sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Beato Francisco Lippi

           

          Nasceu de família nobre e foi militar na juventude tendo levado uma vida libertina. Ficou cego e pensando ser castigo de Deus, prometeu mudar de vida se fosse curado em peregrinação a Compostela. Alcançou a graça e depois de ouvir a pregação do Beato Dominicano Ambrogio Sansedoni, retirou-se como eremita numa pequena cela, onde permaneceu cinco anos fazendo grande penitência. Mais tarde tornou-se carmelita. Tinha dons proféticos e frequentes aparições de Jesus, da Virgem e dos anjos mas também várias tentações diabólicas. Em Siena estão ainda diversos instrumentos que ele utilizava para dura penitência. Parte das relíquias estão no mosteiro carmelita de Cremona.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Beato Conrado de Ofida

            Conrado nasceu em Ofida, na província de Ascoli Piceno, nas Marcas, em 1241 e aos 14 anos vestiu o hábito franciscano dos Frades Menores. Iniciados o estudos no convento de Ascoli os abandonou quase de imediato para se entregar aos ofícios humildes da casa, apesar de suas notáveis qualidades intelectuais. Foi enviado ao convento de Forano, onde permaneceu dez anos.
             Existem muitos documentos que marcaram a sua vida neste período: uma vez enquanto estava em oração no bosque ligado ao pequeno convento, ao ver caminhando em sua direção um lobo perseguido pelos cachorros e caçadores, o tomou sob sua proteção, transformando-o em um manso animal, que depois se tornou guardião do convento.
             Dada a sua exemplaridade, o Ministro Geral dos Frades Menores, Padre Jerônimo de Ascoli, o transferiu para o Monte Alverne. Mais tarde os superiores lhe ordenaram continuar os estudos para ser ordenado sacerdote, com específico destino ao ministério da palavra, no qual sobressaiu de forma surpreendente pela eficácia e pelos frutos espirituais.
            Em 1294 obteve do Papa São Celestino V permissão para passar algum tempo entre os monges celestinos. Durante estes anos teve contatos espirituais esporádicos com Pedro Juan Olivi, o reformador franciscano suspeito de erros heréticos em seus escritos sobre a questão da pobreza evangélica. As relações do Bem-aventurado Conrado com ele se limitaram, no entanto, aos deveres da fraternidade. Quando Bonifácio VIII suprimiu a congregação dos celetinos, Conrado retornou ao convento franciscano.
            Viveu em pobreza, na oração, na penitência e em apostolado. Em mais de cinquenta anos de vida religiosa carregou um só hábito e nunca usou sandálias.
            Foi grande pregador, levou 
a Palavra de Deus a grandes cidades, e aos pequenos povoados. As conversões se multiplicaram. Depois de longos anos de vida austera e rígida, Conrado foi chamado por Deus a receber a recompensa eterna. Morreu em Bastia, próxima de Assis, durante uma missão no dia 12 de dezembro de 1306, com a idade de 65 anos. Seu corpo foi levado em 1320 para a Igreja de São Francisco em Perúgia, e atualmente repousa no oratório de São Bernardino.

Bem-aventurado João de Montecorvino, bispo

            

            João de Montecorvino, da Ordem dos Frades Menores (em italiano, Giovanni da Montecorvino) (Montecorvino, 1247 – Pequim, 1328) foi um missionário italiano, considerado o primeiro apóstolo da China. Foi o primeiro arcebispo do Oriente, tendo sido investido como Arcebispo de Khanbaliq e Patriarca de Todo o Oriente. Atualmente, é venerado como um beato da Igreja Católica.
            Em 1279, foi enviado à Armênia, Pérsia e Oriente Médio, junto com outros franciscanos. Em 1289, retornou para a Itália, tendo realizado poucas conversões. Em 1286, Arghun Khan pediu, por meio do bispo Nestoriano Rabban Bar Sauma, que o Papa Honório IV enviasse missionários para a China, para a corte de Kublai Khan, que era um simpatizante do cristianismo. Montecorvino foi enviado para Khanbaliq, onde atualmente está Pequim, na mesma época que Marco Polo.
              Viajou com cartas ao Arghun Khan, para o grande imperador Kublai Khan, para Kaidu, Príncipe dos Tártaros, ao rei da Armênia e ao Patriarca dos Jacobitas. Nessa viagem, foram seus companheiros o dominicano Nicolau de Pistóia e o comerciante Pedro de Lucalongo. Ele chegou a Tabriz (no Azerbaijão Iraniano), a principal cidade da Pérsia Mongol, se não de toda a Ásia Ocidental.
              Dali, partiram por mar para Madras, na baía de Bengala, na Índia, onde já havia os Cristãos de São Tomé. Ali, Nicolau de Pistóia veio a falecer. Em 1291 ou 1292, escreveu para sua família. Passando por São Tomé de Meliapor, chegaria à China em 1294. Chegou na mesma época da morte de Kublai Khan, tendo Temur Khan assumido o trono. Apesar da mudança de governante, não houve oposição do novo Khan quanto às conversões, mas os Nestorianos mostraram-se descontentes. Foi auxiliado na sua obra de evangelização por Arnaldo da Colônia, frade alemão que a ele se reuniu em 1303.
             Em 1299, Montecorvino construiu a primeira igreja em Khanbaliq, e em 1305 a segunda, em frente ao palácio Imperial. Nessa época, treinou cerca de cento e cinquenta meninos entre sete e onze anos em latim e grego, além de ensinar salmos e hinos, para formar um coral. Ao mesmo tempo, foi se familiarizando com a língua chinesa. Dessa forma, traduziu para essa língua os salmos e o Novo Testamento. Montecorvino converteu um príncipe nestoriano de nome Jorge, seguidor de Preste João, vassalo do Grande Khan e mencionado por Marco Polo.
            João escreveu cartas em 8 de janeiro de 1305 e em 13 de fevereiro de 1306, descrevendo o progresso da missão católica no Extremo Oriente, apesar da oposição Nestoriana; fazendo alusão à comunidade católica fundada por ele na Índia; de um recurso recebido para evangelizar no Reino da Etiópia e ajudar a delinear rotas por terra e mar para “Catai” (o nome dado na altura para o norte da China).
            Em 1307, o Papa Clemente V, extremamente satisfeito com o sucesso do missionário, enviou sete bispos franciscanos consagrados para ajudar-lhe na evangelização dos chineses, tendo ordenado João como Arcebispo de Khanbaliq e Patriarca de Todo o Oriente. Destes bispos enviados, apenas três chegaram a salvo na região. Em 1312, mais três bispos franciscanos foram enviados, mas apenas um chegou à Ásia Oriental.
             Durante os 20 anos seguintes, a missão continuaria com êxito. Segundo a tradição, Montecorvino teria convertido o Grande Khan Khaishan Kuluk (terceiro governante Yuan, 1307 – 1311). Conseguiu grande êxito na evangelização no Norte e no Leste da China. Além de três igrejas na região de Pequim, ainda estabeleceria missões em Formosa e no porto de Amoy.
             Ele traduziu o Novo Testamento para o uigur, além da providenciar cópias de salmos, breviários e hinos para os Öngüt. Ele foi fundamental para o ensino do Latim naquela região, além da formação de coros religiosos, na esperança de que algum daqueles meninos se tornasse padre.
             Quando João de Montecorvino morreu em 1328, foi reverenciado como santo (não canonizado). Ele era aparentemente o único bispo medieval europeu trabalhando em Pequim. Mesmo após sua morte, a Missão da China durou mais quarenta anos. Teve um funeral solene, assistido por uma multidão de cristãos e não-cristãos.
             Uma embaixada para o Papa Bento XII em Avinhão foi enviada por Toghun Temur, o último imperador mongol da China (dinastia Yuan), em 1336. A embaixada foi liderada por um genovês a serviço do imperador mongol, Andrea di Nascio, e acompanhado por um outro genovês, Andalò di Savignone. Estas cartas da representação do governante mongol, reclamavam da falta de um guia espiritual havia oito anos, desde a morte de Montecorvino e desejaria ardentemente ter um. O Papa respondeu às cartas, e designou quatro eclesiásticos como seu legados para a Corte Khan. Em 1338, um total de 50 eclesiásticos foram enviados pelo Papa para Pequim, entre os quais João de Marignolli. 
             Em 1368, é implantada a Dinastia Ming e os mongóis são expulsos da China. Até 1369 todos os cristãos, quer sejam católicos romanos ou nestorianos, foram expulsos pela Dinastia Ming.
             Seis séculos mais tarde, Montecorvino inspirou um outro franciscano, o Venerável Gabriele Allegra, para ir para a China e completar a primeira tradução da Bíblia católica inteira para a língua chinesa em 1968.
            Hoje, a evangelização na China é transmitida através das atividades sociais e caritativas, nas quais o testemunho silencioso, mas vivo, de tantos religiosos, se faz mensagem dos valores do Evangelho de Jesus Cristo.
            Também pede compromisso o acompanhamento e a formação dos franciscanos na China, onde estão presentes várias congregações femininas e ao menos quatro mil membros da Ordem Franciscana Secular.

