Nunca foi padre este mestre na espiritualidade franciscana de nome Miguel Baptista Gran, nascido a 24 de Novembro de 1620, em Riudons, Tarragona.
Sua gente era de grande fé e vivência cristã, mas muito humilde. Por isso, Miguel não pôde ir à escola, pois ainda adolescente foi obrigado a trabalhar no campo e a guardar o gado. Desejava muito ser religioso. No entanto, para obedecer ao pai, aos dezoito anos, casou-se, embora tenha combinado com sua noiva viverem como irmãos. Meses depois, enviuvou. Em 1640, ei-lo, conforme seu anseio, no convento dos frades menores, com o nome de Boaventura, em honra do santo franciscano por ele tão venerado.
Exerceu os trabalhos mais modestos: cozinheiro, porteiro, enfermeiro e esmoler, em vários conventos da Catalunha.
Sentindo-se chamado a promover a reforma da Ordem, apesar da sua pouca erudição e baixa cultura, pediu licença para se transferir para Roma, onde chegou, em 1658, depois de ter visitado Loreto e Assis.
Com suas virtudes e santidade, apesar de não ter recebido ordens sacras, foi difundindo o seu ideal de reforma, apoiado por Alexandre VII, que muito o considerava, e outros Papas.
Auxiliado pelos cardeais Barberini e Facchietti, fundou o primeiro convento reformado, Santa Maria das Graças, em Poggio Mirteto. Outros mais foram surgindo: Montório Romano, em 1666, São Cosimato, no Tívoli, em 1668, e o de S. Sebastião, no Palatino, em 1677, aos quais, já depois de sua morte se juntaram os de Florença e Prato.
Era considerado grande mestre em direção espiritual tanto dos indivíduos como das comunidades, porém, apesar de pressionado muitas vezes, jamais se achou digno de tornar-se sacerdote. Ocupou, no entanto, cargos de chefia nos conventos reformados: guardião, vigário e visitador.
À semelhança de S. Francisco, vivia em extrema pobreza e julgava-se o mais indigno dos servos de Deus.
Foi enriquecido com dons sobrenaturais extraordinários: discernimento dos espíritos, conhecimento do íntimo dos corações, êxtases e visões celestes.
Sua piedade era eminentemente prática, sem grandes especulações nem intelectualidades, mas perfeitamente adaptada à vida e temperamento de cada um.
A simplicidade de maneiras, a austeridade de vida, a pureza de alma e a doçura de coração formaram a grandeza de sua santidade sempre desejosa de fazer o bem e comunicar aos outros o amor imenso e misericordioso de Deus.
Atribui-se-lhe um pequeno compêndio de espiritualidade, ‘Trattatello sul ritiro’ só publicado, em 1950, pelo Archivium Franciscanum.
Morreu, a 11 de Setembro de 1684, no Retiro do Palatino, em Roma, por entre a admiração dos irmãos a quem ele confiou, através de uma reforma de costumes conventuais, o mais puro e austero da espiritualidade de Francisco de Assis.
Após a sua morte, apareceram algumas biografias, a fixarem o carácter de sua santidade e os trabalhos da sua reforma ainda hoje chamada ‘Riformela al Palatino’.