terça-feira, 29 de maio de 2012

Beato José Gérard, sacerdote

           

          José Gérard veio ao mundo em Bouxieres-aux-Chênes (França), a 12 de Março de 1831. Seus pais, João Gerárd e Úrsula Stofflet, honrados e piedosos agricultores, apressaram-se a levar ao baptismo o seu primogénito, logo no dia seguinte. A primeira comunhão recebeu-a a 2 de Fevereiro de 1842 e o Crisma dois anos depois. Por esta altura, graças ao ambiente familiar e conselhos do seu pároco, nasceu nele a vontade se ser sacerdote.
           Entrando a frequentar os estudos na diocese de Nancy, cedo deu provas der estudante aplicado e piedoso. mais ainda: o zelo de salvar almas ia crescendo e impelia-o para mais longe, para as longínquas missões entre infiéis. Entrou, sem demora, em contacto com u m Instituto Missionário, que especialmente o atraia: os Oblatos de Maria Imaculada, e neles foi admitido no dia 9 de Maio de 1851, já com alguns estudos teológicos.
          No ano de noviciado sobressaiu pela devoção a Nossa Senhora e pelo zelo apostólico, a ponto de merecer a graça que tanto desejava. O seu Superior, sendo ele apenas diácono, houve por bem destiná-lo à África do Sul, aonde finalmente arribou a 21 de Janeiro de 1854, após oito meses de trabalhosa navegação. Aí, no mês seguinte, receberia a ordenação sacerdotal, para logo entrar nas lides apostólicas. Coube-lhe de inicio uma região onde nada de apreciável conseguiu ao longo de sete anos de trabalho exaustivo.
          Os habitantes recusaram o Evangelho, e ele passou a evangelizar os povos de Basutolândia, atual Lesoto. Aqui trabalhou por largos 50 anos com tanto zelo e tanto fruto que bem merece ser chamado o fundador das missões entre os Basutos. As muitas qualidades e virtudes do Padre Gerárd fizeram dele um insigne missionário. Não havia para ele empreendimento impossível nem estorvo insuperável. Confiava totalmente no Senhor e insistia na oração frequente. Pobre e humilde, tirava da humildade força para tudo levar a bom termo.
          Verdadeiro religioso , tinha como norma proceder sempre conforme as exigências da vocação, no fiel seguimento de Cristo e na constante comunicação com Deus. Daqui provinham, o espírito de sacrifício e de abnegação, o ardor da sua fé, o afã de em tudo e alegremente cumprir a vontade de Deus, enfim, a entrega total ao serviço de todos. Ouçamos João Paulo II na homilia da beatificação: «Por onde quer que o beato Gerárd andasse, sabia viver a vocação missionária com extraordinário fervor apostólico. O seu amor a Deus, cada vez mais ardente, manifestava-se no amor concreto para com o próximo.
          Ele é reforçado pela sua especial solicitude a favor dos doentes. Através de visitas frequentes e de um trato muito gentil, em todos infundia coragem e esperança. Com aqueles que se encontravam à beira da morte tinha palavras que os dispunham para o seu encontro com Deus». Nada, portanto, de estranhar que o apelidassem de santo e que uma idosa mulher, testemunha das suas virtudes durante 40 anos, dissesse: «Ele foi o melhor sacerdote de quantos conheci. Não poderá haver outro mais santo. Se ele não é santo e não entrou no Céu, ninguém lá poderá entrar, nem branco, nem preto».
        O Padre José Gerard parecia um Evangelho vivo, comprovando com as obras a doutrina que ensinava. São do seu diário as frases seguintes: «O bom Deus quer que sejamos santos, puros». «É uma obrigação para mim e para todos». «Sinto continuamente o dever de ser um com Jesus e Maria, para fazer bem às almas. Sem isto, que cristianismo, que santidade poderei inculcar?». De novo uma referência do Santo Padre: «O segredo da sua santidade, a chave da sua alegria e do seu amor às almas residia no facto de andar sempre unido a Deus… As pessoas queriam estar perto dele, porque parecia estar continuamente junto de Deus… Durante as longas e difíceis viagens, conversava frequentemente com o seu amado Senhor.
          Este sentido vivo de estar sempre na presença de Deus, explica a sua constante fidelidade aos votos religiosos de castidade, pobreza e obediência, e às suas obrigações como sacerdote». Os seus últimos anos decorreram na humildade, dedicando-se ao trabalho apostólico de olhos postos só em Cristo e na sua Igreja. Padeceu breve enfermidade, sendo então de notar a perfeita submissão à vontade de Deus.
          Recebidos os sacramentos, gasto pelo trabalho e pela idade, voou placidamente para o Senhor, a 29 de Maio de 1914, na missão chamada Roma, tão querida para ele. O seu funeral converteu-se em verdadeiro triunfo. Foi beatificado por João Paulo II em Maseru, capital de Lesoto, no dia 15 de Setembro de 1988.