segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

O sangue dos mártires dos nossos dias

"Como nos tempos antigos, hoje a adesão sincera ao Evangelho pode exigir o sacrifício da vida, e muitos cristãos em várias partes do mundo são expostos a perseguições e ao martírio"

(Papa Bento XVI, 26 de dezembro de 2011)



AGENTES PASTORAIS ASSASSINADOS EM 2011

Cidade do Vaticano (Agência Fides) – Como sempre, no final do ano, a Agência Fides publica uma lista dos agentes pastorais que perderam a vida de modo violento ao longo dos últimos 12 meses. Segundo os nossos dados, foram assassinados 26 agentes pastorais em 2011, um a mais em relação ao ano passado: 18 sacerdotes, 4 religiosas, 4 leigos.
No terceiro ano consecutivo, com um número extremamente elevado de agentes pastorais assassinados, consta em primeiro lugar a AMÉRICA, banhada pelo sangue de 13 sacerdotes e 2 leigos. Segue a ÁFRICA, onde foram mortos 6 agentes pastorais: 2 sacerdotes, 3 religiosas e 1 leigo. Na ÁSIA foram assassinados 2 sacerdotes, 1 religiosa e 1 leigo. Enfim, a EUROPA, onde foi morto 1 sacerdote.
Algumas foram vítimas da violência que combatiam ou da disponibilidade de ajudar os outros colocando em segundo lugar a própria segurança. Também este ano muitos foram mortos em tentativas de roubo ou de seqüestro que terminaram mal, surpreendidos em suas casas por bandidos ou por jovens delinqüentes que tinham ajudado antes, à procura de dinheiro fácil. Outros foram eliminados porque, em nome de Cristo, pregavam o amor e não o ódio, a esperança e não o desespero, o diálogo e não a violência, o direito e não o abuso.
Na festa litúrgica do Protomártir Estevão, 26 de dezembro, Bento XVI recordou no Angelus: "Como nos tempos antigos, hoje a adesão sincera ao Evangelho pode exigir o sacrifício da vida, e muitos cristãos em várias partes do mundo são expostos a perseguições e ao martírio. Porém, o Senhor nos recorda que «aquele que perseverar até o fim será salvo» (Mt 10,22)".
Não obstante a escassez de notas biográficas destes irmãos e irmãs assassinados, eles professaram “a sincera adesão ao Evangelho” não somente em palavras, mas com o testemunho da própria vida, em situações de sofrimento, pobreza, tensão, degradação, violência... sem discriminações de etnias, castas, religiões, com o único objetivo de anunciar Cristo e seu Evangelho, de concretizar o amor do Pai e promover integralmente o ser humano, toda pessoa humana.
“A verdadeira imitação de Cristo é o amor”, disse ainda o Papa em 26 de dezembro. E está foi certamente regra de vida para Irmã Angelina, assassinada no Sudão do Sul por militantes do Exército de Resistência do Senhor (LRA) enquanto levava ajuda sanitária aos refugiados; e também para María Elizabeth Macías Castro, do Movimento Leigo Escalabriniano de Nuevo Laredo (México), que trabalhava num jornal e ajudava os migrantes, sequestrada e assassinada por narcotraficantes; ou ainda, para Pe. Fausto Tentorio, missionário italiano do PIME, pároco em  Mindanao (sul das Filipinas), que dedicou toda sua vida a serviço da alfabetização e do desenvolvimento dos autóctones; e também para o leigo Rabindra Parichha, morto em Orissa, na Índia: catequista itinerante, era muito engajado no campo legal e como promotor dos direitos humanos.
A tarefa de Fides não diz respeito somente aos missionários ad gentes no sentido restrito, mas a todos os agentes pastorais assassinados de maneira violenta. Não usamos o termo “mártires”, a não ser no significado etimológico de “testemunhas”, para não entrar no mérito ao julgamento que a Igreja poderá eventualmente dar a alguns deles, e também pela escassez de notícias que, na maior parte dos casos, se consegue coletar sobre a vida e circunstâncias de sua morte. Neste sentido, registramos poucos dias antes do final do ano, a reconhecida validez do processo diocesano realizado para a beatificação de 15 mártires, dentre eles missionários, catequistas e leigos assassinados em Laos “por ódio contra a fé cristã” de 1954 a 1970: trata-se de 5 Missionários Oblatos de Maria Imaculada (OMI), 5 membros da Sociedade para as Missões Exteriores de Paris (MEP) e 5 catequistas leigos laosianos.
Nas listas provisórias elaboradas anualmente pela Agência Fides, deve sempre ser acrescentada à longa lista de muitos dos quais não se terá nunca notícias, ou não se saberá o nome, que em cada canto do Planeta sofrem e pagam com suas vidas a fé em Cristo. Trata-se daquela "nuvem de militantes desconhecidos da grande causa de Deus" – segundo a expressão do Papa João Paulo II –  que vai desde o Ministro paquistanês para as Minorias, Shahbaz Bhatti, primeiro católico a desempenhar este cargo, comprometido com a convivência pacífica entre as comunidades religiosas em seu país, assassinado em 3 de março, ao jovem nigeriano que desempenhava, em Abuja, na igreja de Santa Teresa, o serviço de segurança para proteger os locais de culto no dia de Natal, morto num atentado junto com outras 35 pessoas.


