sexta-feira, 31 de agosto de 2012

São Raimundo Nonato, presbítero mercedário

            
 
            São Raimundo Nonnato, assim chamado porque «não nascido» mas extraído vivo das entranhas da mãe já morta, viu a luz em Portei, na diocese de Solsona, Espanha, pelo ano de 1200. Os pais eram pobres e Raimundo, ainda menino, teve de guardar o gado. As montanhas de Lérida foram o campo dos seus anos de pastor. Conhecia-lhes muito bem as fontes e arroios, os bosques e os vales e, sobretudo uma ermida de São  Nicolau, onde se venerava uma imagem de Nossa Senhora de quem era devotíssimo.
            Conta-se que, durante as horas que passava aos pés de Maria, um anjo lhe guardava o rebanho. O que parece fora de toda a dúvida é que a Virgem Santíssima lhe falou um dia e lhe disse que entrasse na recém-fundada Ordem de Nossa Senhora das Mercês para a redenção dos cristãos cativos em terras de mouros. Vencida a resistência do pai, veio para Barcelona, onde conheceu São Pedro Nolasco, a quem pediu a admissão. Em Barcelona, trabalhou desde o principio no ministério da pregação e catequese, em particular com  os cristãos remidos dos infiéis. Isto não lhe bastava, pois sonhava com maiores e mais difíceis empresas. Sonhava com a redenção dos que gemiam em terras de mouros.
            Reunia esmolas, mendigando de porta em porta, para resgatar aqueles infelizes. Em 1224 entrou pelo reino mouro de Valência para remir e consolar os cativos. Libertou 140. Em 1226 chegou mesmo até Argel, com São Pedro Nolasco e, não bastando o dinheiro que levavam para remir tantos cativos, ficou ele em pessoa como refém. Já ordenado sacerdote, voltou outras duas vezes a África.
            Na primeira, em 1229, desembarcando em Argel, esteve em perigo de perder a vida, pela liberdade apostólica em falar e discutir com mouros e judeus. Em 1232, veio a Bugia, onde obteve óptimos resultados até na conversão de muçulmanos e judeus. A expedição mais célebre do santo foi a do ano de 1236, a Tunes ou mais provavelmente a Argel. Ficou novamente como refém, enquanto se recolhia o dinheiro necessário, em terras cristãs. Libertou 250 cativos em Argel e 228 em Tunes. Dedicando-se com liberdade à evangelização dos infiéis, isto excitou as iras dos mais rebeldes, que o açoitaram e lançaram meio esfolado numa escura masmorra. Continuou pregando Cristo.
            Um dia, os mouros entraram-lhe na prisão, furaram-lhe os lábios com um  ferro em brasa e pelos buracos meteram-lhe um cadeado. Era o meio único para fechar a boca àquele intrépido pregador. Abriam-na para lhe dar de comer a escassa ração dos presos. Chegou por fim o seu resgate e Raimundo, esgotado pelos açoites, pela fome e pelos maus tratos, voltou a Espanha, à terra de origem.
            A sua fama de santo e valente pregador tinha chegado até ao papa Gregório IX, que pelo ano de 1239 lhe enviou o chapéu cardinalício. Já antes o encarregara de ir a França convencer São Luís a partir para a Terra Santa. O Santo continuou na sua humildade e espírito caritativo. Conta-se que um dia, não tendo que dar a um pobre, lhe entregou o seu próprio chapéu. Quando Gregório IX o chamou a Roma para utilizar os seus conselhos, adoeceu com gravidade em Cardona e morreu santamente em 1240.
           O seu corpo foi descansar na mesma ermida de São Nicolau em que orava nos seus anos de pastor.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Santos Félix e Adauto, mártires


Poucos são os registros encontrados sobre Félix e Adauto, que são celebrados juntos no dia de hoje. As tradições mais antigas dos primeiros tempos do cristianismo narram-nos que eles foram perseguidos, martirizados e mortos pelo imperador Diocleciano no ano 303.
A mais conhecida diz que Félix era um padre e tinha sido condenado à morte por aquele imperador. Mas quando caminhava para a execução, foi interpelado por um desconhecido. Afrontando os soldados do exército imperial, o estranho declarou-se, espontaneamente, cristão e pediu para ser sacrificado junto com ele. Os soldados não questionaram. Logo após decapitarem Félix, com a mesma espada decapitaram o homem que tinha tido a ousadia de desafiar o decreto do imperador Diocleciano.
Nenhum dos presentes sabia dizer a identidade daquele homem. Por isso ele foi chamado somente de Adauto, que significa: adjunto, isto é "aquele que recebeu junto com Félix a coroa do martírio".
Ainda segundo as narrativas, eles foram sepultados numa cripta do cemitério de Comodila, próxima da basílica de São Paulo Fora dos Muros. O papa Sirício transformou o lugar onde eles foram enterrados numa basílica, que se tornou lugar de grande peregrinação de devotos até depois da Idade Média, quando o culto dedicado a eles foi declinando.
O cemitério de Comodila e o túmulo de Félix e Adauto foram encontrados no ano de 1720, mas vieram a ruir logo em seguida, sendo novamente esquecidos e suas ruínas, abandonadas. Só em 1903 a pequena basílica foi definitivamente restaurada.
Esses martírios permaneceram vivos na memória da Igreja Católica, que dedicou o mesmo dia a são Félix e santo Adauto para as comemorações litúrgicas. Algumas fontes, mesmo, dizem que os dois santos eram irmãos de sangue. 


relíquias de São Félix em Civitanova del Sannio - Itália

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Santa Sabina

               

             Ela era uma rica e nobre senhora que viveu no terceiro século em Roma. Convertida ao cristianismo pelo seu servo  de nome Serapião, ela era um modelo de  caridade e obediência e converteu vários de seus amigos e servos. No inicio da perseguição do imperador Adriano, Berylus governador da província  prendeu  Sabia e Serapião.
              Serapião foi morto a  pauladas e Sabina foi torturada para renegar a sua fé e oferecer  sacrifícios aos deuses romanos. Como não o fizesse foi martirizada em Roma. Os atos de seu martírio são autênticos e provam que ela foi de verdade uma mártir e vários estudos mais tarde feito pelos Ballandistas confirmaram este fato, assim uma Basílica foi erigida e dedicada a ela em Roma no ano de 430 e uma das Estações da Paixão foi dedicada a ela.
             Alguns dizem que ela deu  sua casa para os cristãos para ser usada como uma igreja e mais tarde o local  passou a ser um local de peregrinação e vários milagres teriam sido creditados  a sua intercessão .
             Assim, neste mesmo local foi erigida a  já citada basílica.
            São Domingos estudou com carinho e dedicação a sua vida e tinha  uma especial devoção Santa Sabina.
             Na arte litúrgica da Igreja ela é mostrada 1) dando esmola a um aleijado, ou 2) como uma princesa com um livro e a palma do martírio e 3) com anjos .
            Ela é padroeira de Roma e é também a padroeira das crianças que têm dificuldade em andar. É invocada contra as hemorragias.


