quinta-feira, 6 de junho de 2013

São Filipe, diácono

        

         São Filipe era um dos sete primeiros diáconos e aquele que, nos Actos dos Apóstolos, é nomeado imediatamente depois de Santo Estêvão. É também chamado evangelista por S. Lucas, pois pregou em muitos lugares, com fervor e resultado extraordinário, o Evangelho. É ainda por este motivo que Santo Ambrósio, Santo Agostinho e Tertuliano lhe dão a qualidade de apóstolo, ainda que ele não seja um dos doze que Nosso Senhor escolheu. Depois do martírio de Santo Estêvão, saiu de Jerusalém e foi para a Samaria, a fim de aí anunciar a vinda do Filho de Deus e trabalhar na conversão dos infiéis. 
          A sua palavra foi acompanhada de grandes milagres; libertou muitos possessos e curou grande número de coxos, paralíticos e outros doentes. os samaritanos escutaram-no com extremo interesse, e muitos deixaram a sua falsa religião, judaico-pagã, para abraçarem a verdadeira. Simão, o Mago, que até então os havia enganado pelos seus prodígios, chamando-se a Grande Virtude de Deus, entrou no número dos convertidos e recebeu o baptismo. Sendo necessário confirmá-lo a outros, S. Pedro e S. João dirigiram-se para a Samaria. O Espírito Santo desceu de maneira visível. Simão teve ardente desejo de receber o poder miraculoso; encontrando S. Pedro e S. João, ofereceu-lhes avultadas quantias. Mas S. Pedro censurou-o severamente e ameaçou-o com um castigo terrível de Deus, se porventura não fizesse penitência. Em seguida, Filipe recebeu ordem de um anjo para sair da Samaria e ir pelo caminho que conduz de Jerusalém a Gaza, ao lugar onde o Espírito Santo o conduzisse. Partiu e numa carruagem viu um homem que voltava de Jerusalém e lia o profeta Isaías
           Era um eunuco, ou um dos primeiros ministros de Candace, rainha da Etiópia, que viera adorar a Deus em Jerusalém. Então, o Espírito que conduzia Filipe disse-lhe: «Aproxima-te desta carruagem e junta-te ao homem que nela vai». Aproximou-se e notou que ele lia esta passagem do capítulo 53: «Foi entregue à morte como ovelha e como cordeiro que não grita entre as mãos daquele que o tosquia; ele não abre a boca; pela sua humildade foi julgado contra toda a espécie de justiça. Quem é que poderá contar a sua geração?» Perguntou ao eunuco se entendia bem o que lia. Este respondeu-lhe que não era bastante esclarecido para o entender sem que ninguém lho explicasse; e notando nele alguma coisa de divino, pediu-lhe que o acompanhasse na carruagem, a fim de lhe descobrir o sentido, dizendo-lhe: «De quem fala este profeta, dele mesmo ou doutro?» S. Filipe explicou-lhe os mistérios do Filho de Deus e da sua missão entre os homens, da sua paixão e morte, da necessidade de crer n’Ele e de ser baptizado em seu nome para ser salvo. 
          A graça concorreu com a palavra do grande evangelista, e tocou tão no íntimo do coração deste infiel que, tendo avistado uma fonte à borda do caminho, diz a Filipe: «Eis aqui a água, que impede que eu seja baptizado?» «Se vós credes de todo o coração em Jesus Cristo, responde o santo, nada o impede». Assim, desceram ambos da carruagem e Filipe batizou o eunuco. Após esta celebração, um anjo arrebatou-o e o eunuco nunca mais o viu; mas persuadiu-se de que este homem lhe fora enviado extraordinariamente por Deus para o pôr no caminho da salvação. 
          Filipe foi levado para Azot, no país dos Filisteus, e continuou a pregar em todas as cidades da região, até que chegou enfim a Cesareia da Palestina, sua terra natal. A mulher, que ele tinha antes de ser chamado à escola de Nosso Senhor, de quem era discípulo, deixara-lhe quatro filhas; passou o resto da vida em companhia delas. Teve a honra de receber em sua casa S. Paulo, na viagem, que fazia da Ásia para Jerusalém. Afirma uma tradição grega que este feliz discípulo foi bispo dos Tralianos, na Ásia Menor, na Província da Lídia. Outra tradição narra que fez uma viagem à Abissínia para aí anunciar o Evangelho. Estes povos invocam-no de modo muito particular.