Beato Hugolino Magalotti

       

       Hugolino Magalotti nasceu em Camerino, nas Marcas, de uma antiga e nobre família. Pequenino ficou órfão, primeiro de mãe e depois também de pai. Na juventude sentia gosto por obras de piedade e leitura de livros santos. Integrado na Ordem Franciscana Secular, distribuiu pelos pobres todos os seus haveres e foi viver para um eremitério.
            Na sua vida solitária foi provado por violentas tentações e aparições monstruosas. Mais aflitiva para ele foi a fama resultante dos milagres, a ponto de várias vezes se ver obrigado a mudar de poiso para se livrar do contínuo assédio dos curiosos. De vez em quando ia a um mosteiro próximo para receber os sacramentos. Tinha por leito habitual uma simples tábua, sobre a qual fazia o seu descanso.
            Desde os primeiros anos da sua vida eremítica foi celebrado e venerado por graças que obtinha de Deus. Pedro de Brunfort, paralítico desde infância, com extrema dificuldade conseguiu aproximar-se dele, e foi por ele instantaneamente curado com uma simples benção. E uma pobre mulher, atormentada por terríveis dores e convulsões, foi levada junto do eremita, que rezou por ela e a libertou de todos os sofrimentos. E muitas outras pessoas, de todas as condições, em especial doentes da alma ou do corpo, iam ter com ele para ouvirem a sua palavra inspirada, para se encomendarem às suas orações ou pedirem ajuda para as necessidades.
            No intuito de evitar tais peregrinações que dificultavam a sua união com Deus, Hugolino resolveu escolher outro eremitério. Foi para o lado oposto do mesmo monte, para um sítio rodeado de penedos e de faias muito antigas. Aí pôde intensificar as formas de penitência e de meditação. Não pôde porém, evitar assaltos por parte do demônio, que uma noite tentou mesmo tirá-lo à força para o eremitério.
             Por outro lado, novas peregrinações de pessoas devotas acudiam a ele, a fim de obterem alívio para as mais diversas necessidades, tanto espirituais como materiais. São célebres alguns prodígios por ele realizados neste novo eremitério, como o de por meio da oração fazer brotar uma nascente de água cristalina que ainda hoje é recolhida e usada com devoção por muitos crentes.
            Desgastado por abstinências e penitências e pelo peso dos anos, sentiu que não tardaria a soar a sua última hora, e preparou-se para a visita da irmã morte, recebendo com devoção os sacramentos. Carinhosamente assistido por alguns devotos e por um sacerdote do mosteiro próximo, reclinado sobre a tábua nua que durante muitos anos lhe servira de leito, entregou a alma a Deus, no dia 11 de dezembro de 1373.

sábado, 1 de dezembro de 2012

Beata Clementina Anuarite Nengapeta, virgem e mártir

         
           Anuarite Nengapeta era a quarta das seis filhas de Amisi e Isude. A família de pagãos africanos da etnia Wadubu vivia na periferia de Wamba, no Congo. Ela nasceu no dia 29 de dezembro de 1939, como depois comprovou a Santa Sé. Ao ser batizada em 1943, acrescentaram-lhe o nome Afonsina. Na ocasião, também receberam esse sacramento sua mãe e quatro irmãs. A mais velha nunca acompanhou a doutrina cristã. Seu pai, ao contrário, até começou a preparar-se para a conversão. Mas depois desistiu, pois formou outra família, enquanto trabalhava como soldado do exército congolês.
          A nova situação familiar refletiu pouco na formação de Anuarite, que teve uma infância e adolescência consideradas normais. Era vivaz e caridosa, de personalidade marcante e temperamento amistoso e generoso. O nervosismo, porém, era o ponto fraco do seu caráter. Era muito sensível e instável, talvez por causa da separação de seus pais. Gostava de frequentar a igreja, ia à missa aos domingos, com a mãe e as irmãs. Em seguida, ficava estudando o catecismo para poder receber a primeira comunhão, que ocorreu em 1948.
           Iniciou os seus estudos e diplomou-se junto ao colégio das Irmãs do Menino Jesus de Nivelles, missionárias na África. Em 1957, decidiu ingressar na Congregação da Sagrada Família. Foi aceita e, durante o noviciado, teve como orientador espiritual o bispo de Wamba. Em 1959, diplomou-se professora, vestiu o hábito e emitiu os votos definitivos, tomando o nome de Maria Clementina. Desde então se dedicava e empenhava muito às funções destinadas: foi sacristã, auxiliar de cozinheira e professora de uma escola primária. Devota extremada de Maria e de Jesus, vivia feliz por ter-se consagrado ao seu serviço.
          O Congo da época era governado pelos brancos. Em 1960, havia uma grande campanha contra esse domínio europeu. Fervilhava o ódio racial e não durou muito para traduzirem-se em barbárie os ideais políticos. A revolução dos Simbas explodiu no ano seguinte, iniciando um violento massacre para eliminar todos os europeus, seus amigos e colaboradores negros.
           No Convento de Bafwabaka, tudo era calmo até 1964. Em agosto daquele ano, os rebeldes já tinham ocupado grande parte do país. A cada dia avançavam mais, saqueando e matando milhares de civis congoleses indefesos. Mais de cento e cinqüenta missionários, entre sacerdotes, religiosos e irmãos já haviam morrido também.
           Os rebeldes chegaram ao convento em 29 de novembro e levaram as trinta e seis integrantes da Sagrada Família, entre elas irmã Maria Clementina Anuarite, de caminhão, para Isiro. Na noite do dia 1º  de dezembro de 1964, o coronel Olombe tentou seduzi-la. Mas como ela se recusou a satisfazer seus desejos carnais, ele a esbofeteou e golpeou com a coronha do fuzil, depois disparou, matando-a. Antes, porém, ela o perdoou e clamou ao Pai para que o perdoasse.
           O papa João Paulo II, durante sua viagem ao Congo em 1985, beatificou Maria Clementina Anuarite Nengapeta. Tornou-se a primeira mulher "banto" a ser elevada aos altares da Igreja Católica, cuja festa deve ser no dia de sua morte. Na solenidade de beatificação, o sumo pontífice definiu Anuarite como modelo de fidelidade para todos os católicos do mundo. Depois, enalteceu sua castidade, e a igualou a Santa Inês, mártir do início da cristandade, dizendo: "Anuarite é a Inês do continente africano".