PANORAMA DOS CONTINENTES

AMÉRICA   
Na América, foram assassinados 15 agentes pastorais (13 sacerdotes e 2 leigos): na Colômbia (7), México (5), Brasil (1), Paraguai (1) e Nicarágua (1).
Na Colômbia, morreram 6 sacerdotes e 1 leigo: Pe. Rafael Reátiga Rojas e Pe. Richard Armando Piffano Laguado, mortos a tiros por um assassino que viajava no mesmo carro dos dois sacerdotes; Pe. Luis Carlos Orozco Cardona, ferido mortalmente por um jovem armado que atirou contra ele no meio de uma multidão; Pe. Gustavo Garcia, Eudista, assassinado na rua por um indivíduo que o agrediu para roubar seu celular; Pe. José Reinel Restrepo Idárraga, assassinado por desconhecidos quando guiava sua moto, roubada junto com outros objetos do sacerdote; Pe. Gualberto Oviedo Arrieta, encontrado esfaqueado na casa paroquial. Na lista de sacerdotes acrescenta-se o leigo Luis Eduardo Garcia, membro da Pastoral Social, agredido por um grupo de guerrilheiros, seqüestrado e assassinado.
No México, foram assassinados  4 sacerdotes e 1 leiga: Pe. Santos Sánchez Hernández, agredido por um mal-intencionado que entrou em sua casa, provavelmente para roubar; Pe. Francisco Sánchez Durán, encontrado na igreja com feridas no pescoço, talvez na tentativa de deter um furto na igreja; Pe. Salvador Ruiz Enciso, sequestrado e assassinado; Pe. Marco Antonio Duran Romero, morto num conflito entre militares e um grupo armado. A eles acrescenta-se María Elizabeth Macías Castro, do Movimento Leigo Escalabriniano, que trabalhava num jornal e com os migrantes, seqüestrada por um grupo de narcotraficantes e barbaramente assassinada.
No Brasil, foi assassinado em sua moradia Pe. Romeu Drago. O seu corpo foi levado a cerca de 25 km de sua casa, onde foi queimado.
No Paraguai, foi assassinado Mons. Julio César Alvarez. O seu corpo foi encontrado quarto, com pés e mãos amarrados, com lesões e arranhões, morto estrangulado.
Na Nicarágua, foi seqüestrado e assassinado Pe. Marlon Ernesto Pupiro García.

ÁFRICA
Na África, foram assassinados 6 agentes pastorais: 2 sacerdotes, 3 religiosas, 1 leigo. Os homicídios foram perpetrados no Burundi (2) e na Republica Democrática do Congo, Sudão do Sul, Tunísia e Quênia.
Na Tunísia, foi assassinado Pe. Marek Rybinski, missionário salesiano, cujo corpo foi encontrado num local da escola salesiana de Manouba.
No Quênia, Pe. Awuor Kisero foi agredido num bairro da periferia da capital queniana. Atingido no peito por uma faca não sobreviveu aos ferimentos.
Na República Democrática do Congo,  irmã Jeanne Yegmane foi morta numa emboscada.
No Sudão do Sul, foi assassinada Irmã Angelina quando levada ajuda sanitária aos refugiados.
No Burundi, morreram durante uma tentativa de roubo,  Irmã Lukrecija Mamic, das “Servas das Caridade”, e Francesco Bazzani, voluntário.

