sexta-feira, 10 de maio de 2013

São Gregório de Óstia, bispo e abade


              

                     Na Idade Media foram muito frequentes as pestes. Fala-se inclusive de uma grande peste. Mas na realidade foram muitas as que ocorreram. Eram tempos de cultura teocêntrica, e as pestes interpretavam-se como castigo de Deus. Recorria-se aos santos para alcançar a sua proteção e até se lhes atribuía a proteção contra alguma peste especial. É o caso de São Gregório de Óstia, ao qual se acudia como advogado contra os gafanhotos.
            Com São Gregório, bispo de Óstia, sucede o que a Escritura Sagrada diz de Melquisedec. Não nos consta nem a pátria, nem os pais, nem a sua primeira educação. Mas deve ter sido muito boa, e muitas foram as suas qualidades pessoais, pelos altos cargos a que foi elevado.
                Sabe-se que entrou, muito jovem, na Ordem de São Bento, no mosteiro de São Cosme e São Damião em Roma, e já desde o noviciado brilhou pela sua ciência e virtude. Todos auguravam que ornaria com grande honra a Ordem Beneditina. Cedo se verificou o vaticínio, pois os rápidos progressos que fez mereceram-lhe o nome de doutor e o de santo.
                Morreu o abade de São Cosme e São Damião, e todos o escolheram para seu sucessor. Em vão se escusou por todos os meios que a humildade lhe sugeriu. Mas os monges convencidos das qualidades de que estava adornado Gregório, insistiram na sua eleição até
o convencerem.
                Desempenhou o cargo com tanto zelo, prudência e suavidade que depressa a disciplina monástica brilhou no mosteiro, devido às suas sábias exortações, às suas grandes virtudes e aos seus edificantes exemplos.
                Rapidamente se espalhou a sua fama por Roma. O Papa João XVIII pediu-lhe uma mais estreita colaboração e nomeou-o cardeal e bispo de Óstia, uma das chamadas dioceses suburbicárias de Roma, para as quais o Papa designa pessoas de muita confiança e conselho. Confiou-lhe, além disso, o cuidado da biblioteca apostólica, cargo que desempenhou com competência e sabedoria.
                Quando assim São Gregório brilhava em Roma, ocorreu em Espanha uma terrível praga de gafanhotos, que devastou totalmente as províncias de Navarra e La Rioja. Os habitantes destas regiões acudiram ao Papa a pedir-lhe socorro. E tanta era a confiança do novo Papa em Gregório que não duvidou enviá-lo para aliviar aquela tão desesperada situação.
                Gregório percorreu as zonas devastadas peIos gafanhotos, consolando e pregando. Organizou jejuns e preces públicas; exortava com palavras inflamadas à conversão para que Deus se compadecesse, e a praga desapareceu. Acompanhava-o São Domingos da Calçada.
                Os cinco anos que tinham durado os seus grandes trabalhos, contínuos sacrifícios e incessantes fadigas, debilitaram-lhe totalmente a saúde. Caiu gravemente doente e retirou-se para Logronho. Recebeu os últimos sacramentos entre transportes de amor, e com edificação de todos. Fixando os olhos no céu, foi descansar nos braços do Pai.
                Segundo o costume da época, era muito grande a devoção às relíquias dos santos, e era também muito frequente a trasladação das relíquias de uns lugares para outros, por diversos motivos e necessidades.
                Os escritos da época dizem-nos que os seus sagrados restos foram trasladados prodigiosamente para Pinhalba, perto do mosteiro de Irache e de Estella, em Navarra, onde os fiéis continuam acudindo para pedir ao Santo Bispo de Óstia proteção e auxílio, sobretudo contra a praga dos gafanhotos, pois o tinham por especial advogado contra este flagelo.