Beato Antonio Bonfadini, sacerdote


             Antônio viveu os últimos anos da vida em Cotignola, onde deixou o corpo incorrupto e exerceu o dom dos milagres. Nasceu em Ferrara da família Bonfadini em 1400, e na universidade dessa cidade fez brilhante carreira nos estudos até se laurear. Aos 37 anos entrou no convento do Espírito Santo dos frades menores da mesma cidade, e na vida notabilizou-se pela fidelidade à regra professada e pelo espírito de oração.
            Ordenado sacerdote, foi seduzido pela pregação de São Bernardino de Sena, que tinha despertado um desabrochar maravilhoso de virtudes entre os confrades. Levado por esse entusiasmo, começou também ele a percorrer os caminhos da Itália como pregador da palavra divina. Sendo o século XV o século de ouro da pregação e da santidade franciscana, Frei Antônio Bonfadini representa nesse firmamento uma estrela de primeira grandeza, ao lado de São Tiago da Marca, São João de Capistrano e São Bernardino de Sena. Não admira que o Frei Antônio se sentisse atraído pela santidade e solidário com o apostolado de tão excelentes mestres, apostolado que durou alguns decênios e se estendeu por toda a Itália, provocando uma notável renovação da vida cristã.
              Mas o seu espírito evangélico não lhe permitia confinar-se a terras já cristãs. Quis estender a sua ação apostólica também a povos ainda não iluminados pela luz do Evangelho. Por isso, inspirado pelo Espírito Santo, orientou primeiro o pensamento e depois os passos para a missão da Terra Santa, essa terra abençoada pela presença corporal do Filho de Deus, onde o próprio São Francisco fundara uma missão, mais tarde entregue oficialmente aos franciscanos pelas autoridades supremas da Igreja.
             É mais fácil imaginar do que descrever a emoção espiritual de Antônio ao percorrer os mesmos caminhos e passar nos mesmos lugares por onde passaram Cristo, sua Mãe e os Apóstolos, meditando na vida, paixão, morte e ressurreição do Salvador. Ignoramos quanto tempo terá passado na Palestina e que atividades terá desempenhado. A idade bastante avançada já não lhe permitia uma atividade apostólica eficiente, e talvez por isso tenha decidido regressar a pátria. Carregado de méritos e de anos e com profunda saudade empreendeu a viagem de volta, bem mais triste do que a de ida. O destino devia ser o convento de Ferrara, onde lhe seria permitido esperar com tranqüilidade a irmã morte. Mas ao chegar à Itália esqueceu-se do quebranto, das doenças e dos anos, e reassumiu com renovado ardor o apostolado da pregação por cidades e aldeias. Foi deveras frutuoso o seu trabalho nesse final de vida, até se lhe esgotarem as forças e entregar a alma a Deus no Hospital de Peregrinos de Cotignola, em primeiro de dezembro de 1482, precisamente com 82 anos de idade.

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Beato Bernardino de Fossa, religioso

           
 
            Bernardino Amici, pregador e escritor franciscano, nasceu em 1420 em Fossa, perto de Áquila. Em Perúgia, onde se tinha formado em direito, ingressou nos frades menores em 1445. Viveu em vários conventos da Úmbria e dos Abruzos, mas a residência mais habitual foi em Áquila. Por três triênios o elegeram para ministro provincial da sua província, e também foi procurador geral da ordem na cúria romana. Tomou parte em vários capítulos gerais realizados em Áquila, Assis, Milão, Roma e Mântua. Várias vezes recusou o bispado de Áquila.
             Foi célebre pregador, em Itália e não só; deu brado uma quaresma que pregou na Dalmácia em 1465. Nos últimos anos da vida divulgou alguns escritos seus de caráter teológico e histórico, mas a maior parte das suas obras ficou inédita.
             Como filho fiel do seráfico pobrezinho e ardente ministro de Cristo, propôs-se seguir o trilho de São Bernardino de Sena, a quem várias vezes ouvira pregar e por quem ficara fascinado, em especial quando em 1438 ele pregou em Áquila sobre a Assunção de Maria em corpo e alma ao céu. A multidão imensa no meio da qual se encontrava Bernardino viu brilhar no céu uma estrela luminosa cujo esplendor superava o do sol.
              De São Bernardino de Sena copiou o nosso frei Bernardino o espírito de fé e de recolhimento, a prudência, a humildade, a modéstia, o zelo ardente pela glória de Deus. Por isso o vemos a calcorrear cidades e mais cidades a pregar a palavra de Deus, suscitando por toda a parte o entusiasmo e obtendo numerosas conversões.
             Durante oito meses esteve prostrado de cama, atormentado por terríveis sofrimentos, suportados como exemplar resignação. Até que um dia lhe apareceu o seu patrono São Bernardino de Sena, que lhe obteve do Senhor a cura completa.
             Liberto dos compromissos que a ordem lhe confiara, regressou aos Abruzos e prosseguiu as lides apostólicas com renovado fervor. Fundou novos conventos, entre eles o de Santo Ângelo de Ocre na sua região natal, onde decidiu viver até avançada idade. Aos 83 anos, esgotado pelos trabalhos apostólicos e pela austeridade de vida, retirou-se ao convento de São Julião próximo de Áquila, a preparar-se para o encontro com a irmã morte, que sobreveio no dia 27 de novembro de 1503. Foi um digno filho de São Francisco e fiel imitador de São Bernardino de Sena, e Deus não deixou de avalizar a sua santidade com o dom dos milagres.

Beato Ludovico Roque Gientyngier, sacerdote e mártir

          
  
          Este sacerdote e mártir polonês nasceu em Zarki no dia 16 de agosto de 1904. Concluído seus estudos primários em Czestochowa no ano de 1922 ingressou no seminário maior de de Kielce, e quando se criou a diocese de Czestochowa se incardinou nela.
            Foi ordenado sacerdote em 25 de junho de 1927, logo foi enviado como vigário cooperador da paróquia de Strzenieszyce no tempo em que continuava seus estudos na Universidade Jagelônica de Cracóvia na qual se gradua em 1929.
             Enviado para ensinar religião nas escolas de sua diocese, temia pela nomeação de diretor do Instituto Diocesano de Wielun. Mas no dia em que ia começar seus trabalhos acontece a invasão da Polônia com a consequente política antipolaca de seus ocupantes.
              Segue por um tempo Wielun mas logo em seguida é enviado para a paróquia de Raczyn. Ali desempenha as funções de pároco até o dia 6 de outubro de 1941 em que é preso e levado para o campo de concentração de Konstantynow, e logo depois para Dachau
               Foi assassinado pelos guardas do campo em 30 de novembro de 1941 e beatificado pelo Papa João Paulo II em 13 de junho de 1999.





