sexta-feira, 6 de julho de 2012

Beata Nazária Inácia, religiosa e fundadora

       

        Nasceu em Madri, a 10 de Janeiro de 1889. Seus pais, João Alexandre March e Nazária Mesa, tiveram 18 filhos, de que sobreviveram apenas dez. Nazária, que foi a quarta, sendo gêmea, esteve em perigo de vida e, por isso, foi batizada imediatamente. Para completar as prescrições rituais levaram-na à igreja no dia 11 de Abril.
        Aos sete anos internaram-na no colégio do Espírito Santo, onde viveu até aos treze. Ao preparar-se para a primeira comunhão, sentiu que Jesus a chamava a segui-Lo e consagrou-se totalmente a Ele com voto de virgindade, no dia 15 de Agosto de 1900, diante da imagem de Nossa Senhora que se venerava no colégio.
        Em 1906, emigrou com os pais para a cidade do México. Na viagem conheceu as Irmãs dos Anciãos Desamparados. Entusiasmou-se a ser como elas e entrou na congregação a 7 de Dezembro de 1908. Voltou, por isso, para Espanha, para fazer o noviciado. Consagrada a Deus pelos votos religiosos, seguiu com outras Irmãs para a Bolívia, a fim de fundar um asilo para idosos na cidade de Oruro. Ali fez os votos perpétuos, no dia 1 de Janeiro de 1915.
        Por mais de doze anos fez parte dessa comunidade, dedicada inteiramente aos pobres. Percorreu outras cidades, povoações e minas a pedir esmolas para os velhinhos. Nessas caminhadas descobriu que a messe era grande e os operários poucos. Que fazer?
        Nos exercícios espirituais, segundo o método de Santo Inácio, feitos em 1920, sentiu-se fortemente movida a reunir outras pessoas para dilatar o Reino de Cristo, «sob a bandeira da cruz». Lutou durante cinco anos contra a idéia de abandonar a própria Congregação para fundar outra, mas em 1925 os Bispos de Oruro e de La Paz, assim como o Internúncio Apostólico concordaram que essa era a vontade de Deus. Foi assim que, no dia 16 de Junho desse ano, por decreto do Bispo de Oruro, a Irmã Nazária Inácia deixou a congregação das Religiosas dos Anciãos Desamparados, para desempenhar a função de Superiora da Comunidade das Nazarenas, que depois tomarão o nome de Missionárias Cruzadas da Igreja.
        Decorridos seis meses, eram já dez as religiosas que se dedicavam a trabalhos de apostolado por meio da catequese e da cooperação nas obras paroquiais. Com o correr do tempo, o novo Instituto vai abrir tanto o leque das suas ambições - colégios, orfanatos, oficinas, escolas noturnas, obras de beneficência, asilos, visitas aos presos e doentes nos hospitais, difusão da boa imprensa, casas de exercícios - que a Santa Sé achou prudente restringir um pouco a finalidade da congregação, quando lhe concedeu o decreto de louvor, a 8 de Abril de 1935.
        As religiosas passaram pelo crisol do sofrimento. Em 1932 moveram contra elas tão cruéis perseguições que até a vida lhes puseram em perigo. Na Espanha, onde a obra se havia implantado, se não fosse a intervenção do Cônsul do Uruguai, teriam sido fuziladas. Apesar de todas estas adversidades, a Irmã Nazária Inácia, antes da sua morte, deixou as suas filhas a trabalhar na Bolívia, Argentina, Uruguai e Espanha. Em 1977, o Instituto, dividido em cinco províncias, contava 77 casas em 13 nações da Europa, América Latina e África.
        A Serva de Deus, que faleceu santamente em Buenos Aires (Argentina), a 6 de Julho de 1943, teve as suas virtudes heróicas reconhecidas pela Igreja, a I de Setembro de 1988, e foi beatificada por João Paulo II, a 27 de Setembro de 1992.