Natural de uma terra próxima de Urbino (Itália), recebeu no batismo o nome de João Santos. Estudou letras e direito na universidade de Urbino, mas não completou esses cursos para se dedicar a carreira militar.
Aos 20 anos foi atacado por um parente e viu-se forçado a defender a própria vida, ferindo de morte o atacante. Angustiado por essa ocorrência involuntária, renunciou à vida militar, e em 1362 entrou na OFM num convento próximo de Montebarócchio. As suas virtudes mais notáveis foram à penitência e a humildade, e as mais notáveis devoções foram à sagrada Eucaristia e a Santíssima Virgem. Além dos ofícios próprios do seu estado, e em atenção à sua cultura e vida virtuosa, foi também mestre de noviços de irmãos leigos.
No intuito de expiar a morte que involuntariamente provocara, pediu a Deus para sofrer dores idênticas às que provocara ao parente. E foi atendido. Formou-se-lhe na perna direita uma úlcera de que nunca se curou, e o fez sofrer muito.
Os biógrafos atribuem-lhe dons extraordinários e milagres. Uma ocasião, encarregado de cortar lenha numa mata próxima, o jumento que levara para carrego ficou de noite fora de qualquer abrigo, e foi atacado por um lobo feroz, atou-lhe ao pescoço o seu próprio cordão, e ordenou-lhe da parte de Deus que reparasse o mal cometido, levando ele a lenha para o convento. O animal, dócil e obediente, durante muitos anos prestou esse serviço aos religiosos.
Outra façanha ocorreu quando o duque de Urbino se encontrou com ele e lhe pediu que intercedesse junto a Deus para as suas terras serem libertas duma praga de gafanhotos, ratos e outros animais nocivos que davam cabo das culturas. O devoto irmão ajoelhou-se, ergueu os braços ao céu e orou. E de imediato esses animais foram precipitar-se no mar, que ficava perto.
A fama da virtude do Beato João Santos atraiu ao convento de Scotoneto multidões de gente, ansiosas por verem o homem de Deus, ouvirem a sua palavra inspirada, e pedirem-lhe graças e favores. A ninguém ele recusava uma palavra de consolação e de esperança. Devoto fervoroso da SS. Virgem, durante toda a vida difundiu o seu culto, e pediu-lhe que Deus o chamasse para si no dia da Assunção. E assim aconteceu. Na noite de 14 para 15 de agosto de 1392, depois de ter recebido do superior a última benção, com 49 anos de idade a sua alma santa voou para a glória do céu.