Madalena, filha de Nicolau Alberici, principal magistrado de Como, Itália, nasceu no princípio do século XV. Era ainda muito nova, em 1409, quando uma fome desolou a cidade e os arredores: o coração caridoso da criança enterneceu-se vendo errarem sem auxilio, pelas ruas, mendigos de rosto macilento e com membros cobertos de andrajos; um dia, estando o pai fora, ela distribuiu aos pedintes grande quantidade de feijões. Quando o pai voltou, advertiu que esses feijões tinham sido vendidos já e que era preciso entregá-los: esta informação aterrou Madalena, que se pôs logo a rezar em voz alta.
Nicolau, mal compreendendo o que ela dizia, viu-se na obrigação de distribuir a sua caixa de feijões que encontrou… cheia. Por morte dos pais, Madalena resolveu, com a aprovação do confessor, tomar hábito; dirigia-se com este propósito para o convento, então célebre, de Santa Margarida fora dos muros de Como. Mas uma voz misteriosa fez-lhe compreender que devia ir para Brunate, num outeiro perto de Como.
No princípio, sem compreender, não se apressou em mudar; mas chegou a ver que se tratava do claustro de Santo André e para lá foi. Lá tomou o hábito; veio a ser, com o tempo, abadessa e atraiu bom número de religiosas para essa comunidade. Ajudada por Branca, duquesa de Milão, sujeitou o seu convento à regra dos eremitas de Santo Agostinho, e em 1448 obteve nesse sentido uma bula de Nicolau IV.
A comunidade via-se reduzida a extrema pobreza, e as religiosas sentiram necessidade de mendigar; quando estava mau tempo, tinham de passar toda a noite em casa de pessoas caritativas. Para remediar este inconveniente, Madalena conseguiu alojamento mesmo na cidade de Como, para nela ficarem algumas religiosas, enquanto as outras estavam em Brunate. Um dia, a celeireira veio dizer-lhe, no momento do almoço, que não havia pão. «Não tem importância, disse Madalena confiando em Deus, as irmãs que se ponham à mesa». Mal lá tinham chegado, veio a porteira com um cesto cheio do melhor pão: dizia ter ouvido bater à porta e ter encontrado o cesto na entrada. Doutra vez, tiveram de sofrer asperamente do calor e da sede.
Uma religiosa veio queixar-se disso a Madalena, que a levou consigo ao jardim; ambas se puseram de joelhos e a abadessa pediu a Deus que lhes aliviasse os sofrimentos. E levantando os olhos, viram numa árvore magníficas cerejas que nela tinham amadurecido em poucos instantes. A abadessa realizou ainda outros milagres que deram origem à conversão de almas. Após dolorosa e longa doença, que suportou com a maior coragem, morreu a 13 de Maio de 1465. Foi logo venerada como Santa; saindo as religiosa da casa de Brunate, levaram as relíquias de Madalena como precioso tesouro.