sexta-feira, 27 de abril de 2012

Beato Antonio Patrizi, religioso

       

        O beato Antônio Patrizi, chamado também Antônio de Monticiano, nasceu, segundo algumas fontes um pouco tardias, na cidade de Siena, Itália, na primeira metade do século XIII.
        Do seio da nobre família Patrizi, Antônio ingressou no convento agostiniano de Lecceto. No convento de Monticiano veio a falecer a começos do século XIV.
         Levou uma vida de santidade dedicado ao serviço de Deus e dos irmãos. Dois anos depois de sua morte foram exumados seus restos e colocados em um altar. Em 1313 criou-se uma fraternidade que levou seu nome. Seu culto foi confirmado por Pio VII.
         Uma breve vida de alguns frades eremitas. obra composta por Antônio Florentino antes de 1336, oferece a seguinte informação a respeito do beato Antônio:
        "Frei Antônio foi venerado na cidade de Siena, mas sua glória está na cidade abençoada por sua morte. Frei Antônio estava viajando a Camerata para visitar um amigo, o frei Pedro de Florence, quando teve que parar de noite no mosteiro Agostiniano de Monticiano.
         Na mesma noite, naquele lugar estranho, o Senhor chamou seu servo à vida eterna. Na hora em que ele morreu, ninguém no mosteiro havia percebido o ocorrido. Mas ficaram sabendo logo de sua morte e de sua santidade.
         Por perto estava a residência de um cavalheiro e sua esposa, ambos muito doentes. Exaustos pelos constantes cuidados requeridos pelos seus patrões, os criados estavam descansando, apoiados numa janela que dava vista para o mosteiro.
        De repente, eles viram uma grande luz sair do mosteiro e tocar o céu. Os criados imediatamente chamaram o casal e todos da casa viram a luz maravilhosa.
        A princípio alguns pensaram que o mosterio estivesse em chamas. Mas quando eles consideraram o fenômeno mais de perto, concluíram que devia ser alguém no mosteiro cuja santidade tocou os céus. Pelo desejo de Deus, o casal doente acreditou nos méritos do santo cuja luz tinham visto.
       Com grande devoção, encomendaram sua enfermidade à sua intercessão e imediatamente lhes foi restaurada a saúde. Com todos os empregados eles foram, ávidos, ao mosteiro. Lá, eles recontaram as maravilhas que tinham acontecido, a saber, a grande luz que tocou os céus, e suas conclusões acerca da presença do santo cujos méritos os livrou da enfermidade.
       Eles, logicamente, queriam ver o santo homem. Os frades, atônitos, então descobriram que o convidado deles, frei Antônio, havia morrido. Os frades sabiam da doença dos vizinhos. A partir deste mesmo dia o corpo do santo permanece fresco e incorrupto e exala uma fragrância muito agradável. O Senhor trabalha por muitos e inumeráveis meios, sinais de sua parte, como está evidente em Monticiano."
        O beato Antônio, também conhecido como "o beato de Lecceto", é lembrado pela Família Agostiniana no dia 9 de outubro.


São Pedro Armengol: modelo de confiança

        

        Pedro Armengol nasceu na Catalunha em meados do séc. XIII. Recebeu esmerada educação de seus pais, os condes de Urgel, mas, ao invés de permanecer nos bons costumes, foi decaindo e passou a conviver com más companhias. Abandonou a casa paterna, tornou-se ladrão perigoso, assassino e chefe de salteadores de estrada.
         Aconteceu porém que, estando ele um dia a vagar pelo mato, ouviu ao longe um toque de clarim, típico de gente da Corte. Imaginando que aqueles nobres traziam riquezas, Pedro ataca com sua quadrilha. Mal os dois grupos se encontram, ele vai atrás do chefe do destacamento e está prestes a desferir um golpe quando... percebe tratar-se de seu próprio pai!
         Como que atingido por fulminante raio, o bandido permanece imóvel, detendo no ar seu braço armado. Ele, e não o pai, recebe o golpe fatal: um golpe da graça divina. Por certo, naquele instante, alguém, em algum lugar, devia estar rezando por ele a Nossa Senhora... Como o filho pródigo do Evangelho, lançou-se aos pés do pai e pediu perdão. Confuso e envergonhado, Pedro teve verdadeira contrição de seus pecados.

         Convertido, ingressou na Ordem de Nossa Senhora das Mercês (os mercedários), cuja missão era trabalhar pela libertação dos escravos cristãos, tiranizados pelos piratas pagãos. Os heróicos frades mercedários não só se arriscavam a viver em territórios pagãos, como também faziam um voto admirável: por amor às almas, oferecer-se como reféns, para serem trocados por cativos católicos que estivessem no meio dos infiéis, expostos à depravação e ao risco de perderem a fé.
         Atendendo à voz da obediência, Frei Pedro passou anos no norte da África, numa arriscada existência. Certa vez, soube que 18 cristãos haviam sido escravizados, e procurou os infiéis, negociando a libertação deles. Mas os pagãos exigiram soma muito alta, que só poderia vir da Espanha. Sem hesitação, Frei Pedro ofereceu-se como refém. Aceitaram, mas estipulando um prazo: se o dinheiro não chegasse, ele seria enforcado.
         Assim foi feito. Passou o tempo e, esgotando-se o prazo estipulado, cumpriram a ameaça: enforcaram Frei Armengol. Quando pensaram que ele já havia morrido, abandonaram-no, deixando-o pendente da corda, para que seu corpo apodrecesse ali.
        Pouco tempo depois chega o navio com o dinheiro do resgate. Indignados com a crueldade dos infiéis, os frades quiseram ver o corpo de seu irmão de hábito. Ao chegarem junto do patíbulo, grande surpresa: Frei Pedro, ainda pendurado na forca, estava vivo, embora pálido como um cadáver! Era um milagre extraordinário. Afinal, o que havia acontecido ? São Pedro Armengol respondeu ao Superior:
       — Nossa Senhora ficou me sustentando o tempo inteiro...
      Como sinal deste prodígio, por toda a vida ele conservou no rosto a palidez cadavérica e, no pescoço, bem visível, a marca da corda...

Beato Tiago de Bitetto, religioso

       

        Embora natural da Dalmácia, razão pela qual às vezes é denominado também de “o Eslavo” ou “o Ilíríco”, o Beato Tiago passou a maior parte de sua existência na costa oposta do Adriático onde se tornou irmão leigo dos Frades Menores da Observância, em Bitetto, pequena cidade situada a nove milhas de Bari.
         Alcançou grande santidade através de uma vida de humildade e de abnegação de si mesmo e de contemplação. Deus o favoreceu com o espírito de profecia, segundo o depoimento de um de seus confrades no processo de beatificação. Em diversas ocasiões foi visto elevado acima do chão, absorto em oração.
         Durante alguns anos trabalhou como cozinheiro em outra casa da Ordem, em Conversano. A vista do fogo da cozinha levava-o, às vezes, a contemplar as chamas do inferno, e em outras ocasiões a alçar-se até o mais alto dos céus e deter-se no fogo devorador do amor eterno.
        Muitas vezes caía em êxtase, enquanto executava o seu trabalho, e permanecia imóvel e absorto em Deus. Posteriormente foi transferido de volta a Bitetto, onde terminou o curso de sua vida. Muitos milagres foram atribuídos à sua intercessão. No jardim do convento de Bitetto havia um pé de junípero plantado por ele e cujos frutos, afirmava-se, possuíam propriedades curativas. Tiago foi beatificado pelo Papa Inocêncio XII.

