segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Santa Agostinha Lívia Pietrantoni, religiosa

    

         27 de março de 1864. No pequeno povoado de Pozzaglia Sabina, a 800 m de altitude, na bonita zona geográfica entre Rieti, Orvinio, Tivoli, nasceu e foi batizada Lívia, segunda de 11 filhos. Os pais, Francisco Pietrantoni e Catarina Costantini, eram pequenos agricultores que trabalhavam a própria terra e algum terreno arrendado. A infância e a juventude de Lívia respiram os valores da família honesta, laboriosa, religiosa e são marcadas sobretudo pela sabedoria do avô Domingos, verdadeira ícone patriarcal na casa abençoada, onde "todos procuravam fazer o bem e a oração era comum".
Aos quatro anos, Lívia recebeu o sacramento da Crisma e por volta de 1876 fez a sua Primeira Comunhão, com uma consciência certamente extraordinária, comprovada pela sua posterior vida de oração, de generosidade e de doação. Ainda muito cedo aprendeu da mãe Catarina as atenções e os gestos de maternidade que exprime com docilidade entre os numerosos irmãozinhos da sua família, onde todos parecem ter direito ao seu tempo e à sua ajuda. Trabalha no campo e cuida dos animais. Portanto, não tem muito tempo para brincar e para a escola. Mesmo assim consegue obter um grande proveito da sua irregular freqüência, tanto a merecer das suas colegas o título de "professora".
Aos 7 anos começou a trabalhar com outras crianças transportando inúmeros baldes de cascalho e areia para a construção da estrada Orvinio-Poggio Moiano. Aos 12 anos parte com as outras meninas que nos meses invernais se encontram em Tivoli para a colheita da azeitona. Lívia, com uma sabedoria precoce, assume a responsabilidade moral e religiosa das jovens colegas: é para elas apoio na dureza do trabalho longe da família e do povoado; com decisão e coragem é também guia nas relações com os chefes prepotentes e sem escrúpulos.
Lívia era uma jovem admirável pela sabedoria, o senso altruísta, a generosidade, a beleza e isso não passa despercebido aos olhos dos rapazes do seu povoado. Mais que um rapaz a quis para esposa. Um deles deu este testemunho:
Lívia percebeu porque era inteligentíssima... Um dia passei por ela ao longo da estrada, quase por acaso. Estava a ler um livro. Parou e olhou para mim, um pouco atrapalhada. Depois tirou para fora do livro um 'santinho', um Ecce Homo (Cristo flagelado, coroado de espinhos e com as mãos atadas). Mostrou-o e disse:
- Este é que será o meu esposo.
Respondi-lhe apenas: - Já sabia e és bem digna dEle.
Às companheiras, que procuravam dissuadi-la, diz resolutamente: - Hei-se ser religiosa e no convento mais difícil.
Às pessoas da família e do povoado que pretendiam desviá-la da sua decisão, definindo-a uma fuga das dificuldades, Lívia respondia: "Quero escolher uma Congregação onde tenha trabalho para o dia e para a noite" e todos estão certos da autenticidade dessas palavras. A mãe declarou: - Que bênção de Deus esta minha filha! Sabe tratar melhor do que eu com o pai, com os irmãos, com a agulha, com o tear, na cozinha e na limpeza. Que poderia eu fazer sem ela, com uma família tão grande?
Como mãe católica que era, apesar da falta que lhe fazia, deu-lhe licença, assim como o pai, de seguir a vida religiosa.
Em 3 de março de 1886, a Superiora Geral das Irmãs da Caridade de Sta. Joana Antida Thouret, a Madre Josefina Bocquin, comunica-lhe que a espera na Casa Geral localizada na rua Sta. Maria em Cosmedin.
23 de março de 1886. Lívia chega a Roma aos 22 anos, passando a morar na Rua Sta. Maria em Cosmedin. Alguns meses de Postulado e de Noviciado são suficientes para constatar que a jovem possui todas as condições para ser Irmã da Caridade, isto é, uma verdadeira "serva dos pobres", conforme a tradição de São Vicente de Paulo e de Sta. Joana Antida. Lívia levava para o convento, como herança familiar, um potencial humano particularmente sólido que lhe serve de garantia.
Ao vestir o hábito religioso, recebeu o nome de Irmã Agostinha; ela percebeu que ela mesma deveria ser santa com este nome, visto que, de fato, não existe uma santa Agostinha!
