domingo, 3 de junho de 2012

Santos Carlos Lwanga e 21 companheiros mártires

 

O povo africano talvez tenha sido o último a receber a evangelização cristã, mas já possui seus mártires homenageados na história da Igreja Católica. O continente só foi aberto aos europeus depois da metade do século XIX.
Antes disso, as relações entre as culturas davam-se de forma violenta, principalmente por meio do comércio de escravos. Portanto, não é de estranhar que os primeiros missionários encontrassem, ali, enorme oposição, que lhes custava, muitas vezes, as próprias vidas.
A pregação começou por Uganda, em 1879, onde conseguiu chegar a "Padres Brancos", congregação fundada pelo cardeal Lavigérie. Posteriormente, somaram-se a eles os padres combonianos. A maior dificuldade era mostrar a diferença entre missionários e colonizadores. Aos poucos, com paciência, muitos nativos africanos foram catequizados, até mesmo pajens da corte do rei. Isso lhes causou a morte, quase sete anos depois de iniciados os trabalhos missionários, quando um novo rei assumiu o trono em 1886.
O rei Muanga decidiu acabar com a presença cristã em Uganda. Um pajem de dezessete anos chamado Dionísio foi apanhado pelo rei ensinando religião. De próprio punho Muanga atravessou seu peito com uma lança, deixou-o agonizando por toda uma noite e só permitiu sua decapitação na manhã seguinte. Usou o exemplo para avisar que mandaria matar todos os que rezavam, isto é, os cristãos.
Compreendendo a gravidade da situação, o chefe dos pajens, Carlos Lwanga, reuniu todos eles e fez com que rezassem juntos, batizou os que ainda não haviam recebido o batismo e prepararam-se para um final trágico. Nenhum desses jovens, cuja idade não passava de vinte anos, alguns com até treze anos de idade, arredou pé de suas convicções e foram todos encarcerados na prisão em Namugongo, a setenta quilômetros da capital, Kampala. No dia seguinte, os vinte e dois foram condenados à morte e cruelmente executados.
Era o dia 3 de junho de 1886, e para tentar não fazer tantos mártires, que poderiam atrair mais conversões, o rei mandou que Carlos Lwanga morresse primeiro, queimado vivo, dando a chance de que os demais evitassem a morte renegando sua fé. De nada adiantou e os demais cristãos também foram mortos, sob torturas brutais, com alguns sendo queimados vivos.
Os vinte e dois mártires de Uganda foram beatificados em 1920.
Carlos Lwanga foi declarado "Padroeiro da Juventude Africana" em 1934.
Trinta anos depois, o papa Paulo VI canonizou esse grupo de mártires. O mesmo pontífice, em 1969, consagrou o altar do grandioso santuário construído no local onde fora a prisão em Namugongo, na qual os vinte e um pagens, dirigidos por Carlos Lwanga, rezavam aguardando a hora de testemunhar a fé em Cristo.
Os nomes dos santos mártires são:

  • Aquiles Kiwanuka, clérigo
  • Adolfo Ludigo-Muksa, pajem do rei
  • Ambrósio Kibuuka, pajem do rei
  • Anatólio Kiriggwajjo, pajem do rei
  • André Kaggwa, maestro
  • Atanásio Bazzekuketta, guardião do tesouro real
  • Bruno Sserunkuuma, soldado
  • Carlos Lwanga, criado do palácio real
  • Dionísio Ssebuggwawo
  • Gonzaga Gonza
  • Matias Kelemba Murumba, muçulmano convertido
  • Tiago Buuzabalyawo, soldado
  • João Maria Muzeeyi
  • José Mukasa Balikuddembe, mordomo do rei 
  • Kizito, de 14 anos, o mais jovem dos mártires
  • Lucas Baanabakintu
  • Matias Mulumba, chefe tribal
  • Mbanga Tuzinde, pajem do rei
  • Mugagga
  • Mukasa Kiriwawanvu
  • Noé Mawaggali, oleiro
  • Ponciano Ngondwe, guarda real

  • Basilica

    Santuário dos Santos Mártires em Namugongo, Uganda