ÁSIA
No ano de 2011, se registraram na Ásia quatro agentes pastorais assassinados: dois sacerdotes, uma religiosa e um leigo. As mortes ocorreram na Índia (3) e nas Filipinas (1).
Na Índia, morreram o sacerdote Pe. G. Amalan, assassinado no seu quarto por um jovem que fugiu com poucas rupias encontradas na sua habitação; a religiosa Ir. Valsha John, que trabalhava com os pobres, marginalizados e autóctones, morta em casa; e o catequista e ativista leigo Rabindra Parichha, sequestrado e morto.
Nas Filipinas foi morto o padre Fausto Tentorio, missionário do PIME, que dedicou a sua vida a serviço da alfabetização e do desenvolvimento dos chamados lumads. Foi morto enquanto se dirigia a um encontro de presbíteros: dois homens armados atiraram em sua cabeça e nas costas.

EUROPA
Na Espanha Pe. Ricardo Muñoz Juárez foi morto por ladrões que entraram em sua casa.

ACENOS BIOGRÁFICOS E CIRCUNSTÂNCIAS DE MORTE

A Agência Fides agradece a todos aqueles que sinalizarem atualizações ou correções a este elenco ou ao elenco de anos precedentes.

Irmã Jeanne Yegmane, congolesa, da Congregação das “Agostinianas” (Ordem de Santo Agostinho) de Dungu (RD Congo), foi morta numa emboscada rodoviária em 15 de janeiro de 2011. Os criminosos saíram improvisamente da floresta e atiraram contra os carros que passavam, matando Ir. Yegmane. Depois de pararem o carro, os bandidos roubaram os passageiros e incendiaram os veículos. Depois da conclusão do seu mandato de Superiora, Ir. Yegmane se especializou em oftalmologia em Kinshasa. Dedicava-se ao cuidado dos doentes e há meses trabalhava intensamente para a realização do Centre Ophtalmologique Siloe d’Isiro, destinado a prestar assistência a cerca de dois milhões de pessoas no distrito do Alto Huele.

Em 17 de janeiro de 2011 foi morta no Sudão do Sul Irmã Angelina, religiosa do Instituto local de Santo Agostinho, 37 anos,  da diocese de Tombura-Yambio (Sudão do Sul). A religiosa foi morta por militantes do Lord’s Resistance Army (LRA) enquanto transportava ajudas médicas aos refugiados do Sudão do Sul. O crime se acrescenta a uma longa lista de episódios de violência e de confrontos perpetrados em diversos Estados entre o exército do Sudão do Sul e facções rebeldes.

Pe. Rafael Reátiga Rojas, 35 anos, pároco da Catedral “Jesucristo Nuestra Paz”, da diocese de Soacha (sufragânea de Bogotá, Colômbia), e Pe. Richard Armando Piffano Laguado, 37 anos, pároco da igreja “San Juan de La Cruz”, de Ciudad Kennedy, foram mortos em  Bogotá na noite de quarta-feira, 26 de janeiro de 2011, na periferia sul da grande capital da Colômbia. O assassino viajava no mesmo carro dos dois sacerdotes: depois de atirar na cabeça de um e no peito do outro, provocando a morte imediata dos dois, desceu do carro e fugiu. Segundo algumas testemunhas, alguém o aguardava e o ajudou a fugir.
 
Padre Richard

Pe. Luis Carlos Orozco Cardona, 26 anos, foi ferido mortalmente em Rionegro (Antioquia), Colômbia, na noite de sábado, 12 de fevereiro de 2011. Um jovem armado atirou entre a multidão, tendo como alvo o sacerdote, que era vigário na Catedral da diocese de Sonson–Rionegro. Pe. Orozco, ferido gravemente, foi levado ao hospital, mas não obstante os esforços dos médicos, morreu no alvorecer de 13 de fevereiro de 2011, enquanto estava sendo operado. Depois do homicídio, um menor foi preso, mas os motivos permanecem desconhecidos. Pe. Orozco Cardona havia sido ordenado sacerdote menos de um ano antes, em 26 de fevereiro de 2010.



Pe. G. Amalan, 54 anos, Secretário da Comissão para a Família da diocese de Palayamkottai, em Tamil Nadu (Índia meridional), foi encontrado sem vida no seu quarto pelo Vigário-Geral da diocese e pela polícia em 16 de fevereiro de 2011. O seu corpo estava nu, com mãos e pés amarrados, e o osso do pescoço quebrado. O autor do delito, um jovem de 24 anos, confessou e foi preso: depois de atingir o sacerdote, fugiu levando consigo as poucas rupias que pe. Amalan possuía. 