Basílica de Santa Sabina (422-432), Roma.

Basílica de Santa Sabina, em Roma

Basílica de Santa Sabina (422-432), Roma.

Interior da basílica


Santa Cândida, virgem e mártir


             A primeira referência sobre Santa Cândida foi encontrada no Calendário da Igreja de Córdoba e em alguns documentos da antiga Galícia, ambas na Espanha. Mas, foi pela tradição cristã do povo napolitano, na Itália, que se concluiu a história desta Santa.
            A vida cristã de Cândida iniciou quando ela foi convertida, segundo essa tradição, pelo próprio apóstolo Pedro de passagem por Nápolis. Naquela época o Apóstolo, com destino a Roma atravessou Nápolis onde a primeira pessoa que encontrou na estrada foi a pequena Cândida. Percebeu imediatamente que a pobre criança estava doente. Parou e lhe perguntou se conhecia a palavra de Jesus Cristo. Diante da negativa e em seu ardor de levar a mensagem do Evangelho, Pedro lhe falou da Boa Nova, da fé e da religião dos cristãos; curou-a dos males que sofria e a converteu em Cristo.
           Assim Cândida foi colhida pela luz de Deus e curada do físico e da alma. Chegou em sua casa falando sobre o Cristianismo e contando tudo o que o Apóstolo Pedro lhe dissera. Muito intrigado e confuso, Aspreno, um parente que a criava, saiu para procurá-lo. Quando se encontraram, com muito zelo Pedro converteu também Aspreno, que o hospedou em sua modesta casa por alguns dias. O Apostolo acabou de catequizar os dois e, em seguida, os batizou e lhes ministrou a primeira Eucaristia durante a celebração da Santa Missa. Este local recebeu o nome de "Ara Petri", que significa Altar de Pedro. Depois, antes de partir, o Apóstolo consagrou Aspreno o primeiro Bispo de Nápolis e pediu para a pequena Cândida continuar com a evangelização, salvando as almas para Nosso Senhor Jesus Cristo.
           Aquele lugar onde fora celebrado a Santa Missa por São Pedro, tornou-se de grande veneração por Cândida. Ela deixou seu lar com todos os confortos, preferindo passar seus dias numa gruta escura nas proximidades de "Ara Petri". Alí vivia em penitência e oração, catequizando e convertendo muitos pagãos. Após alguns anos, o número de cristãos havia aumentado muito. Por isto, quando o imperador romano ordenou as perseguições contra a Igreja, os convertidos foram obrigados a fugir ou se esconder. Então, o Bispo Aspreno embarcou Cândida junto com outros cristãos, com destino à Cartago, no norte da África, tentando mantê-los a salvo da implacável perseguição, mas não conseguiu. Foram alcançados, presos e torturados. Cândida foi levada a julgamento e condenada a morte porque se negou a renunciar a fé em Cristo.
            No Martirológio Romano, encontramos registrado que a virgem e mártir cristã Cândida morreu no Anfiteatro dos martírios de Cartago. Suas relíquias, encontradas nas Catacumbas de Priscila, agora estão guardadas na igreja Santa Maria dos Milagres, em Roma.
           Muitos séculos mais tarde, pesquisas arqueológicas feitas na cidade de Nápolis, encontraram no local "Ara Petri" um antigo cemitério de cristãos. O fato colocou ainda mais devoção sobre a figura de Santa Cândida, eleita pelos fiéis como padroeira das famílias e dos doentes. Ela recebe as tradicionais homenagens litúrgicas confirmadas pela Igreja,  venerada em Roma, na igreja de santa Praxedes , aonde o corpo foi transladado pelo papa Pascoal I, o seu nome consta e uma epígrafe (inscrição) escrita quando o papa ainda vivia, junto com o de outros mártires ali sepultados. Comemora-se  no dia 29 de agosto. Não se sabe se era natural de Roma, nem se deve identificar-se com outras santas do mesmo nome e da mesma cidade.


restos mortais de Santa Cândida

Bem-aventurada Joana Maria da Cruz, religiosa e fundadora



Joana nasceu numa aldeia de Cancale, França, em 25 de outubro de 1792. Seu pai era um pescador e morreu no mar quando ela tinha quatro anos. Logo conheceu a pobreza e começou a trabalhar como empregada num castelo. Sustentava a família enquanto ajudava os idosos abandonados e pobres. Joana era sensível à miséria dos idosos que encontrava nas ruas, dividindo com eles seu salário, o pão e o tempo de que dispunha.
Aos dezoito anos de idade, recusou uma proposta matrimonial de um jovem marinheiro, sinalizando: "Deus me quer para ele". Aos vinte e cinco anos, deixou sua cidade para ser enfermeira no hospital Santo Estêvão. Nesse meio tempo, ingressou na Ordem Terceira fundada por são João Eudes.
Deixou o hospital em 1823 e foi residir e acompanhar a senhorita Lecoq, mais como amiga do que enfermeira, com quem ficou por doze anos. Com a morte da senhorita Lecoq, herdou suas poucas economias e a mobília. Assim, sozinha, associou-se à amiga Francisca Aubert e alugaram um apartamento, em 1839. Lá acolheu a primeira idosa, pobre, doente, sozinha, cega e paralítica. Depois dessa, seguiram-se muitas mais. Outras companheiras de Joana uniram-se a ela na missão e surgiu o primeiro grupo, formando uma associação para os pobres, sob a condução do vigário do hospital Santo Estêvão.
Em 1841, deixam o apartamento e alugam uma pequena casa que lhes permite acolher doze idosos doentes e abandonados. Sozinha, Joana inicia sua campanha junto à população para recolher auxílios, tarefa que cumprirá até a morte. Mas logo sensibiliza uma rica comerciante e com essa ajuda consegue comprar um antigo convento. Ele se tornou a Casa-mãe da nascente Congregação das Irmãzinhas dos Pobres, sob a assistência da Ordem Hospedeira de São João de Deus, hábito que depois recebeu, tomando o nome de Joana Maria da Cruz. Adotando o voto de hospitalidade, imprimiu seu próprio carisma: "A doação como apostolado de caridade para com quem sofre por causa da idade, da pobreza, da solidão e outras dificuldades".
Assim foi o humilde começo da Congregação, que rapidamente se estendeu por vários países da Europa. Quando Joana morreu na França, em 29 de agosto de 1879, na Casa-mãe de Pern, as irmãzinhas eram quase duas mil e quinhentas, com cento e setenta e sete casas em dez países.
Em setembro de 1885, estabeleceram-se na América do Sul, fundando a primeira Casa na cidade de Valparaíso, no Chile, a qual logo foi destruída por um terremoto e reconstruída em Viña del Mar. Atualizando-se às necessidades temporais, hoje são quase duzentas casas em trinta e um países na Europa, América, África, Ásia e Oceania.
Uma obra fruto da visão da fundadora, Joana Jugan, madre Joana Maria da Cruz, que "soube intuir as necessidades mais profundas dos anciãos e entregou sua vida a seu serviço", para ser festejada no dia de sua morte, como disse o papa João Paulo II quando a beatificou em 1982.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Beato Afonso Maria Mazurek, presbítero e mártir






