O testemunho de São Pedro Damiano, que atribui a responsabilidade a Pedro Orseolo, está sujeito a reservas. Em todo caso, o certo é que Pedro foi eleito para suceder a Candiani, e as principais autoridades da atualidade louvam a energia e o tacto que despregou durante sua breve administração. "Era um homem santo, mas possuía, como todos os de sua raça, as grandes qualidades de chefe de Estado que encontramos em quem o precedeu no trono ducal”. Seu primeiro cuidado foi reparar os danos causados pelo incêndio.
Empreendeu a construção de um palácio e de uma igreja, e renovou os tratados com Istria. Mas o principal serviço que rendeu a seu Estado foi o arranjo com Gualdrada, a esposa de Pedro Candiani... Graças a isso, Gualdrada retirou todas suas acusações contra Veneza. As queixas de Gualdrada haviam provocado uma grande crise, que desapareceu com o arranjo. E então aconteceu o inesperado: na noite de 1 de Setembro de 978, Pedro de Orseolo partiu secretamente de Veneza e se refugiou na abadia beneditina de Cuxa, no Rosellón, entre Espanha e França.
Segundo parece, sua esposa, com quem havia estado casado trinta e dois anos, e seu filho, que um dia seria Duque de Veneza, viveram longo tempo sem saber dele. Sem embargo, a resolução de Pedro não deve ser tão inesperada como parece; há razões para crer que ele e sua esposa haviam vivido como irmão e irmã, desde o nascimento de seu único filho, e há quem sustente que uma carta de Raterio a Pedro demonstra que este pensava já na vida religiosa no ano 968.
Em todo caso, está fora de dúvida que Orseolo levou em Cuxa uma vida de intenso ascetismo e abnegação, sob a direção do santo abade Guarino. Mais tarde, desejoso de maior solidão, construiu uma ermida, provavelmente por conselho de São Romualdo, que foi o grande propagador desta forma particular de vocação beneditina. São Pedro morreu no ano 987. Se diz que em sua tumba se obraram grandes milagres. Seu culto foi confirmado em 1731 pelo Papa Clemente XII.