Pe. Marek Rybinski, missionário salesiano (SDB) polonês, 33 anos, foi encontrado sem vida na manhã de 18 de fevereiro de 2011 na escola salesiana de Manouba (Túnis). Segundo Dom Maroun Elias Nimeh Lahham, Bispo de Túnis, Pe. Rybinsk saiu de casa por volta do meio-dia de 17 de fevereiro, deixando seu carro na missão. Um dia depois, em 18 de fevereiro, no seu quarto o computador foi encontrado ligado. Isso leva a pensar que alguém tenho feito isso como desculpa para que o missionário saísse de casa, e depois o tenha sequestrado e morto no dia seguinte. 


Pe. Romeu Drago foi morto na sua casa na cidade de Montes Claros (MG), Brasília, em 19 de fevereiro de 2011. O seu corpo foi levado para a região de Janaúba, na rodovia estatal, a cerca de 25 km de sua casa, onde foi queimado. Da sua casa foram roubados diversos objetos e também o seu carro, e o cofre foi encontrado aberto. O sacerdote, 56 anos, era o responsável pela comunidade de Nossa Senhora do Monte Carmelo, na Arquidiocese de Montes Claros.
 

Pe. Santos Sánchez Hernández, pároco de San José em Mecapalapa, Puebla (México), foi encontrado morto na sua canônica, assassinado na noite entre 21 e 22 de fevereiro de 2011. Segundo a nota informativa do Bispo de Tuxpan, Dom Juan Navarro Castellanos, alguém entrou na casa do sacerdote, muito provavelmente para roubar, e uma vez descoberto, foi agredido com um machado, provocando feridas que o levaram à morte.  Padre Santos, 43 anos, nativo da comunidade de Pastoria no município de Chicontepec, em Veracruz, tinha chegado nesta paróquia em 24 de junho de 2010.

Mons. Julio César Alvarez, 47 anos, há dois anos pároco da Paróquia “Sagrado Corazón de Jesús” de Villarrica, a 150 km de Assunção (Paraguai), foi morto em sua casa nas primeiras horas de 14 de abril de 2011. No seu quarto, seu corpo foi encontrado sem vida pela manhã, morto por estrangulamento e com evidentes sinais de luta. O cadáver estava com pés e mãos amarrados, a cabeça machucada e lesões e arranhões. Não se exclui que tenha sido vítima de uma série de furtos que se verificaram nas paróquias de Villarrica nos últimos meses. No dia precedente, ele havia sacado dinheiro do banco para comprar um carro novo.

Pe. Francisco Sánchez Durán, 60 anos, foi morto no alvorecer de 26 de abril de 2011, na igreja El Patrocinio de San José, no bairro Educacion, em Coyoacán (ao sul da capital mexicana). O seu corpo foi encontrado por volta das 9h30 com feridas no pescoço, provocadas por uma faca. O homicídio pode ter sido a trágica conclusão de um tentativo de roubo na igreja, como resultado da oposição do sacerdote aos ladrões.


O sacerdote Eudista padre Gustavo Garcia, 34 anos, foi assassinado em Bogotá (Colômbia) por um indivíduo que o agrediu para roubar seu telefone celular. A Congregação de Jesus e Maria – Eudistas, à qual pertencia, informou que padre Gustavo García Bohórquez morreu quinta-feira, 21 de maio de 2011. Enquanto esperava um ônibus para ir assistir pastoralmente um doente, falava no celular e sofreu uma tentativa de furto por parte de um delinquente que o feriu a facadas. Levado ao hospital, estava já muito grave e faleceu em seguida. Era engajado na Associação “El Minuto de Dios”: exercia o ministério da pregação com os grupos da associação, em comunidades paroquiais e por meio das comunicações. Era capelão na Universidade Minuto de Dios de Bogotá e assistente das comunidades de jovens da Renovação Carismática Católica.


