quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Santa Teresa Bracco, mártir


Teresa era uma jovem extremamente reservada, modesta, delicada no relacionamento com as pessoas, sempre pronta a dar a sua ajuda. E bela: dois grandes olhos escuros e aveludados sobressaíam num rosto sereno e pensativo, emoldurado por grandes tranças castanhas. Bela, dizia, mas sem qualquer vaidade. Sabia atrair a admiração respeitosa dos conterrâneos: “Uma garota assim, eu nunca tinha visto antes e jamais vi depois”, afirmou um deles. “Havia nela algo de diferente das demais garotas”, recorda uma amiga. “Era a melhor de nós todas”, confia sua irmã Ana.

Nascera em 24 de fevereiro de 1924, penúltima de sete filhos, em Santa Giulia di Dego (Savona). Mãe e pai foram para ela um exemplo de fé e fortaleza cristã: em 1927, sepultaram em apenas três dias dois filhos de nove e quinze anos. Uma fé, a deles, submetida ao cadinho da prova. Teresa só pôde freqüentar até o quarto ano do primeiro grau, pois com o seu trabalho de pastorinha procurou contribuir para o sustento da família. Trazia o Terço sempre consigo e, no campo, nunca parava de rezar. Ginin – como era chamada – sacrificava de boa vontade preciosas horas de sono desde que pudesse comungar. A igreja, de fato, não era tão perto de casa, e a missa era ali celebrada ao alvorecer. Mesmo assim, Teresa jamais renunciava a participar da santa celebração, por nada no mundo. A Eucaristia, a devoção a Nossa Senhora e a espiritualidade das obrigações, eis o segredo da sua santidade.
Na casa da família Bracco chegava regularmente o Boletim Salesiano. Do número de agosto de 1933, Teresa cortou a terceira página que trazia a figura de Domingos Sávio, filho de camponeses como ela, há pouco declarado venerável, que havia feito o seguinte propósito: “A morte, mas não o pecado”. A pequena – tinha apenas nove anos – ficou fascinada por ele, e colocou a página na cabeceira da cama. Desde então, o mote de Domingos foi também seu. Declarou guerra ao pecado: “Antes, eu me deixo matar”, escreveu. E manteve o propósito.
Seqüestrada em 1944 por um militar alemão, tentou inicialmente fugir às suas atitudes brutais; depois, vista a inutilidade de seus esforços, preferiu renunciar à vida a perder a virtude tão ciosamente conservada. Encontraram-na com o corpo torturado no dia 30 de agosto. O seu sacrifício não foi senão o último de uma vida inteiramente vivida pelo Evangelho.
João Paulo II beatificou-a em Turim no dia 24 de maio de 1998, memória de Maria Auxiliadora, durante sua peregrinação à Síndone. O Papa, naquela ocasião, afirmou: “Dedico esta jovem aos jovens [...] para que aprendam dela a límpida fé, testemunhada no empenho quotidiano, a coerência moral sem compromissos, a coragem de sacrificar, se necessário, até a vida, para não trair os valores que dão sentido à vida”.