sábado, 12 de outubro de 2013

Beata Alexandrina Maria da Costa


     Nascida no meio católico e rural de Balasar, para frequentar a escola primária Alexandrina mudou-se em 1911 para o meio urbano de Póvoa de Varzim, onde viveu na pensão de um marceneiro, na Rua da Junqueira. Ao fim de dezoito meses, regressou à freguesia natal, para o lugar do Calvário, freguesia esta de Santa Eulália de Balasar onde, desde o tempo da sua quarta avó materna Tereza Maria da Costa Carneira - bisneta do Morgado Pedro Carneiro da Gram - é a terra onde viveu toda a sua família.
     Começou a trabalhar cedo na lavoura, como era usual na altura. Era uma menina vigorosa, a ponto de afirmar na Autobiografia que a equiparavam aos homens no que diz respeito ao rendimento do trabalho. Aos 12 anos adoeceu, provavelmente de febre tifoide, ficando a sua saúde, a partir desse momento, algo comprometida.
     Com 14 anos, no dia de Sábado Santo (antes da Páscoa) de 1918, estando a trabalhar em costura com a sua irmã Deolinda e outra menina, deu um salto do quarto onde estava para se defender de agressores que invadiram a casa, numa atitude semelhante à de Santa Maria Goretti que morreu em defesa da sua virgindade.
     Até aos seus 19 anos ainda se conseguia movimentar sofrivelmente, tendo gosto em ir à igreja. Contudo, a paralisia foi-se agravando até 14 de abril de 1925, data em que ficou, definitivamente de cama durante trinta anos.
     A sua intenção inicial era tornar-se missionária e por isso orava à Santíssima Virgem Maria para que ficasse curada. Em 1928, chegou à conclusão de que a sua vocação era compartilhar misticamente o sofrimento de Cristo, oferecendo-se então como vítima pelos pecadores.
     De 3 de outubro de 1938 a 24 de março de 1942, todas as sextas-feiras, alegou viver os sofrimentos da Paixão de Cristo: superando a paralisia, descia da cama e, dando mostras de sofrimento físico, repetia, por três horas e meia, as etapas da Via Sacra. Existe um registo filmado de um destes êxtases e um circunstanciado relato de um outro, publicado pelo Padre José Alves Terças nas páginas de "A Paixão Dolorosa" (este escrito, ilustrado com alguns desenhos, pôs pela primeira vez a Alexandrina nas bocas do mundo, para grande mágoa sua).
     O padre jesuíta Mariano Pinho, seu diretor de 1933 a 1942, exortou-a a ditar as suas vivências místicas. A sua obra escrita (autobiografia, cartas, diário) enche cerca de 5.000 páginas.
     Em 1936, por intermédio do mesmo diretor, fez vários pedidos à Santa Sé no sentido de que o mundo fosse consagrado ao Imaculado Coração de Maria, o que fez despertar o interesse do Vaticano pelo seu caso (houve, mesmo, contatos com o Arcebispo de Braga). A 31 de outubro de 1942, o Papa Pio XII satisfez esse desejo, numa mensagem transmitida a partir de Fátima (celebravam-se os 25 anos das Aparições), repetindo-se este ato na Basílica de São Pedro, no Vaticano, no dia 8 de dezembro do mesmo ano.
     A partir 27 de março de 1942 deixou de se alimentar nos seguintes 13 anos de vida, vivendo exclusivamente da comunhão diária. Para verificar a inédia, em 1943, foi internada no Refúgio de Paralisia Infantil, na Foz do Douro. Foi aí submetida à vigilância de um grupo de médicos, dirigidos pelo Dr. Henrique Gomes de Araújo, membro da Sociedade Portuguesa de Química e da Real Academia de Medicina de Madrid, por um período de 40 dias. No final, asseguraram que era "absolutamente certo" que durante aquele tempo não tinha comido, bebido, defecado ou urinado.
     O mesmo Dr. Henrique Gomes de Araújo, a quem o Dr. Azevedo pedira "o estudo das faculdades mentais da doente", descreveu-a nestes termos: “A expressão de Alexandrina é viva, perfeita, afetuosa, boa e acariciadora; atitude sincera, sem pretensões, natural. Não há nela ascetismo, nada untuoso, nem voz tímida, melíflua, rítmica; não é exaltada nem fácil a dar conselhos. Fala de modo natural, inteligente, mesmo subtil; responde sem hesitações, até com convicção, sempre em harmonia com a sua estrutura psíquica e a construção sólida de juízos bem delineados em si e pelo ambiente, mas sempre, repetimo-lo, com ar de espontânea bondade que o clima místico que desde há tempos a circunda e que, parece, não foi por ela provocado, não modificaram”.
     Sobretudo nos anos finais da sua vida, começou a desenvolver-se em torno da Alexandrina um fenômeno de popularidade, que levou muita gente em peregrinação até ao seu leito em busca de aconselhamento espiritual.

Promessas de Jesus

     Nas Suas aparições e revelações à Beata Alexandrina de Balasar, Jesus apresentou-lhe duas grandes e prodigiosas promessas:

Devoção das 6 Primeiras Quintas-feiras
     «Minha filha, minha esposa querida, faz com que Eu seja amado, consolado e reparado na Minha Eucaristia. Diz, em Meu nome, que todos aqueles que comungarem bem, com sinceridade e humildade, fervor e amor em seis primeiras quintas-feiras seguidas e junto do Meu sacrário passarem uma hora de adoração e íntima união coMigo, lhes prometo o Céu. É para honrarem pela Eucaristia as Minhas Santas Chagas, honrando primeiro a do Meu sagrado ombro tão pouco lembrada. Quem isto fizer, quem às Santas Chagas juntar as dores da Minha Bendita Mãe e em nome delas nos pedir graças, quer espirituais, quer corporais, Eu lhas prometo, a não ser que sejam de prejuízo à sua alma. No momento da morte trarei coMigo Minha Mãe Santíssima para defendê-lo».

Divulgação e defesa da beatificação
     Entre os estudiosos da sua vida e escritos, que tornaram viável a abertura, desenvolvimento e conclusão do Processo Diocesano para a beatificação e canonização, destacam-se, além do já citado Padre Mariano Pinho, o italiano Padre Humberto Pasquale e o Casal Signorile. Os livros escritos por este casal (os professores Chiaffredo e Eugênia) são referência importante para o conhecimento da obra de Alexandrina (alguns deles, como a recorrentemente citada “Figlia del Dolore Madre di Amore” estão disponíveis on-line).
     A beatificação de Alexandrina Maria da Costa assentou numa cura ocorrida em Estrasburgo com uma emigrante oriunda da freguesia de Esmeriz, Vila Nova de Famalicão; esta cura foi declarada inexplicável à luz dos atuais conhecimentos da medicina.


Alexandrina dois meses antes de seu falecimento, última foto datada de 15/8/1955