São Galgano Guidotti, eremita

            

             Galgano Guidotti, filho de Guido e Dionisa, nasceu em 1148 em Chiusdino (Siena), um pequeno burgo não muito longe do local da Abadia, em uma época da Idade Média repleta de violência. E Galgano também, como outros cavaleiros, era prepotente e cheio de si pela juventude despretensiosa e frívola que vivia.
              Com o passar do tempo, Galgano começou a perceber a inutilidade do seu estilo de vida, e ficou atormentado por não ter nenhum objetivo para a sua. Foi nesse estado de ânimo que decidiu mudar, retirando-se na colina de Montesiepi. Galgano abandonou o seu mundo, infeliz pelo que cometeu e por aquilo que via diariamente, para dedicar-se a uma vida de eremita e penitência, em busca daquela paz que àquele tempo não era consentida.
              Como um sinal de renúncia perpétua a qualquer forma de violência, pegou sua espada e a fincou em uma rocha, com a intenção de usá-la como cruz, em frente à qual rezava. Um grande gesto simbólico. Era o ano de 1180. Galgano morreu em 3 de dezembro de 1181 e em 1185 foi declarado Santo pelo Papa Lucio III.
               Nos anos sucessivos, à sua morte foi construída uma igrejinha ao redor da espada, que ali continua, protegida por uma redoma de acrílico. As ruínas da antiga Abadia também podem ser vistas, e o cenários dos campos toscanos ao redor tornam a visita mais do que especial.




Abadia de São Galgano, Itália


quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Beato Frederico de Ratisbona, religioso

           

           O beato Frederico nasceu em Ratisbona, Bavária, Alemanha. Seus pais pertenciam à classe média.
            Entrou na Ordem como irmão não clérigo no mosteiro agostiniano de São Nicolau em sua cidade natal. O mosteiro era a mais importante comunidade da Província da Bavária naquela época, e acolheu o capítulo geral da Ordem Agostiniana de 1290. Nele, a primeira Constituição dos Agostinianos foi promulgada.
           Frederico serviu a comunidade como carpinteiro e tinha a responsabilidade de prover à casa a lenha necessária para o uso cotidiano, modesto trabalho levado a cabo durante anos unido a uma profunda vida de oração.
            É lamentável que seja pouco o que se sabe de sua vida. Conhecemos, isso sim, alguns relatos lendários do século 16, como os que aparecem na biblioteca do capítulo metropolitano de Praga.
            Algumas pinturas representando cenas da vida de Frederico e encomendadas por ocasião de sua morte ajudaram a inspirar tais lendas.
            Entre elas, a mais conhecida narra como um dia, impossibilitado de assistir à missa e estando no mesmo lugar onde se encontrava trabalhando, Frederico recebeu a comunhão das mãos de um anjo.
           A carga de colorido com a que se apresentam os fatos históricos, em conformidade aos gostos do tempo, hoje faz com que tais relatos sejam vistos com fortes reservas, ou inclusive, com rechaço. Porém, há de se ter em conta que interessava ao narrador medieval confirmar o reconhecimento divino da santidade mediante o milagre.
Mais que escrever propriamente um biografia, a intenção era a de representar exemplos de virtude e ideais religiosos que animassem a segui-los.
           Episódios como o exposto acima atestam a devoção eucarística de nosso beato e provam o profundo efeito produzido entre seus contemporâneos e a continuidade da piedosa memória de que foi objeto ao longo dos séculos.
          O Prior Geral dos Agostinianos, Clemente Fulh, atesta em uma carta dirigida aos irmãos não clérigos que "o beato Frederico chegou ao cume da perfeição obedecendo fielmente as normas estabelecidas por Santo Agostinho e soube integrar de maneira admirável a vida perfeitamente contemplativa com a vida perfeitamente ativa".
          Frederico morreu em Ratisbona no dia 29 de novembro de 1329. Logo depois de sua morte muito milagres foram creditados por sua intercessão. Seus restos repousam na igreja agostiniana Santa Cecília em Ratisbona.
          No dia 12 de maio de 1909 o papa Pio X ratificou o ininterrupto culto que Frederico havia gozado e o proclamou beato.

Santos Dionísio e Redento, mártires

           

           Os carmelitas, Dionisio e Redento, encontraram-se no ano de 1635, no Convento do Carmo, em Goa. Sem antes se conhecerem, aqui se juntaram para virem a ser os primeiros mártires da família fundada por Santa Teresa de Jesus e S. João da Cruz.
            O Beato Redento da Cruz é portugês, natural de Cunha,Paredes de Coura, Viana do Castelo. Aqui nasceu em 1598. O seu nome de batismo foi Tomás Rodrigues da Cunha. Cresceu embalado por sonhos dourados de guerreiro e de glória. Muito jovem ainda dirigiu-se a Lisboa, onde embarcou para a India vindo a ser nomeado capitão pela sua valentia nas batalhas em que tomou parte. Não só devido à sua valentia, mas também à destreza e ao seu espírito afável e temperamento comunicativo e alegre, conquistava as simpatias de quantos o conheciam.
            Na cidade de Tatá, no reino de Sinde, conheceu os carmelitas descalços que aí tinham uma comunidade. Depressa se sentiu atraído peio estilo de vida destes homens que, seguindo os passos de S. Teresa de Jesus e S. João da Cruz, viviam uma santidade alegre e comunicativa. A princípio, o prior do convento escusou-se a admitir o capitão da guarda de Meliapor pensando que ele não era para aquele género de vida. Mas Tomás Rodrigues da Cunha tanto insistiu que o prior acedeu ao seu pedido deixando-o tomar hábito e iniciar o noviciado. Tomás deixou tudo: a carreira militar, a posição social, a glória e até o nome vindo a chamar-se, desde então, Frei Redento da Cruz.
           No ano de 1620, foi fundado o nosso convento do Carmo de Goa, para onde foi enviado Frei Redento, depois de também ter sido frade conventual no convento de Diu. Frei Redento cativava com a sua simpatia e era estimado por todos por ser alegre, simpático e com um grande sentido de humor. Em Goa, deram-lhe o ofício de porteiro e sacristão.
          No ano de 1600, em França, nasceu Pedro Berthelot. Também este jovem se inclinou para o mar fazendo-se marinheiro apenas com 12 anos de idade. Em 1619, também ele embarca para a India, onde trabalhou para a armada francesa e holandesa, ao serviço de quem se tornou célebre, ascendendo a piloto de caravela. Finalmente colocou-se ao serviço dos portugueses que o nomearam Piloto-mor e Cosmógrafo das Indias. Deixou-se contagiar pelo testemunho do carmelita, Frei Filipe da Santíssima Trindade e decidiu, como ele, fazer-se carmelita. Todos os dias visitava a igreja do Carmo e um dia decidiu tomar hábito. Era a véspera do Natal e recebeu o nome de Frei Dionísio da Natividade.
           Em 1636, os holandeses atacaram Goa. O Vice-rei das índias escreve ao Prior do Carmo pedindo-lhe licença para o noviço Frei Dionísio comandar as operações. O que aconteceu. O Piloto-mor e Cosmógrafo das Indias, agora vestido de hábito castanho e capa branca e calçando sandálias, conduziu a esquadra portuguesa à vitória. Em 1638 foi ordenado sacerdote.
           O Irmão Redento da Cruz continuava o seu ofício de porteiro do convento do Carmo de Goa, enquanto Frei Dionísio se preparava para o sacerdócio. Todos conheciam o porteiro do Carmo e todos o tinham por santo. Não perdia ocasião de a todos edificar oferecendo fios, que arrancava do seu hábito, às pessoas suas amigas, dizendo-lhes que eram relíquias de santo. As pessoas riam-se com Frei Redento, mas ele apenas dizia: «agora riem-se, mas esperem um pouco e haveis de ter pena de não ter mais relíquias minhas». Deus segredava-lhe ao coração que um dia seria santo. Em 1638 novamente foi solicitado ao Prior dos carmelitas que autorizasse Frei Dionísio a comandar uma nova expedição. Concertadas as coisas, Frei Dionísio escolheu e pediu por companheiro a Frei Redento da Cruz que ao despedir-se da comunidade disse sereno e de bom humor: «se eu for martirizado pintem-me com os pés bem de fora do hábito, para que vendo as sandálias todos saibam que sou carmelita descalço». Tentaram, as pessoas e benfeitores do convento, impedir por todos os meios a saída do santo porteiro do Carmo temendo o seu martírio. Finalmente, como último recurso, colocaram-lhe drogas na comida para o adormecerem, mas estas não surtiram efeito. Seguidamente embarcou o santo exclamando: «vamo-nos que tenho de ser mártir».
            De fato, traídos pelo rei de Achem, a armada portuguesa foi surpreendida e detida. Forçaram-nos a renegar a fé mas não conseguiram tal traição a Cristo de nenhum dos 60 prisioneiros. Decidiram o seu martírio. Muitos dos sessenta prisioneiros eram rapazes jovens. Havia também um sacerdote indiano que recusou a liberdade. Frei Redento foi o primeiro a ser martirizado, encorajando os companheiros de martírio; Frei Dionísio, o último para a todos confortar.
            Era o dia 29 de Novembro de 1638. Quando em Goa se soube do acontecimento, repicaram os sinos na igreja do Carmo como em dia de grande festa e cantaram um Te Deum em ação de graças.

