terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Santa Adélia de Pfalzel, abadessa



        A tradição oral germânica nos conta que Adélia ou Adele era a irmã mais nova de Ermina, ambas princesas, filhas do rei da Austrásia, Dagoberto II, o Bom. Hoje todos são venerados nos altares como Santos da Igreja, embora esse parentesco ainda seja motivo de controvérsias e por isso continua sendo pesquisado. 
       Adélia foi identificada também como a abadessa Adola, a quem Elfrida, abadessa do mosteiro de Streaneshalch, teria enviado uma carta. Também como Adula, "religiosa matrona nobilis", que se hospedou no mosteiro de Nivelles em 17 de março de 691, com um filho pequeno. Consta que Adélia, depois da morte de seu marido, Alderico, influente nobre da região, decidiu se recolher para a vida religiosa. Para isso, fundou o mosteiro de Pfalzel, na região de Treves, atual Alemanha, onde ingressou e foi a primeira abadessa. Escolheu as regras dos monges beneditinos, como pertenciam os de Ohren e de Nivelles, o primeiro fundado por sua irmã a futura Santa Ermina. 
      No mosteiro havia um hospede freqüente, o neto da abadessa, um rapaz esperto e vivaz. Seu nome era Gregório e, como conhecia o latim, ficou encarregado de ler em voz alta os textos sagrados, enquanto as religiosas estivessem no refeitório. Certo dia, no ano de 722, passou pelo mosteiro um monge inglês de nome Bonifácio. Ele estava retornando da sua primeira missão na Frísia. Foi acolhido como hospede, mesmo não sendo conhecido. Mas naquele exato momento todos estavam no refeitório, onde o jovem Gregório lia uma bela página latina do Evangelho. 
      Terminada a leitura, Bonifácio se aproximou dele e expressou seus cumprimentos, mas lhe pediu que explicasse o que acabara de ler. Gregório tentou repetir a leitura, mas Bonifácio o impediu, pedindo que o jovem explicasse no seu próprio idioma. Ocorre que mesmo lendo muito bem o latim, não conseguia compreender o que realmente o texto dizia. "Deixe que eu mesmo explicarei para todos os presentes" disse o monge estranho. Explicou o texto latino com tanta clareza, o comentou com tamanha profundidade e de maneira tão convincente, que deixou todos os ouvintes encantados. 
        O mais atingido de todos foi Gregório, a ponto de não querer mais se separar do monge que ninguém sabia de onde era. Porém, apesar das preocupações de avó, Adélia permitiu que o neto partisse ao lado de Bonifácio, confiando na sua intuição religiosa e na Providência Divina. Muitos anos depois Gregório se tornou o Bispo de Utrecht e foi um dos melhores discípulos de Bonifácio, o "apóstolo da Germânia" e Santo da Igreja.


    Adélia morreu pouco tempo depois, num dia incerto do mês de dezembro no ano 734, e foi sepultada no mosteiro de Pfalzel. Passados mais de onze séculos, em 1868 as suas relíquias foram transferidas para a igreja da paróquia de São Martinho. 


      O culto litúrgico em memória de Santa Adélia de Pfalzel foi autorizado pela Igreja. São duas as celebrações em dezembro, nos dias: 18, com uma festa local; e no dia 24, junto com Santa Ermina, que sem dúvida alguma é sua irmã na fé.