terça-feira, 9 de julho de 2013

Santa Sunniva de Bergen, virgem e mártir



    
     A lenda de Santa Sunniva ainda é muito viva na Noruega, embora este país seja majoritariamente protestante. A Noruega tem dois Santos: Olavo e Halvard, sobrinho-neto do primeiro e patrono da capital, Oslo; e uma Santa, Sunniva, Santa guardiã da Noruega ocidental. A Gruta de Santa Sunniva, na Ilha de Selje, onde se acredita que ela morreu, é uma grande caverna onde há vestígios das paredes de uma igreja construída em honra de São Miguel Arcanjo.
     Alguns historiadores se referem à Santa Sunniva como uma religiosa irlandesa que sofreu um naufrágio na Noruega e fundou um convento com suas companheiras, por volta do ano 960. Não há informações sobre ela na Irlanda, mas, de acordo com a legenda (que é similar a de Santa Úrsula), ela era uma princesa ou uma religiosa, ou ambas as coisas, que fugiu da Irlanda com seu irmão Albano, suas irmãs Borni e Marita, e várias outras donzelas.
     Diz-se que eles estavam procurando um refúgio onde pudessem viver suas vidas consagradas em exílio, por amor de Jesus Cristo. Eles naufragaram na costa oeste da Noruega e chegaram à Ilha Selja. Ali eles iniciaram uma vida de devoção em comum, vivendo em grutas e tendo os peixes como subsistência. Há também quem diga que Sunniva fugiu da Irlanda para não se casar com um chefe Viking pagão.
     Sua história tem dois finais. Uns dizem que os habitantes da ilha os mataram. Outros relatam que Jarl Haakon, um chefe local, ouviu falar da chegada dos irlandeses e como os moradores da ilha se queixavam que eles roubavam seus animais, foi investigar. Levou consigo vários de seus homens e pretendia matá-los. Os membros da comunidade se refugiaram dentro das grutas. Santa Sunniva rezou rogando que nem ela nem seus companheiros fossem aprisionados pelo pagão. Então, uma grande quantidade de pedras desmoronou e bloqueou todas as entradas, matando os cristãos.
     Navegadores que passavam pela ilha viam uma curiosa luminosidade sobre Selja. Por volta de 995, alguns mercadores aportaram na ilha e acharam um crânio que brilhava muito e exalava forte aroma. Eles o levaram para Nidaros (a capital do tempo) e entregaram-no ao Rei Olaf Tryggvason, contando-lhe a descoberta. Ele falou-lhes de Nosso Senhor e os mercadores foram batizados. Olaf (Olavo) enviou pessoas a Selja a procura de Sunniva. Eles encontraram lá mais ossos brilhantes. Depois, sob uma enorme pilha de rochas, Sunniva foi encontrada. Ela parecia estar adormecida, tão bela como quando vivia. Eles compreenderam que ela devia ser santa e levaram-na para a igreja mais próxima. Ela foi posteriormente declarada Santa.
     A construção das igrejas na Ilha de Selje iniciou-se durante o reinado do Rei Olavo (995-1000). A pequena era feita de madeira e foi terminada rapidamente. A catedral era uma construção monumental de pedra e só foi terminada bem depois do reinado de Olavo. A igreja menor foi provavelmente construída para ser utilizada pelo bispo enquanto a maior era completada. O estilo da Catedral de Lund, na Suécia, deve ter influenciado na construção da catedral, já que artesãos de Lund trabalharam em muitas igrejas de Bergen entre 1130 e 1170.
     O Rei Magnus Erlingson foi coroado na catedral em 1163/64, o Rei Sverre em 1194 e o Rei Håkon Håkonsson em 1247. Em 1261, o Rei Magnus Lawmender e a Rainha Ingeborg também foram coroados em Selja, bem como o Rei Eirik Magnusson em 1280. Em 1281, a Rainha Margareta Alexandersdatter foi coroada após seu casamento com o Rei Eirik. A filha do casal, a jovem princesa Margareta, falecida com apenas 8 anos de idade, tornou-se um mito em Bergen. Há uma igreja construída em sua honra, a Igreja de Santa Margareta.
     As relíquias da padroeira de Bergen, Santa Sunniva, foram guardadas na catedral. Em 1170, as relíquias foram transladadas para Bergen. A igreja de Selje foi entregue aos beneditinos que a dedicaram ao Santo Albano (irmão de Sunniva). As ruínas de cinco igrejas ainda existem na ilha (Benedictines, Farmer, Montague).
 
Abadia da Ilha de Selje

     O Mosteiro de Selje, na Ilha de Selje, a quinze minutos de barco de Silda, foi fundado por volta de 1100 e dedicado a Santo Albano e a Santa Sunniva.
     Naquele tempo a abadia da Ilha de Selje era um importante centro católico. Era o local original do túmulo de Santa Sunniva, ali martirizada. Por esta razão era local de peregrinação e também a sede de um bispado e de uma igreja dedicada a São Miguel Arcanjo, estabelecida em 1070. O bispo fora responsável pelo estabelecimento de um mosteiro na ilha, e durante toda sua história houve uma forte conexão entre a abadia e o bispado. Entretanto, o bispo mudou-se para Bergen logo após a fundação do mosteiro; as relíquias da Santa não foram transladadas da ilha para Bergen até cerca de 1170. Após aquela data somente o mosteiro ficou na ilha.
     Nos dois primeiros séculos de sua existência, ela foi um centro próspero e importante, mas um incêndio desastroso, em 1305, causou danos dos quais ela nunca mais se recuperou.
     O local na ilha é espetacular. Por causa da pouca povoação, as ruínas - não só da abadia como do antigo santuário de Santa Sunniva e da catedral - estão ainda muito bem preservadas; uma torre continua intacta. Podemos ainda admirar as ruínas da primeira igreja paroquial, as ruínas da igreja de Santa Sunniva, construída por Santo Olavo em sua honra, uma das primeiras igrejas católicas no país, e as ruínas da abadia que ainda hoje são usadas para cerimônias, como missas e casamentos.