Ketevan (* 1565 - + 13 de setembro de 1624) era filha do príncipe Ashotan de Mukhrani (Bagrationi) e casou-se com o príncipe David de Kakheti, futuro David I, rei de Kakheti 1601-1602.
Após a morte de David, Ketevan dedicou-se à religião e à caridade. No entanto, quando o irmão de David, Constantino I, matou seu pai, o reinante Alexandre II e usurpou a coroa com o apoio iraniano em 1605, Ketevan reuniu os nobres de Kakheti contra o parricida, enfrentando as forças leais a Constantino. Após a revolta, ela negociou com o muçulmano Abbas I do Irã para confirmar o seu filho menor de idade, Teimuraz I, como rei de Kakheti, enquanto ela assumia a função de regente.
Em 1614, enviada por Teimuraz como negociadora junto a Abbas I, Ketevan entregou a si mesma como refém numa tentativa frustrada de evitar que Kakheti fosse atacada pelos exércitos iranianos. Ela foi mantida em Shiraz por vários anos. Naquela cidade Ketevan encontrou-se com alguns missionários agostinianos provenientes de Portugal, que ficaram tão impressionados com seu testemunho de fidelidade ao Cristianismo, que após sua morte propuseram a sua canonização ao Papa.
Após tê-la mantido na prisão por muito tempo sem obter a diminuição de sua fé, nem a de seus companheiros, Abbas I decidiu colocá-la diante da alternativa de abraçar o islã ou ser condenada à morte. Ketevan não teve dúvida e se colocou em paz nas mãos de seus algozes. Abbas I mandou torturá-la até a morte com tenazes em brasa, em 1624.
Parte de suas relíquias foi levada pelos missionários católicos portugueses, testemunhas oculares de seu martírio, para a Geórgia, e enterrada no Mosteiro Alaverdi. O restante de seus despojos mortais foi sepultado na Igreja de Santo Agostinho, em Goa, na Índia. Várias expedições partiram da Geórgia e chegaram a Goa à procura do local exato de seu túmulo, em vão.
O relato do martírio de Ketevan feito pelos missionários Agostinianos foi explorado por seu filho, Teimuraz, em seu poema O Livro e a paixão da rainha Ketevan (1625), bem como pelo autor alemão Andreas Gryphius em sua tragédia clássica Katharine von Georgien (1657). O monge georgiano Grigol Dodorkeli-Vakhvakhishvili do Mosteiro David Gareja foi outro autor quase contemporâneo cujos escritos, uma obra hagiográfica, bem como vários hinos, concentram-se na vida e no martírio de Ketevan. O poeta escocês William Forsyth compôs o poema O martírio de Kelavane (1861), com base no relato da morte de Ketevan de Jean Chardin.
A importância da Rainha Ketevan para o povo georgiano levou-o à "caça" de uma relíquia sua durante as últimas décadas. Nomeadamente em Goa, e desde 1989, várias delegações provenientes de Georgia têm trabalhado em conjunto com o órgão “Pesquisa Arqueológica da Índia” para tentar localizar o túmulo de Ketevan dentro das ruínas do convento agostiniano de Nossa Senhora da Graça, em Goa Velha. Todos esses esforços foram frustrados, porque as equipes não foram capazes de interpretar corretamente os documentos portugueses que davam pistas sobre o lugar do sepultamento de Ketevan.
Fontes históricas afirmam que fragmentos de ossos do braço e da palma da mão de Ketevan foram guardados dentro de uma urna de pedra debaixo de uma janela específica dentro da Capela do Capítulo do convento agostiniano.
Em maio de 2004, a Capela do Capítulo e a janela, mencionadas nas fontes, foram encontradas durante um trabalho em colaboração com órgãos portugueses e indianos, e o arquiteto Sidh Losa Mendiratta. Embora a urna pedra estivesse desaparecida, a sua cumeeira de pedra e uma série de fragmentos ósseos foram encontrados perto da janela mencionada nas fontes portuguesas.
Os cientistas indianos realizaram uma análise de DNA dos fragmentos de ossos encontrados durante esta escavação, mas o mistério das relíquias de Ketevan continua, uma vez que seria necessária a análise em confronto com as supostas relíquias existentes na Geórgia.