sábado, 14 de dezembro de 2013

Beata Pribislava, mártir


     A mais antiga Vita de São Venceslau, do século X, narra que o duque Vratislau, pai de Venceslau e de Boleslau, tinha também quatro filhas que se casaram com duques de povos vizinhos. Uma delas era Pribislava, que muito provavelmente se casou com o duque dos Croatas, população próxima dos Boêmios. Outros detalhes são fornecidos pela Vita et Passio de São Venceslau e de Santa Ludmila, obra de Cristiano (fim do século X), que indica inclusive o nome de Pribislava.
     Segundo esta fonte, Pribislava tinha uma vida muito piedosa e após a morte prematura do esposo "tomou o véu sagrado", o que parece significar que ela ingressou no mosteiro das beneditinas de São Jorge, dentro do castelo de Praga, fundado por volta do ano 970 e o único na Boêmia daquele tempo.
     Segundo Cristiano, algum tempo depois da morte de Venceslau, Pribislava encontrou no próprio local do martírio, entre a igreja dos Santos Cosme e Damião e uma árvore, a orelha que fora cortada durante o suplício do irmão. Segundo o monge Lourenço, autor de uma Vita de São Venceslau, tratou-se porém de parte da mão. Ao entrar em contato com o corpo do santo, a orelha, segundo antigas narrativas recordadas nas legendas, pregou-se à cabeça.
     Pribislava esteve também presente na exumação do corpo de seu irmão no túmulo original no castelo de Praga, que ocorreu depois de um certo tempo. No mesmo castelo ela foi sepultada provavelmente no cemitério próximo do templo redondo de São Vítor, fundado por São Venceslau.
     Em 1367, após uma solene consagração da capela de São Venceslau, ainda hoje incorporada à catedral gótica de São Vítor, a "venerável e pia senhora Pribislava" foi sepultada dentro da catedral, junto com Podiven, criado de São Venceslau, nos umbrais da capela.
     Os ossos foram exumados em 1673, quando se iniciaram os complementos barrocos à catedral gótica, e foram colocados pelo Arcebispo de Praga, Breuner, em um relicário de prata em forma de um ramo de louro. Quando este relicário foi confiscado, as relíquias foram recolocadas em uma urna de madeira.
     Todas as informações sobre Pribislava nas mais antigas legendas de São Venceslau são repetidas também em outras vidas suas medievais (Oriente iam sole, Ut annuncietur) e nas crônicas boemias, entre as quais os versos de Dalimil (início do séc. XIV).
     No período barroco (1602) o historiador jesuíta Bohuslao Balbin inseriu Pribislava no seu livro sobre os santos da Boêmia (Bohemia sonda), entre os quais colocou aqueles que embora não tivessem ainda sido canonizados ou beatificados, eram venerados ou chamados "santos" e "beatos" (par. 5). Na literatura hagiográfica mais recente Pribislava é geralmente chamada «beata» ou «venerável», embora não se tenha notícia de uma aprovação oficial de seu culto por parte da autoridade eclesiástica.
     Na iconografia medieval Pribislava era sempre representada nos ciclos de ilustrações da Vita de São Venceslau no ato de reatar a orelha cortada na cabeça do irmão exangue. Mais recentemente (séc. XX) Pribislava ganhou também uma representação individual em roupas ducais com um relicário na mão direita. Assim ela é representada nas obras de Francisco Bilek e de Bfetislav Storm.
      A Beata é comemorada no dia 12 de dezembro.