Santo Álvaro Pelágio, bispo

            

            Julga-se que Álvaro fosse filho ilegítimo do trovador galego e almirante de Castela Paio Gómez Charino. Estudou primeiramente na corte de Sancho IV de Castela, tendo depois partido para Itália, a fim de estudar direito em Bolonha e Perugia. Em Bolonha, tendo por mestre Guido de Baisio, obteve o grau de doutor nos dois direitos (o civil e o canônico).
             Em 1304, contactando os Frades Menores reunidos em capítulo em Assis, e em particular com o seu Mestre-Geral, Gonçalo de Balboa, ingressou naquela oredem mendicante, tendo renunciado aos seus bens e doado-os aos pobres. Envolveu-se nas disputas internas da ordem, aproximando-se dos espirituais, que defendiam uma interpretação mais rigorosa das palavras de São Francisco no que tocava à pobreza. No entanto, por obediência ao Papa (João XXII), acabou por se afastar dessa corrente.
             Permaneceu em Itália, primeiro Perugia, depois em Assis, tendo enfim mudado-se para Roma, estabelecendo-se na Igreja de Santa Maria in Aracoeli. Grande defensor do primado do Papa sobre o poder dos príncipes, tornou-se legado do Papa João XXII no conflito que o opunha junto do Imperador, Luis da Baviera. Quando o Imperador fez coroar o seu representante, Pietro Rainalducci, como antipapa (sob o nome de Nicolau V), Álvaro fugiu para Anagni (1328), setenta quilómetros para sudoeste de Roma.
             Daí partiu para Avinhão (1330), onde se achava o Papa com a sua corte, tendo exercido o cargo de penitenciário apostólico. Em 1332, o Papa conferiu-lhe dispensa da bastardia, o que lhe permitia o acesso a cargos eclesiásticos, tendo sido nomeado bispo titular da diocese de Corona, na Grécia, não tendo contudo chegar a tomar posse.
             Em 9 de junho de 1333, o Papa nomeou-o bispo de Silves, regressando enfim à Península Ibérica. Envolveu-se em conflito com o rei português Dom Afonso IV, por não o apoiar na guerra que este declarara ao monarca castelhano Afonso XI, bem como por não concordar com os impostos extraordinários lançados sobre os bens eclesiásticos para poder manter o conflito. Chegou a ser atacado por sicários do rei, tendo fugido para Sevilha, cidade a partir da qual continuou a reger a sua diocese até à sua morte.

Obra

As três principais obras de Álvaro Pais são:
  • De statu et planctu Ecclesiæ (Do estado e do pranto da Igreja), obra composta entre 1332 e 1335, na qual defende o primado do poder da Igreja sobre o poder temporal, condenando a eleição do antipapa Nicolau e reconhecendo a legitimidade de João XXII;
  • Speculum regum (Espelho de reis), escrita em Tavira entre 1341 e 1344, durante a sua estada à frente da diocese de Silves, dedicada ao rei Afonso XI de Castela e ao cardeal Gil de Albornoz; é considerada por muitos a sua obra-prima, inspirada no De regimine principum de Egídio Romano, e destinada à instrução dos soberanos e à sua orientação no tocante às virtudes que devem por eles ser cultivadas;
  • Collyrium fidei adversus hæreses (Colírio da Fé contra os hereges), de 1348, onde condena os averroístas, os espirituais, as beguinas e os begardos, os judeus e os muçulmanos.
              A sua obra marcou várias gerações, tendo o «Espelho de Reis» sido obra sempre presente nas bibliotecas dos reis de Portugal (sabendo-se que existiram vários exemplares nas de Dom Duarte e Dom Afonso V, tendo o primeiro inspirado-se em várias das suas teses para compor uma das suas mais famosas obras, o Leal Conselheiro).

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

São Sóstenes, discípulo de São Paulo

São Sóstenes viveu no primeiro século e foi discípulo do Apóstolo Paulo. O Martirológio afirma a seu respeito: "Perto de Corinto, a morte de São Sóstenes, um dos discípulos do bem-aventurado Apóstolo Paulo, que o menciona ao escrever aos coríntios. Sóstenes era chefe da sinagoga daquela cidade, mas, convertido a Jesus Cristo, foi batido com violência em presença do procônsul Galião, consagrando por um glorioso princípio as primícias da sua fé (primeiro século)". De fato, na primeira Carta ao Coríntios, Paulo diz: "Paulo, apóstolo de Jesus Cristo por vontade e chamado de Deus, e o irmão Sóstenes, à igreja de Deus que está em Corinto ..." (1 Coríntios 1,1).
Nesta carta à comunidade de Corinto, Paulo exorta os cristãos à união. Corinto era uma cidade rica e de florescente comércio. Ali, raças e religiões se mesclavam. O ambiente corrompido e ganancioso apresentava-se como um desafio às comunidades cristãs, muitas vezes divididas internamente.
As advertências e as orientações que Paulo faz aos cristãos de Corinto ainda continuam sendo de grande valor para nós, hoje, chamados à dar testemunho numa sociedade consumista, dividida, profanadora dos mais altos valores da pessoa humana. Mais do que nunca devemos lembrar o ensinamento de Paulo: Jesus Cristo ressuscitado, presente e vivo na comunidade, é o Senhor de todos. Nele nos tornamos um único corpo, uma só alma e um só coração.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

São Virgílio de Salzburgo, bispo

           


