sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Santa Hiltrudes de Liessies, virgem


     Uma Vita Hiltrudis, escrita entre 1050 e 1090 por um monge de Waulsort (Bélgica), se baseou numa tradição monástica anterior ao ano de 850, sem contudo ter comprovação histórica, pois os documentos parece terem sido queimados pelos Normandos quando estes invadiram a região. Santa Hiltrudes é mencionada em um Sacramentário de Liessies do século XII.
     Hiltrudes era filha de Ada, uma nobre franca e de Vilberto, Conde de Poitou, que possuía terras entre a França e a Bélgica, e era irmã de Gontardo, primeiro Abade de Liessies, e de Berta.
     Ela fora prometida para esposa de Hugo, Conde de Borgonha, mas ela preferiu consagrar-se a Deus, recebendo o véu das virgens em 768, com a bênção do Bispo de Cambrai. Depois seu irmão Gontardo a recebeu e alojou numa cela atrás da capela de seu mosteiro de Liessies.
     Neste local ela viveu por muitos anos como monja solitária, participando da vida litúrgica da Abadia. Muitas filhas de senhores seguiram seu exemplo. Faleceu em 27 de setembro de 790, junto ao túmulo de seu irmão, Gontardo, na Igreja de São Lamberto, e foi sepultada na abadia.
     Por sua intercessão muitos milagres foram alcançados pelos habitantes de Rance, Trélon, d’Anor e outros locais vizinhos.
     A fama de sua santidade cresceu nos séculos seguintes e em 17 de setembro de 1004 o Bispo de Cambrai, Erluino, mandou abrir o seu túmulo “elevando” suas relíquias, o que na época equivalia a uma canonização.
     Em 1587 as relíquias do crânio foram colocadas em um novo relicário de prata e São Luís de Blois, Abade de Liessies, contribuiu para o crescimento de seu culto.
     Em 1641, durante a guerra dos Trinta Anos, as relíquias foram colocadas a salvo em Mons e depositadas em uma urna artística.
     As peripécias das relíquias entretanto não haviam acabado: em 1793, durante a satânica Revolução Francesa, a Convenção requisitou os metais preciosos e o crânio da Santa foi jogado por terra e felizmente recolhido por um fiel.
     Seu culto foi retomado em 1802 e em 1842 as relíquias, depois de uma investigação, foram reconhecidas como autênticas. O Martirológio Romano coloca a festa de Santa Hiltrudes no dia 27 de setembro.


Abadia de Liessies

     Em 751, Vilberto, Conde de Poitou, começou a construção da abadia; os trabalhos duraram sete anos. Ele nomeou um de seus filhos, Gontardo, para primeiro superior da abadia. Gontardo era um homem austero e erudito; ele enriqueceu a abadia com muitas relíquias de São Lamberto, obtidas do Bispo de Liège, Fulcario. A igreja foi consagrada pelo Bispo de Cambrai, Alberico. Uma de suas irmãs, Santa Hiltrudes, viveu numa cela contigua a igreja de Liessies.
     Em 881, os Normandos danificaram muito a abadia. Os monges e seus servidores foram mortos ou reduzidos à escravidão, mas a igreja foi preservada.
     Em 1003, o Bispo de Cambrai descobriu o corpo de Santa Hiltrudes, conseguiu que os bens da abadia, tomados pelos senhores da vizinhança, fossem restituídos e restabeleceu a abadia, entregando-a aos cuidados dos monges beneditinos.
     A Abadia de Liessies, em 1125, 1162 e 1208 foi enriquecida por doações de relíquias que a tornaram um lugar de peregrinação muito relevante.
     Com a Guerra dos Cem Anos a abadia empobreceu por causa de sua situação geográfica, nos limites do reino da França e do Império.
     Em 1520 ela retomou uma certa prosperidade com o abade Gilles Gipus, depois com o abade São Luís de Blois-Châtillon (1530-1566), que restabeleceu a Regra de São Bento.
     A abadia teve seu apogeu nos séculos XVI e XVIII graças aos seus renomados trabalhos de iluminuras, reconhecidos em toda a Europa.
Desenho antigo da planta da Abadia de Liessies