sábado, 7 de dezembro de 2013

Santa Maria Josefa Rossello, fundadora


     Benedita Rossello era natural da belíssima cidade de Albissola Marina, em Savona, na Itália. Nasceu no dia 27 de maio de 1811, em uma humilde família de fabricantes de vasilhas; desde cedo teve literalmente que "colocar a mão na massa" para ajudar o pai com a modelação da argila.
     Mas, trabalhar para a família não era o suficiente para Benedita. O que ela mais queria era trabalhar para o próximo. Desde cedo compreendeu que era preciso haver, ao lado de um apostolado religioso, uma assistência material para aqueles que se encontravam na ignorância e na pobreza.
     Estudiosa, cheia de caridade para com os necessitados, devota do Crucificado e da Santíssima Virgem, inscreveu-se muito jovem na Ordem Terceira de São Francisco (provavelmente antes de 1830). E com ardor ela procurou cuidar e instruir os jovens dos bairros populares.
     Tentou inscrever-se numa instituição de caridade, mas a falta do dote financeiro suficiente a impediu de concretizar o sonho. Nesse tempo, perdeu o pai e uma irmã, tendo de prover a família durante um período.
     Aos dezenove anos, empregou-se por sete anos (1830-1837) na residência da família Monteone, casal sem filhos, para dar assistência ao chefe da família imobilizado na cama. Fez um trabalho tão dedicado e confortador, que ao morrer o doente a viúva quis adotar Benedita como filha, com a perspectiva desta herdar todo o patrimônio da família.
     A oferta foi recusada, porque a condição para adoção era ela não se tornar religiosa. Sua recusa foi criticada por alguns, mas, como ela escreveria mais tarde: "Se não somos generosos com Deus, Ele não será conosco. Não se responde ao amor senão com o amor".
     Ela recebeu de fato o prêmio da sua generosidade e do seu amor quando, em 1837, o Bispo de Savona, Mons. Agostino De Mari (1835-1840), aceitou que a ex-doméstica se ocupasse da juventude feminina negligenciada materialmente e moralmente em perigo.
     Uma casa modesta e alugada serviu de semente para o que seria uma grande obra, desde logo dirigida por Benedita, com apenas três companheiras, Ângela e Domingas Pescio e Paulina Barla.
     No dia 22 de outubro de 1837, aconteceu a primeira vestição e o Bispo impôs-lhe o nome de Maria Josefa. Animadas por Maria Josefa, formou-se assim uma pequena Congregação colocada sob a proteção de Nossa Senhora da Misericórdia, de quem se disseram filhas e, como Ela, deveriam ser instrumentos de salvação.
     A missão da nova instituição: a instrução e educação das jovens pobres e a assistência aos doentes. Além disso, deveriam prestar serviço nas escolas e nas paróquias, nos hospitais e onde quer que fossem necessárias.
     Ângela Pescio, a mais velha, foi eleita superiora, Benedita era a mestra de noviças e ecônoma. A Congregação das Filhas de Nossa Senhora da Misericórdia começou "com quatro irmãs, um saco de batatas e quatro moedas de prata".
     Dois anos depois, em 2 de agosto de 1839, as Irmãs pronunciaram os votos perpétuos. Em 1840 eram já sete Irmãs professas e quatro noviças; durante o capítulo do mesmo ano, Irmã Maria Josefa foi eleita superiora por unanimidade, cargo que ocupou por cerca de quarenta anos.
     À Madre Maria Josefa era confiada grande parte dos trabalhos materiais. “A mão no trabalho, o coração em Deus”, ela recomendava às outras Irmãs. E quando a tarefa parecia muito espinhosa: “Faça o que puderes; Deus fará o resto”.
     A redação do regulamento definitivo foi confiada ao Padre Inocêncio Rosciano, carmelita, e solenemente entregue às Irmãs em 14 de fevereiro de 1846 pelo novo Bispo de Savona, Mons. Alessandro Ottaviano Riccardi (1841-1866).
     Sob a direção de Madre Maria Josefa o Instituto iniciou sua expansão na Ligúria, no período 1842-1855. Em 1856, começa a contribuir com a obra de resgate dos escravos africanos, a qual se dedicavam dois beneméritos sacerdotes, Nicolau Olivieri e Biagio Verri. O Instituto hospedava crianças negras libertadas de uma aviltante escravidão.
     O espírito missionário da Fundadora se manifestou ainda mais em 1876: conseguiu enviar o primeiro grupo de 15 Irmãs para Buenos Aires, Argentina. Em 1859, uma nova fundação, a “Casa da Providência” foi iniciada por Madre Maria Josefa, para a re-educação e inserção na vida de jovens das classes pobres.  Outros centros análogos foram abertos em Voltri, Sant’ Ilario, Porto Mauricio (1860) e em Albissola, onde surge a “Segunda Providência” (1866-1867).
     Dez anos depois, em 1869, Madre Maria Josefa empreendeu uma outra obra corajosa: o “Pequeno Seminário para os rapazes da classe operária”, permitindo-lhes a carreira eclesiástica gratuitamente. Esta obra lhe custou não poucas amarguras pelos obstáculos colocados contra esta instituição.
     A última iniciativa, sonhada e realizada postumamente, foi a constituição em Savona da “Casa das Arrependidas” (1880), um refúgio para as jovens arrependidas, e em vias de conversão, afastadas da prostituição.
     “Se a obra que empreendemos é de Deus, chegaremos a cumpri-la”, dizia Madre Rossello, sem jamais esmorecer.
     A fundadora morreu em 7 de dezembro de 1880, e foi sepultada no cemitério local. Em 1887, seu corpo foi transladado para a casa mãe em Savona.
     Quando Madre Maria Josefa faleceu, o Instituto possuía já 68 casas (escolas, orfanatos, hospitais e refúgios para jovens arrependidas); e em 1949, quando foi canonizada, as Irmãs de Na. Sra. da Misericórdia eram mais de três mil, servindo em 260 casas de caridade na Itália e na América Latina.
     No dia 23 de janeiro de 1892, com um decreto episcopal, São José foi oficialmente reconhecido co-patrono do Instituto. Com o Decreto de 14 de setembro de 1900, Leão XIII reconheceu a missão que o Instituto desenvolvia na Igreja. Em 12 de janeiro de 1904, São Pio X aprovou definitivamente o Instituto e as Constituições. Em 12 de junho de 1949, Pio XII declarou-a Santa.
     José Mazzotti, conhecido como Bepi, foi o promotor do pedido de que Santa Maria Josefa Rossello se tornasse patrona dos ceramistas. O pedido foi aceito pela Congregação Pró Culto Divino com a bula de 27 de fevereiro de 1989.
     Ela, que dedicou toda sua vida aos doentes e às crianças, mesmo quando ainda não era religiosa, nasceu Benedita e bendita foi sua dedicação à caridade. É venerada com festa litúrgica no dia de sua morte. As suas relíquias são veneradas na capela da casa mãe das Filhas de Nossa Senhora da Misericórdia em Savona.