quarta-feira, 19 de junho de 2013

Beata Maria Teresa Soubiran La Louvière, fundadora


    

     A família Soubiran pertencia à antiga nobreza. Suas origens datam pelo menos do século XIII, e entre seus antecessores indiretos se contam São Luís de França, São Eleazar de Sabran e sua esposa a Beata Delfina, Santa Roselina de Villeneuve, Santa Isabel da Hungria e boa parte das famílias reais da Europa.

     No século XIX, o chefe da família Soubiran era José de Soubiran La Louvière, que vivia em Castelnaudary (em occitano, Castèlnòu d'Arri) perto de Carcassone, sul da França. José se casou com Noemi de Gélis de l´Isle d´Albi.
     Sofia Teresa Agostinha Maria, segunda filha deste matrimônio, nasceu em 16 de maio de 1834 em Castelnaudary. Criada numa família profundamente católica, dirigida por seu tio, o Cônego Luis de Soubiran, Sofia logo se sentiu chamada à vida religiosa.
     Aos 20 anos, ela fez uma tentativa de vida religiosa numa comunidade católica em Gand, na Bélgica, mas esta experiência durou somente um ano; ela voltou à França, onde queria implantar essa comunidade.
     Ela se sentia inclinada à austeridade e à vida reclusa do Carmelo. Entretanto, após um período de vacilações e tendo solicitado conselhos, decidiu finalmente atender aos desejos de seu tio. Assim, se trasladou para Gand para estudar o gênero de vida das "beguinas" e, ao retornar, foi nomeada superiora da comunidade de Castelnaudary, que seu tio inaugurara. Estes acontecimentos se passaram entre 1854 e 1855.
     Nos anos seguintes, a nova fundação prosperou, mas de uma forma bastante diferente a dos "beguinatos" belgas, pois Sofia e suas companheiras renunciaram às suas propriedades, estabeleceram um orfanato e praticaram, por regra, a adoração noturna ao Santíssimo Sacramento. Apesar dos progressos, aquela foi uma época muito difícil para a comunidade e sua superiora, e a casa em que moravam recebeu o nome de "o convento do sofrimento".
     Em 1863, Madre Maria Teresa, como ela passou a ser chamada, fez os Exercícios de Santo Inácio sob a direção do famoso jesuíta Pe. Pablo Ginhac. Deus lhe manifestou então claramente que ela devia levar adiante seu propósito de fundar uma congregação tal como tinha planejado.
     O "beguinato" não se dissolveu; simplesmente, em setembro de 1864, Madre Maria Teresa e algumas Irmãs se mudaram para o convento da Rue des Buchers, em Toulouse, que ia ser a residência da nova congregação. Madre Maria Teresa consagrou então a nova comunidade a Maria, de quem todas as Irmãs adotariam o nome a partir daquele momento. A Sociedade de Maria Auxiliadora havia nascido. As Irmãs adotaram a espiritualidade inaciana, encontrando Deus tanto na oração quanto na ação apostólica.
     A partir do ano seguinte, os escritos da Beata nos permitem seguir de perto sua evolução interior até sua morte, ocorrida um quarto de século mais tarde.
     A Casa-Mãe de Toulouse logo deu origem a outras casas que se espalharam por toda a França, chegando até mesmo à Inglaterra após a guerra de 1870.
     Para melhor se colocar nas mãos de Deus, “para ser apenas um pano de fundo para Ele”, Madre Maria Teresa renunciou a todos os seus bens pessoais através de um voto radical de pobreza: Deus lhe deu uma tarefa a cumprir, e ela contava somente com Ele para realizá-la. “Aquele que coloca sua confiança em Deus é fortalecido com a mesma força de Deus”.
     As novas religiosas se dedicavam ao cuidado dos órfãos e à instrução das crianças pobres, e inauguraram em Toulouse a primeira casa de hospedagem para jovens trabalhadoras, a qual se deu o nome de Maison de famille, porque era um verdadeiro lar para as jovens que não o tinham, ou que viviam longe do seu. As Auxiliadoras praticavam diariamente a adoração noturna.
     A Madre redigiu as Constituições de sua congregação inspirada nas da Companhia de Jesus. O Pe. Ginhac, que tomou parte muito ativa na nova fundação, se encarregou de revisá-las. Em 15 de outubro de 1867, o Bispo de Toulouse, Florian-Jules-Félix Desprez, aprovou as Irmãs de Maria Auxiliadoras e a Santa Sé publicou, em 19 de dezembro de 1868, um breve laudatório.
