbo Divino foram detidos 14 sacerdotes, 14 religiosas, 4 irmãos e 12 noviços. A província da Polônia criada em 1919 compreendia, vinte anos após a sua fundação, 29 sacerdotes e 61 irmãos.
         Em fevereiro de 1940, ele foi deportado para Nowy Port, perto de Dantzig e, em seguida, para Stutthof e em abril de 1940, para o campo de concentração de Sachsenhausen. Enfraquecido e doente, ele foi destinado à morte após três dias de agonia. Foi em 26 de abril de 1940.
           Ele foi beatificado por João Paulo II em 1999, com três outros membros da sua Congregação, os padres Frackowiak, Liguda e Mzyk.
        A Congregação foi restaurada na Polônia em 1946 e irradia-se hoje em torno dos seus catorze estabelecimentos.

São Rafael Arnáiz Barón, noviço


           
          Monge espanhol canonizado domingo, 11 de outubro de 2009 pelo Papa Bento XVI. Nasceu em Burgos (Espanha) em 1911. Ali mesmo foi à escola com os padres jesuítas. Depois começou a estudar na Escola Superior de Arquitetura de Madrid. Seus tios, os duques de Maqueda, influenciaram no crescimento de sua fé.
           Em 1932 realizou alguns exercícios espirituais onde descobriu que Deus lhe pedia que se fizesse monge trapista. Tinha 23 anos quando foi aceito no mosteiro de São Isidro de Dueñas. Ali viveu uma vida monacal cheia de alegria no meio de sacrifícios e abnegações, onde, segundo ele, cada dia tinha um encanto diferente.
        Passava horas escrevendo cartas, para sua mãe, tios e vários amigos. Compartilhava nelas suas experiências interiores: “esta vida, que pode parecer monótona, para mim tem tantos atrativos que não me canso momento algum. Cada hora é diferente pois ainda que exteriormente sigam iguais, interiormente não o são como não são iguais todas as missas”.
           Com docilidade, o irmão Rafael soube aceitar os misteriosos desígnios de Deus. No momento mais feliz de sua vida sua saúde se alterou. A febre aumentava e por isso o enviaram de regresso a casa de seus pais. Com o coração partido de dor deixou o mosteiro. Saiu e entrou em três ocasiões até que se reincorporou em 1937. Foi a última vez que viu sua família.
         Morreu em 26 de abril de 1938 de um coma diabético. Nos últimos dias refletia sobre o mistério da dor como ponto de união com a Eternidade: “o meu centro é Deus e Deus crucificado. Meu centro é Jesus na cruz. Agarrado a meu crucifixo quero morrer. O fim é a eterna procissão do dia. Do céu mas isso será no céu”.
          João Paulo II o propôs como modelo de santidade na Jornada Mundial da Juventude em Santiago de Compostela em 1989. Comentários e escritos ricos de espiritualidade, e ao mesmo tempo simples e cheios de sentido e de humor. Uma atitude dócil e abnegada frente à enfermidade são alguns elementos que refletiram a alma enamorada de Deus do beato Maria Rafael Arnais Barón, canonizado no domingo 11 de outubro, na praça de São Pedro por Bento XVI.

São Pedro de Rates, bispo


          
           Segundo uma tradição lendária, São Pedro de Rates tornou-se o primeiro bispo de Braga, logo no ano da nossa era, como se pode ver na lista de todos os arcebispos de Braga que existe na Sé.
              Conta uma lenda que o santo salvou de doença mortal uma jovem princesa pagã. Como retribuição por este ato caridoso, ela converteu-se ao cristianismo e fez voto de castidade.
              Esta decisão enfureceu o pai que, em vez de agradecer um tão notável milagre e, para se vingar da decisão que a filha tinha tomado, decretou a morte de Pedro, que outra solução não teve que aquela de se refugiar na capela que existia em Rates. Tendo sido aí encontrado pelos soldados — ou homens de mão — do pai ofendido, foi por estes decapitado e a capela onde se escondera completamente destruída.
                   Séculos mais tarde, da serra de Rates, São Félix observava todas as noites uma luz na escuridão. Aquela luz intrigou-o e, numa noite, guiado pela curiosidade e pela luz, que mais abaixo parecia chamá-lo, desceu a vertente e encontrou no meio dos escombros a razão de ser desse clarão: o corpo do santo bispo de Braga, São Pedro.