No dia 13 de junho de 1999, o papa João Paulo II, quando de sua viagem apostólica à Polônia, beatificou 108 mártires poloneses da segunda guerra mundial, vítimas da perseguição nazista. No grupo, no qual se encontram 3 bispos, 52 sacerdotes diocesanos, 26 religiosos sacerdotes, 8 irmãos religiosos, 8 religiosas, 9 leigos e 2 seminaristas, encontrava-se  um Carmelita Descalço, o Pe. Afonso Maria do Espírito Santo (Mazurek).
Nascido no dia 1º de março de 1891, em Baranówka, na Polônia, ingressou no Carmelo Descalço em Wadowice, no ano de 1908. Fez sua profissão solene em 1912. A partir de 1914, prosseguiu seus estudos na Áustria, por causa da guerra. Ordenou-se sacerdote em Viena, no dia 16 de julho de 1916. Até 1930  dedicou-se à formação inicial dos futuros religiosos carmelitas no Seminário Menor de Wadowice. Eleito Prior do convento de Czerna, cumpriu esta missão até ser executado pelos nazistas.
 Quase ao final da segunda guerra mundial, em agosto de 1944, aumentaram a hostilidade dos nazistas e suas perseguições na Polônia. Os Carmelitas do convento de Czerna sofreram na pele a violência daqueles que ocupavam o território polonês desde 1939. Em 24 de agosto de 1944, o noviço Frei Francisco Powiertowski foi fuzilado. Quatro dias depois, o comando militar nazista invade o convento, obrigando os religiosos a dirigir-se à aldeia de Rudawa, a cerca de dez quilômetros, para escavar trincheiras. O prior, Pe. Afonso Maria, foi separado dos confrades e obrigado a subir em um carro dos militares, sendo logo brutalmente torturado e maltratado por eles. Três quilômetros antes de chegar a Krzeszowice, o carro onde se encontrava o Pe. Afonso desviou-se para uma estrada secundária, nas imediações do povoado de Nawojowa Góra. O automóvel parou em um prado e o Padre foi obrigado a descer e a caminhar. Em seguida dois soldados chamaram-no aos gritos. Quando ele voltou-se para atendê-los dispararam sobre ele. Pe. Afonso caiu ao chão. Os assassinos aproximaram-se dele e ao constatarem que ainda vivia encheram sua boca de terra. Ferido e desfalecido foi conduzido numa carroça ao cemitério de Rudawa, distante a 3 quilômetros. Os Carmelitas, que se dirigiam para as escavações em Czerna, encontraram a carroça no caminho e descobriram o Pe. Afonso moribundo. Um dos sacerdotes ainda pôde-se ministrar-lhe a absolvição. Era o dia 28 de agosto, vigília da memória litúrgica do martírio de São João Batista, de quem o Carmelita era grande devoto.
No dia 2 de setembro de 1945, a comunidade de Czerna ergueu um monumento do local da execução. Na epígrafe expressou a certeza de seu martírio, apresentando-o como um dom de amor: "Venceste com a vitória de Deus...". Em 1976, durante o regime comunista na Polônia, foi celebrada uma missa junto ao monumento, com a participação de grande número de fiéis, que pediam ao governo permissão para ali construir uma igreja. A permissão foi concedida.  Um Carmelita, que testemunhou o martírio do Pe. Afonso, assim declarou: "Para mim, o Servo de Deus é um mártir. Não havia nenhum motivo para ser fuzilado. Meus conhecidos de Czerna e arredores são da mesma opinião... Foi um religioso exemplar, um homem de fé profunda. O martírio foi o coroamento de sua vida".

São Juliano de Brioude, mártir

            

            No início do cristianismo, houve 40 pessoas com o nome de Juliano que tiveram o privilégio de se tornarem santos. Citaremos alguns: hoje, o Martirológio comemora São Juliano, que juntamente com Quinciano e Lúcio foram martirizados na África no século V, durante a invasão dos vândalos.
            No tempo do imperador Diocleciano, houve um São Juliano nascido em Brioude na França, que se recusou a adorar os ídolos, foi perseguido e acabou decapitado. No lugar de seu martírio foi construída uma basílica.


St julien vue de la Place grégoire de Tours

Basílica de São Juliano, em Brioude

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Beato Carlos Renato, sacerdote e mártir




            Nascido em Mayenne em 25 de agosto de 1743, filho de um advogado do Parlamento, Estêvão, sua mãe era Renata Perrine Davoines. Decidido pelo sacerdócio, ingressou no seminário de Angers em 10 de outubro de 1764, passando logo para a Sociedade de São Sulpício em 1766. Foi ordenado sacerdote, foi superior do seminário de Orléans dos seminaristas filósofos e logo foi nomeado ecônomo, passando em 1777 ao seminário de Angers e em 1785 como superior do seminário menor de Bourges.
              Aqui se encontrava quando se instalou a Revolução Francess e com seus companheiros sulpicianos recusou a prestar juramento à Constituição Civil do Clero, por isso foi expulso do seminário em 15 de junho de 1791. Com seus companheiros se mudou para uma casa particular. Não se expatriou ate que foi preso em Bourges em 1793 e aprisionado num ex-convento de São Francisco.
               Em dezembro estava na cadeia de Santa Clara. Em fevereiro de 1794 encabeça a lista de eclesiásticos que devem ser deportados, chegando a Rochefort em 5 de maio, foi detido em Deux-Associés, barco imundo em que logo cai enfermo. Morreu em 3 de junho de 1794. Foi beatificado em 1 de outubro de 1995.
             







domingo, 26 de agosto de 2012

Santa Joana Isabel Brichier des Ages, virgem e fundadora

          


