Natural de Beja, encaminhara-se este a Córdova no prosseguimento dos seus estudos, para poder iniciar-se na clericatura, em que subiu até à ordem de Diácono; e na qual, como Estêvão e Lourenço, não tardou em dar provas de ciência, sabedoria e fortaleza cristãs. Divulgando muito cedo o vigor da sua palavra, com vários outros «cristãos atrevimentos», depressa foi atirado para um cárcere, seguindo-se logo o julgamento, sentença e martírio, a 16 de Julho de 851. Foi sua sepultura na igreja do mártir cordovês Santo Acisclo, junto da qual funcionavam os estudos que Sisenando frequentara. Passados anos e séculos de muitos vaivéns e dilatado esquecimento, só no século XVI, com a publicação das obras de Santo Eulógio, é que veio a ser conhecido e venerado o Diácono e Mártir S. Sisenando, de Beja.
Por decreto de 24 de Outubro de 1651, foi ele proclamado Padroeiro da sua cidade, onde já, 50 anos antes, tinha chegado também uma sua relíquia insigne, um braço do Santo Mártir enviado de Córdova. Consagrou-se-lhe uma capela no lugar do seu nascimento, à Rua Cega, junto à Igreja do Salvador; mas, com o decorrer de mais anos de indiferença e abandono, e após a enxurrada do furor demagógico dos princípios do século XX, a veneranda capela ficou reduzida a uma vulgar cantina escolar. A tudo isto se tinha chegado e assim continuava quando veio para Bispo de Beja o Bispo Soldado, D. José do Patrocinio Dias que, na restauração da catedral, em 1947, dedicou um altar ao santo Mártir e Patrono, fixando-lhe aos pés o relicário do braço, outrora vindo de Córdova, mas àquelas horas, e há muito, arrumado ou atirado para o museu regional.
Assim foi desagravado o Santo Diácono e Mártir, onde continua com a Missa e ofício próprios da sua festa, em cujo hino de Vésperas ele é saudado como fervoroso e ilustre Levita de Cristo, nobre atleta e modelo de estudantes que, desprezando os bens caducos da terra, preferiu os incorruptíveis tesoiros do Céu, como quem passou a juventude ouvindo mestres piedosos e a adornar o espírito com as ciências do alto.