Entre os eventos principais da vida da Virgem, comemorados como uma festa, encontra-se a visita que Maria fez a sua prima Isabel, mãe "à espera" de São João Batista. Parece que a origem dessa festividade deva ser atribuída aos frades menores franciscanos e a seu grande santo, Boaventura de Bagnoregio. Também a ele cabe o mérito de haver dado origem ao belo costume de dirigir uma saudação à Virgem com a repetição em série da ave-maria, devota homenagem que inspirou a Carducci o terno canto:
"Ave Maria! Quando pelas tuas auras corre/ a humilde saudação, os reles mortais/ descobrem a cabeça..."
A festa li´túrgica foi estendida a toda a Igreja pelo papa Urbano VI para impetrar da Virgem a unidade dos cristãos, novamente divididos por causa da contestada eleição do pontífice.
Era o ano de 1389. Cinquenta e dois anos mais tarde, o Sínodo de Basiléia, na sessão de 1º de julho, confirmaria a festividade da Visitação, fixando-a no dia 2 de julho. O novo calendário litúrgico não leva em conta a sequência cronológica sugerida pelo episódio evangélico e estabelece a festividade no dia 31 de maio, no encerramento do mês mariano.
A Visitação é proposta a nossa meditação no segundo mistério gozozo do Rosário. É o mistério da caridade efetiva: Maria se põe a caminho "apressadamente", como especifica São Lucas, para prestar ajuda nos assuntos domésticos da prima distante. Uma viagem fatigante, "pelas montanhas", que Maria realizou juntando-se provavelmente a uma caravana de peregrinos que iam direto para Jerusalém. Da Galiléia atravessou a Samaria e alcançou Ain-Karim, na Judéia.
Um encontro sem aviso prévio, inesperadi, mas exultante, fixado na história da devoção mariana pela insólita saudação que Isabel dirigiu à "Mãe de seu Senhor", a qual se repete ao longo fos séculos na recitação da ave Maria como um eco amoroso multiplicado ao infinito.
A humildade de Maria não a impediu de reconhecer as "grandes coisas" que Deus nela operara; com o Magnificat, manifesta seu canto de gratidão ao Altíssimo que trazia em seu seio. Maria sabe, diz São Francisco de Sales, que dedicou à Visitaçaõ a congregação feminina por ele fundada, que a "caridade e humildade não são perfeitas caso não passem por meio de Deus ao próximo".