            Santo André Humberto Fournet nasceu em Saint Pierre de Maillé, no Poitou, França, no ano 1752. Santa Joana Isabel Bichiers des Ages, sua compatriota, nasceu no castelo de Ages, em 5 de julho de 1773. Estas datas são de importância, pois se ambos não tivessem enfrentado os perigos da Revolução Francesa, suas vidas teriam sido totalmente diferentes. Ele teria sido um bom sacerdote, mas que logo seria esquecido por não ter deixado um traço marcante; ela seria uma esposa fiel ou uma boa religiosa, mas seus méritos não ultrapassariam os limites do seu povoado ou os muros de um claustro. Eles, todavia, se tornaram conhecidos por uma obra esplêndida.
           A família de Joana Isabel era profundamente católica; seu pai era empregado do governo. Joana Isabel foi educada em Poitiers, nas religiosas Hospitalárias, cuja superiora, a Sra. de Bordin, era sua parente.
           Quando menina, ela se impressionava muito ao ver os doentes e os mendigos abandonados, e fazia tudo que podia para ajudá-los. Um dia encontrou na rua uma pobre mulher tiritando de fome e de frio, e com uma criança nos braços. Levou-a para sua casa e lhe deu de comer e a presenteou com um manto de lã para se preservar do frio. Sua diversão favorita era ir à praia e construir castelos de areia. Mais tarde ela construiria muitos edifícios para gente pobre. E exclamaria: "Desde muito pequena eu tinha inclinação para construir edifícios". Era uma inclinação dada por Deus para que fizesse um grande bem para a humanidade.
             Isabel tinha 19 anos. Vários jovens lhe propõem casamento, mas ela declara à sua mãe que seu maior desejo era dedicar-se totalmente à vida espiritual, buscando o reino de Deus e a salvação das almas.
             Foi então que a Revolução Francesa se iniciou e os revolucionários passaram a matar todos os proprietários. O irmão de Isabel teve que fugir do país para que não fosse morto e seu pai corria o risco de perder sua herança. A jovem teve então uma ideia luminosa: aprender economia e especializar-se em defender a propriedade diante das autoridades. Após vários meses conseguiu aprender as técnicas de como administrar os bens e se tornou muito hábil em fazer a defesa da propriedade diante de juízes.
             Com tais recursos, se apresentou diante dos tribunais e defendeu brilhantemente o direito que sua família tinha de herdar os bens que haviam sido de seu pai. Os juízes, que haviam despojado muitas pessoas de sua herança, tiveram que reconhecer os direitos de Isabel, que assim recuperou todos os bens da família, passando depois a administrá-los com êxitos surpreendentes.
             Tais estudos feitos em sua juventude foram enormemente proveitosos quando fundou seu instituto religioso e teve que defendê-lo nas perseguições dos inimigos, e administrá-lo para que não fracassasse economicamente. Deus prepara as almas fieis desde tenra idade para os trabalhos e triunfos no futuro.
             A Revolução Francesa havia encarcerado centenas de sacerdotes porque não quiseram ser infiéis à Santa Religião. Isabel passou a visitar os cárceres e tratava com tanta bondade os carcereiros, e era tão generosa nos presentes que lhes levava, que eles começaram a tratar bem os sacerdotes e até lhes permitiam celebrar a Missa na prisão.
             A boa administração da propriedade de seu pai resultava em ganhos que ela repartia com os pobres. As famílias pobres recebiam ajuda e as mães pobres eram presenteadas com vasilhas de leite para seus filhos. Aos doentes supria com medicamentos. Repartia alimentos e roupas com muitos. Era amada e estimada por todos.
             Ainda se conserva uma estampa de Nossa Senhora do Socorro onde ela escreveu: “Eu, Joana Isabel, me consagro e dedico desde hoje e para sempre a Jesus e Maria”, 5 de março de 1797. Pouco tempo depois de ter escrito estas palavras, Isabel soube que a 15 quilômetros de onde ela vivia um sacerdote católico celebrava à noite (às escondidas do governo, que proibia qualquer manifestação religiosa) em um depósito de grãos. Ela para lá se dirigiu, porque lhe disseram que esse sacerdote era um santo. Foi assim que ela conheceu o Padre André Fournet.
              Após a Missa, Isabel procurou-o, mas eram muitas as pessoas que desejavam falar com ele. Ela abriu passagem entre as pessoas, porém o sacerdote ao vê-la tão elegante, colocou a prova sua humildade dizendo: “A Senhora aguarde, pois antes devo atender a estas pessoas pobres que são mais importantes”. Ela aceitou isto com muita boa vontade e amabilidade, e aproximou-se somente depois que todos se foram. Confessou-se com o sacerdote, que ficou encantado com sua grande humildade. Desde aquele momento nasceu uma santa amizade entre estes dois apóstolos; amizade que os levou a ajudar-se mutuamente na fundação do Instituto.
           Joana Isabel manifestou-lhe seu desejo de tornar-se monja, mas ele a aconselhou a permanecer no mundo ajudando a juventude pobre sempre tão desprotegida. Ela aceitou. O Padre Fournet mandou que ela vestisse uma túnica negra de tecido ordinário, o que a princípio desgostou muito seus familiares ricos, que desejavam que ela se vestisse com luxo e elegância. Depois entretanto aceitaram o fato, pois viam que era proveitoso para sua santificação.
             A jovem e o sacerdote começaram a reunir jovens piedosas de boa vontade e em 1807 fundaram o Instituto das Filhas da Cruz, para atender a juventude pobre e abandonada, e a Santa se dedicou a fundar casas de seu Instituto em diversos locais da França. As vocações às vezes escasseavam, porém ela redobrava as orações e Deus lhe enviava novas e numerosas pretendentes.
             Em 1820 a casa-mãe foi instalada na antiga Abadia de La Puye; em 1821 outra casa foi aberta em Paris. Depois, outras casas foram abertas na região basca com a ajuda de São Miguel Garicoits.
            O grande escritor Luis Veulliot dizia desta Santa: “É um dos temperamentos mais ricos que encontrei. Bondosa, resoluta, séria e amável; inteligente e muito compreensiva; muito trabalhadora e verdadeiramente humilde. Não desanima diante de nenhuma dificuldade. Nenhum obstáculo nem contratempo é demasiadamente grande para obrigá-la a desistir de suas boas obras. As angústias interiores não a fazem perder a alegria exterior, e os triunfos não a tornam orgulhosa. Chegam dificuldades muito grandes: injúrias, incompreensões, problemas enormes, e nada a faz perder sua serenidade e sua paciência, porque confia imensamente em Deus”.
             Ela fundou mais de 60 colégios para meninas pobres e parecia uma segunda Santa Teresa por sua grande fortaleza para viajar, dirigir e ajudar em tudo. Depois de 1815, uma operação mal feita a deixou inválida. Viveu assim uma espiritualidade fundamentada na contemplação da Cruz e de sua grande devoção a Eucaristia.
            Além de suas numerosas e penosas viagens e de seus esgotantes trabalhos, fazia jejuns e penitências, e rezava muito e sem se cansar. Nas últimas semanas de vida sofreu dores agudíssimas que a ajudaram a ainda mais se santificar.
            Quando faleceu, no dia 26 de agosto de 1838, Joana Isabel deixava noventa e nove casas, distribuídas em vinte e três dioceses, que contavam com seiscentas e trinta e três religiosas. Foi beatificada em 13 de maio de 1934 por Pio XI e canonizadas em 6 de julho de 1947 por Pio XII.