Pe. Salvador Ruiz Enciso, mexicano, desapareceu de sua paróquia dedicada ao “Divino Rostro de Jesus” na cidade de Tijuana, norte do México, próxima do confim com os Estados Unidos. Segunda-feira, 23 de maio de 2011, em um bairro perto de Tijuana, a polícia encontrou um cadáver com mãos e pés atados, irreconhecível, que teve que ser submetido ao exame do DNA. Sucessivamente o Arcebispo Romo Muñoz confirmou que o corpo era do sacerdote disperso. Padre Chavita, como era carinhosamente conhecido, era uma pessoa simples e dedicada a seu ministério. Tornou-se popular por promover a “Missa da Família”, durante a qual usava marionetes que ele mesmo manuseava, para explicar de modo compreensível o Evangelho aos pequenos.

 

Pe. Ricardo Muñoz Juárez, sacerdote castrense retirado, que desempenhava ministério pastoral como colaborador na Igreja da Caridad de Cartagena (Espanha), foi morto em 3 de junho de 2011 golpeado na cabeça. O corpo do sacerdote foi encontrado em sua habitação. A hipótese é que ladrões tenham entrado na casa do padre, onde vivia também a sua irmã idosa e portadora de deficiência, e uma vez descobertos, tenham matado Padre Ricardo.

 

Pe. Marco Antonio Duran Romero, sacerdote diocesano mexicano, 48 anos, foi morto em um tiroteio entre militares e um grupo armado no estado mexicano de Tamaulipas, no confim com os Estados Unidos. Na tarde de sexta, 2 de julho de 2011, Padre Marco Antonio estava em seu carro nas proximidades da paróquia onde era pároco quando se encontrou no meio de um tiroteio. Atingido por um tiro foi transportado a uma clínica aonde veio a falecer logo depois.

Em 23 de agosto, foi encontrado o cadáver de pe. Marlon Ernesto Pupiro García, 40 anos, pároco da Igreja da Imaculada Conceição no município de La Concepción, em Masaya (Nicarágua), que havia desaparecido em 20 de agosto. Todas as manhãs, Pe. Marlon chegava cedo e abria a Igreja. Não o vendo chegar, em 20 de agosto, o sacristão saiu às ruas para procurá-lo, sem encontrá-lo. Três dias depois, seu corpo foi encontrado no 16º km da Velha Estrada Estatal, em direção de Leon.


Pe. José Reinel Restrepo Idárraga, 36 anos, foi morto em 1º de setembro de 2011 em uma estrada que une o Mistrado em Betlemme de Umbria, no vizinho departamento de Risaralda (oeste da Colômbia, a cerca de 200 km de Bogotá). O sacerdote, pároco em Marmato, guiava sua motocicleta quando alguns desconhecidos o detiveram e atiraram, ferindo-o a morte. Os agressores fugiram e roubaram sua moto (que foi encontrada mais tarde) e outros objetos do sacerdote.


Pe. Gualberto Oviedo Arrieta, 34 anos, pároco de Nossa Senhora do Carmen em Capurganá, na Diocese de Apartadó (Colômbia), na alvorada de 12 de setembro de 2011, foi encontrado com feridas e facadas na canônica da paróquia. Não havia sinais de violência dentro da residência e nada foi roubado. O assassinato ocorreu poucas horas após o encerramento da “Semana da Paz” que mobilizou escolas, universidades e instituições colombianas sobre este tema, tão importante no contexto nacional.

María Elizabeth Macías Castro, 39 anos, conhecida como Marisol, do Movimento Leigo Escalabriniano (MLS) de Nuevo Laredo (México), trabalhava em um jornal de Tamaulipas (México). Foi sequestrada em 22 de setembro de 2011 por um grupo de traficantes da região da fronteira. Depois de dois dias de buscas e de um silêncio dramático, seu corpo foi encontrado em uma estrada da cidade de Nuevo Laredo, horrendamente mutilado. Marisol era membro do comitê central do Movimento Leigo Escalabriniano e trabalhava na casa do Migrante em Nuevo Laredo. Segundo seus amigos, era “uma mulher de fé e de grande compromisso com a justiça”.

Pe. Awuor Kisero foi agredido por quatro delinquentes na noite de 3 de outubro de 2011, no bairro de Dandora, na periferia da capital queniana, Nairobi. Pe. James foi atingido no peito com uma arma de corte. Foi socorrido e levado para a clínica de Kayole, de onde os médicos o transferiam para o Kenyatta National Hospital, mas durante o transporte, veio a falecer.