Santa Zita, virgem


Santa Zita foi empregada doméstica durante trinta anos em Luca, na Itália. Hoje em dia, as comunidades de baixa renda sofrem grande injustiça social, principalmente quando trabalham em serviços domésticos, como ela, mas no século XIII as coisas eram bem piores.
Zita nasceu em 1218, no povoado de Monsagrati, próximo a Luca, e, como tantas outras meninas, ela foi colocada para trabalhar em casa de nobres ricos. Era a única forma de uma moça não se tornar um peso para a família, pobre e numerosa.
Ela não ganharia salário, trabalharia praticamente como uma escrava, mas teria comida, roupa e, quem sabe, até um dote para conseguir um bom casamento, se a família que lhe desse acolhida se afeiçoasse a ela e tivesse interesse em vê-la casada.
Zita tinha apenas doze anos quando isso aconteceu. E a família para quem foi servir não costumava tratar bem seus criados. Ela sofreu muito, principalmente nos primeiros tempos. Era maltratada pelos patrões e pelos demais empregados. Porém agüentou tudo com humildade e fé, rezando muito e praticando muita caridade. Aliás, foi o que tornou Zita famosa entre os pobres: a caridade cristã.  
Tudo que ganhava dos patrões, um pouco de dinheiro, alimentos extras e roupas, dava aos necessitados. A conseqüência disso foi que, em pouco tempo, Zita dirigia a casa e comandava toda a criadagem. Conquistou a simpatia e a confiança dos patrões e a inveja de outros criados.
Certa vez, Zita foi acusada de estar dando pertences da despensa da casa para os mendigos, por uma das criadas que invejavam sua posição junto aos donos da mansão. Talvez não fosse verdade, mas dificilmente a moça poderia provar isso aos patrões. Assim, quando o patriarca da casa perguntou o que levava escondido no avental, ela respondeu: "são flores", e soltando o avental uma chuva delas cobriu os seus pés.  
A sua vida foi uma obra de dedicação total aos pobres e doentes que durou até sua morte, no dia 27 de abril de 1278. Todavia, sua interferência a favor deles não terminou nesse dia.
O seu túmulo, na basílica de São Frediano, conserva até hoje o seu corpo, que repousa intacto, como foi constatado na sua última exumação, em 1652, e se tornou um lugar de graças e de muitos milagres comprovados e aceitos. Acontecimentos que serviram para confirmar sua canonização em 1696, pelo papa Inocêncio XII.  
Apesar da condição social humilde e desrespeitada, a vida de santa Zita marcou de tal forma a história da cidade que ela foi elevada à condição de sua padroeira. E foi uma vida tão exemplar que até Dante Alighieria a cita na Divina Comédia.
O papa Pio XII proclamou-a padroeira das empregadas domésticas.


Basílica de São Frediano, em Lucca, onde se encontram os restos mortais de Santa Zita


Os restos mortais de Santa Zita

Beato Tiago Alberione, sacerdote e fundador

       
Bem-aventurado Tiago Alberione

        Padre Tiago Alberione, Fundador da Família Paulina, foi um dos mais carismáticos apóstolos do século XX. Nasceu em San Lorenzo di Fossano (Cuneo, Itália), no dia 4 de abril de 1884. Recebeu o batismo já no dia seguinte. A família Alberione, constituída por Miguel e Teresa Allocco e por seis filhos, era do meio rural, profundamente cristã e trabalhadora.
         O pequeno Tiago, o quarto filho, desde cedo passa pela experiência do chamado de Deus: na primeira série do ensino primário, quando a professora Rosa perguntou o que seria quando se tornasse adulto, ele respondeu: Vou tornar-me padre! Os anos da infância se encaminham nessa direção.
         Com 16 anos, Tiago foi recebido no Seminário de Alba. Desde logo se encontrou com aquele que para ele foi pai, guia, amigo e conselheiro por 46 anos: o cônego Francisco Chiesa.
         No final do Ano Santo de 1900, já estimulado pela encíclica de Leão XIII Tametsi futura (Ainda que se trate de coisas futuras), Tiago viveu a experiência decisiva de sua existência. Na noite de 31 de dezembro de 1900, noite que dividiu os dois séculos, pôs-se a rezar por quatro horas diante do Santíssimo Sacramento e, na luz de Deus, projeta o seu futuro. Uma "luz especial" veio ao seu encontro, desprendendo-se da Hóstia e a partir daquele momento ele se sentiu "profundamente comprometido a fazer alguma coisa para o Senhor e para as pessoas do novo século": "o compromisso de servir à Igreja", valendo-se dos novos meios colocados à disposição pelo progresso.
         No dia 29 de junho de 1907 foi ordenado sacerdote. Como passo seguinte, uma breve, mas significativa experiência pastoral em Narzole (Cuneo), na qualidade de vice-pároco. Lá encontrou o bem jovem José Giaccardo, que para ele será o que foi Timóteo para o Apóstolo Paulo. Ainda em Narzole, Padre Alberione amadureceu sua reflexão sobre o que pode fazer a mulher incluída no apostolado.
         No Seminário de Alba desempenhou o papel de Diretor Espiritual dos seminaristas maiores (filósofos e teólogos) e menores (estudantes do ensino médio), e foi professor de diversas disciplinas. Dispôs-se a pregar, a catequizar, a dar conferências nas paróquias da diocese. Dedicou também bastante tempo ao estudo da realidade da sociedade civil e eclesial do seu tempo e às novas necessidades que se projetavam.
        Concluiu que o Senhor o convocava para uma nova missão: pregar o Evangelho a todos os povos, segundo o espírito do Apóstolo Paulo, usando os modernos meios da comunicação. Justificam essa direção os seus dois livros: Apontamentos de teologia pastoral (1912) e A mulher associada ao zelo sacerdotal (1911-1915).
         Essa missão, para ser desenvolvida com carisma e continuidade, devia ser assumida por pessoas consagradas, considerando-se que "as obras de Deus se edificam por meio das pessoas que são de Deus". Desse modo, no dia 20 de agosto de 1914, quando, em Roma morria o sumo pontífice, Pio X, em Alba, o Padre Alberione dava início à "Família Paulina" com a fundação da Pia Sociedade São Paulo. O começo foi marcado pela extrema pobreza, em conformidade com a pedagogia divina: "inicia-se sempre no presépio".
         A família humana - na qual o Padre Alberione se inspira - é constituída por irmãos e irmãs. A primeira mulher a seguir o Padre Alberione foi uma jovem de vinte anos, de Castagnito (Cuneo): Teresa Merlo. Com o apoio dela, Alberione deu início à congregação das Filhas de São Paulo (1915) - Irmãs Paulinas. Pouco a pouco, a "Família" cresceu, as vocações masculinas e femininas aumentaram, o apostolado tomou seu curso e assumiu sua forma.
         Em 1918 (dezembro) registrou-se o primeiro envio das "filhas" para Susa: iniciou-se uma história muito corajosa de fé e de empreendimento, que gerou também um estilo característico, denominado (estilo) "paulino".
        Em 1923, quando o Padre Alberione adoeceu gravemente e o diagnóstico médico não sugeriu um quadro de esperanças, o Fundador, milagrosamente, retomou o caminho com saúde e afirmou: "Foi São Paulo quem me curou". A partir daquele período apareceu nas capelas paulinas a inscrição que em sonho ou em revelação o Divino Mestre Jesus Cristo dirigiu ao Fundador: Não temam - Eu estou com vocês - Daqui quero iluminar - Arrependam-se dos pecados.
        Em 1924, veio à luz a segunda congregação feminina: as Pias Discípulas do Divino Mestre, para o apostolado eucarístico, sacerdotal e litúrgico. Para orientá-las na nova vocação, Padre Alberione chamou a jovem Úrsula - Irmã M. Escolástica Rivata.