Santo Estêvão de Moscou, bispo


              

            Estevão nasceu por volta de 1340 na família de um pio cristão chamado Simeão. Sob influência de sua mãe, Maria, demonstrou desde o início de sua vida um grande zelo pelo serviço à Igreja: ajudava seu pai durante os ofícios e aprendeu a ler as Sagradas Escrituras, cumprindo o papel também de leitor. Já na juventude, aceitou os votos monásticos no mosteiro de Rostov, construído em homenagem a São Gregório, o Teólogo. O mosteiro era famoso por sua coleção de livros, e Estevão, desejando ler os Santos Padres no original, aprendeu grego. Quando em sua juventude, sempre teve contato com o povo zyriano, e agora seu coração ardia de desejo de levar a eles a Palavra de Deus.
            Para cumprir sua missão de iluminar este povo, compilou um alfabeto em sua língua e traduziu alguns livros da Igreja. Por sua tarefa piedosa, o bispo de Rostov, Arsenio [1374-1380], ordenou-o diácono. Tendo se preparado para sua atividade missionária, viajou em 1379 a Moscou para pedir a benção do bispo Gerasimo. Lá foi não só abençoado como ordenado.  Dali, o monge Estevão viajou pelo rio Dvina rumo ao norte, até as aldeias do povo zyriano. Nesta região sofreu muitas privações, lutas e tristezas, vivendo ao lado de pagãos e adoradores de ídolos.
             O povo zyriano realizava sua idolatria principalmente em frente a uma árvore tida por sagrada. Para ela traziam animais selvagens, e ali os sacrificavam. Santo Estevão construiu sua cela próxima à árvore e aproveitava estas reuniões pagãs para pregar a verdade. Quando o santo cortou e queimou a árvore, o povo tentou matá-lo. Mas convenceu a muitos com sua pregação, de modo que pôde construir uma Igreja dedicada a São Miguel Arcanjo, o vencedor dos espíritos das trevas, no lugar em que a árvore antes existia. Os próprios convertidos passaram a derrubar e queimar seus antigos lugares de idolatria, mas tiveram de enfrentar a oposição de sacerdotes locais, liderados por Pam, que interveio contra a disseminação da verdadeira fé.
           Mas tendo vencido a batalha contra Pam ao salvar a vida deste último, Santo Estevão convidou-o a aceitar Cristo. Negando-se, o sacerdote pagão enfrentou o banimento de seu próprio povo. Em homenagem à conversão dos zyrianos, o monge Estevão construiu uma Igreja em homenagem a São Nicolau.
              Em 1381, Estevão foi ordenado bispo da cidade de Perm, e a partir dali dedicou-se a cuidar de seu rebanho. Abriu várias escolas para os novos convertidos, onde eles estudavam as Sagradas Escrituras em sua própria língua. Além disso, o santo ajudou na tradução para a língua zyriana de vários livros, como o dos Salmos, os Santos Evangelhos e outros. Defendeu-os também da incursão de outras tribos, supriu-os com pão, intercedeu por eles junto a Moscou. Seus esforços levaram à conversão de toda a região à Ortodoxia. Além disso, Santo Estevão, grande admirador de São Sérgio de Radonezh, fundou vários mosteiros pelas terras de Perm.
               No ano de 1395, em viagem a Moscou, santo Estevão adentrou o Reino dos Céus.