              São Virgílio nasceu no ano 700, na Irlanda, onde abraçou com sua juventude e ardor a vida monástica e sacerdotal. Foi batizado com o nome de Fergal, depois traduzido para o latim como Virgílio. Católico, na juventude voltou-se para a vida religiosa, tornou-se monge e, a seguir, abade do Mosteiro de Aghaboe, na Irlanda, onde adquiriu vasta cultura não só teológica e bíblica, mas também científica, sobretudo em matemática e geografia. Deixou a ilha em peregrinação evangelizadora em 743 e não mais voltou. Por isso, é considerado um dos grandes missionários irlandeses do período medieval.
            Pepino, rei dos francos, desejando fundar em seu reino centros culturais e pacificar o seu povo com a fé cristã, convidou Virgílio em 743 para abrir uma escola superior na região da Baviera, junto ao Duque Odilon. Com a morte do bispo de Salzburgo, atual Áustria, Virgílio foi eleito abade da Abadia de São Pedro, do qual dependia o bispado. Nesta qualidade, Virgílio devia governar a diocese embora sem sagração episcopal.
            Na época, São Bonifácio, o chamado apóstolo da Alemanha, atuava como representante do papa na região, e caberia a ele essa indicação e não a Odilon. O que o desagradou não foi a escolha de Virgílio, mas o fato de ter sido feita por Odilon. Ambos nutriam entre si uma profunda divergência no campo doutrinal e Virgílio participava do mesmo entendimento de Odilon. Essa situação perdurou até a morte de são Bonifácio, quando, e só então, ele pôde ser consagrado bispo de Salzburgo.
             Como pastor e mestre da diocese, Virgílio se destacou por seu zelo, por seu espírito de organização, pelas iniciativas que visavam a educação religiosa do povo e por seu alto saber. Conhecia o grande apóstolo da Alemanha, São Bonifácio, discutindo inclusive com ele questões litúrgicas e doutrinais, chegando ambos a acordo amigável.
             Edificou uma catedral majestosa separada do mosteiro de São Pedro, dando origem a uma pacífica distinção entre a abadia dos monges e a diocese. O rei Pepino, ao convidar Virgílio a trabalhar em seu reino, talvez tivesse objetivos políticos, mas o santo soube habilmente corrigi-los, impondo sua ação pastoral e seu ensinamento num plano exclusivamente espiritual e com preocupações unicamente morais.
              Virgílio era apelidado de “o Geômetra” em seu tempo. Viveu oito séculos antes de Galileu e Copérnico e já sabia que a Terra era redonda, o que na ocasião e em princípio era uma heresia cristã. Foi para Roma para se justificar com o papa, deixou a ciência de lado e abraçou integralmente o seu apostolado a serviço do Reino de Deus como poucos bispos consagrados o fizeram.
             Em 755, um ano após a morte de São Bonifácio, Virgílio foi consagrado bispo de Salzburgo. Continuou evangelizando a Áustria de Norte a Sul, inclusive uma parte do Norte da Hungria. Fundou e restaurou mosteiros e igrejas, com isso construiu o primeiro catálogo e crônica dos mosteiros beneditinos, obra magistral que continuou seus relatórios por cinco séculos, transmitindo preciosas notícias da vida cristã, inclusive, oito mil nomes de personalidades e lugares.
             Virgílio faleceu aos 27 de novembro de 784, já octogenário. Foi sepultado na Catedral de Salzburgo por ele construída e que foi destruída pelo fogo 500 anos depois. Contudo, suas relíquias foram salvas e, por ocasião da trasladação, ocorreram vários milagres. O Papa Gregório IX reconheceu oficialmente a santidade do grande bispo Virgílio, em 1233, que recebeu um vasto culto popular, sobretudo na Alemanha.  São Virgílio foi proclamado padroeiro de Salzburgo.



Ficheiro:Salzburg cathedral frontview-2.jpg

Catedral de Salzburgo, dedicada a São Ruperto e São Virgílio, Austria, construída por São Virgílio


Salzburto e a Catedral



Beato Salvador Lilli, mártir

            

             Nasceu para a vida terrena numa Capadócia da Itália, província de Áquila, e durante 15 anos trabalhou como missionário na célebre região da Capadócia, atualmente turca, junto à Armênia, onde nasceu pelo martírio para a vida do céu.
             Foi o sexto e último filho de uma família de boa prática religiosa e situação econômica desafogada, devido à atividade comercial do pai. O ambiente familiar profundamente cristão fez germinar e crescer no menino Salvador sentimentos de fé e piedade, e ao mesmo tempo as possibilidades econômicas permitiram-lhe uma preparação e instrução escolar fora do comum.
              Aos 18 anos, Salvador apresentou-se ao guardião do convento de São Francisco da Ripa, em Roma, pedindo para ser admitido na ordem dos frades menores. Em 1863 resolveu ir como missionário para a Terra Santa, onde desde os tempos de São Francisco os franciscanos são encarregados de cuidar de santuários e assistir a peregrinos. Continuou na Palestina os estudos de filosofia e teologia, primeiro em Belém e a seguir em Jerusalém, onde foi ordenado sacerdote em 1879. No ano seguinte foi à Turquia; como conhecia diversas línguas orientais, a árabe, a turca e a armênia, desenvolveu um frutuoso apostolado entre os cristãos dessas regiões, sobretudo em Marasc.
              Em 1885 voltou à Itália para visitar a família e os confrades, e logo no ano seguinte regressou a Marasc, onde, como superior da missão no quadriênio de 1890-1894 realizou importantes obras de caridade e de assistência social em favor dos fiéis.
              Coadjuvado por outros confrades, durante 15 anos a sua ação apostólica não se limitou a atividades religiosas, senão que também fomentou a instrução e a promoção social dos pobres. Graças aos seus extraordinários dotes de inteligência e de coração e ao perfeito conhecimento da língua turca, tanto falada como literária, depressa e sem dificuldade granjeou o afeto dos cristãos e a estima e o respeito dos não cristãos, inclusivamente das autoridades, devido sobretudo aos empreendimentos de ordem social, como o de ter adquirido uma grande propriedade e a ter dotado de alfaias agrícolas e ter aberto um dispensário.
               Em 1885 os mulçumanos desencadearam uma perseguição armada, sistemática e feroz contra a minoria armênia da região. Frei Salvador, que havia dezesseis meses era pároco, além de superior da fraternidade, recusou fazer-se muçulmano. Ferido numa perna, e depois feito prisioneiro com dez dos seus paroquianos, foi assediado pelos maometanos, com subornos e com ameaças, no intuito de o fazerem apostatar. Mas manteve-se sempre firme e inquebrantável; e apesar da ferida da perna, que provocava grande perda de sangue, ainda confortava e animava os outros, dizendo-lhes: “Meus filhos, sede fortes na fé, não vos façais muçulmanos. O sofrimento passa depressa, e no céu está à nossa espera Jesus com todos os seus santos. Coragem! Depois do martírio espera-nos a coroa de glória no paraíso”.
             No dia 22 de novembro de 1895, junto com sete cristãos armênios seus paroquianos, foi imolado a golpes de baioneta. No dia 3 de outubro de 1982, como conclusão do oitavo centenário do nascimento de São Francisco (1182-1982), o papa João Paulo II proclamava Bem aventurados Salvador Lilli e os sete cristãos seus companheiros no martírio pela fé em Cristo.