Casa-mãe do Instituto em Lapuye, França
 

Beato Zeferino Namuncurá

           
Ficheiro:CeferinoNamuncura.jpg

            Zeferino Namuncurá era um jovem de quase 19 anos, um mapuche "homem da terra", como sugere a etimologia dos pampas: uma terra dura, estéril, flagelada pelo vento ou queimada pelo sol, imobilizada pela neve ou encharcada pela chuva. Portanto, Zeferino era um cidadão dos pampas, filho de um povo acostumado a combater desde o amanhecer até ao anoitecer e, frequentemente, também do anoitecer até ao amanhecer contra os elementos naturais.
             Zeferino foi forjado por esta terra, obrigado a crescer depressa, como todos os seus coetâneos; uma infância curta, uma adolescência mais ou menos inexistente a vida nos pampas exige de quem tem 9 ou 10 anos a agilidade de um adulto: cavalgar, caçar, pescar, usar as bolas com extrema precisão, conhecer, enfim, todos os truques para a sobrevivência.
            Filho do cacique dos mapuches, Zeferino nasceu a 26 de Agosto de 1886, na Argentina. Foi baptizado a 24 de Dezembro de 1888, pelo missionário Dom Milanesio que permaneceu sempre um dos seus pontos de referência. Quando o pai foi proclamado coronel do exército argentino, aceitou que o filho fosse estudar na capital. Após uma breve experiência numa escola estatal, Zeferino foi acolhido para o colégio salesiano de Buenos Aires a 20 de Setembro de 1897.
            A vida no colégio não foi muito fácil para esse filho do deserto, mas ele aceitou tudo em silêncio e, em contacto com os sacerdotes salesianos de grande talento apostólico e cultural, iniciou uma rápida transformação que se tornou um propósito permanente na base da sua parábola de santidade: "Vim estudar para ser útil ao meu povo". A antiga sabedoria herdada dos seus antepassados encontrou-se e integrou-se admiravelmente com a sabedoria cristã, por ele percebida como o ápice, o complemento daquela do seu povo.
           Na Argentina, Zeferino é o "santo" mais conhecido e amado. Feito santo pelo seu povo antes que a Igreja o declarasse tal. Por conseguinte, é um santo inusitado, portador de uma santidade dos pampas, regada pelas fadigas, valores, obediência, suportação; sem impulsos místicos, orações martirizantes, proclamas ou propósitos clamorosos, sem escritos exaltantes: um santo da terra, um santo ao alcance de todos, um santo, enfim, segundo o coração de Dom Bosco, que incentivava os seus alunos a ter duas características que pela sua simplicidade teria provocado alguma perplexidade nos grandes santos do passado, mas que para o sacerdote dos jovens eram o sinal inequívoco de uma santidade ao alcance dos jovens: "honesto cidadão e bom cristão". É o quanto basta para se tornar santo. Dom Bosco estava convencido disso e a história deu-lhe razão: Domingos Savio, Laura Vicuña e, agora, Zeferino Namuncurá.
            Zeferino Namuncurá faleceu em Roma, a 11 de Maio de 1905, enquanto percorria o seu caminho de preparação para o sacerdócio.

Beato Ambrósio Valls Matamales, sacerdote e mártir





            O beato Ambrósio de Benaguasil, no século Luis Valls Matamales, nasceu em Benaguasi, Valênica em 3 de maior de 1870. Ingressou no noviciado dos franciscanos capuchinhos em 1890 e foi ordenado sacerdote em 22 de setembro de 1894.
             Muito modesto foi seu apostolado, principalmente pela pregação, pela confissão e pela direção espiritual. Devoto da Santíssima Virgem se manteve sereno e valente frente ao martírio. Foi preso na noite de 26 de agosto de 1936 e assassinado na prisão de Valência.

Santa Micaela do Santíssimo Sacramento, virgem e fundadora


            Micaela nasceu em Madrid no dia 1 de Janeiro de 1809. Nobre e generosa como o seu pai, piedosa e caritativa como a sua mãe, óptimos alicerces para o controvertido trabalho em favor das mulheres que viviam da prostituição. Para elas abre a sua primeira casa no dia 21 de Abril de 1845.
           Como com qualquer pessoa, o seu caminho de santidade não foi fácil. O Espírito Santo faz a sua parte nuns exercícios espirituais decisivos, em Abril de 1847, assim como na festa do Pentecostes do mesmo ano, brindando-a com uma graça extraordinária. Ela vai titubeando, entre obras de caridade e a vida mundana que a sua classe social exige; as cortes de Paris e Bruxelas abrem-lhe as suas portas, juntamente com o seu irmão Diego, embaixador de Espanha nos anos 47 e 48 respectivamente. Precisamente os mesmos anos em que ela procura com verdadeira paixão o seu lugar, o seu caminho, a orientação total da sua vida. Conseguiria ela, no meio de tanto bulício, ouvir a única voz que pacifica e dilacera? Saberia ela escolher, entre os muitos candidatos amantes, o único amor da sua vida? "Vi-O tão grande, tão bom, tão amante e misericordioso, que decidi não servir mais que a Ele, que tudo reúne para preencher o meu coração".
          E semeia casas de acolhimento, no meio de dificuldades econômicas, incompreensões e perseguições.
           E gera filhas acolhedoras que, juntamente com ela, guiadas pelo Espírito Santo e alimentadas na Eucaristia, dão origem à Congregação de Adoradoras Escravas do Santíssimo Sacramento e da Caridade. É o dia 1 de Março de 1856.
           Micaela, que agora já se chama Madre Sacramento, falece no dia 24 de Agosto de 1865. Morre como os santos: "dando a vida" pelas suas " jovens ", num gesto de heróica caridade; "por uma só que se salve, eu daria a minha vida". Ainda não tinham passado 70 anos após a sua morte e a Igreja proclama-a santa. Foi Pio XI quem no dia 4 de Março de 1934, elevando-a aos altares, disse à comunidade dos crentes que o caminho de Micaela foi sem dúvida um caminho de santidade.


São Zeferino, papa e mártir




O papa Zeferino exerceu um dos pontificados mais longos da Igreja de Cristo, de 199 a 217. E os únicos dados de sua vida registrados declaram que: depois do papa Vitor, de origem africana, clero e povo elegeram para a cátedra de Pedro um romano, Zeferino, filho de um certo Abôndio.
       