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Beato João Batista Piamarta, sacerdote e fundador



       João Batista Piamarta nasceu em Bréscia (Itália), numa modesta família, no dia 26 de Novembro de 1841. Frequentou o Seminário episcopal e foi ordenado Sacerdote em 1865.
       Desde o início do seu ministério sacerdotal, distinguiu-se por um grande amor à juventude que vivia nos Oratórios, formando-a através da catequese em várias paróquias, nas quais também os doentes recebiam os seus cuidados espirituais. O seu contato com os jovens, sobretudo das categorias mais simples e pobres, convenceu-o de que era necessário interessar-se por todos eles. Por isto, deu início a um Instituto artesanal onde, com grandes sacrifícios e muitíssimas dificuldades, preparou centenas de jovens para a vida profissional e cristã. Pensou depois nos problemas da zona rural, e organizou a Colônia Agrícola de Remedello que, em seguida, se tornou um ponto de referência e de orientação para muitas famílias camponesas de toda a Itália.
      Em 1902 foi aprovada a Congregação dos Padres da Sagrada Família de Nazaré, por ele fundada com o objectivo de formar cristãmente as famílias e se dedicar à educação da juventude. Mais tarde, juntamente com a Madre Elisa Baldo, criou o Instituto das Humildes Servas do Senhor. Dedicou-se também à imprensa católica e fundou a Editora Queriniana, contribuindo assim para a difusão do pensamento cristão junto dos jovens e das pessoas cultas.
     O segredo de tanto fervor e atividade apostólica eficaz do Padre Piamarta consistiu na firme fidelidade a um programa de intensa oração e numa inabalável confiança na Providência. Na sua profunda humildade considerava-se um obstáculo para as obras de Deus, mas acreditava que a bênção divina jamais lhe faltaria.
        Viveu pobre e morreu pobre, depois de ter ajudado milhares de jovens do mundo do trabalho a tornarem-se protagonistas da própria promoção humana e cristã.
        Morreu a 25 de Abril de 1913 na Colônia Agrícola de Remedello.
      Atualmente, os filhos espirituais do novo Beato continuam a sua obra na Itália, em Angola, no Brasil e no Chile.

