Jesus Hita Miranda nasceu em Calahorra em 17 de abril de 1900. Depois de passar dois anos no Seminário Diocesano, entrou para o Noviciado Marianista, onde se destacou por sua piedade e entrega. Também se observou nele uma tendência à gagueira, especialmente em momentos de tensão. Fez seus primeiros votos em Vitória, em 14 de agosto de 1918. Ao fazer os votos definitivos, passou por uma grande prova, pois os superiores não o destinaram ao sacerdócio, como era sua vontade. Animado por seu diretor espiritual marianista e movido por seu entranhável amor a Maria, decidiu, finalmente, fazer sua profissão como religioso leigo, dedicado à educação dos jovens.
Desde 1921 até sua morte, Jesus Hita se entregou de coração ao ensino nos diversos colégios para onde foi destinado: Suances (Santander), Escoriaza (Guipúzcoa), Vitória, Ciudad Real, Jerez da Fronteira e Madri. Foi um excelente educador, solícito ao bem de seus alunos, sempre disposto a desempenhar trabalhos complementares ou de suplência e muito pertinaz em seu trabalho pessoal. Sem deixar o ensino, obteve o título de licenciado em História pela Universidade de Zaragoza, com boas qualificações. Foi um religioso profundamente piedoso e abnegado, amante da Virgem, fiel cumpridor de seus votos. Apesar de algumas dificuldades, devidas ao seu caráter perfeccionista e à sua extrema sensibilidade, buscou com decisão a perfeição de seu estado: “Ser santo, ser útil, dar-se, são três frases que tenho infundidas no fundo de minha alma”.
Em finais de junho de 1936, os superiores destinaram Jesus a Ciudad Real, para dar aulas de verão em substituição a Dr. Fidel Fuídio, ainda convalescente. Despediu-se de alguns parentes com estas palavras: “Seja o que Deus quiser, se formos mártires, melhor”. Ao chegar em Ciudad Real, em 6 de julho, encontrou uma situação caótica. Dias depois, quando o Colégio foi ocupado, refugiou-se por indicação do superior local em uma pensão de família, onde residiam outros religiosos. Ali viu como desencadeava a perseguição religiosa, que enfrentou com serenidade. Dedicou-se à oração e à penitência, preparando-se para o martírio, que via cada vez mais iminente e do qual falava frequentemente. Confessava-se sempre com o Padre João Pedro, passionista.
Em 25 de setembro, os milicianos invadiram a pensão para levar os sacerdotes e religiosos. Jesus seguiu seus verdugos com toda tranquilidade, despedindo-se das donas da casa com um sorriso. Nessa mesma noite, foi imolado em Carrión de Calatrava, junto com os Beatos João Pedro de Santo Antônio e Paulo Maria de São José, passionistas do Convento de Daimiel. Jesus Hita quis ser sacerdote, mas o Senhor o havia destinado para uma vocação melhor: a de mártir