sexta-feira, 6 de julho de 2012

São Goar, eremita

         


         Goar nasceu pouco depois da morte do rei Clóvis. Seus pais eram nobres senhores feudais da região da Aquitânia, junto aos quais, durante seus primeiros anos de vida, Goar aprendeu a ter amor à virtude. Ainda pequeno ele mostrava uma grande caridade para com os mais pobres; seu zelo para com a glória de Deus fazia com que pregasse a penitência aos pecadores e a santidade aos justos, e as palavras dessa criança, aliada às suas atitudes, produziam grandes frutos onde quer que ele estivesse. 
        Chegando o tempo propício, Goar foi ordenado sacerdote. Todavia, o sacerdócio revelou-se um novo aguilhão ao seu ardor apostólico. Com a autoridade que lhe concedia sua grande virtude, Goar combatia, em suas pregações, os vícios, o luxo, a discórdia, a vingança, o homicídio e todos os tipos de atitudes passionais de uma época ainda dominada pelos povos bárbaros.
Goar possuía, antes de tudo, o gosto pela vida monástica; muito cedo ele deixou seus pais e sua pátria para buscar a Deus na solidão. Mas Deus, que não desejava ver tantas virtudes permanecerem estéreis, soprou no coração do solitário ermitão um novo fogo de zelo, e Goar, enriquecido por seus novos progressos e pelas luzes sobrenaturais que ele havia recebido em seu retiro, percorreu os campos vizinhos, ainda pagãos, ali pregando o Evangelho e vendo, com alegria, inúmeros convertidos receberem o batismo.
Poucos Santos foram tão hospitaleiros quanto ele, e foi por seus bons atos, suas esmolas, seus acolhimentos cordiais e generosos que ele soube tornar popular a doutrina que ele praticava tão bem. Acusado diante do seu bispo de diversos crimes inventados pelo demônio do ciúme, ele compareceu humildemente no palácio episcopal e depôs seu manto, por respeito, na presença do prelado; mas, acreditando que o suspendia numa haste de metal, ele o suspendeu num raio de sol. O bispo não ficou tocado com este prodígio; porém, pouco depois ele teve que reconhecer, confuso, a inocência de Goar, manifestada por um novo milagre.
O rei Sigberto logo quis proclamá-lo bispo, porém Goar conseguiu um prazo de vinte dias durante os quais ele orou a Deus tão intensamente, e tamanho foi o sofrimento depositado em suas orações, que acabou ficando gravemente doente. Sua doença acabou se prolongando por sete anos, e o rei acabou se vendo impossibilitado de realizar seus planos. Goar ofereceu seus longos e horríveis sofrimentos a Deus pelo crescimento e o triunfo da Igreja.



O rio Reno na altura de São Goar, Alemanha


Cidade de São Goar