Zeferino foi o 14° papa a substituir são Pedro. Enfrentou um período difícil e tumultuado, com perseguições para os cristãos e de heresias entre eles próprios, que abalavam a Igreja mais do que os próprios martírios. As heresias residiam no desejo de alguns em elaborar só com dados filosóficos o nascimento, a vida e a morte de Jesus Cristo. A confusão era generalizada, uns negavam a divindade de Jesus Cristo, outros se apresentavam como a própria revelação do Espírito Santo, profetizando e pregando o fim do mundo.
Mas o papa Zeferino, que não era teólogo, foi muito sensato e, amparado pelo poder do Espírito Santo, livrou-se dos hereges. Para isso uniu-se aos grandes sábios da época, como santo Irineu, Hipólito e Tertuliano, dando um fim ao tumulto e livrando os cristãos da mentira e dos rigorismos.
O papa Zeferino era dotado de inspiração e visão especial. Seu grande mérito foi ter valorizado a capacidade de Calisto, um pagão convertido e membro do clero romano, que depois foi seu sucessor. Ele determinou que Calisto organizasse cemitérios cristãos separados daqueles dos pagãos. Isso porque os cristãos não aceitavam cremar seus corpos e também queriam estar livres para tributarem o culto aos mártires.
O papa Zeferino conseguiu que as nobres famílias cristãs, possuidoras de tumbas amplas e profundas, transferissem-nas para a Igreja. Assim, Calisto começou a fazer galerias subterrâneas ligando umas às outras e, nas laterais, foi abrindo túmulos para os cristãos e para os mártires. Todo esse complexo deu origem às catacumbas, mais tarde chamadas de catacumbas de Calisto.
Esse foi o longo pontificado de Zeferino, encerrado pela intensificação às perseguições e pela proibição das atividades da Igreja, impostas pelo imperador Sétimo Severo.
O papa são Zeferino foi martirizado junto com o bispo santo Irineu, em 217, e foi sepultado numa capela nas catacumbas que ele mandou construir em Roma, Itália.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

São Filipe Benício

           

           Filipe Benício nasceu no dia 15 de agosto de 1233, no seio de uma rica família da nobreza, em Florença, Itália. Aos treze anos, foi enviado, com seu preceptor, a Paris para estudar medicina. Voltou e foi para a Universidade de Pádua, onde, aos dezenove anos, formou-se em filosofia e medicina. Depois, durante um ano, exerceu a profissão na sua cidade natal.
            Devoto de Maria e muito religioso, possuía, também, sólida formação religiosa. Nesse período de estabelecimento profissional, passou a freqüentar a igreja do mosteiro e com os religiosos aprofundou o estudo das Sagradas Escrituras. Logo suas orações frutificaram e recebeu o chamado para a vida religiosa. Filipe contou que tudo aconteceu diante do crucifixo de Jesus: uma luz veio do céu e uma voz mandou-o servir ao Senhor, na Ordem dos Servitas.
            Foi a Monte Senário, pediu admissão nos Servos de Maria, onde ingressou, em 1254, como irmão leigo, destacando-se logo pela retórica. Certo dia do ano 1258, estava em companhia de um sacerdote e o prior quando encontraram dois dominicanos no caminho. Conversaram um bom tempo e Filipe discursou com tanta desenvoltura, sabedoria e eloqüência que nesse mesmo ano foi ordenado sacerdote.
            Em 1262, foi nomeado professor de noviços e vigário assistente do prior-geral. Por voto unânime, em 1267, foi eleito prior-geral da Ordem dos Servitas. Quando o papa Clemente IV morreu, no ano seguinte, Filipe foi proposto como candidato à cátedra de Pedro, mas retirou-se para as montanhas, onde ficou por algum tempo.
           Sob sua direção os frades servitas expandiram-se rapidamente e com sucesso. Participou do Concílio Ecumênico de Lyon, em 1274, na França. Era um conciliador, sua pregação talentosa e eficiente trouxe frutos benéficos para a Ordem e para a Igreja.
           Atuou, a pedido de Roma, para promover a paz na acirrada disputa entre duas famílias dominantes de Forli, cidade do norte da Itália, em 1283. Eram os guelfos apoiando os pontífices e os guibelinos, os imperadores germânicos. Lá, Felipe recebeu um tapa no rosto, do jovem guibelino Peregrino Laziosi. Filipe aceitou o golpe. O jovem, mais tarde, arrependeu-se. Foi ao seu
encontro, pediu desculpas e ingressou na Ordem. Peregrino tornou-se tão humilde e caridoso para com o povo que se tornou um dos santos da Igreja.
           Segundo os registros da Ordem e a tradição, Filipe gozava da fama de santidade em vida. Morreu em 22 de agosto de 1285 na cidade de Todi, quando voltava para Roma. Foi canonizado pelo papa Clemente X em 1617. Suas relíquias estão sob a guarda da igreja Santa Maria das Graças, em Florença, sua cidade natal. A memória de são Filipe Benício é celebrada no dia 22 de agosto. Algumas localidades comemoram no dia seguinte, devido à festa da Santa Virgem Maria Rainha.

Beato Elias Leymarie de Laroche, presbítero e mártir

             O beato Elias Leymarie de Laroche nasceu em Annese, na França no ano de 1758, filho do senhor de La Roche. Fez seus estudos no seminário de São Sulpício de Paris e foi ordenado padre e nomeado para o priorado de Saint-Jean de Coutras, Gironde.
             Parte de suas rendas ele as destinava aos pobres de sua paróquia. Durante a Revolução Francesa negou jurar a nova Constituição e a prestar ao novo juramento a mesma obediência. Por isso foi preso, declarado apto para ser deportado e foi embarcado em um navio e levado para Rochefort, onde morreu à custa dos maus tratos e de enfermidade em 1794.
              Era um sacerdote amável e complascente que era próximo de seus companheiros na prisão.




Beato Bernardo Peroni

           