Espiritualidade

        Ao mesmo tempo cresceu o edifício espiritual: o Fundador inculcou o espírito de dedicação por meio de "devoções" de grande expressão apostólica: a Jesus Mestre e Pastor "Verdade, Caminho e Vida"; a Maria Mãe, Mestra e Rainha dos Apóstolos; a São Paulo apóstolo. Foi exatamente a referência ao Apóstolo que caracterizou na Igreja as novas instituições como "Família Paulina". A meta a que o Fundador queria que fosse assumida como desafio primordial, é a conformidade plena com Cristo: abraçar por inteiro o Cristo Verdade Caminho e Vida em toda a pessoa, mente, vontade, coração e forças físicas. Diretriz sintetizada em um pequeno volume: Donec formetur Christus in vobis (1932).
          Em outubro de 1938, Padre Alberione fundou a terceira congregação feminina: as Irmãs de Jesus Bom Pastor ou "Pastorinhas", que se dedicam ao apostolado pastoral destinado a auxiliar os Pastores.
          O empenho do Fundador foi sempre o mesmo: queria que todos entendessem que "o primeiro cuidado da Família Paulina deve ser a santidade de vida, o segundo a pureza de doutrina". Sob essa luz devia ser entendido o seu projeto de uma enciclopédia sobre Jesus Mestre (1959).
         O pequeno volume Abundantes divitiae gratiae suae (As abundantes riquezas da sua graça), é considerado como a "história carismática da Família Paulina".
         A Família que foi se completando em 1954, com a fundação da quarta congregação feminina, o Instituto Rainha dos Apóstolos para as Vocações (Irmãs Apostolinas) e, em 1960, dos Institutos de vida secular consagrada: São Gabriel Arcanjo, Nossa Senhora da Anunciação, Jesus Sacerdote e Sagrada Família. Dez Instituições (inclusive os Cooperadores Paulinos) unidas entre si pelo mesmo ideal de santidade e de apostolado: viver e anunciar Jesus Cristo Caminho, Verdade e Vida.
         Nos anos de 1962-1965, o Padre Alberione foi protagonista silencioso, mas atento do Concílio Vaticano II, de cujas sessões ele participou, diariamente.
        Padre Alberione viveu 87 anos.
        No dia 26 de novembro de 1971 deixou a terra para assumir o seu lugar na Casa do Pai. As suas últimas horas tiveram o conforto da visita e da bênção do papa Paulo VI, que jamais ocultou a sua admiração e veneração pelo Padre Alberione. Foi comovente o testemunho que deu na Audiência concedida à Família Paulina em 28 de junho de 1969 (o Fundador tinha 85 anos). Disse o papa Paulo VI:  «Aí está ele: humilde, silencioso, incansável, sempre vigilante, sempre entretido com os seus pensamentos, que se mobilizam entre a oração e a ação, sempre atento para perscrutar os "sinais dos tempos".
         Em 25 de junho de 1996 o papa João Paulo II assinou o Decreto por meio do qual eram reconhecidas as virtudes heróicas de Alberione. Foi beatificado por João Paulo II, no dia 27 de Abril de 2003, na Praça de S. Pedro, em Roma.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

São Pedro de Braga, bispo e mártir

Pedro de Rates.jpg
 
        São Pedro de Rates foi o primeiro bispo de Braga entre os anos 45 e 60, ordenado pelo apóstolo  São Tiago que teria vindo da  Terra Santa, martirizado quando convertia povos aderentes à religão romana no  norte de Portugal.

Índice

 [esconder
        Conta-se que São Tiago, um dos apóstolos de Cristo teria visitado o noroeste da Península Ibérica em 44 d.C. Uma das suas visitas terá sido à  Serra de Rates, no atual município  da Póvoa de Varzim. Durante esta visita, o apóstolo terá ordenado bispo São Pedro de Rates, tornando-se este último o primeiro bispo de Braga.
        São Pedro de Rates terá morrido na tentativa de conversão de crentes da religião romana à fé cristã. Conta-se também que terá salvado de doença mortal uma jovem princesa pagã e esta terá se convertido ao cristianismo e fez votos de castidade, e o pai furioso manda matar o bispo, e que terá sido este o motivo da sua morte. Nas duas versões, o santo foi decapitado.
      Séculos mais tarde, São Félix, o eremita, pescador de Vila de Mendo, na freguesia da  Estela, também na Póvoa de Varzim, ter-se-á retirado para o maior monte da Serra de Rates.
         São Félix terá observado uma luz na escuridão todas as noites a partir do monte. Um dia, curioso, tenta saber os motivos e descobre o corpo de São Pedro de Rates.
          O corpo terá dado origem à Igreja de São Pedro de Rates e esteve lá sepultado até 1552; nesse ano o corpo foi transferido para a Sé de Braga.
          Nas freguesias de Balasar e Rates existem duas fontes que são vistas como milagrosas devido a este santo.
          No início do século XVIII, o Padre Carvalho da Costa na Corografia Portuguesa, fala de uma fonte num lugar da freguesia de Balasar: Na aldeia do Casal está a fonte em que São Pedro de Rates estava de joelhos, bebendo, quando os tiranos vinham atrás dele, de Braga, para o matarem, e foi Deus servido de que o não vissem, estando patente à vista. Dizem que duas covinhas que tem são de seus santos joelhos. Vêm a esta fonte muitos enfermos de maleitas e, bebendo dela, voltam livres do achaque.
          Na fonte de Rates existia uma pedra furada que, segundo crença popular, tem efeitos curativos em casos de esterilidade, sendo vingativo para com as fêmeas, mulheres e animais quando grávidas. Por este motivo no dia 26 de abril, em algumas aldeias as mulheres grávidas e os animais não trabalham.



Igreja de São Pedro em Rates


Catedral da Sé de Braga

Precedido por
Bispo de Braga
(1.º)

São Pascásio Radberto, abade

         

         Radberto que permitia que fosse chamado Pascásius, provavelmente nasceu em Soissons, França sem pai e mãe. Foi encontrado na porta do Convento de Notre Dame em Soissons. Ele era um bebê e foi criado pelas irmãs, educado pelos monges de Saint Peter e recebeu o hábito dos beneditinos e mais tarde foi ordenado diácono.
Mas ele, pensando que a comunidade estava exagerando a natureza do mundo deixou o mosteiro para viver sua própria vida. Ele tentou uma vida mais confortável mas voltou ao mosteiro com 22 anos e começou a ler, estudar, orar e escrever.
           O Abade do Monastério era Adebard, o irmão de Theodrade, a Abadessa que havia dado a ele abrigo quando abandonado. Ambos eram primos em primeiro grau de Carlosmagno e pertenciam a nobreza. Sendo bem educado Radbertus conhecia grego e hebreu. Ele foi enviado para Saxônia onde  Carlosmagno  ficou 30 anos tentando subjugar o povo.Carlos mano havia organizado 198 expedições tentando batizar pela força e promulgou vários editos, como por exemplo um que ordenava jejuar sob pena de morte. Durante este período Radbertus e Adebard fundaram monastérios na Saxônia.
           A pregação de Radbertus foi um sucesso. Assim, embora um simples diácono  em 822 ele foi enviado para fundar a New Corbie em Esphalia. Ele pregava para os monges nos Domingos, nos dias santos e dava sermões públicos diariamente em ciências sacras. Era um notável conhecedor das escrituras. Sob sua direção a escolas de Corbie ficaram famosas. Entre seus alunos estavam   Anscharius, Hildmar e Odo que foi Bispo de Beauvais. Sua agenda  lotada nunca o impediu de assistir o oficio público no coro e observar todas as regras da Ordem.
            Humilde como era Radbertus aceitou a posição de  Abade em 844. Em 851 ele se retirou e se recolheu na Abadia de São Reuer para terminar seus trabalhos.
            Ele terminou um Tratado sobre  a Real Presença de Cristo na Eucaristia (De Corpore et Sanguine Christe) que levantaram muitas questões, mesmo após 15 anos de sua publicação. Alguns acharam ofensivas certas expressões, várias retiradas dos escritos de Santo Ambrosio, nas quais o autor fortemente afirmava que o Corpo de Cristo, presente na Eucaristia, seria a mesma carne que havia nascido da Virgem Maria e pregado na Cruz, o que causou alguns problemas e discussões.
             Eles pensavam que ele mencionava Cristo na Eucaristia como um mortal no estado que ele sofreu e entenderam este sagrado mistério, no senso carnal  dos Capharnaitas, o que seria uma heresia. Em carta para o Irmão Frudegard em New Corbie,  Radberto defendeu a maneira que se expressava e mostrou com incrível clareza a sua ortodoxia. Radberto deixou vários outros notáveis trabalhos enfocando o corpo e o sangue de Jesus Cristo.
             Seu principal trabalho é um comentário sobre o Evangelho de São Mateus (12 volumes) que ele pregou antes de publicar. Ele refutou brilhantemente os erros assumidos por Felix de Urgel, Cláudio de Turin e especialmente João Scotus Erigena, a respeito do mistério da Real Presença de Cristo na Eucaristia.
           Ele também compôs um Tratado sobre a Virgem Maria defendendo com incrível clareza a sua perpétua virgindade, uma longa exposição  do Salmo 44 e outro sobre as “Lamentações de Jeremias”.
            Este último é longo e até mesmo enfadonho, mas muito bem documentado. Ele também escreveu a biografia sobre dois Abades de Corbie : Adebard  e Wala . Subscrevendo o Concilio de Paris em 846 ele tomou seu nome Radberto mas nos seus trabalhos ele sempre assinava Paschasius. Isto, ele fez de acordo como costume da época entre os homens de letras da França, pois todos adotavam o seu nome em Latim.  
           Radberto foi enterrado na Capela de São João, mas  seu corpo mais tarde foi trasladado para uma enorme igreja pela autoridade do Papa Gregório,o magno   que tanto o admirava. Desde aquele tempo ele é honrado em Corbie como um santo e está incluído na Martirologia Beneditina e na Gallicana.
           Na arte litúrgica da Igreja ele é mostrado com anjos trazendo um Ostensório para ele com vários livros sobre a mesa.