Luis Eduardo Garcia, leigo, membro da Pastoral Social, líder do grupo de Popayan (Colômbia), foi  assassinato na noite de domingo, 16 de outubro de 2011, enquanto ia de Popayan a El Tambo (Cauca): foi detido por um grupo de guerrilheiros que o sequestraram e mataram. Trabalhava no projeto “Reativação social e cultural” promovido pela Secretaria Nacional da Pastoral Social, que assiste as pessoas atingidas pela onda de frio que se registrou no país. Trabalhava também no município de sua cidade natal, El Tambo, neste projeto, onde era conhecido por sua dedicação e empenho com os agricultores, suas comunidades e as vítimas da catástrofe natural.

Padre Fausto Tentorio, missionário italiano do Pontifício Instituto das Missões no Exterior (PIME), pároco de Arakan Valley, na grande ilha de Mindanao (Sul das Filipinas), foi morto na manhã de 17 de outubro de 2011, entre 8h30 e 9h, diante de sua paróquia. O missionário estava indo a um encontro de presbíteros da Diocese de Kidapawan, quando foi atacado por dois homens armados que atiraram a sangue frio na cabeça e nas costas. Levado ao hospital, os médicos puderam apenas constatar a morte. Pe. Tentorio trabalhava no apostolado com os indígenas. Dedicou toda a vida à alfabetização e ao desenvolvimento dos indígenas conhecidos como lumads, de modo especial, às tribos manobo. Realizou programas de escolarização, construiu estruturas hídricas para levar água potável a aldeias e campos, promoveu cursos de formação. Padre Tentorio, nas Filipinas desde 1978, atuava na Diocese de Kidapawan desde 1980.

 

Irmã Valsha John, 53 anos, indiana, das Irmãs da Caridade de Jesus e Maria, foi morta na note de 15 de novembro de 2011 em sua casa, na aldeia de Pachwara, distrito de Pakur, no estado de Jharhkand (Índia setentrional). Há 20 anos, a religiosa realizava sua obra pastoral em meio aos pobres, marginalizados e indígenas no distrito de Pakur, no território da Diocese de Dumka. Pe. Nirmal Raj SJ, Provincial dos Jesuítas em Dumka declarou: “Irmã Valsha vivia com os pobres, dava seu testemunho cristão e os evangelizava, compartilhava com eles fadigas e dificuldades. Estava ao lado das comunidades tribais mais marginalizadas. Era engajada principalmente na defesa dos índios da alienação de suas terras, por conta das empresas extrativistas de carvão. Este compromisso lhe custou a vida”. A irmã havia sido ameaçada várias vezes pelos criminosos que lhe haviam ordenado de não contrastar a obra de algumas companhias, mas as autoridades estatais ignoraram seus pedidos de ajuda e a deixaram desprotegida.
 

Irmã Lukrecija Mamic, croata, e Francesco Bazzani, voluntário italiano, foram mortos durante uma tentativa de furto ocorrido na noite de 27 de novembro de 2011, quando delinquentes entraram na casa das irmãs “Servas da Caridade” em Kiremba, a noroeste de Burundi, perto do grande hospital no qual as religiosas oferecem seu serviço. Irmã Lukrecija foi morta a sangue frio, enquanto Francesco Bazzan e a outra religiosa, Irmã Carla, foram levados pelos bandidos que, temendo um confronto com a polícia, deixaram os dois sair do carro e mataram a sangue frio o leigo Francesco Bazzani. Irmã Carla teve forças para reagir e mesmo ferida, conseguiu salvar a vida.

     

O catequista e ativista católico Rabindra Parichha, 47 anos, foi morto em Orissa, estado do leste da Índia. Parichha trabalhava no distrito e Kandhamal, palco de massacres anticristãos em 2008 e parte da Diocese de Cuttack-Bhubaneswar, mas foi morto enquanto se encontrava em Bhanjanagar, na vizinha Diocese de Berhampur, sempre em Orissa. O homicídio ocorreu na noite entre 15 e 16 de dezembro de 2011. O homem foi chamado no celular por um vizinho e não retornou à casa. A esposa e os filhos o procuraram e avisaram a polícia, que na manhã de 16 de dezembro encontrou o cadáver. Parichha estava com a garganta cortada e feridas nas mãos e no estômago. Parichha, ex-catequista itinerante da paróquia de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa em Mondasore (no distrito de Kandhamal), trabalhava há três anos no Orissa Legal Aid Centre, apoiado pelas Igrejas cristãs em Kandhamal, muito engajado como advogado e ativista de direitos humanos.