Beato Pedro de São José Betancur, leigo e fundador


      
       Pedro de São José Betancur nasceu em Villaflor de Tenerife, nas Ilhas Canárias, Espanha, no dia 19 de Março de 1626, tendo sido baptizado logo no dia 21. Seus pais, Amador González Betancur de la Rosa e Ana Garcia educaram-no cristãmente e Pedro descobriu os valores da fé e da caridade, de modo especial. E ele nunca esqueceu os ensinamentos recebidos; ouvindo falar dos trabalhos missionários que muitos homens e mulheres estavam a empreender nas terras da América, deixou-se entusiasmar pela ideia de ir anunciar o Evangelho, emigrando para a Guatemala em 1651 com esse propósito.
         Ali começou a viver como se fosse essa a sua pátria, depressa captou a simpatia das famílias do lugar, que desejavam a presença de Pedro em suas casas, pela sua afabilidade e interesse pela situação de cada um; pagava a hospedagem com os trabalhos humildes que podia fazer.
          Dele disse o seu biógrafo: “Todo o tempo em que conhecemos Pedro de Betancur, conhecemo-lo como um homem virtuoso. Nele, a virtude parecia natural. Era tão amável como virtuoso e todos os que o conheciam, o estimavam e quem o estimava, gostava de comunicar com ele. Todos desejavam tê-lo em sua casa e muitos o procuravam”. Fez da pobreza sua companheira de vida, para não ter outro tesouro a não ser Jesus Cristo e não ter outra preocupação senão o amor dos pobres. Viveu em Santiago de los Caballeros, entrava livremente na casa de todos os que ali habitavam, saindo como tinha entrado:  livre de apegos materiais, alma limpa e coração desprendido, mas com a convicção firme de que tinha deixado a semente do Evangelho no seio daquelas famílias. O seu biógrafo diz, mesmo, estas palavras bem elucidativas da sua presença: “o Irmão Pedro deixava as casas onde entrava banhadas de luz e saía delas sem detrimento da sua pureza”. Por isso, ele pode ser chamado um “mensageiro do amor de Deus na América”.
        Possuía a sabedoria própria de um homem simples. Por esta razão, a sua vida se lê melhor nas suas ações do que nos seus discursos. Por dificuldades nos estudos, não conseguiu ser sacerdote, não foi membro de uma Ordem religiosa, o que o convenceu de que Deus o chamava à santidade por outro caminho; seguiu o da caridade, tornando-se um verdadeiro apaixonado pelo pobres por amor a Cristo. Sincero e humilde, mas de um singular intuição e prática na vida, soube reconhecer Deus e encontrar Cristo nas ruas da cidade. Os seus compatriotas chegavam em busca de poder e de riquezas; ele procurou as suas honras na catequese, na oração e no alívio dos sofrimentos humanos dos pobres. Essa era a sua ambição, que realizava “sempre ocupado em obras de misericórdia”, aliviando o sofrimento do seu Salvador nas cruzes dos mais pobres.
      Era homem de oração; reconhecendo-se como humilde servo da Santíssima Trindade, distinguiu-se por uma vida de comunhão contínua com Deus Pai através da oração e da perseverança em fazer o bem, às vezes à custa das maiores dificuldades, incompreensões e contrariedades, mas espalhando sempre a caridade a mãos cheias, dele se podendo dizer como de Cristo:  "passou pela terra fazendo o bem" (cf. At 10, 38). Deixando-se guiar pelo Espírito Santo, permaneceu sempre aberto à sua inspiração, para orientar os seus passos, palavras e ações.
       Peregrino e contemplativo, traçou um itinerário de lugares de oração, de recolhimento e de contemplação, para que aqueles povos pudessem gozar de momentos de contacto com o Senhor.
       Ainda hoje, a tradição fala desses lugares:  o Calvário, o Outeiro da Cruz, os pátios da Pousada de Belém, o Templo de S. Francisco, bem como as ruas de pedra abençoadas pela sua passagem continuam a ser sinais da sua presença permanente naqueles lugares. Soube cimentar a piedade popular na devoção aos mistérios de Cristo e da Virgem Maria, na frequência dos sacramentos e na meditação, acompanhadas pela preocupação constante da salvação da alma.
        Por isso, não nos admiremos de que ele fosse um “leigo fundador de uma Ordem religiosa”. Assim se expressam os Bispos da Guatemala em Carta Pastoral, escrita a propósito da sua canonização.
     Tendo vestido o hábito da terceira Ordem de penitência franciscana, continuou a sua vida na prática das obras de caridade, consolidando a sua devoção a Maria; rezava o terço na Capela da casa com os escravos, os mais simples, sem deixar de se retirar para o "seu" Calvário (tinha-o construído com as suas próprias mãos), pelos pátios da Pousada de Belém, onde, no dizer do seu biógrafo, "os pobres podiam encontrar pão material para o sustento do seu corpo e o pão da doutrina para alimento da sua alma". Alguns deixaram-se seduzir pelo seu exemplo e congregou à sua volta os que julgou idôneos para dar cumprimento aos seus desejos. Com eles acerta uma vida regular de oração e austeridade que, ao trabalho com os pobres, uniam uma espiritualidade muito rica de fidelidade a Deus e vida comunitária. Assim nasceu a Ordem Betlemita, fundada na Guatemala e ainda hoje viva naqueles meios, ao serviço das pessoas mais humildes e sem lar.
      Destacam os Bispos da Guatemala três caminhos na herança espiritual legada por Pedro de São José: 
a) Caminho espiritual, baseado na adoração do Verbo Encarnado, na meditação constante da paixão de Cristo, no amor e adoração ao Santíssimo Sacramento da Eucaristia, amor à Mãe de Deus e a devoção do santo Rosário, a que se juntava a prática da mortificação, da penitência e do jejum.
b) Caminho misericordioso, caracterizado pelo amor aos pobres e a solidariedade para com todos. Para isto, não hesitou em escrever uma carta ao Rei de Espanha, pedindo autorização para construir um hospital para convalescentes, o primeiro do mundo para este gênero de doentes.
c) Um caminho profético, onde se descobrem os valores perenes de uma autêntica evangelização. Assim o evangelizador verdadeiro não deve condenar ninguém definitivamente, pois o plano de Deus quer a salvação de todos e que todos cheguem ao conhecimento da verdade (cf. 1 Tim 2, 4), o evangelizador propõe o plano de Deus a um mundo dominado pelo afã das riquezas, a ambição do poder e a indiferença orientada pelo prazer.