Beato Mateus Álvares, mártir

             O pai de Mateus Álvares era português, e a mãe japonesa. O filho foi um cristão exemplar já em vida, mas, sobretudo na morte. Pertence ao número imponente dos convertidos japoneses depois da mais antiga experiência de evangelização desse país do extremo Oriente, ligado à história e à glória de São Francisco Xavier.
             São Francisco Xavier tinha estado no Japão por volta de 1550, e aí lançara as primeiras sementes do apostolado cristão. Depois dele, a obra evangelizadora foi continuada pelos seus confrades da Companhia de Jesus, com êxito tanto mais surpreendente, quanto era difícil penetrar naquela cultura e mentalidade muito diferente da ocidental, e ainda devido à complexidade da língua japonesa.
             Apesar disso, menos de 30 anos depois, em 1587, já se contavam no Japão mais de 200.000 cristãos. Um deles era o Beato Mateus Álvares. Batizado pelos franciscanos, tinha-se inscrito na ordem terceira de São Francisco e esforçava-se por viver segundo o espírito seráfico. Como bom japonês, conhecia perfeitamente as doutrinas e os costumes budistas, e isso permitiu-lhe sair vencedor em variadas discussões e obter numerosas conversões.
             Durante certo tempo os missionários do Japão viveram em clima de tolerância e inclusivamente de simpatia. Mas de repente, por motivos diversos e complexos, foi decretada a expulsão dos missionários estrangeiros. Contudo, grande parte dos religiosos não fizeram caso do decreto e continuaram lá, na clandestinidade, prosseguindo com as devidas cautelas o trabalho de apostolado e assistência às comunidades cristãs. Sucedeu que a chegada de novos missionários e o seu proselitismo demasiadamente descarado sobressaltou as autoridades, que decretaram a prisão de todos os missionários e também de cristãos mais notáveis.
             Mateus foi detido e levado para a cadeia, onde já encontrou outros cristãos e missionários. Todos sofreram refinadas e humilhantes torturas, entre as quais a de serem expostos à irrisão e escárnio das populações. Eram também solicitados a renegar a fé cristã; mas nem ele nem nenhum dos companheiros desertou. Finalmente a 8 de setembro de 1628 foi executado na colina próxima de Nagasáki, chamada mais tarde a Colina Sagrada. Foi primeiro atravessado com lanças cruzadas que lhe atravessaram o coração, e de seguida decapitado. Antes de morrer dirigiu-se pela última vez ao povo para exortar à perseverança, e aos verdugos para lhes declarar o seu perdão.
             Sobre a Colina Sagrada, ou Colina dos Mártires, de Nagasáki, erguia-se um estandarte não de derrota, mas de perene vitória.

Beata Isabel Bona

           


            A filha saiu aos pais, humildes e pobres de bens temporais, mas ricos de virtude: também ela se distinguiu desde a meninice por uma piedade rara, inocência virginal e um feito tão doce e amável que todos a tratavam como a "Boa" (Bona), sobrenome por que ficou a ser conhecida.
           Quando Isabel contava 14 anos, o padre Conrado Kigelin, seu confessor, aconselhou-a a deixar o mundo e tomar o hábito da ordem terceira de São Francisco. Passou a viver segundo a regra franciscana primeiramente em sua própria casa; mas pouco depois achou melhor deixar os pais para ir viver com uma piedosa terceira franciscana. O demônio para impedir os progressos de Isabel no caminho da perfeição, atormentava-a com frequência. Enquanto ela aprendia a arte de tecelã, enrodilhava-lhe o fio, estragava-lhe o trabalho, fazia-a perder a metade do tempo em reparações de defeitos. Mas Isabel levava sempre a melhor com a sua paciência a toda a prova.
            Quando ela completou 17 anos, o padre Conrado Kigelin orientou-a para uma comunidade feminina onde algumas religiosas seguiam com fervor a regra franciscana da ordem terceira. Enquadrada nessa comunidade, Isabel continuou sempre com a mesma doçura e obediência, assídua à oração e à penitência, preferindo os ofícios mais humildes, tão amante da solidão que só saía do convento por motivos de força maior, a ponta de lhe chamarem "a reclusa".
            O demônio continuou a persegui-la de forma implacável, mas sem êxito. Foi atacada pela lepra e outros sofrimentos físicos. No entanto, essas novas provações ainda tornaram mais heróica a paciência de Isabel, que nunca se queixava de nada, pelo contrário, louvava a Deus por tudo.
            E Deus compensou as virtudes da sua humilde serva, favorecendo-a com êxtases e visões maravilhosas. Durante o concílio ecumênico de Constança prognosticou o fim do cisma do ocidente e a eleição do papa Martinho V. Jesus concedeu-lhe a graça de experimentar os sofrimentos da sua Paixão e de receber no corpo a impressão das Chagas. Por vezes a cabeça aparecia ferida por espinhos. No meio das dores, exclamava: "Obrigada, Senhor, por me fazeres sentir as dores da tua Paixão!". As chagas apareciam apenas de vez em quando, mas os sofrimentos eram contínuos. O padre Conrado Kigelin, que foi sempre o seu diretor espiritual, deixou-nos uma biografia da sua dirigida, escrita por ele próprio. Isabel foi uma alma mística, rica de especiais carismas. Morreu a 25 de novembro de 1420, com 34 anos de idade.

São Francisco Antônio Fasani, sacerdote

            
 
 
             Francisco Antônio Fasani, natural de Lucera, na região italiana da Apúlia, era filho duma família de modestos lavradores. Sendo ainda muito novo, entrou na ordem franciscana, no convento de Lucera dos frades menores conventuais, e não tardou distinguir-se pela inocência de vida, espírito de penitência e pobreza, ardor seráfico e zelo apostólico, a ponto de parecer um São Francisco redivivo.
             Fez o noviciado no convento do Monte Santo Ângelo, no Gárgano, e aí emitiu os votos de consagração ao Senhor em 1699. Quatro anos depois, para completar a formação, foi enviado para o Sacro Convento de Assis, onde foi ordenado sacerdote em 1705.
             Dali passou ao colégio de São Boaventura, onde recebeu o título de mestre de teologia – e por isso daí em diante os seus conterrâneos de Lucera começaram a chamar-lhe de o “Padre Mestre”. Voltando para Assis, dedicou-se à pregação pelas aldeias, até que pouco depois voltou definitivamente à sua terra natal.
             A partir da cátedra, do púlpito ou do confessionário, o seu apostolado era sempre intenso e fecundo. Percorreu todas as terras da Apúlia e arredores, merecendo o epíteto de “apóstolo da sua terra”. Profundo em filosofia e não menos em teologia, começou por ser leitor e prefeito de estudos no Colégio de Filosofia de Lucera. Depois foi mestre de noviços e guardião do convento, e sempre modelo de observância regular para os confrades, sendo por isso nomeado em 1721, por especial Breve de Clemente XI, ministro da Província religiosa de Santo Ângelo, que nesse tempo era muito extensa. Escreveu diversas obras de pregação, entre elas um “Quaresmal” e um “Marial”. A sua principal preocupação ao falar ao povo era fazer-se entender por todos. Por isso a sua catequese, tipicamente franciscana, era especialmente dirigida ao povo simples, pelo qual ele sentia particular atração.
              Outra característica sua foi uma inesgotável caridade para com os pobres. Entre as diversas iniciativas, promoveu o simpático costume de recolher e distribuir prendas úteis para os pobres por ocasião do Natal. Também foi notável o seu zelo sacerdotal na assistência a presos e condenados à morte, a quem acompanhava até o lugar do suplício, para os consolar nos derradeiros momentos. Neste admirável ministério da caridade antecipou-se a São José Cafasso. Mandou restaurar a bela igreja de São Francisco em Lucera, centro da sua incansável atividade sacerdotal durante 35 anos. Às pessoas de quem era diretor espiritual recomendava a devoção a Santíssima Virgem, em especial no privilégio da Imaculada Conceição.
             Aos 61 anos de idade morreu onde nascera, em Lucera, a 29 de novembro de 1742, o primeiro dia da grande novena da Imaculada. O seu corpo é venerado na igreja de São Francisco.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Beato Poncio de Faucigny, abade

            Beato Pôncio aos vinte anos de idade retirou-se para o mosteiro de Santa Maria D’Abondance dos Cônegos Regulares. Perfeito exemplo de observância regular estimulou os companheiros a escolherem e abraçarem a regra de Santo Agostinho, mesmo com devidas adaptações.
            Aumentando o número dos companheiros, construiu outro mosteiro perto de Sixt e encorajou alguns abades vizinhos a formar uma Congregação da Ordem Canonical. Morreu em 1178.