     Em 1869, foram inaugurados os conventos de Amiens e de Lyon. Durante a guerra franco-prussiana, as religiosas dos três conventos se refugiaram primeiro em Southwark e depois em Brompton, onde os padres oratorianos as ajudaram muito. Mais tarde estabeleceram uma "casa de família" em Kenington, que foi a primeira fundação inglesa das Auxiliadoras.
     Em 1868, ingressou na congregação uma noviça que três anos depois foi eleita, por voto quase unânime do capítulo, conselheira e assistente da Madre Geral. Tratava-se da Madre Maria Francisca, uma mulher muito hábil e inteligente, cinco anos mais velha que Madre Maria Teresa. Infelizmente, durante muito tempo a Beata não se deu conta de que esta era "dominadora, instável e ambiciosa".
     Em princípios de 1874, Madre Maria Francisca declarou que a situação econômica da congregação era desesperadora (atualmente se sabe que era um julgamento exagerado) e inicialmente declarou ser sua a culpa, mas depois passou a atacar Madre Maria Teresa. Em pouco tempo o rumor de que a má situação das coisas era causada pela fundadora correu por todos os conventos da congregação.
     Madre Maria Teresa lembrou-se então que pouco tempo antes Nosso Senhor lhe havia aparecido e lhe dizia: “Tua missão terminará dentro de pouco tempo, não haverá lugar para ti na tua congregação. Porém, meu poder e minha bondade estarão contigo”. Após consultar o Pe. Ginhac, este a aconselhou a renunciar. Sua conselheira foi nomeada superiora geral.
     A nova superiora não permitiu que a fundadora residisse em nenhum dos conventos da congregação. Não faltaram medidas desagradáveis tomadas por Madre Maria Francisca para evitar que a Beata reconquistasse sua antiga influência e autoridade, e culminou na expulsão da fundadora. Em fins de 1874, Madre Maria Teresa voltou a ser simplesmente Sofia de Soubiran La Louvière.
     Em 20 de setembro de 1874, Maria Teresa de Soubiran foi acolhida no mosteiro de Nossa Senhora da Caridade, em Paris. Admitida inicialmente como pensionista, em 20 de abril do ano seguinte ela tomou o hábito e recebeu um novo nome: Irmã Maria do Sagrado Coração. Ela foi admitida definitivamente em 29 de junho de 1877.
     Com muita humildade, fidelidade e amor, ela se adaptou a todos os usos e costumes de sua nova família religiosa, onde por 15 anos viveu sempre mais confiante no amor de Deus que a despojou de tudo e que se tornou sua força, sua alegria, sua oração, sua plenitude.
     Oito anos depois, a irmã da fundadora, Madre Maria Xavier, também foi despedida da congregação, porque sua presença recordava a Fundadora. Ela também ingressou no convento de Nossa Senhora da Caridade de Paris, e informou a irmã sobre o triste estado da congregação.
     A Beata Maria Teresa passou na enfermaria os últimos sete meses de sua vida. Morreu no dia 7 de junho de 1889, murmurando estas palavras: "Vem, Senhor Jesus". Tentou fazer o sinal da cruz, mas não chegou a completá-lo. Foi sepultada no cemitério de Montparnase, na cripta do convento de Nossa Senhora da Caridade. Atualmente, suas relíquias se encontram na Casa-Mãe das Auxiliadoras em Paris.
     Em fevereiro de 1890, Madre Maria Francisca demitiu-se deixando subitamente a congregação. Madre Maria Isabel de Luppé é eleita Superiora Geral. Fiel companheira de Madre Maria Teresa de Soubiran, ela havia guardado bem vivo o seu espírito; a nova superiora reabilitou a memória da Fundadora junto às Irmãs.
     O Instituto tomou o nome de Sociedade de Maria Auxiliadora e suas Constituições foram aprovadas definitivamente pela Santa Sé em 6 de janeiro de 1924. Em 31 de dezembro de 2005 o Instituto contava 204 religiosas em 28 casas.
     Madre Maria Teresa de Soubiran La Louvière foi beatificada por Pio XII em 20 de outubro de 1946.