Abadia de Corbie, França

quarta-feira, 25 de abril de 2012

São Marcos, evangelista e mártir

      

       O evangelho de são Marcos é o mais curto se comparado aos demais, mas traz uma visão toda especial, de quem conviveu e acompanhou a paixão de Jesus quando era ainda criança.
        Ele pregou quando seus apóstolos se espalhavam pelo mundo, transmitindo para o papel, principalmente, as pregações de são Pedro, embora tenha sido também assistente de são Paulo e são Barnabé, de quem era sobrinho.
         Marcos, ou João Marcos, era judeu, da tribo de Levi, filho de Maria de Jerusalém, e, segundo os historiadores, teria sido batizado pelo próprio são Pedro, fazendo parte de uma das primeiras famílias cristãs de Jerusalém. Ainda menino, viu sua casa tornar-se um ponto de encontro e reunião dos apóstolos e cristãos primitivos. Foi na sua casa, aliás, que Cristo celebrou a última ceia, quando instituiu a eucaristia, e foi nela, também, que os apóstolos receberam a visita do Espírito Santo, após a ressurreição.
        Mais tarde, Marcos acompanhou são Pedro a Roma, quando o jovem começou, então, a preparar o segundo evangelho. Nessa piedosa cidade, prestou serviço também a são Paulo, em sua primeira prisão. Tanto que, quando foi preso pela segunda vez, Paulo escreveu a Timóteo e pediu que este trouxesse seu colaborador, no caso, Marcos, a Roma, para ajudá-lo no apostolado.
         Ele escreveu o Evangelho a pedido dos fiéis romanos e segundo os ensinamentos que possuía de são Pedro, em pessoa. O qual, além de aprová-lo, ordenou sua leitura nas igrejas.
         Seu relato começa pela missão de João Batista, cuja "voz clama no deserto". Daí ser representado com um leão aos seus pés, porque o leão, um dos animais símbolos da visão do profeta Ezequiel, faz estremecer o deserto com seus rugidos.
         Levando seu Evangelho, partiu para sua missão apostólica. Diz a tradição que são Marcos, depois da morte de são Pedro e são Paulo, ainda viajou para pregar no Chipre, na Ásia Menor e no Egito, especialmente na Alexandria, onde fundou uma das igrejas que mais floresceram.
         Ainda segundo a tradição, ele foi martirizado no dia da Páscoa, enquanto celebrava o santo sacrifício da missa. Mais tarde, as suas relíquias foram trasladadas pelos mercadores italianos para Veneza, cidade que é sua guardiã e que tomou são Marcos como padroeiro desde o ano 828.


Túmulo de São Marcos, evangelista


Catedral de São Marcos em Veneza, Itália

terça-feira, 24 de abril de 2012

Beata Maria Isabel Hesselblad, religiosa e fundadora

      

        Maria Isabel Hesselblad nasceu no dia 4 de junho de 1870, na cidade de Faglavik, na Suécia. Foi a quinta dos treze filhos do casal Augusto Roberto e Caisa, uma família luterana muito pobre. Desde a sua adolescência, ao ver suas amigas freqüentando diversas igrejas, questionava-se qual seria o único rebanho a que se referia o evangelho de São João.
        Para ajudar a manter sua família, aos dezesseis anos de idade trabalhava como doméstica e, dois anos depois, emigrou para os Estados Unidos, onde adoeceu. Nessa ocasião, fez uma promessa a Jesus: caso ficasse curada, tornar-se-ia enfermeira. E de fato assim aconteceu, passando a trabalhar como enfermeira num hospital de Nova Iorque. O contato com os doentes católicos e o grande desejo de encontrar a verdade mantiveram viva na sua alma a busca do rebanho de Cristo.
         A oração, o estudo e a devoção filial para com a Virgem Maria, o exemplo visto no hospital católico e a influência decisiva do padre jesuíta João Hagen, do convento da Visitação, de Washington, que se tornou seu diretor espiritual, fazendo-a estudar com paixão a doutrina cristã, levaram-na a abraçar o catolicismo. Assim, por opção, foi batizada "sob condição", nesse mesmo convento, no dia 15 de agosto de 1902.
        Dois anos depois, foi para Roma, onde recebeu a confirmação e ali, com muita clareza, compreendeu que sua missão seria trabalhar pela unidade dos cristãos. Sentiu que o caminho seria pela Ordem de Santa Brígida da Suécia, Casa que visitou e de onde saiu profundamente impressionada. Lá, enquanto rezava, sentiu que Deus lhe dizia: "É aqui que desejo que te ponhas ao meu serviço".
        No dia 25 de março de 1904, estabeleceu-se definitivamente em Roma e, com uma especial permissão do papa Pio X, vestiu o hábito brigidino na Casa de Santa Brígida, então ocupada pelas carmelitas. No dia 9 de setembro de 1911, começando com três jovens postulantes inglesas, restabeleceu a Ordem do Santíssimo Salvador e de Santa Brígida, com a missão de orar e trabalhar, de modo especial, pela união dos cristãos na Escandinávia com a Igreja católica. Desde o início, incutiu nas suas filhas espirituais a necessidade da união dos cristãos, o amor à Igreja e ao papa romano, a necessidade de orar para que haja um único rebanho e um só pastor. Restabeleceu a Casa de Santa Brígida na Suécia em 1923, na Itália em 1931 e a expandiu para a Índia em 1937.
       Viveu como pioneira do diálogo ecumênico até o dia 24 de abril de 1957, quando morreu após uma longa vida, marcada pelo sofrimento e pela doença. O papa João Paulo II beatificou-a em 2000, em Roma.