             Entre os santos e beatos capuchinhos, Bernardo Peroni de Offida é o que viveu mais anos: morreu com 90 anos no convento de Offida, ao amanhecer do dia 22 de agosto de 1694. Nasceu em Vila de Appignano, nas vizinhanças de Offida, terceiro de oito filhos, aos 07 de novembro de 1604, o mesmo ano em que morreu São Serafim de Montegranaro, e o pai José o levou no mesmo dia para ser batizado na antiga igreja de Santa Maria da Roca, fora dos muros.
            Domingos (assim se chamava) cresceu forte e robusto no campo onde viveu sua infância e juventude. Aos 15 anos, em 1619, passou da guarda do rebanho para a guarda dos bois e começou a mexer com o arado.
            A vida austera dos capuchinhos, estabelecidos em Ofida em 1614, era para ele um forte apelo, onde encontrava particular sintonia de Espírito. Freqüentava a sua singela e devota igreja. Mas esperou ainda vários anos quando falou, finalmente, para os pais e depois para os freis de quem não recebeu nenhuma resistência. Aos 15 de fevereiro de 1626, em Corinaldo, vestia o hábito com o caparão de noviço tendo como mestre o Frei Miguelangelo de Ripa, e um ano depois, em Camerino, onde continuara e concluíra o ano de noviciado, faria a primeira profissão tomando o nome de Bernardo.
            Foi mandado logo depois para o convento de Fermo aos cuidados de Frei Mássimo de Moresco, mestre dos jovens irmãos não clérigos, como ajudante de cozinha e assistente dos confrades enfermos, onde permaneceu por vinte anos. Em seguida, foi para Áscoli, no convento onde vivera São Serafim de Montegranaro, passando também por vários outros conventos. Em 1650 fixou morada definitivamente no convento de Offida, de onde não saiu mais, com exceção de uma breve pausa de poucos meses em Áscoli. Em Ofida viveu ininterruptamente por 45 anos.
            Uma vida simples desenvolvida num ambiente geográfico muito limitado, sem longas viagens fora das Marcas, desconhecido na humildade dos serviços ordinários de um irmão não clérigo capuchinho: cozinheiro, enfermeiro, esmoler, hortelão, porteiro, tudo cheio de devoção e de oração. Rezava sempre. Na igreja permanecia absorto diante do tabernáculo ou qualquer imagem sagrada, com os olhos elevados para o céu, firme como uma estátua, com os braços levantados. Enamorado da Eucaristia, tinha um respeito profundo pelos sacerdotes. É necessário olhar os processos para dar um pouco de variedade e de movimento a esta vida desconhecida. Também quando saia para esmolar se escondia na sua interioridade. Nunca era surpreendido distraído. Sempre com os olhos baixos, o rosário nas mãos, pacato nos gestos, afável no falar. Alguém testemunha dele o seguinte: "Um dia de inverno, depois de ter nevado muito, Frei Bernardo chegou numa cidadezinha para pedir esmolas afundando os pés na neve. Uma mulher, na janela, vendo o "santo velho" passando, começou a chorar e a gritar: "Pobre Frei Bernardo"! Ele, com grande jovialidade, respondeu: "Filha, não é nada, não é nada. A graça de Deus não deixa sentir frio". Dizendo isto, tirou o pé direito da sandália, o colocou nu sobre a neve que desapareceu como por encanto, como se alguém houvesse jogado água quente".
            Frei Bernardo era um verdadeiro missionário para a pobre gente do campo. Aos aflitos levava alívio com a serenidade do seu rosto e suas simples palavras. Era um conselheiro que penetrava os corações também dos nobres e prelados, a quem sabia falar com profundidade teológica, embora fosse analfabeto e suas palavras não raramente se tornavam palavras proféticas.
            Um outro aspecto da sua humanidade era a misericórdia para com os doentes, os pobres e encarcerados. Os doentes do convento gostavam de estar doentes por causa da assistência amorosa de Frei Bernardo que inventava mil expressões de caridade, ao ponto de permanecer na enfermaria, dia e noite, dispensado-se de qualquer outro ofício, para estar sempre pronto a servir.
            Já perto dos 90 anos, Frei Bernardo, com o agravamento dos distúrbios (hérnia, artrite, erisipela) despertava compaixão. Em 1694 a sua erisipela o prostrou totalmente, mas o seu espírito se tornou ainda mais luminoso. Uma testemunha refere que "demonstrava tanta alegria no rosto e nas palavras que parecia não estar enfermo, mas que se deliciava". Queria despojar-se de tudo e pedia ao seu guardião "por caridade" o uso do hábito que vestia. Recebidos todos os sacramentos foi visto como que em êxtase. Depois recomendou aos confrades a observância da regra, a paz e o amor entre eles e para com o próximo e de rezar pelos benfeitores e animou muitas pessoas presentes à fidelidade a lei de Deus e a educação cristã dos filhos. E aos 22 de agosto de 1694, quando o sol surgia, ele serenamente expirava.
             Somente em 1745 teve início o processo de beatificação e canonização. Pio VI, a 19 de maio de 1795, o declarava Beato e seis dias depois era celebrada a beatificação na Basílica Vaticana.


Igreja do Beato Bernardo Peroni



terça-feira, 21 de agosto de 2012

São Bernardo Tolomei, abade e fundador

            


            Nasceu em Siena, da nobre família dos Tolomei, em 1272. Depois de estudar matérias jurídicas em sua cidade, entrou a fazer parte da Irmandade dos Disciplinados de Santa Maria della Scala, porém, para realizar de modo mais completo seu ideal ascético, em 1313, junto com outros nobres, abandonou Siena e se retirou à solidão de Accona, uma propriedade de sua família a uns 15 km ao sudeste da cidade.
             Naquela austera paisagem, Tolomei (que nesse ínterim havia escolhido o nome de Bernardo) e seus companheiros levaram vida eremítica em algumas grutas que haviam escavado no tufo. Oração e silêncio foram as características de sua vida penitente. Porém, outros se uniram a eles, e para consolidar a posição jurídica do novo grupo o beato recorreu ao bispo de Arezzo, Guido Pietramala, em cuja jurisdição se encontrava então Accona, e obteve a ata de fundação do novo mosteiro de Santa Maria de Monte Oliveto "sub regula sancti Benedicti" (26 de março de 1319).
            Deste modo quis conciliar a primitiva escolha eremítica com a adoção do cenobitismo beneditino. Extraiu a espiritualidade da regra, contribuindo com algumas mudanças nas instituições. A decisão mais importante a este propósito foi a de eleger o abade do mosteiro só por um ano.
            Conseguiu afastar dos monges a sua eleição e os primeiros abades de Monte Oliveto foram os nobres senenses Patrizio Patrizi e Ambrogio Piccolomini. Em 1321 o beato teve que aceitar a nomeação de abade que, posteriormente, foi se renovando ao longo de sua vida.
            Durante seu mandato muitos acorreram ao novo mosteiro de várias cidades, especialmente da Toscana: entres esses - descobriu-se recentemente - também um irmão de Petrarca, frei Giovannino. O número crescente dos monges permitiu atender às solicitudes dos bispos e leigos que queriam ter os novos monges em suas cidades e aldeias, pelo que o beato, antes de sua morte, pode fundar ao menos outros 10 mosteiros, estreitamente ligados ao mosteiro principal, cujo nome repetiam, e regidos por um prior. Para assegurar o futuro de sua obra, o beato obteve de Clemente VI, em 21 de janeiro de 1344, a aprovação pontifícia da nova congregação beneditina.
            O beato deixou a seus monges um exemplo de vida santa, dedicada à contemplação, como atesta o primeiro cronista olivetano, frei Antônio de Barga: "Foi um homem extraordinário e santo". Durante a grande epidemia de peste de 1348, Bernardo deixou a solidão de Monte Oliveto para transladar-se ao Mosteiro de Siena, fundado em 1322, e aí, assistindo aos seus monges contaminados pela enfermidade, morreu em uma data que a tradição fixou aos 20 de agosto. Foi sepultado no mosteiro senês, situado fora da Porta Tufi.
             Em 1554, durante a guerra entre Carlos V e a República senense, o mosteiro foi destruído e seus restos mortais se perderam, apesar das repetidas buscas nos séculos posteriores.
            Dele restam algumas cartas que o retratam como "um homem que se fez seguidor sincero e atento da Regra de são Bento" (J. Leclerq); a seu projeto monástico se referem as mais antigas constituições olivetanas, redigidas entre 1350 e 1360, poucos anos depois de sua morte. De sua devoção mariana são sinais a dedicação da igreja de Monte Oliveto à Natividade da Virgem e a escolha do hábito branco.
            Do culto rendido ao beato se tem testemunhos de 1462, quando Pio II visitou o mosteiro de Monte Oliveto, "onde se veneravam suas relíquias", porém somente no século XVII os olivetanos obtiveram da Congregação dos ritos a aprovação do culto ab immemorabili (25 de novembro de 1644). Posteriormente a festa foi fixada no dia 21 de agosto com textos litúrgicos próprios.
            Em 31 de agosto de 1768 foi emitido o decreto sobre a heroicidade de suas virtudes, porém os acontecimentos que agitaram também os olivetanos na segunda metade do século XVIII não permitiram levar a termo o processo de canonização. Após as últimas reformas do calendário litúrgico, sua memória é celebrada aos 19 de agosto em toda a Ordem beneditina.
             Foi canonizado aos 26 de abril de 2009 em Roma pelo Papa Bento XVI.
             A iconografia pôs em relevo sua devoção Mariana, sua vida mística e também a assistência aos empestados, se bem que entrou bem tarde na tradição hagiográfica relativa ao beato. Seu culto se difundiu através dos mosteiros da Congregação olivetana.