São João Berchmans, seminarista

 
 
João Berchmans nasceu em Diest (Bélgica), em 1599. De família muito humilde, teve que trabalhar como criado para pagar os seus estudos. Não pôde realizar outra coisa em sua vida do que ser estudante, caso insólito dentro da tipologia da santidade medieval e da sua concepção de santidade “heróica”
Contudo, viveu toda a vida sob o império da santidade. Cada um dos seus atos era realizado como numa competição consigo mesmo. Foi chamado “o mestre do detalhe na santidade”, Maximus in minimus” era seu lema. Assim, em Berchmans o heróico ganhou um novo sentido, ou como ele mesmo escrevia: “Minha penitência, a vida diária”
Entrou para a Companhia de Jesus em 1616 e estudava filosofia quando adoeceu, morrendo em 1621. Amorosamente fiel às regras, humilde, colega sempre alegre e gentil, estudante esforçado, tornou-se padroeiro da juventude e modelo de obediência e amor à Companhia de Jesus. Foi canonizado por Leão XIII em 1888.

São Silvestre Gozzolini, abade e fundador

            Nasceu em Osino, na Itália no ano de 1177. Estudou direito e teologia nas universidades de Bolonha e Pádua e logo foi nomeado cônego do cabido da catedral de Osino.
            Assistindo em um certo dia aos funerais de um homem ilustre, parente seu, compreendeu em que terminam as vaidades humanas. Então decidiu separar-se do mundo. Deixou tudo o que tinha e se retirou ao deserto onde se decidiu pela meditação e pela penitência.
             Mais tarde construiu no Monte Fano uma igreja em honra de São Bento e, com outros companheiros fundou uma orden religiosa beneditina, chamada de Monjes Silvestrinos.
             Célebre em santidade, morreu com quase 90 anos em 1266.
             










domingo, 25 de novembro de 2012

Beato Jacinto Serrano López, sacerdote e mártir

            


            Ficou órfão de mãe poucos meses depois de nascer e de pai aos seis anos de idade. Ingressou na Escola Apostólica de Solsona em 1913 e foi ordenado sacerdote em 1925. Enquanto estudava na Faculdade de Ciências Fisico-químicas de Valência, exerceu a profissão de professor no seminário dominicano de Calanda.
            Foi diretor da revista «Rosas y Espinas», colaborador da revista «Contemporánea» e director da «Asociación de Señoritas de la Beata Imelda», até que em 1936 se tornou Vigário Provincial da Ordem dos Pregadores (dominicanos). Nessas funções tratou de providenciar a saída para França dos demais religiosos da sua ordem, em virtude das perseguições decorrentes da Guerra Civil Espanhola.
             Em Novembro desse mesmo ano, foi detido e fuzilado no dia 25, na povoação de Puebla de Hijar, gritando nos seus momentos finais: «Viva Cristo-Rei».

Beata Elisabete Achler de Reute, virgem

           

            Elisabete nasceu em Waldsee, Württemberg, sul da Alemanha, em 25 de novembro de 1386, filha de João e Ana Achler, humildes e virtuosos pais. Ela cresceu no meio de numerosos irmãos e irmãs. Seu pai era muito respeitado na corporação dos tecelões.
             Desde jovem Elisabete se distinguiu por uma rara piedade, inocência virginal e um caráter tão doce e amável, que todos a chamavam “a Boa”, nome que a acompanhou sempre ("Gute Beth", como é conhecida na Alemanha).
             Seu confessor, o Padre Konrad Kügelin (1367-1428), dos Cônegos Regulares de Santo Agostinho, aconselhou-a a deixar o mundo para tomar o hábito de São Francisco na Ordem Terceira. Elisabete tinha então 14 anos. Observou a regra franciscana primeiramente em sua casa, porém, considerando os perigos que punham obstáculos à caminhada para a perfeição, abandonou seus pais e foi viver com uma piedosa terciária franciscana.
             O demônio, invejoso dos progressos de Elisabete na perfeição, a atormentava com frequência. Enquanto ela aprendia a arte de tecer, ele enredava o fio, estragava o seu trabalho, forçava-a a perder a metade do tempo reparando os danos. Elisabete lutou com paciência e perseverança.
Convento de Reute (atual)
              Em 1403, aos 17 anos, o confessor a encaminhou para uma comunidade religiosa de Reute, próximo de Waldsee, erigida com a ajuda de Jakob von Metsch, onde algumas religiosas seguiam com fervor a Regra Franciscana. Em 1406 a comunidade foi elevada a convento franciscano e as Irmãs seguiram a Regra da Ordem Terceira Franciscana.
             Elisabete, sempre doce, obediente, assídua na oração e na penitência, preferia os ofícios mais humildes da comunidade; amante da solidão, não saia do convento senão por motivos graves, tanto que a chamavam “a reclusa”. Ela se ocupava da cozinha e cuidava dos pobres que batiam na porta do convento. A sua vida de religiosa se passava sobretudo na contemplação e na participação da Paixão de Cristo.
            O demônio continuou a persegui-la sob forma terrível, porém, fortalecida com a penitência e a oração, conseguiu vencer seus artifícios. Foi atacada pela lepra, e outros sofrimentos corporais. Estas provas serviram para fazer brilhar mais sua paciência heróica, e, sem se queixar, bendizia a Deus por tudo.
             Deus, comprazido com as virtudes de sua humilde serva, favoreceu-a com êxtases e visões maravilhosas. Obteve que algumas almas do Purgatório aparecessem a seu confessor para solicitar os sufrágios e as aplicações de Santas Missas. Durante o Concilio de Constança, predisse o fim do grande Cisma do Ocidente e a eleição do Papa Martinho V.
             Jesus concedeu a ela a graça de sofrer em si mesma as dores da Paixão e de receber em seu corpo a impressão das Sagradas Chagas. Às vezes sua cabeça aparecia ferida pelos espinhos. Em meio à dor exclamava: “Graças, Senhor, porque me fazeis sentir as dores de vossa Paixão!”. As chagas apareciam somente em intervalos, porém os sofrimentos eram contínuos.
              A Beata morreu em Reute no dia 25 de novembro de 1420, aos 34 anos de idade. O seu culto se difundiu logo após a sua morte e foi confirmado pelo Papa Clemente XIII em 1766.
             O Padre Konrad Kügelin foi sempre seu diretor espiritual e logo após a sua morte escreveu uma biografia em língua latina que foi difundida em numerosas versões, inclusive na língua alemã. O relato apresentava os elementos essenciais, segundo o modelo da Vida de Santa Catarina de Siena, e serviu como base para o processo de canonização de Elisabete.
Aspecto de Reute, Alemanha
     Elisabete foi uma mística rica de dons excepcionais: teve visões, êxtases, passou três anos sem tocar em alimento e levava os estigmas. Mas sobretudo foi uma jovem do povo que seguiu as pegadas de Jesus Cristo. Ela é a única entre as místicas dos séculos XIV e XV que se tornou popular e ainda hoje é venerada.
     Sua festa é celebrada em 25 de novembro. É venerada sobretudo na Baviera, no Tirol e na Suíça; é invocada nos temporais, nos incêndios e na guerra.