sexta-feira, 29 de junho de 2012

São Marcial de Limoges, bispo e mártir

 
 
               Existem duas biografias de São Marcial, tão fantasistas uma como outra: a Vida primitiva e a Vida recente; a primeira, publicada por um membro do clero de Limoges, França, no século VIII; a segunda, por Ademar de Chabannes, monge da Abadia de São Marcial de Limoges, no principio do século IX.
              A Vida primitiva conta que, tendo Marcial sido enviado por S. Pedro para converter as gentes de Limoges, partiu de Roma com dois companheiros, Alpiniano e Austricliniano. Este morreu no caminho; Marcial ressuscitou-o, porém, com o cajado de São Pedro que trazia, e os três chegaram bem a Limoges. Toda a gente, ao que parece, os esperava para se converter. Marcial tomou a direcção da nova comunidade como bispo; devido a esse facto, a Igreja de Limoges pode orgulhar-se remontar aos tempos apostólicos; o que era preciso demonstrar.
             Contudo, a Vida primitiva não falava do que tinha feito Marcial antes de exercer apostolado. O padre de Chabannes preencheu esta lacuna com a Vida recente. Ficou esta a dizer-nos que Marcial, primo de São Pedro, tinha sempre vivido na companhia do Salvador. Era ele «o menino» que Jesus mostrou aos Apóstolos quando os impelia a tornarem-se como crianças, se queriam entrar no reino dos céus (Mt 18, 3); e era, ele ainda «o rapaz que tinha cinco pães e dois peixes», quando da multiplicação dos pães no deserto (Jo 6, 5-15).
            Tal livro pretendia evidentemente valorizar as relíquias de São Marcial, que estavam em posse da abadia do Padre de Chabannes, e atrair peregrinos e esmolas. A verdade está em não sabermos nada de São Marcial, a não ser que morreu como bispo de Limoges, na segunda metade do século III.