quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Beata Ermengarda, cisterciense


     Personagem histórico singular devido às diversas características de sua vida: condessa de nascimento, esposa e viúva por duas vezes, mãe afetuosa e pressurosa, regente de ducado, monja, depois envolvida na política, conciliadora de facções em luta, novamente monja cisterciense, peregrina.
     Ermengarda, cujo nome deriva do antigo provençal “Ermenjardis”, trazido do alemão arcaico “Irmingard” e que significa “protegida de Odim”, nasceu na metade do século XI em Angers, filha de Fulque IV, Conde de Anjou.
     Muito jovem, segundo o costume da época, casou-se com Guilherme IX, Conde de Poitiers, de quem se separou em 1091; em 1093, casou-se com Alano IV, Duque da Bretanha.
     O relacionamento deles foi tempestuoso no início. Ela tentou deixá-lo para entrar para o Convento de Fontevrault, pedindo que seu casamento fosse anulado. Os bispos se recusaram a fazê-lo, mandando-a de volta para seu esposo e exortando-a a aceitar seu lugar como esposa e mãe. O casal deve ter chegado a um entendimento, já que tiveram três filhos: Conan III (m. 17/9/1148), que sucedeu seu pai no ducado; Edviges, que se casou com o futuro Balduino VII de Flandres; Godofredo (m. 1116).
     A prevalência da paz em seu ducado tornou possível a Alano responder ao chamado do papa Urbano II e, no verão de 1096, ele se juntou à Primeira Cruzada, em companhia de outros senhores bretões. Quando seu esposo partiu para a Cruzada, Ermengarda governou a Bretanha como regente por cinco anos e cuidou da educação de seu filho Conan.
     Ao retornar da Cruzada, Alano se interessou cada vez mais por assuntos religiosos. Devido à enfermidade, Alano abdicou, em 1112, em favor de seu filho Conan, e se retirou para a Abadia de Saint-Sauveur, em Redon, onde morreu e foi sepultado.
     Ermengarda também desejava segui-lo nessa escolha e retirou-se no mosteiro feminino de Fontevrault, sob a direção do Beato Roberto d’Arbrissel.
     À morte do seu esposo, Ermengarda saiu do mosteiro para assumir pessoalmente o papel de conciliadora na província da Bretanha agitada por intrigas de corte e pelos interesses dos nobres.
     São Bernardo de Claraval (1091-1153), reformador dos cistercienses, enviou-lhe cartas amigáveis, homenageando-a por seu senso de justiça fundamentado na Fé católica. E foi das mãos deste Santo que em 1129, ela recebeu o véu de monja cisterciense no priorado de Larrey, próximo de Dijon.
     Convidada por seu irmão Fulque, que se tornara Rei de Jerusalém, Ermengarda fez uma rápida peregrinação à Palestina. Ao retornar para a Bretanha, auxiliou na fundação da Abadia Cisterciense de Buzay, perto de Nantes, da qual foi o primeiro abade Nivardo, irmão de São Bernardo.
     Ermengarda morreu em Larrey no dia 1º de junho de 1147, e foi sepultada em Redon, onde já fora enterrado seu esposo, Alano.
     O Menológio de Citeaux a comemora no dia 25 de setembro, enquanto que no novo Menológio Cisterciense ela é recordada no dia 31 de maio, mas sem nenhum título.