terça-feira, 29 de maio de 2012

Beata Elia de São Clemente, religiosa

 
        Soror Elía de San Clemente nasceu em Bari (Itália) em 17 de Janeiro de 1901. Aos quatro dias foi baptizada, com o nome de Teodora, na igreja de Santiago por seu tio dom Carlo Fracasso, capelão do cemitério. Recebeu a confirmação em 1903. Em 1929, seu pai, Giuseppe Fracasso, mestre pintor e decorador edil, com grandes sacrifícios abriu um negócio para a venda de pinturas. Sua mãe, Pasqua Cianci, se ocupava dos trabalhos domésticos. Considerados ambos como óptimos cristãos praticantes, tiveram nove filhos, quatro dos quais morreram em tenra idade. Representaram um ponto seguro de referência em seu crescimento humano e espiritual para os cinco filhos que restaram em vida: Prudenzia, Ana, Teodora, Domenica e Nicola.
        Em 1905 a familia se trasladou para a rua Piccinni, a uma casa que tinha um pequeno jardim; ali Teodora, na idade de quatro ou cinco anos, afirmou haver visto em sonhos a uma bela "Senhora" que se passeava entre as fileiras de lírios florescidos e depois desapareceu repentinamente com um halo de luz, o qual lhe prometeu fazer-se monja quando fosse maior. Em 8 de maio de 1911 recebeu a primeira Comunhão; a noite precedente viu em sonhos a santa Teresa do Menino Jesús, que lhe predisse: "Serás monja como eu".
        Entrou na associação dominicana "Beata Imelda Lambertini", cultivando uma profunda piedade eucarística; passou em seguida à "Milícia Angélica" de santo Tomás de Aquino. Reunia periodicamente as amigas em sua casa para meditar e orar juntas. A vocação religiosa de Teodora começou a definir-se com a ajuda do padre Pedro Fiorillo, o.p., seu director espiritual, que a introduziu na Terceira Ordem Dominicana, na qual, admitida como noviça em 20 de abril de 1914 com o nome de Inês, fez a profissão em 14 de maio de 1915, com dispensa especial por ter só catorze anos.
        Em finais de 1917, Teodora decidiu dirigir-se ao padre jesuíta Sergio Di Gioia para pedir conselho, o que, convertido em seu novo confessor, depois de um ano, decidiu encaminhá-la, junto com sua amiga Clara Bellomo, futura sor Diomira del Amor Divino, ao Carmelo de San José, a que acudiram ambas por vez primeira em dezembro de 1918. Durante o ano 1919, sob a guia sábia e prudente do padre Di Gioia, se preparou espiritualmente para seu ingresso no mosteiro.
        Entrou na Ordem dos Carmelitas Descalços em 8 de abril de 1920 e vestiu o hábito em 24 de novembro do mesmo ano, tomando o nome de sor Elía de San Clemente. Emitiu os primeiros votos em 4 de dezembro de 1921: "Só aos pés de meu Senhor crucificado —escreveu—, fitei-o longamente, e naquele olhar vi que ele era toda minha vida". Além de santa Teresa de Jesús, tomou como guia a santa Teresa do Menino Jesús. Fez a profissão solene em 11 de fevereiro de 1925.
        Seu caminho, desde o início, não foi fácil. Já nos primeiros meses do noviciado havia tido que enfrentar com grande espírito de fé não poucas dificuldades. Sempre observante das Regras e dos atos comunitários, sor Elía passava grande parte da jornada em sua cela, dedicada aos trabalhos de costura que se lhe encomendavam; a madre prioresa a nomeou sacristã em 1927.
        Nas provas a orientou o padre Elías de San Ambrósio, procurador geral da Ordem dos Carmelitas Descalços, que a havia conhecido em 1922, com ocasião de uma visita ao Carmelo de San José, e com o qual a jovem religiosa manteve uma edificante correspondência epistolar, com grande proveito. Afectada em Janeiro de 1927 de uma forte gripe que a debilitou muito, sor Elía começou a acusar frequentes dores de cabeça, de que não se lamentava, e que suportava sem tomar nenhuma medicina.
         Poucos dias antes do Natal, em 21 de dezembro, sor Elía começou a ter uma forte febre e outras moléstias, a que não se deu a devida importância. Sem embargo, a situação se fez cada vez mais preocupante. Em 24 de dezembro a visitou um médico que, ainda que diagnosticou uma possível meningite ou encefalite, não considerou a situação clínica particularmente grave, pelo que até à manhã seguinte não foram convocados à cabeceira da enferma dois médicos, os quais desgraçadamente constataram que suas condições eram irreversíveis.
         Morreu ao meio-dia de 25 de dezembro de 1927. Fez sua entrada no céu num dia de festa, como o havia predito: "Morrerei num dia de festa". O arcebispo de Bari, Mons. Augusto Curi, celebrou o funeral no dia seguinte em presença dos familiares da serva de Deus e com a participação de muita gente.
         A jovem carmelita deixou em todos uma profunda recordação, e também um grande ensinamento: é necessário caminhar com gozo para o Paraíso porque é o destino de todo crente. Foi beatificada por S.S. Bento XVI em 18 de março de 2006.