quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Santa Eulália, virgem e mártir na Espanha

 

     Santa Eulália de Mérida (finais do século III - inícios do século IV), festejada a 10 de dezembro, é com frequência confundida com Santa Eulália de Barcelona, cuja hagiografia é semelhante.
     Santa Eulália é uma das mais famosas santas da Espanha. Os dados sobre sua vida e sua morte são encontrados em um hino escrito em sua honra pelo poeta Prudêncio no século IV. Ela também é cantada na célebre Sequência de Santa Eulália (ou Cantilena de Santa Eulália), o primeiro texto poético em língua francesa de fins do século IX.
     Eulália nasceu em Emerita Augusta no ano 292. Quando completou 12 anos, o imperador Maximiliano decretou a proibição do culto a Jesus Cristo pelos cristãos e ordenou que eles adorassem os ídolos pagãos. A menina sentiu um grande desgosto por leis tão injustas e se propôs protestar junto aos delegados do governo. Sua mãe a levou para viver no campo, pois temia que a jovem pudesse correr algum perigo de morte afrontando a perseguição dos governantes, mas ela deixou seu lar e se dirigiu à cidade de Mérida, indo enfrentar Daciano, o governador.
     Assim narra o martírio de Eulália de Mérida o poeta Prudêncio:
     ''De madrugada, antes da saída do sol, chegou à cidade, e, corajosa, se apresentou diante do tribunal, em meio de cujos leitores bradou aos magistrados: "Dizei-me, que fúria é essa que os move a fazer perder as almas, a adorar aos ídolos e a negar o Deus criador de todas as coisas? Se buscais cristãos, aqui me tendes a mim: sou inimiga de vossos deuses e estou disposta a pisoteá-los; com a boca e o coração confesso o Deus verdadeiro. Isis, Apolo, Vênus e até mesmo Maximiliano são nada: aqueles porque são obra da mão dos homens, este porque adora coisas feitas com as mãos. Não vos detenhais, pois: queimem, cortem, dividam estes meus membros; é coisa fácil quebrar um vaso frágil, porém minha alma não morrerá, por maior que seja a dor".
     Daciano tentou a princípio oferecer presentes e prometeu ajudar a menina se mudasse de opinião, porém ela continuou profundamente convencida de suas convicções cristãs. Enfurecido mandou torturá-la e a submeteu a sofrimentos atrozes. Mas nada fez com que ela deixasse de louvar ao Senhor.
     O poeta Prudêncio narra que ao morrer a santa, as pessoas viram uma pomba mais branca do que a neve que subindo tomou o caminho das estrelas: era a alma de Eulália, branca e doce como o leite, ágil e incontaminada.
     O culto de Santa Eulália se tornou tão popular, que Santo Agostinho fez sermões em honra desta jovem santa. Já em uma antiquíssima lista de mártires da Igreja Católica, o Martirológio Romano, constava a seguinte frase: “em 10 de dezembro se comemora Santa Eulália, mártir da Espanha, morta por proclamar sua Fé em Jesus Cristo”.
     Sepultada em Mérida, capital da Lusitânia, cidade da qual é patrona, parece que algumas das suas relíquias terão ido para Barcelona, donde a confusão com a santa homônima, Santa Eulália de Barcelona. Ela é também patrona da Arquidiocese de Oviedo, em cuja catedral repousam os seus restos.