terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Venerável Clara Isabel Fornari, monja clarissa


     Nascida em Roma, a 25 de junho de 1697, Ana Felícia Fornari entrou aos quinze anos para o noviciado das Clarissas, em Todi. Sua vida religiosa era orientada por seu confessor, o jesuíta Crivelli. Tomando o nome de Clara Isabel, fez a profissão no ano seguinte e, desde então, a sua vida foi uma série dos fenômenos mais extraordinários, consignados no processo de beatificação e confirmados sob juramento pelas suas companheiras, pelo confessor e pelo médico.
     Tinha frequentes e prolongados êxtases; recebia numerosas visitas de Nosso Senhor, da Santíssima Virgem, de Santa Clara e de Santa Catarina de Sena. No decorrer duma delas, Jesus meteu-lhe no dedo o anel que simbolizava o seu consórcio espiritual. Comprazia-se em chamar-lhe «a sua esposa de dor».
     Clara Isabel participou, com efeito, dos sofrimentos do Divino Crucificado: tinha as mãos, os pés e o lado marcado com estigmas visíveis, donde por vezes corria sangue. Na cabeça tinha uma coroa cujos espinhos cresciam para o interior, saindo pela fronte, desprendendo-se e caindo ensanguentados. As torturas e perseguições demoníacas que sofreu recordam as que, cem anos depois, veio a padecer o Santo Pároco de Ars. Desde o noviciado, o demônio tentava-a com o desespero e o suicídio; depois, maltratava-a, atirando-a pelas escadas abaixo, e tentava tirar-lhe a fé.
     Nos últimos meses de vida parecia abandonada de Deus, tendo perdido até a lembrança das consolações passadas. Só recuperou a antiga alegria pouco tempo antes de morrer, no ano de 1744. Um processo de beatificação da Madre Clara Isabel está em andamento.  

A devoção a Nossa Senhora da Confiança (Madonna della Fiducia)

     A invocação de Nossa Senhora da Confiança foi introduzida na Igreja no século XVIII pela Venerável Clara Isabel Fornari, que nutria uma devoção muito especial a Santa Mãe de Deus e portava sempre consigo um quadro com a pintura dEla com o Menino Jesus nos braços. Logo várias copias começaram a circular pela Itália; a essa pintura se atribuíam muitas graças e curas, e em 1917 o Papa Bento XV coroou Nossa Senhora da Confiança confirmando canonicamente seu título e o dia de sua festa: 24 de fevereiro.
     O quadro fora pintado pelo grande artista italiano Carlo Maratta (1625-1713). Em 1704 ele tornou-se pintor da corte de Luís XIV. Diz-se que o renomado artista deu o quadro para uma jovem nobre que se tornou abadessa do Convento das Clarissas de São Francisco na cidade de Todi. Era a hoje Venerável Madre Clara Isabel Fornari.
     Segundo palavras da própria Venerável, Nossa Senhora fez promessas especiais a ela com respeito a este quadro: "Minha Senhora Celeste, com o amor de uma verdadeira Mãe, assegurou-me que todas as almas que com confiança se apresentarem diante desta imagem obterão verdadeiro conhecimento, dor e arrependimento de seus pecados, e a Santíssima Virgem lhes concederá uma particular devoção e ternura por Ela”. (Esta promessa se aplica não apenas ao quadro original, mas também a todas as cópias dele.)
     Uma das cópias foi levada para o Seminário Maior de Roma, do qual Ela se tornou padroeira. Todos os anos, no dia 24 de fevereiro, o próprio Pontífice vai venerá-la.
     Entre os fatos prodigiosos que comprovam a proteção dEla ao Seminário contam-se as duas vezes (1837 e 1867) em que uma epidemia de cólera atingiu a Cidade Eterna, mas o Seminário Romano foi milagrosamente poupado pela poderosa intercessão de sua Padroeira.
     Na 1a. Guerra Mundial, cerca de cem seminaristas foram enviados à frente de batalha e se colocaram sob a especial proteção de Nossa Senhora da Confiança . Todos retornaram vivos, graça que atribuíram à proteção da Santíssima Virgem. Em agradecimento, entronizaram o venerável quadro numa nova capela de mármore e prata. 


A devoção a Nossa Senhora Menina

     O fundador da Congregação dos Monges Olivetanos é o iniciador da devoção a Nossa Senhora Menina. A ela o então Beato Bernardo, em 1623, consagrou a igreja edificada e dirigida pelos monges no Monte Oliveto. A primeira imagem só foi confeccionada em 1755 e constava de “uma menina deitada num berço, enfaixada com graça e riqueza”. O abade olivetano Dom Isidoro Gazzali foi quem a encomendou à Venerável Madre Clara Isabel Fornari, religiosa Clarissa e especialista em escultura. Desde então, é essa a imagem venerada nos mosteiros olivetanos. Assim honravam a festa da Natividade de Nossa Senhora, celebrada no dia 8 de setembro.
     A cidade italiana de Milão é outro centro de irradiação dessa piedosa forma de venerar a Mãe de Deus. Na igreja de Santa Maria dos Anjos havia a imagem também esculpida pela Venerável Clara Isabel Fornari, modelada em cera, chamada “Maria Santíssima Bambina”. O seu semblante iluminado pelas graças da infância retinha a simplicidade, a pureza, a alegria da sua alma. Posteriormente, foram aparecendo outras pinturas e imagens, como a da igreja São Nicolau, na cidade do Porto em Portugal, no século XVIII. Também pode se encontrar uma pintura de Sant’ Ana, tendo a Menina Maria de pé ao seu lado, enquanto recebe instruções.

 
Marcas deixadas em uma pequena mesa de madeira e na manga da camisa da Venerável Madre Clara Isabel Fornari, Abadessa das Clarissas de Todi. As quatro marcas foram deixadas pelo padre falecido Panzini, o ex-abade Olivetano de Mântua, a 1º de novembro de 1731 (Museu das Almas do Purgatório).