terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Santa Bega, abadessa de Andenne


     Bega era filha de Pepino de Landen e de Ita (ou Iduberga), fundadora e primeira abadessa de Nivelles, e era portanto irmã de Santa Gertrudes de Nivelles, segunda abadessa daquela abadia, e de Grimoaldo, prefeito do palácio da Austrasia.
     Bega casou-se com um filho de Santo Arnolfo de Metz, Ansegiso ou Ansegisel, servidor na corte de Sigeberto III (m. 656) e de Childerico II (m. 675). Ansegiso é geralmente confundido com o nobre Adalgisel da Crônica de Fredegario ou da carta de fundação de Cugnon (645-47).
     Os jovens esposos tiveram os seguintes filhos: Pepino o jovem (+ 645 † 714), prefeito do palácio da Austrasia, Neustria e da Borgonha; hipoteticamente a Grimo, Abade de Corbie e Arcebispo de Rouen de 690 a 748; e também hipoteticamente a Clotilde Dode, esposa do rei Thierry III.
     A Vita Beggae, redigida no século XI, conta que em 685 Ansegisel foi assassinado em Chèvremont (perto de Liège) por um nobre austrasiano de nome Godin ou Gundoen, que ele havia educado como filho.
     Após enviuvar, Bega decidiu consagrar uma parte de sua fortuna ao serviço de Deus. Ela ingressou na Abadia de Nivelles, fundada por sua mãe e, em 691, com a autorização da abadessa Agnes, ela convenceu várias monjas a segui-la para fundar um mosteiro em Andenne, atualmente na província de Namur, Bélgica.
     Durante uma peregrinação à Roma, Bega prometeu ao Papa Adeodato que mandaria construir em uma de suas propriedades um mosteiro de religiosas e de construir ali sete igrejas em memória das sete basílicas principais da Cidade Eterna.
     Um fato viria auxiliá-la a designar o local onde construir as sete igrejas. Um dia, um serviçal de sua residência de Seilles (perto de Andenne) que procurava num matagal uma porca desgarrada, ouviu uma voz estranha lhe ordenar: “É aqui que deve se realizar o voto de Bega!”. No terceiro dia de suas buscas, ele a encontrou finalmente em companhia de sete porquinhos. Mais tarde, Pepino de Herstal descobriu uma galinha selvagem seguida por sete pintainhos e a matilha que o acompanhava na caça naquele dia se recusou tocá-los!
     Os simples viram nisto o dedo de Deus e foi então diante das colinas de Seilles, na margem direita do Rio Meuse, que Bega construiu seu mosteiro. As sete igrejas subsistiram até meados do século XVIII. Elas foram demolidas para serem substituídas pela Collégiale Sainte Begge, edifício neoclássico que existe hoje em dia.
     As monjas de Nivelles praticavam provavelmente a Regra de São Columbano. Mas em 691 a Regra levada para Andenne era uma mistura de elementos tirados das Regras de São Columbano e de São Bento.
     Bega foi venerada como santa logo após sua morte; o seu nome constava dos antigos martirológios e no século XI passou a constar do Martirológio Romano no dia 17 de dezembro, data de sua morte no ano 693.
     Devido a semelhança dos nomes, a partir do século XV se considerava que Bega dera início ao movimento das beguinas, e há uma literatura piedosa que ilustra e defende esta teoria, especialmente nos países flamengos. Mas, de fato, as beguinas escolheram Santa Bega como sua patrona.
     Atualmente podemos encontrar o “túmulo de Santa Bega”; toda sexta-feira, após a missa das 7:30 as mães levam seus filhinhos até este túmulo. Os fieis comparecem em grande número no dia da transladação das relíquias de Santa Bega (7 de julho), bem como no dia 17 de dezembro.

Procissão do relicário de Santa Bega em Andenne, França