quarta-feira, 5 de junho de 2013

Beato João Pelingotto


           Nasceu em Urbino no ano de 1240. O pai, um rico negociante de tecidos, começou a iniciá-lo no seu ramo de negócios desde muito cedo, pelo menos desde os 11 anos. Mas não tardou a ter de lhe permitir outro modo de vida, deixando-o dedicar-se livremente a exercícios de piedade.
          Vestiu o hábito da Terceira Ordem Franciscana na igreja de Santa Maria dos Anjos, a primeira igreja franciscana de Urbino, e como fiel imitar do Pai Seráfico, passou a viver em maior austeridade. O amor aos pobres levava-o a privar-se por vezes até do necessário a fim de os socorrer. E quando notou que os seus conterrâneos começavam a apreciá-lo demais, a sua humildade levou-o a tentar despistá-los, fazendo-se de louco, ao mesmo tempo que se ocultava aos olhos do mundo, de modo a só Deus testemunhar as suas virtudes.
           Em 1300 foi a Roma para ganhar o jubileu decretado por Bonifácio VIII. Era a primeira vez que visitava a cidade eterna, e julgava que ninguém ali o reconheceria. No entanto, alguém de um grupo que se cruzava com ele, o apontou e perguntou: <<Não é este o santo homem de Urbino?>>. Esta e outras ocorrências mostravam claramente que o Senhor não queria uma luz tão brilhante escondida debaixo dum alqueire.
De regresso à sua terra, intensificou a vida espiritual e suspirou  mais ardentemente pela pátria celeste. Foi acometido por doença muito grave que quase acabou com ele, a ponto de até perder a fala, que só veio a recuperar nos últimos dias da vida terrena. Até na maneira de suportar os sofrimentos imitou o Seráfico Pai. 

            Por outro lado, o demônio não cessava de molestar, até no leito da morte, com tentações torpes este irmão terceiro que sempre conservara intacta a pureza do coração. Por isso ele se interrogava: <<Porque é que me afliges? Porque me trazes à memória coisas que eu nunca fiz, tentações em que nunca consenti?>>. E abandonando-se nos braços da misericórdia divina, disse em voz alta: <<E agora, vamos para a frente com toda confiança!>>. Perguntou-lhe um dos presentes, que o ouvira: <<Vamos, para onde?>>. <<Para o céu!>>, respondeu ele. Dito isto, o rosto começou a irradiar um fulgor celeste, relaxaram-se-lhe os membros, e expirou em paz, no primeiro de junho de 1304, com 64 anos de idade.
            Embora tivesse manifestado desejo de ser sepultado na igreja de São Francisco, num primeiro momento não lhe fizeram a vontade: teve exéquias solenes e foi sepultado no cemitério franciscano, no claustro do convento. Bem depressa Deus glorificou o seu fiel servidor. Foram tantas as graças recebidas por sua intercessão, e tal a correria dos fiéis ao seu sepulcro, que os irmãos houveram por bem exumar os seus restos mortais e levá-los para a igreja de São Francisco. Perante a acumulação de mais prodígios, sobre o seu túmulo foi erigido um altar para se celebrarem missas em sua honra. O seu culto continuou através dos séculos.