Fotos da Abadia do Monte Oliveto, Itália


a
a











AaB

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

São Filiberto, abade e fundador

           

            Nascido de família gascoa, filho de Filibaldo, bispo de Aire, Filiberto foi enviado ainda jovem para a corte de DagobertoI e educado na escola palaciana. Em 636 se fez monge da abadia beneditina de Rebais. Para aprofundar o conhecimento da tradição monástica, dedicou-se largamente ao estudo das Regras antigas e visitou a abadia de Luxeil.
            No término de sua viagem, o santo se encontrou com Audoeno, bispo de Rouen, que estava fazendo a difusão da vida monástica em sua diocese. Em 655, fundou a abadia beneditina masculina de Jumièges, consagrada a São Pedro, e, em 662, a feminina, em Pavilly.
          Em 675, por ser opositor, foi condenado ao exílio. Depois de um período de reclusão retornou a Poitiers  e fundou um novo monastério.
          Só em 684 é que pôde retornar à abadia de Jumièges, onde faleceu.





Ruínas da Abadia de Jumièges, França




Relíquias de São Filiberto





Beata Maria de Mattias, religiosa e fundadora

            

            Maria de Matias nasceu em 04 de fevereiro de 1805, em Vale Corsa, na Itália, numa família de profunda fé cristã.  Desde  a mais tenra idade, familiarizou-se com a Sagrada  Escritura,  e nutria um grande amor a Jesus, Cordeiro imolado pela salvação da humanidade.  Tinha especial devoção pelo Sangue de Cristo, derramado por amor aos homens.
             Pelos  costumes da época, viveu sua infância e adolescência relativamente isolada,  com poucos  contatos ou relações exteriores.  Em seu íntimo,  sem contratempos, buscava o sentido de de sua vida, ao mesmo tempo que esperava encontrar num amor sem limites.
             Encomendou-se à proteção da Virgem Maria, para que Deus a iluminasse no sentido de  experimentar a beleza de seu amor, que acabou manifestando-se em plenitude em Cristo crucificado, em Cristo, que derramou seu preciosíssimo sangue pela nossa salvação.  Tal experiência foi a fonte e  a  motivação que a levou a  difundir o amor misericordioso do Pai celestial e o amor de Jesus crucificado.
             Estava ela convencida de que a reforma da sociedade, nasce do coração das pessoas e que os homens se  transformam quando chegam a compreender quão valiosos são aos olhos de Deus, quando se dão conta do imenso amor de que são objetos: Jesus, que deu todo o seu sangue para resgatá-los. 
             Quando tinha 17 anos de idade, São Gaspar del Búfalo,  pregou em Vale corsa uma missão popular e Maria viu como se  transformava o povo, com a conversão de  muitas pessoas.  Em seu interior, surgiu o desejo de contribuir com esse  santo, para a  transformação espiritual das  pessoas. 
             Sob as orientações de  um companheiro de São Gaspar, o venerável dom Giovani Merlini, em 04 de março de 1834,  fundou a Congregação das Irmãs Adoradoras do Preciosíssimo Sangue.
             Além de promover a  educação das meninas, reunia as mães e as jovens para catequizá-las,  para fazer que se apaixonassem por Jesus, impulsioná-las a  viver o verdadeiro espírito cristã, segundo seu estado de vida.  Muitos homens,  aos que não podia falar, conforme os costumes da época, procuravam espontaneamente a fim de escutá-la. 
             Apesar de seu caráter tímido e  introvertido,  a causa de Cristo a converteu em uma grande pregadora, que com suas palavras,  convencia desde as pessoas  humildes até as letradas, tanto os leigos como os sacerdotes, isto porque, quando falava nos mistérios celestes, davas-lhe a impressão de haver pessoalmente experimentado essas realidades.  Seu grande desejo era que não se  perdesse nem sequer uma gota do Sangue de Cristo e, neste rio de misericórdia,  onde desejava  purificar os pecadores e fazer  com que voltassem ao bom caminho.
            Foi nesta linha de atuação  que  arrastou inúmeras  jovens para a  Congregação.  Em vida, pôde fundar cerca de  setenta  casas  religiosas, principalmente na Itália, além da Alemanha e Inglaterra.   Quase todas as casas eram fundadas em pequenas aldeias abandonadas nos arredores centrais da Itália, com exceção de Roma,  para onde foi chamada pelo Papa Pio IX, que confiou-lhe a direção do Hospício de São Luís e também uma escola  em Civitavecchia. 
            Viveu toda a vida  com o único desejo de  agradar a  Jesus, que lhe havia  roubado o coração desde  sua juventude, e com o compromisso  gozoso de  difundir ao máximo o conhecimento do amor de Deus pela humanidade.  Para isso, não poupou esforços,  nem se deixou abater pelas dificuldades.  Sempre atuou em  profunda comunhão com  a Igreja universal e particular,  e por amor a  ela.
            Entregou sua alma a Deus em Roma, no dia 20 de agosto de 1866, e foi beatificada pelo Papa Pio XII em 01 de outubro de  1950.