Santa Maria Eufrásia Pelletier, religiosa e fundadora

      

       Batizada com o nome de Rosa Virginia Pelletier, ela nasceu na ilha de Noirmontier, região da Vandea, França, no dia 31 de julho de 1796. Cresceu onde foi o centro da Revolução Francesa, sendo educada pelas ursulinas de Chavanhe e, depois, freqüentou o Instituto da Associação Cristã de Tours.
       Aos dezesseis anos, entrou no mosteiro de Tours, na Ordem de Nossa Senhora da Caridade do Refúgio, fundada, em 1641, por são João Eudes, destinada à reabilitação das jovens e das mulheres em perigo moral e para a reeducação cristã de todas que lá pediam abrigo e proteção.
        Em 1817, fez os votos de profissão de fé e tomou o nome de Maria de Santa Eufrásia e, aos vinte e nove anos, foi nomeada superiora desse mosteiro. Ali fundou a Obra das "Madalenas", onde as moças que voltavam para o caminho correto podiam aderir à vida religiosa, nos moldes das carmelitas, seguindo relativamente o Regulamento, vestindo o hábito e tendo uma ala própria no mosteiro.
        Em 1829, fundou, em Angers, um novo Refúgio, nome usado pelas carmelitas para designar uma Casa da sua ordem, do qual se tornou superiora depois de dois anos. Dessa forma, deu um grande impulso para a continuação do trabalho de redenção das moças no desvio da vida. Assim, a Casa de Angers tornou-se a Casa-mãe de uma organização paralela à ordem de Nossa Senhora da Caridade, submetida a essa ordem, mas com mosteiros com autonomia separada.
        Estava fundada a Ordem de Nossa Senhora do Bom Pastor, da qual se tornou a superiora geral até o fim da vida. Ela encontrou muitas resistências, porém, em 1835, o papa Gregório XVI, que concordava com ela, aprovou a nova ordem.
        A sua obra foi tão vigorosa que Maria Eufrásia fundou mais Casas do que todos os fundadores de ordens da Igreja. Foram 111 entre 1829 e 1868, ano em que morreu, vitimada por um tumor que lhe causou muito sofrimento, no dia 24 de abril.
         Foi beatificada em 1933 e canonizada sete anos depois. Uma estátua de santa Maria Eufrásia Pelletier foi colocada na basílica de São Pedro, no Vaticano, com muita justiça entre os grandes fundadores de ordens da Igreja. Sua festa é realizada no dia de sua morte.

São Bento Menni, profeta da hospitalidade

     

        Ângelo Hércules Menni nasceu no dia 11 de março de 1841, em Milão, na Itália, sendo o quinto dos quinze irmãos. A família do casal de negociantes Luiz e Luiza era de cristãos fervorosos, onde se rezava o Rosário todas as noites, se praticava a caridade e todos os sacramentos.
        Foi esse ambiente familiar, somado a quatro episódios, que fizeram o jovem Ângelo optar por tornar-se um sacerdote. Foram eles: a oração diária diante de um quadro de Maria, a Santíssima Mãe de Jesus; alguns exercícios espirituais aos dezessete anos de idade; os conselhos de um eremita de sua cidade natal; e o exemplo dos irmãos de São João de Deus tratando os soldados que chegavam à estação de Milão, feridos na batalha de Magenta, serviço que ele próprio praticou.
        Aos dezenove anos de idade, entrou na Ordem Hospitaleira de São João de Deus, trocando o nome de batismo pelo de Bento. Iniciou os estudos filosóficos e teológicos no Seminário de Lodi e depois foi concluí-los no Colégio Romano, atual Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma. Foi ordenado sacerdote em 1866.
        Nessa ocasião, o papa Pio IX confiou-lhe a difícil missão de restaurar a Ordem Hospitaleira na Espanha; aliás, a escolha não poderia ter sido mais feliz. Este jovem religioso, que tinha apenas vinte e cinco anos, chegou em Barcelona em 1867. Ali começou a restauração da Ordem, que tinha sido suprimida pelo liberalismo, tanto na Espanha como em Portugal. Depois de dar nova vida à Ordem na Espanha, continuou com a sua restauração em Portugal e no México, já no princípio do século XX.
        Bento foi um homem de generosidade e caridade inesgotáveis e de excepcionais predicados de comando e administração. Em 31 de maio de 1881, juntamente com duas religiosas, fundou a Congregação das Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus, especializada na assistência aos doentes psiquiátricos.
         Estava em Paris quanto adoeceu, vindo a falecer no dia 24 de abril de 1914, na cidade de Dinan. As suas relíquias mortais estão guardadas na capela da Casa-mãe de Ciempozuelos, em Madri, Espanha.
         Em 1985, o papa João Paulo II declarou-o beato, e, em 1999, o mesmo pontífice canonizou são Bento Menni, proclamando-o "profeta da hospitalidade".

São Fidélis de Sigmaringen, mártir

      

       Ele nasceu numa família de nobres em 1577, na cidade de Sigmaringen, na Alemanha, e foi batizado com o nome de Marcos Reyd. Na Universidade de Friburgo, na Suíça, estudou filosofia, direito civil e canônico, onde se formou professor e advogado em 1601.
      Durante alguns anos, exerceu a profissão de advogado em Colmar, na Alsácia, recebendo o apelido de "advogado dos pobres", porque não se negava a trabalhar gratuitamente aos que não tinham dinheiro para lhe pagar.
       Até os trinta e quatro anos, não tinha ainda encontrado seu caminho definitivo, até que, em 1612, abandonou tudo e se tornou sacerdote. Ingressou na Ordem dos Frades Menores dos Capuchinhos de Friburgo, vestindo o hábito e tomando o nome de Fidelis. Escreveu muito, e esses numerosos registros o fizeram um dos mestres da espiritualidade franciscana.
        Como era intelectual atuante, acabou assumindo missões importantes em favor da Igreja e, a mando pessoal do papa Gregório XV, foi enviado à Suíça, a fim de combater a heresia calvinista. Acusado de espionagem a serviço do imperador austríaco, os calvinistas tramaram a sua morte, que ocorreu após uma missa em Grusch, na qual pronunciara um fervoroso sermão pela disciplina e obediência dos cristãos à Santa Sé.
        Em suas anotações, foi encontrado um bilhete escrito dez dias antes de sua morte, dizendo que sabia que seria assassinado, mas que morreria com alegria por amor a Nosso Senhor Jesus Cristo.
       Quando foi ferido, por um golpe de espada, pelos inimigos, pôs-se de joelhos, perdoou os seus assassinos e, rezando, abençoou a todos antes de morrer, no dia 24 de abril de 1622.
        O papa Bento XIV canonizou são Fidelis de Sigmaringen em 1724.