Enviada ao Hospital Espírito Santo, glorioso pela sua história de 700 anos e definido como "o ginásio da caridade cristã", Irmã Agostinha dá a sua contribuição pessoal a exemplo dos santos que a precederam, entre os quais São Carlos Borromeo, São José Calasâncio, São João Bosco, São Camilo de Léllis, e naquele lugar de dor manifesta a caridade até o heroísmo.
Começou primeiramente a tratar das crianças; depois passou para a enfermaria dos tuberculosos.
Naqueles tempos de luta declarada contra a Igreja, a paciente religiosa tinha de ouvir freqüentemente blasfêmias, injúrias, palavras malcriadas e provocadoras. Os Padres Capuchinhos são expulsos, o crucifixo é banido, bem como os demais sinais religiosos. O clima no hospital é hostil à religião. Quereriam afastar também as Irmãs, mas temem a impopularidade. A vida torna-se "impossível" para elas e lhes é proibido falar de Deus. Ir. Agostinha, porém, não tem necessidade da boca para "gritar Deus" e nenhuma mordaça a pode impedir de anunciar o Evangelho.
Descontentamento, insultos, impaciências, grosserias de toda a espécie nunca lhe faltavam, mas ela sabia pagar tudo com muita delicadeza - escreveu um enfermo.  E outra testemunha: - Com os doentes era uma verdadeira mãe, especialmente com os mais graves. À noite, antes de se retirar, não deixava de se aproximar das camas dos que estavam em maior perigo. Acomodava-lhes o travesseiro e dizia-lhes qualquer boa palavra. Por vezes, algum doente mau e descontente provocava-lhe algum aborrecimento, como atirar ao chão o prato de comida. Mas a Irmã Agostinha nunca perdia a paciência.
Pela sua dedicação a boa Irmã contraiu depressa a tuberculose. Viu-se obrigada a retirar-se, mas fez a Superiora prometer-lhe que, se se curasse, voltaria para a mesma enfermaria. E assim aconteceu: milagrosamente sara.
Em segredo, em um pequeno ângulo escondido, Ir. Agostinha encontrou um lugar para a Virgem Maria, para que fique no hospital. A Ela confia os seus "protegidos", prometendo vigílias de oração e maiores sacrifícios para obter a graça da conversão dos mais obstinados.
José Romanelli era o pior de todos, o mais vulgar e insolente, sobretudo com Ir. Agostinha que se desdobra em atenções e acolhe com grande bondade a mãe cega que vem visitá-lo. Ele tinha sido quatro vezes condenado nos tribunais... Dele se pode esperar de tudo, todos estão aborrecidos.
Na noite de 23 de outubro de 1894, toma atitudes provocadoras com as lavadeiras. Um enfermeiro avisa o diretor clínico que, dois dias depois, o despede do hospital. Na sua raiva Romanelli quer encontrar uma vítima e a indefesa Irmã Agostinha é a vítima designada. "Matar-te-ei com as minhas mãos! Irmã Agostinha, não tens mais que um mês de vida!", são as expressões de ameaças que ele faz chegar, seguidas vezes, através de bilhetes.
De fato, Romanelli não brinca, mas nem mesmo Irmã Agostinha fixa limites à sua generosidade ao Senhor. Quando naquele 13 de novembro de 1894 Romanelli a surpreende em um estreito corredor do hospital e a fere mortalmente, dos seus lábios saem somente a invocação à Virgem e palavras de perdão. A Irmã cai de joelhos sem um lamento. Com extremo esforço levanta-se, dá uns passos para a habitação das religiosas, perdoa ao assassino e exala o último suspiro murmurando: Minha Mãe do céu, ajudai-me! A autópsia revelará que o coração tinha sido atravessado em três pontos.
No dia 15 de novembro toda a cidade de Roma se apinha nas ruas, do Hospital do Espírito Santo para o cemitério, a fim de ver passar o caixão da religiosa mártir. Os jornais do tempo referem que estavam presentes mais de 200 mil pessoas.
No dia 12 de novembro de 1972, Paulo VI elevou às honras dos altares, com o título de Beata, a Irmã Agostinha Lívia, falecida aos 30 anos. Ela foi canonizada no domingo, 18 de abril de 1999 por João Paulo II.
Esta Santa tinha feito a promessa solene: Ofereço-me a Deus para amar Nosso Senhor Jesus Cristo e para servi-Lo na pessoa dos pobres. Prometeu e cumpriu.