Uma jovem nascida em um pequeno vilarejo, de saúde frágil, jamais pensou que um dia iria fundar uma congregação de irmãs educadoras, difundida hoje em várias partes do mundo. Mas Nosso Senhor se serve de instrumentos pequenos.
Eulália Melânia Durocher nasceu em Saint-Antoine-sur-Richelieu, pequena aldeia de Quebec (Canadá), no dia 6 de outubro de 1811, de uma família muito religiosa. Era a última de dez filhos, três dos quais se tornaram sacerdotes e duas religiosas. Os pais, agricultores, também na juventude tinham pensado em consagrar-se a Deus.
Eulália cresceu em um ambiente sadio, tranqüilo e profundamente católico. Aprendeu com a mãe a rezar e a socorrer os pobres e doentes. O avô paterno ministrou-lhe os primeiros rudimentos de letras.
Na idade de 10 anos foi mandada para o Colégio das Irmãs de Nossa Senhora em S. Denis, onde permaneceu por dois anos e recebeu a Primeira Comunhão. Retornou para casa por problemas de saúde, até que em 1827, amadurecendo a vocação religiosa, entrou na comunidade de Montreal daquela Congregação. Nos três anos seguintes, teve que voltar para casa várias vezes, sempre devido a saúde precária, e, finalmente, renunciou ao seu desejo de tornar-se religiosa.
Com a idade de 19 anos, quando da morte de sua mãe, teve que assumir a responsabilidade do governo da casa. Pouco depois, o seu irmão Teófilo, pároco de Beloeil, chamou-a para tomar conta da residência paroquial, onde se alojavam padres e seminaristas doentes. Transferiu-se então com o pai para junto do irmão sacerdote.
Não lhe faltaram sofrimentos da parte das empregadas mais antigas, que suportou com paciência, sem se queixar. Além do trabalho da casa, ocupou-se em dirigir as obras de caridade da paróquia e estimular a piedade mariana das jovens.
No ano seguinte, algumas jovens começaram a ajudá-la e formaram a associação das Filhas de Maria, a primeira do Canadá. Eulália foi eleita diretora da associação, mas o seu desejo de consagrar-se toda a Deus permanecia forte e, em 1841, pronunciou, nas mãos do confessor, os votos privados de pobreza, castidade e obediência.
O trabalho na paróquia a fazia compreender quão necessária era a instrução dos pobres, que naquele tempo estavam quase privados dela.
A situação sócio-política de Quebec era complicada. No século anterior, depois da guerra entre a França e a Inglaterra (1763), o país havia passado para o controle inglês. Desde a sua fundação (1603), a “Nouvelle France” (a Nova França) havia nascido graças à imigração do velho continente, regulada por normas precisas. Os habitantes eram todos católicos franceses e a convivência com os ingleses (protestantes) não era fácil.
Com a Revolução Americana, os colonos que não queriam separar-se da Coroa Britânica se refugiaram no Canadá. Eles se estabeleceram sobretudo no oeste, em Ontário, deixando aos franceses os territórios do leste. A convivência entre as duas comunidades, que implicava na escolha dos governos, a liberdade de imprensa e o controle do comércio, era difícil. Houve revoltas contidas à força (1838), porque os franceses, sendo a maioria, tinham menos direitos.
Nesse ambiente complexo se insere a história da beata. Na sua cidadezinha, para instruir o povo, se procurou fazer vir da França a Congregação dos Santos Nomes de Jesus e Maria que, impossibilitada de abrir uma casa no ultramar, mandou suas próprias constituições para que se inspirassem nelas.
O confessor de Eulália, um Missionário Oblato de Maria Imaculada (fundados por Santo Eugênio de Mazenod), aconselhou então a jovem a dar vida a uma nova família religiosa.
Eulália, contra toda expectativa, junto com duas amigas formou a primeira comunidade, alojando-se em uma velha escola. Naquele mesmo ano, Santo Eugênio de Mazenod enviou da França os seus missionários a Montreal, o que facilitava o desenvolvimento de sua Congregação. A diocese católica era grande e havia muito trabalho a fazer.
Nasceu assim, em Longueuil, no dia 28 de outubro de 1843, as Irmãs dos Santos Nomes de Jesus e Maria. Aprovada pelo Bispo Ignace Bourget em 29 de fevereiro do ano seguinte, em 8 de dezembro de 1844, procedeu-se à profissão religiosa e Eulália adotou o nome de Maria Rosa, sendo nomeada superiora e mestra de noviças.
Em 1845, a Congregação teve sua personalidade jurídica reconhecida por parte do parlamento. A direção dos Oblatos de Santo Eugênio foi fundamental na formação das religiosas, bem como a ajuda dos irmãos de Madre Maria Rosa, em particular de Teófilo. Mantiveram as constituições do Instituto de Marselha, adotando o método de ensino dos Irmãos das Escolas Cristãs.
A Congregação multiplicou o seu apostolado, algumas iniciativas eram a pagamento e assim se pode financiar a atividade educativa para as famílias pobres.
Madre Maria Rosa tinha finalmente cumprido sua missão terrena, lançando no seio da Santa Igreja uma semente fecunda. Morreu com somente 38 anos, em 6 de outubro de 1849. Pouco antes de expirar, sorridente, disse às Irmãs reunidas em torno de seu leito: “As vossas orações me detêm aqui, deixem-me ir!”
A Congregação, que em 1877 se tornou de direito pontifício, se dedica ainda hoje principalmente à instrução e à catequese, seguindo a espiritualidade inaciana. Difundiu-se por várias partes do mundo: além do Canadá e dos Estados Unidos, está presente no Japão, Brasil, Peru, Camarões, Haiti, Nigéria.
Os despojos mortais de Madre Maria Rosa são venerados na Catedral de Santo Antonio da diocese de St-Jean-Longueuil. Foi beatificada em 23 de maio de 1982.