terça-feira, 7 de maio de 2013

Beata Gisela, mãe, viúva e abadessa




         Gisela, filha dos duques bávaros Henrique, o briguento e Gisela da Borgonha, nasceu no ano 985. Era a irmã mais nova de Henrique II da Alemanha, de Bruno, que depois se tornaria bispo de Augsburgo, e de Brígida, futura abadessa de Mittelmuenster. Como se vê, uma família nobre e católica. Gisela desde pequena queria tornar-se religiosa, mas decidiu aceitar um casamento, que contribuiria muito para a expansão do cristianismo, deixando sua vocação para mais tarde.      
        Em 996, ela foi pedida em casamento por Estevão, príncipe da Hungria. Gisela aceitou e se tornou a primeira rainha católica húngara. Logo depois, devido a sua atuação cristã, o rei, seu marido, se converteu e com ele todos os seus súditos. Gisela construiu muitas igrejas, inclusive a Catedral de Vezprim, decorando-a com trabalhos dos mais importantes artistas da época, inclusive escultores gregos. Além da importância religiosa e cultural que seu reinado obteve, há que se considerar também a importância política que permitiu, graças a seu casamento e a conversão da Hungria, que as boas relações com a Alemanha chegassem até o século XXI.
         Gisela cumpriu essa missão com muito sofrimento pessoal. Primeiro morreu seu filho mais velho, depois uma filha. As duas outras filhas, seguiram seus maridos para terras distantes e ela nunca mais as viu. Seu primogênito Américo, que era o sucessor natural do trono, também morreu quase ao mesmo tempo em que o marido, Estevão. Mais tarde, os dois seriam canonizados. 
           Embora tivesse enfrentado todas estas tragédias, foi a morte do marido que mais a fez sofrer. Os húngaros da oposição que assumiram o poder desejando neutralizar a sua influência junto ao povo, a mantiveram presa por vários anos, impossibilitando-a de qualquer contato com os parentes do exterior.         Finalmente, depois de muitas negociações com o rei Henrique III, em 1042, Gisela pôde retornar para a Alemanha, onde se recolheu no mosteiro beneditino de Niedernburg. Esta cidade era uma Abadia principesca, isto é, a abadessa eleita era automaticamente a princesa do Império alemão. Por seus dons e experiência, pouco depois de sua entrada, Gisela foi eleita abadessa-princesa, governando até o dia 07 maio de 1060, quando faleceu.
         Assim, o fim do primeiro milênio assistiu à atuação dessa grande figura feminina da História da Igreja: Beata Gisela, a rainha cristã, que se fez abadessa-princesa da Alemanha, que patrocinou grandes obras de caridade, construiu igrejas, ajudou a converter a Hungria e por isso teve grande participação política na expansão do cristianismo.
       O seu culto é muito antigo e ainda intenso, em todo o norte da Itália, Hungria, Alemanha, França, por todo Oriente e pelos países onde os beneditinos se instalaram, levando com eles essa comemoração litúrgica.