sexta-feira, 22 de julho de 2011

Carlos de Foucauld modelo de presença eucarística na África

          Ao receber,  no Vaticano, os bispos católicos da Conferência Episcopal da Região do Norte de Àfrica (Marrocos, Argélia, Tunísia e Líbia) - na conclusão da respectiva visita ad limina Apostolorum, Bento XVI recordou o Beato Carlos de Foucauld, que viveu no deserto do sul da Argélia, exortando os pastores e fiéis destas comunidades católicas a colocarem, como ele, no centro das suas vidas a Eucaristia e o testemunho de uma vida fraterna no meio das populações locais.
        Como o viveu intensamente o Padre Carlos de Foucauld, que as vossas Igrejas diocesanas tiveram a alegria de ver beatificar, há alguns meses atrás, possa a Eucaristia estar no centro da vida das vossas comunidades. É com efeito na celebração deste grande mistério, como também na adoração eucarística - atos de encontro pessoal com o Senhor, que matura um verdadeiro e profundo acolhimento da missão que consiste em romper as barreiras entre o Senhor e nós, assim como as barreiras que nos separam uns dos outros.
        Referindo a "grande diversidade" que caracteriza, atualmente, os membros das comunidades cristãs do Norte de África, em razão das suas diferentes origens e também da duração e motivos da sua presença no Magreb, o Papa congratulou-se com o fato de se poder assim transmitir uma "imagem da universalidade da Igreja, cuja mensagem evangélica se dirige a todas as nações".
        Aludindo expressamente aos jovens cristãos da África sub-saariana que estudam nestes países do norte de Africa, o Papa exortou a uma atitude de solidariedade:
         "Que o vigor e a autenticidade do testemunho eclesial dos fiéis das vossas dioceses, nas suas famílias, nos lugares de trabalho, de estudos ou de habitação, exigem que os Pastores estejam próximos das suas preocupações, fornecendo-lhes a necessária ajuda espiritual. Isso fá-los-á tomar consciência da significação eclesial da sua presença na sociedade, assumindo ao mesmo tempo as responsabilidades que lhes competem na comunidade.
         Finalmente, uma referência ao diálogo inter-religioso. Bento XVI reafirmou a "imperativa necessidade de um autêntico diálogo entre as religiões e as culturas, capaz de nos ajudar a superar conjuntamente as tensões, num espírito de frutuosa colaboração". Congratulando-se com as iniciativas que vão tendo lugar neste sentido, observou o Papa, por outro lado:
        "Partilhando a vida quotidiana, cristãos e muçulmanos podem encontrar a base essencial de um melhor conhecimento mútuo. Com uma participação fraterna nas alegrias e nas penas uns dos outros, nomeadamente nos momentos mais significativos da existência, assim como através de múltiplas colaborações nos domínios da saúde, da educação, da cultura, ou nos mais humildes serviços, vós manifestais uma autêntica solidariedade, que reforça os elos de confiança e de amizade entre as pessoas, as famílias e as comunidades".



         Presbítero, viveu no deserto norte-africano no meio dos Tuareg. Com a sua fervorosa e generosa fé, o ardente amor por Jesus Eucaristia, o respeito pelos homens, a predilecção pelos mais pobres, nos quais sabia descobrir o reflexo do rosto do Filho do Homem, ele nunca deixou de atrair, até depois da sua morte, um número cada vez maior de almas para o mistério de Nazaré.
        Nasceu em Estrasburgo (França), no dia 15 de Setembro de 1858. Ao ficar órfão com 6 anos cresceu, com a irmã Marie, sob os cuidados do avô. A formação cristã recebida na infância permitiu-lhe fazer uma sentida Primeira Comunhão em 1870.
        Na adolescência distanciou-se da fé. Conhecido como amante do prazer e da vida fácil, revelou, não obstante tudo, uma vontade forte e constante nos momentos difíceis. Empreendeu uma viagem de exploração em Marrocos (1883-1884). O testemunho da fé dos muçulmanos despertou nele um interrogativo: Mas Deus, existe? "Meu Deus, se existis, fazei que vos conheça".
        Ao regressar à França, surpreendido pelo discreto e carinhoso acolhimento da sua família, profundamente cristã, inicia a estudar e pede a um sacerdote para o instruir. Guiado pelo Pe. Huvelin, encontrou Deus no mês de Outubro de 1886. Tinha 28 anos. "Quando acreditei que existia um Deus, compreendi que não podia fazer outra coisa senão viver somente para Ele".
       Uma peregrinação na Terra Santa revelou-lhe a sua vocação: seguir e imitar Jesus na vida de Nazaré. Viveu 7 anos na Cartuxa, primeiro em Nossa Senhora das Neves, depois em Akbés na Síria. Em seguida, viveu sozinho, na oração, na adoração, numa grande pobreza, junto das Clarissas de Nazaré. Foi ordenado sacerdote com 43 anos (1901), na Diocese de Viviers. Depois, transferiu-se para o deserto argelino do Sahara, inicialmente em Beni Abbès, pobre entre os mais pobres, depois mais ao Sul em Tamanrasset com os Tuaregs do Hoggar. Viveu uma vida de oração, meditando continuamente as Sagradas Escrituras, e de adoração, no desejo incessante de ser, para cada pessoa o "irmão universal", imagem viva do Amor de Jesus. "Gostaria de ser bom para que se pudesse dizer: Se assim é o servo como será o Mestre?". Quis "gritar o Evangelho com a sua vida". Na noite de 1 de Dezembro de 1916 foi assassinado por um bando de ladrões de passagem.
        O seu sonho foi sempre compartilhar a sua vocação com os outros: após ter escrito diversas regras de vida religiosa, pensou que esta "Vida de Nazaré" pode ser vivida por todos e em toda parte. Hoje a "família espiritual de Carlos de Foucauld" inclui diversas associações de fiéis, comunidades religiosas e institutos seculares de leigos ou sacerdotes dispersos no mundo inteiro.


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