Martírio de São Fidélis

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Beato Egídio de Assis

     

  
       Dos primeiros companheiros de Francisco de Assis nenhum lhe era mais caro ao coração do que um irmão muito simples que ele chamava “nosso cavaleiro da Távola Redonda”. Jovem de uma piedade e de uma pureza de vida singulares, Egídio admirava seu concidadão Francisco à distância, mas não ousava aproximar-se dele, até o dia em que soube que seus amigos Bernardo e Pedro tinham-se tornado seus companheiros, decididos a viver com ele uma vida de pobreza. Egídio imediatamente resolveu fazer o mesmo. Ao sair da cidade, encontrou-se com seu mestre e os dois estavam absorvidos na conversa, quando foram abordados por uma mendiga.
       “Dá-lhe o teu casaco” – disse-lhe São Francisco, ao se dar conta de que nenhum deles tinha dinheiro. E o candidato a discípulo prontamente obedeceu. O teste foi suficiente: no dia seguinte, Egídio recebeu o hábito. Primeiramente ficou com Francisco, acompanhando-o em suas viagens de evangelização pela Marca de Ancona e outras regiões não distantes de Assis, mas um sermão em que o Fundador exortou os discípulos a saírem pelo mundo afora, levou Egídio a fazer uma peregrinação a Compostela.
         Pode-se dizer que ele praticamente percorreu o seu caminho de ida e volta sempre trabalhando, porque, quando possível, retribuía as esmolas com algum serviço pessoal, e distribuía com os outros tudo o que recebia ou possuía, inclusive o seu próprio manto, sem se preocupar com as zombarias que sua aparência grotesca provocava. Depois de seu retorno à Itália, foi enviado a Roma, onde ganhava seu sustento, executando trabalhos como o de carregar água ou cortar lenha. Uma visita à Terra Santa foi seguida de uma missão a Túnis, destinada a converter os sarracenos. A expedição resultou em fracasso. Os cristãos locais temiam sofrer com o ressentimento dos muçulmanos e, em vez de acolherem e ajudarem os missionários, obrigaram-nos a voltar a seus navios, antes mesmo de darem início à missão. Frei Egídio passou o resto de sua vida na Itália, principalmente em Fabriano, Rieti e Perusa, onde morreu.
        Apesar de sua simplicidade e de sua falta de cultura, ele era dotado de uma sabedoria infusa que levava as pessoas de todas as condições a consultá-lo. Aos que procuravam seus conselhos, a experiência ensinava que evitassem certos assuntos ou palavras cuja simples menção fazia o frade mergulhar em êxtase, durante o qual parecia totalmente alheio ao mundo. Os próprios garotos da rua sabiam disto, e, quando o viam passar, gritavam: “Paraíso! Paraíso!” Egídio tinha veneração pelas pessoas cultas, e certa vez perguntou a São Boaventura se o amor dos ignorantes para com Deus se igualaria ao de uma pessoa culta. “Iguala sim – foi a resposta do santo. Uma boa velhinha analfabeta pode amar a Deus melhor do que um doutor letrado da Igreja”.
        Encantado com a resposta, Frei Egídio correu para o portão do jardim que olhava para a entrada da cidade e gritou: “Escutai-me, vós todas, boas velhinhas! Vós podeis amar a Deus melhor do que Frei Boaventura”. Neste momento entrou em êxtase que durou três horas. Na medida do possível, ele vivia uma vida retirada, em companhia de certo discípulo. Este depois declarou que, em todos os 20 anos que passaram juntos, nunca ouviu seu mestre pronunciar uma palavra vã. Seu amor ao silêncio era verdadeiramente notável. Conta-nos uma bela lenda que S. Luís de França, por ocasião de sua viagem à Terra Santa, desembarcou secretamente na Itália, para visitar seus santuários. Em Perusa, procurou Frei Egídio, a respeito do qual ouvira contar muitas coisas. Depois de se abraçarem efusivamente, os dois se ajoelharam um ao lado do outro, em muda oração, e em seguida se separaram, sem terem trocado uma palavra sequer exteriormente.
       Durante toda a sua vida, o Beato Egídio sofreu terríveis tentações do demônio, mas, como bom soldado de Cristo, considerava muito normal ter de lutar contra o inimigo de seu Mestre. Ele odiava a ociosidade. Quando vivia em Rieti, o Cardeal Bispo de Túsculo gostava frequentemente de tê-lo como seu companheiro à mesa, mas Egídio só comparecia se pudesse ganhar o almoço prestando algum serviço. Certo dia de muita chuva, seu anfitrião lhe garantiu que, como era impossível trabalhar no campo, ele devia aceitar a refeição de graça. Seu hóspede, porém, não era pessoa fácil de dissuadir. Penetrando furtivamente na cozinha do cardeal, que achou extremamente suja, Egídio ajudou a fazer uma boa limpeza nela, antes de voltar à mesa de seu anfitrião.
        A dor pungente que lhe causou a morte de São Francisco foi seguida, naquele mesmo ano, pela maior alegria de sua vida, pois Nosso Senhor lhe apareceu em Cetona, com o mesmo aspecto que tinha quando estava neste mundo. Posteriormente, Egídio costumava dizer a seus irmãos que nascera quatro vezes: no dia de seu próprio nascimento, no dia do batismo, no dia da tomada de hábito e no dia em que viu Nosso Senhor.
        Os ditos áureos de Frei Egídio, muitos dos quais chegaram até nós, foram publicados muitas vezes. Eles nos revelam uma profunda vida espiritual, aliada a uma aguda capacidade de percepção das coisas.
        As fontes da vida do Beato Egídio são tão numerosas, que é impossível enumerá-las aqui. O elemento principal é uma biografia, escrita, ao que parece, em sua forma primitiva, por Frei Leão, mas conservada em duas recensões distintas, conhecidas como Vida Longa e Vida Breve. Encontra-se uma discussão exaustiva desses e de outros materiais em W. W. Seton, Blesseti Giles ot Assisi (1918), que atribui a prioridade à Vida Breve e publica um texto latino e uma tradução. A Vida Longa foi incorporada na Chronica XXIV Generazium, publicada em Quaracchi em 1897. Vejam-se também I Fioretti de S. Francisco de Assis (numerosas edições), e Léon, “Auréole séraphique” (trad. para o inglês), voI. II, p. 89-101. 

Beata Teresa Maria da Cruz, virgem e fundadora

 
Em Campo Bisenzio,Toscana, na Itália, faleceu a beata Teresa Maria da Cruz Menetti, religiosa carmelita, fundadora da Congregação das Carmelitas de Santa Teresa (1910). 
Teresa Adelaida Cesina Manetti nasceu numa família humilde em San Martinoem Campo Bisenzio (Florença, Itália), em 2 de março de 1846.
Chamavam-na familiarmente de “Bettina”. Ficou órfã de pai muito cedo e logo conheceu a dureza da vida. Apesar disso, ajudava aos pobres, privando-se até do que lhe era mais necessário.
Em 1872, juntamente com algumas amigas, retirou-se numa casinha no campo onde “oravam, trabalhavam e reuniam algumas jovens para educá-las com boas leituras e ensinar-lhes a doutrina cristã”.
Em 16 de julho de 1876, foram admitidas na Ordem Terceira do Carmelo Teresiano, e mudou seu nome para Teresa Maria da Cruz.
Em 1877, recebeu as primeiras órfãs, cujo número foi crescendo dia a dia. Aquelas meninas abandonadas eram seu “maior tesouro”.
Em 12 de julho de 1888, as 27 primeiras religiosas vestiram o hábito da Ordem das Carmelitas Descalças, às quais se haviam juntado em 12 de junho de 1885.
Em 27 de fevereiro de 1904, o Papa Pio X aprovou o Instituto de nome “Carmelitas Terceiras de Santa Teresa”.
Madre Teresa Maria viu, com grande alegria, o Instituto estender-se até a Síria e o Monte Carmelo, na Palestina.Sua saúde sempre foi muito frágil, e também foi duramente provada em seu espírito; por isso, o sobrenome “da Cruz” lhe assentava muito bem. Subiu corajosamente até o seu “Calvário” e, freqüentemente, dizia: “Tritura-me, Senhor, espreme-me até a última gota!”
Sua caridade não tinha limites. Entregava-se a todos e em tudo, esquecendo-se sempre de si mesma. O bispo Andrés Casullo, que a conhecia muito bem, afirmava a seu respeito: “Ela deixava de viver a própria vida para fazer o bem.”
Depois de passar por noites escuríssimas, Madre Teresa, preparada pela graça de Deus, recebeu a morte na sua terra natal, em 3 de abril de 1910, enquanto repetia uma vez mais: “Ó meu Jesus, eu quero sofrer mais...” E murmurava em êxtase: “Está aberto!... Já vou!”
Seus escritos, ao mesmo tempo simples e profundos, foram aprovados em 27 de novembro de 1937. O Papa João Paulo II a beatificou em 19 de outubro de 1986.


