Em Roma,na basílica de São Pedro, sepultura de são Gregório II, papa, que nos tempos difíceis sob o imperador León o Isáurico trabalhou em defensa da Igreja e do culto das sagradas imagens, e enviou a são Bonifácio a pregar o Evangelho em terras de Germânia (731). Etimologia: Gregório = Aquele que está sempre preparado, é de origem grega.
Os historiadores o chamam o melhor Papa do século VIII, e nele se adverte muito bem o paradoxo dos pontífices - construtores de pontes, segundo a etimologia - que resume de modo espetacular a de todo cristão obrigando à dualidade de atender às coisas deste mundo e de não viver mais que para Deus.
Gregório era romano de nascimento e já prestou grandes serviços à Igreja sob os pontificados de Sérgio I e Constantino I; a este último o acompanhou numa viagem a Oriente como assessor, contribuindo a resolver de maneira pacífica - e desgraçadamente, também provisional - uma grande controvérsia.
Desde 715, quando foi eleito Papa, se desvive por uma parte no duplo labor de defesa e de conquista espiritual: reconstruir mosteiros como Monte cassino, berço da ordem beneditina, e consolidar as muralhas de Roma, mas pensando também em povos pagãos aos que havia que levar o Evangelho (ele foi quem mandou a são Bonifácio à Germânia).
Bi-frontal teve que ser assim mesmo sua atitude política: pelo norte os lombardos ameaçavam com engolir o papado, pelo sul os bizantinos aumentavam suas exigências, e com o imperador León Isáurico, que favorecia aos iconoclastas, o repto adquiria especial gravidade. São Gregório teve que jogar arriscadamente em dois tabuleiros, o humano e o divino, o da fé e o da diplomacia, contendo à vez aos bárbaros e aos arqui-civilizados bizantinos.
Não só Roma ou Itália, o orbe inteiro, a plenitude da fé e toda a política do mundo pesavam sobre seus ombros, como sobre os de qualquer Papa, cruzando a ponte do tempo até à beira da eternidade.