sábado, 2 de junho de 2012

Santos Mártires de Lião


Santa Blandina, mártir de Lião

             Comemoram-se hoje os santos que sofreram o martírio na cidade de Lião, na França, pelo ano 178. Temos a sorte de possuir atas autênticas destes mártires, escritas por uma testemunha ocular e incorporadas na famosa História Eclesiástica de Eusébio, no século IV.
            Deixemos que as próprias atas nos falem diretamente: elas têm o sabor da antiguidade; eis os trechos principais:
            A perseguição foi de violência tal neste país, a raiva dos pagãos tão grande contra os cristãos, nossos bem-aventurados mártires sofreram tanto, que nós não saberíamos encontrar palavras necessárias para vos fazer uma descrição completa do que ocorreu. Entretanto, a graça de Deus lutou por nós, afastando do perigo os tímidos e opondo aos perseguidores colunas sólidas na fé, capazes de resistir sem vacilar.
           Os cristãos caminharam para o martírio suportando ultrajes e suplícios incríveis, contudo, apressaram o passo para Cristo e revelaram ao mundo que os sofrimentos daqui de baixo nada são em comparação com a glória que nos espera lá no alto. Durante o processo no tribunal, estava presente nosso irmão Epagito que, apesar de sua juventude, cheio de zelo no serviço de Deus possuía o ardor do Espírito; ele não conseguiu suportar tantas ilegalidades no julgamento contra os cristãos.
            Perante o juiz reclamou a palavra para defender os irmãos na fé e provar que entre nós não há impiedade nem negação de Deus. Reconhecendo-o como cristão, o juiz o mandou logo prender e decapitar.
           O bem-aventurado Potino era bispo de Lião, tinha mais de 90 anos. De saúde muito fraca, mal podia respirar pois estava tão gasto seu corpo. Mas o ardor do espírito lhe deu orça. Arrastaram-no ao tribunal, o corpo alquebrado de velhice e de enfermidade, a alma intacta. Proclamou-se cristão; então, o arrastaram brutalmente, os mais próximos davam-lhe pontapés e socos, os de longe lançavam-lhe tudo o que tinham nas mãos; o mártir já mal respirava quando jogaram-no na prisão: aí morreu dois dias depois.
           Maturo, Santo, Blandina e Átala foram conduzidos às feras no anfiteatro para alegrar os olhos dos pagãos. Antes de soltarem as feras, submeteram-nos a toda sorte de torturas, chicoteadas, até cadeiras de ferro incandescente para os assar, a fim de que renegassem a fé em Cristo. Tudo resultou em vão, perante a firmeza dos mártires. Enfim, soltaram as feras.
         Perante o tribunal estava de pé também um certo Alexandre, médico universalmente conhecido pela sua caridade, por seu amor a Deus e sua franqueza na linguagem. O povo furioso por ver a constância dos mártires reclamou aos berros contra Alexandre, acusando-o responsável por tudo aquilo.
          Confessada sua fé em Cristo perante o juiz, Alexandre foi condenado à morte. Foi submetido a todos os instrumentos de tortura. Alexandre sem um gemido, sem um murmúrio, entreteve-se todo o tempo com Deus no fundo do seu coração. Enfim foi degolado. Último dos mártires foi o jovem de 15 anos de nome Pôntico. Para forçá-lo a jura pelos ídolos, fizeram com que presenciasse o suplício dos outros. Mas ele teimou em querer viver e morrer como cristão. Suportou bravamente todas as torturas, até entregar sua alma a Deus.
           As atas dos mártires continuam: mas o que ficou acima já é bastante para constatar como a fé cristã chegou até nós lavada e purificada pelo sangue de tantos mártires.