Santo Adalberto, bispo e mártir

      

      Adalberto nasceu em 956, na Boêmia, atual República Checa, e era descendente da nobre família dos príncipes de Slavnik. Seu nome de batismo era Woytiech, isto é, "socorro do exército". Ainda bebê, adoeceu gravemente, gerando uma promessa por parte dos pais: teria sua vida consagrada a Deus. Como recuperou a saúde, eles encaminharam seus estudos de forma que, mais tarde, se tornasse sacerdote. Foi educado pelo arcebispo Adalberto, da cidade de Magdeburgo, do qual tomou o nome, em 983, durante sua ordenação.
        Nesse mesmo ano, acompanhou a agonia do bispo de Praga, Diethmar I, que morreu pouco tempo depois. Seus contemporâneos o elegeram seu sucessor e, em sinal de humildade e de penitência, entrou na cidade descalço. Assim que tomou posse, procurou reestruturar a diocese. Adalberto dedicou-se totalmente à proteção dos pobres e doentes.
        Diz a tradição que ele, todos os dias, tinha à mesa, nas refeições, a companhia de doze mendigos, em homenagem aos santos apóstolos . Conta-se que, certa vez, uma mendiga pediu-lhe esmola e, como não tinha, ele lhe deu o próprio manto. Apesar desse exemplo vivo, seu rebanho insistia em viver totalmente fora dos padrões cristãos.
        Desiludido, depois de seis anos ele resolveu abandonar a diocese, pedindo ao papa João XV que o afastasse do cargo. Entrou no mosteiro de São Bonifácio, onde passou cinco anos, para de novo voltar a Praga e retomar, a pedido do papa, a direção da diocese. Contudo, novamente o povo o repudiou por causa da disciplina cristã correta que queria instaurar. Novamente decepcionado, retomou, angustiado, a vida de monge.
        Em obediência ao papa Gregório V, Adalberto assumiu pela terceira vez a diocese de Praga. Seu regresso foi tempestuoso. Os fiéis se revoltaram e impediram que entrasse na cidade. Seus parentes sofreram atentados, os bens foram confiscados, os castelos incendiados.
        Ele, então, se refugiou na Polônia, onde, a pedido de seu amigo, duque Boleslao, seguiu com alguns sacerdotes em missão evangelizadora na Prússia, que ainda era pagã. Adalberto fixou-se na cidade de Danzig e converteu praticamente toda a população. Porém os sacerdotes pagãos, vendo acabar seu poder e influência, arquitetaram e executaram o assassinato de Adalberto e de todos os religiosos que o acompanhavam.
        Ele foi morto com sete golpes de lança e depois decapitado, na cidade de Tenkiten, no dia 23 de abril de 997. Os inimigos entregaram seu corpo ao duque Boleslao mediante pagamento em ouro. Adalberto foi enterrado no convento de Gniezno. Logo o seu túmulo se tornou meta de peregrinação, com inúmeras graças acontecendo por sua intercessão. No ano 999, o papa Silvestre II canonizou o primeiro bispo eslavo de Praga, Adalberto.
         Em 1039, suas relíquias foram trasladadas definitivamente para a catedral de Praga, para onde o primeiro pontífice eslavo da história cristã, Carol Wojtyla, ou papa João Paulo II, seguiu em peregrinação para as comemorações do milênio da festa de santo Adalberto.

Catedral de Gniezno


Ficheiro:Relikwiarz Swietego Wojciecha.JPG

Túmulo de Santo Adalberto

São Jorge, o Grande, mártir

     

      A existência do popularíssimo são Jorge, por vezes, foi colocada em dúvida. Talvez porque sua história sempre tenha sido mistura entre as tradições cristãs e lendas, difundidas pelos próprios fiéis espalhados entre os quatro cantos do planeta.
       Contudo encontramos na Palestina os registros oficiais de seu testemunho de fé. O seu túmulo está situado na cidade de Lida, próxima de Tel Aviv, Israel, onde foi decapitado no século IV, e é local de peregrinação desde essa época, não sendo interrompida nem mesmo durante o período das cruzadas. Ele foi escolhido como o padroeiro de Gênova, de várias cidades da Espanha, Portugal, Lituânia e Inglaterra e um sem número de localidades no mundo todo. Até hoje, possui muitos devotos fervorosos em todos os países católicos, inclusive no Brasil.
      A sua imagem de jovem guerreiro, montado no cavalo branco e enfrentando um terrível dragão, obviamente reporta às várias lendas que narram esse feito extraordinário. A maioria delas diz que uma pequena cidade era atacada periodicamente pelo animal, que habitava um lago próximo e fazia dezenas de vítimas com seu hálito de fogo. Para que a população inteira não fosse destruída pelo dragão, a cidade lhe oferecia vítimas jovens, sorteadas a cada ataque.
      Certo dia, chegou a vez da filha do rei, que foi levada pelo soberano em prantos à margem do lago. De repente, apareceu o jovem guerreiro e matou o dragão, salvando a princesa. Ou melhor, não o matou, mas o transformou em dócil cordeirinho, que foi levado pela jovem numa corrente para dentro da cidade. Ali, o valoroso herói informou que vinha da Capadócia, chamava-se Jorge e acabara com o mal em nome de Jesus Cristo, levando a comunidade inteira à conversão.
     De fato, o que se sabe é que o soldado Jorge foi denunciado como cristão, preso, julgado e condenado à morte. Entretanto o momento do martírio também é cercado de muitas tradições. Conta a voz popular que ele foi cruelmente torturado, mas não sentiu dor. Foi então enterrado vivo, mas nada sofreu. Ainda teve de caminhar descalço sobre brasas, depois jogado e arrastado sobre elas, e mesmo assim nenhuma lesão danificou seu corpo, sendo então decapitado pelos assustados torturadores. Jorge teria levado centenas de pessoas à conversão pela resistência ao sofrimento e à morte. Até mesmo a mulher do então imperador romano.
      São Jorge virou um símbolo de força e fé no enfrentamento do mal através dos tempos e principalmente nos dias atuais, onde a violência impera em todas as situações de nossas vidas. Seu rito litúrgico é oficializado pela Igreja católica e nunca esteve suspenso, como erroneamente chegou a ser divulgado nos anos 1960, quando sua celebração passou a ser facultativa. A festa acontece no dia 23 de abril, tanto no Ocidente como no Oriente.


Igreja de São Jorge em Lida, Israel


Túmulo de São Jorge na Igreja em Lida



sábado, 21 de abril de 2012

Santo Apolônio, mártir

      


       Não foram muitos os senadores romanos que colocaram em risco não só o tipo de vida que levavam, luxo, poder e riqueza, mas também a própria vida por abraçarem a fé em Cristo, da qual o Império era inimigo ferrenho.
       O senador Apolônio gozava de enorme prestígio entre os poderosos da cidade e do Império no ano 180. Era considerado um intelectual muito bem informado e formado, inteligente, além de ter reputação de grande orador, tudo isso aliado ao fino trato social que o distinguia dos demais. Pois foi justamente sua cultura e sabedoria que fizeram com que começasse a ler o Novo Testamento, vindo a mudar de opinião quanto ao cristianismo, e passasse a imitar a vida austera e exemplar dos cristãos. Acabou fazendo contato pessoal com o papa Eleutério, que o catequizou e batizou pessoalmente.
      O imperador da época era Cômodo, um indivíduo até indulgente para com os católicos, mas as leis que vigoravam ainda eram as editadas por Nero. Sabendo disso, seus inimigos, que, segundo os registros escritos, tinham, na verdade, inveja do respeito com que ele era tratado na sociedade romana, denunciaram o senador Apolônio como cristão, e ele foi levado à presença do juiz Perenis.
       O juiz, conhecedor dos talentos de Apolônio, propôs que ele apenas renunciasse à condição de cristão e pronto, estaria em liberdade. Mas o recém-batizado, em resposta, pregou com tanta seriedade e entusiasmo, que quase converteu ali mesmo outros membros do governo e do parlamento. Percebendo o perigo que o Império corria, o juiz rapidamente determinou a sentença de morte.
       Mas não adiantou muito, mesmo depois de ter a cabeça decepada, a postura do mártir Apolônio levou durante muito tempo centenas de cidadãos romanos a se converterem ao cristianismo, entusiasmando os próprios integrantes do poder pagão dos idólatras.
       Santo Apolônio morreu no ano 185 e o Martirológio Romano celebra sua veneração litúrgica no dia 21 de abril.

São Conrado de Parzhan, religioso

     

     João Birndorfer era o penúltimo dos dez filhos de Bartolomeu e Gertrudes, um casal de alemães católicos de profunda fé, que nasceu na pequena aldeia de Parzhan, em 1818, na Baixa Baviera.
      Iniciou sua vida de oração, humildade e caridade quando ainda era menino e chamava a atenção pelos longos momentos em que permanecia em contemplação e penitência. Devemos ressaltar esses "longos momentos", que eram, na verdade, todo o tempo em que não estava na escola ou trabalhando com os pais nas propriedades rurais que a família possuía no vale do Rott, em Passavia.
      João tinha quatorze anos quando perdeu a mãe. Dois anos depois, ficou órfão também de pai e resolveu entregar-se de vez à religião. Até os trinta e um anos de idade, permaneceu trabalhando com a família nos campos, mas, sentindo-se chamado à vida religiosa, entrou para o mosteiro-santuário dos capuchinhos de Santa Ana em Altoetting, onde vestiu o hábito de monge e assumiu o nome de Conrado, depois de dividir toda a sua fortuna com os pobres. Os anos que restaram de sua vida foram vividos trabalhando na mais completa humildade como porteiro daquele mosteiro-santuário.
      Foram quarenta e três anos de dedicação ao próximo, principalmente quando se tratava de desamparados, mendigos, doentes, viúvas, crianças órfãs etc. Devoto de Maria e da eucaristia, era dotado de muitos dons, dentre os quais o que mais se destacava era o da profecia. O mosteiro de Santa Ana recebia, anualmente, milhares de romeiros que procuravam o santuário ali existente e todos voltavam para suas terras louvando o conforto espiritual e a ajuda material que recebiam de Conrado.
       Ele, no seu ministério de evangelização quase silencioso, provocou um despertar de fé na região, cooperando com a obra benéfica em favor da infância abandonada e perigosa, conhecida na época com o nome de Liebeswerk, ganhando em vida a fama de santidade.
      Morreu em 1894, após longos anos de jejum e penitências numa vida, à primeira vista, rude, mas que era pautada na simplicidade cristã, paciente e operosa, voltada para o amor ao próximo na figura de Jesus Crucificado, da Virgem Santíssima e da santa eucaristia.
      Aprovados os milagres atribuídos à sua intercessão, depois de sua morte, o papa Pio XI beatificou-o em 1930 e, depois de uma rapidez insólita no processo de canonização, em 1934 ele próprio o inscreveu no livro dos santos. A festa litúrgica de são Conrado acontece no dia 21 de abril, dia de sua morte.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Beata Clara Bosatta

    

    No dia 27 de maio de 1858, em Pianello Lario (Como, Itália), nasceu a última dos 11 filhos de Alexandre e Rosa Mazzuchi. Deram-lhe o nome de Dina.
Aos três anos ficou órfã de pai, um pequeno industrial da seda. A menina foi educada pela irmã mais velha, Marcelina, e desde cedo aprendeu a arte de fiar. Mas Marcelina, jovem piedosíssima, que sob a orientação do Beato Luís Guanella, será cofundadora do Instituto das Filhas de Santa Maria da Providência, convenceu os irmãos a enviá-la ao Instituto das Irmãs Canossianas de Gravedona para que continuasse os estudos, prestando ao mesmo tempo serviços domésticos.
     Ali permaneceu por seis anos, que a marcaram profundamente. Dina admirava a vida das Irmãs, impregnou-se de seu espírito, viveu dias de intensa piedade. Acreditava ser chamada para a vida religiosa, conforme o programa de Santa Madalena de Canossa, que proclamava: "Deus só!" Devido, entretanto, ao seu caráter tímido e reservado, inclinado ao silêncio e à contemplação, mais do que a ação, foi considerada inapta para aquele Instituto e voltou para a família.
     Entrementes, em Pianello Lario, o pároco, Padre Carlos Coppini, havia agrupado jovens numa Pia União de Filhas de Maria, sob a proteção de Santa Úrsula e Santa Ângela Merici (10 de julho de 1871), e Marcelina se tornara superiora da obra. Com algumas daquelas jovens foi possível ao pároco inaugurar, em outubro de 1873, um providencial albergue para velhos e crianças abandonadas. 
     Regressando a terra natal, o pároco aconselhou Dina a ingressar no albergue. Ela o fez sem muito entusiasmo, pois aquela piedosa casa, que ela não conhecia muito, lhe parecia imersa em uma grande atividade com as crianças, os anciãos e na ajuda aos necessitados da região, enquanto ela preferia uma casa toda dedicada à oração e à contemplação. Mas, em 27 de outubro de 1878 ela emitiu a profissão religiosa, tomando o nome de Clara.
     Em julho de 1881, o pároco faleceu, vindo substitui-lo o Beato Luís Guanella, que passou a dirigir as religiosas de que fazia parte Clara Bosatta.
     No ano escolar 1881-82 Clara completou a preparação para diplomar-se professora do curso elementar, sem poder prestar os exames. Foram-lhe confiadas as mais variadas tarefas, entre as quais a de Mestra de Noviças. Dedicou-se a educação das órfãs com maternal solicitude.
     O Beato Luís Guanella se dedicou em transformar a Pia União das Ursulinas em uma congregação com o título de Filhas de Santa Maria da Providência. Se dedicava também à formação das religiosas e foi diretor espiritual de Irmã Clara, guiando-a na via da contemplação mais alta, especialmente da Paixão de Cristo, e fazendo que ela se empenhasse no serviço da caridade com os necessitados.
     Irmã Clara portou-se sempre com humildade, dedicação e abnegação até o heroísmo. Além do intenso trabalho no albergue, ajudava na paróquia ensinando catecismo a crianças e adolescentes, e visitava os doentes em suas casas.
     Em 1885, o Padre Lourenço Guanella, irmão do Beato Luís Guanella, pediu que as Irmãs Marcelina e Clara, com mais uma Irmã, abrissem uma nova casa em Ardenno. Não lhes faltaram trabalhos e sérias dificuldades. Foi uma experiência que preparou Irmã Clara para uma nova tarefa: em maio do ano seguinte, foi-lhe confiada a direção da Casa da Divina Providência, que se tornaria a casa-mãe da obra do Beato Luís Guanella.
     Irmã Clara tornou-se logo o centro propulsor e amoroso daquela casa: das Irmãs, das postulantes, dos hóspedes, dos anciãos necessitados, das jovens operárias na cidade. De saúde delicada, ela trabalhou até ao esgotamento. No outono de 1886 adoeceu dos pulmões. Esperando que o ar da terra natal pudesse ajudá-la, transportaram-na para Pianello, onde faleceu no dia 20 de abril de 1887.
     O próprio Beato Guanella promoveu a abertura da causa de sua beatificação. O processo informativo foi aberto em Como no ano de 1912. Foi beatificada em 21 de abril de 1991. Seu corpo é venerado no Santuário do Sagrado Coração de Como, ao lado do Beato Luís Guanella.
 
 
Corpo da Beata Clara Bosatta, em Como, Itália