quarta-feira, 5 de junho de 2013

Beato Zeferino Gimenez Malla, mártir


         


         Zeferino Gimenez Malla, nasceu na Catalunha, Espanha, aos 26 de agosto de 1861. Descendia do povo cigano daquela localidade, que chamava o menino de “El Pelé”. A família vivia na pobreza, que se intensificou quando o pai a abandonou, para ficar com outra mulher. Por isso, Zeferino não pôde ir à escola, precisou ajudar no sustento da casa, confeccionando e vendendo cestas de vime. Quando completou vinte anos, se transferiu para Barbastro e ali se casou com Teresa Gimenez Castro, ao modo cigano, sem rito religioso. O casal não pôde ter filhos, então resolveu adotar Pepita, uma sobrinha de Teresa.
         Zeferino não tinha uma profissão fixa, era habilidoso com cavalos e mulas, mas se tornou um comerciante autônomo depois de um episódio que encantou toda Barbastro. Um homem tuberculoso, vertendo sangue contaminado pela boca, estava agonizando na estrada. Todos tinham receio de ajuda-lo, afinal, a tuberculose era extremamente contagiosa. Porém, isto não intimidou Zeferino que o ajudou prontamente, abrigando-o em sua casa, tratou de sua doença. Quis o destino que a família daquele homem fosse uma das mais poderosas do local, que gratificou muito bem Zeferino pela sua boa ação. Com este dinheiro ele iniciou um pequeno negócio que rapidamente prosperou.
        Ele acabou enriquecendo, mas, mesmo assim, continuou praticando sua caridade. Com o sangue nômade nas veias, passou a pregar pelas estradas, munido do Rosário. Socorria aos mais pobres, especialmente os ciganos, seus irmãos de sangue. Porém, para ele todos eram o “próximo”, tornando-se a razão de sua existência e de seu trabalho caridoso.
          Cristão, devoto da Virgem Maria e da Eucaristia, frequentava a Santa Missa todos os dias, na qual fazia questão de receber a comunhão. Zeferino oficializou seu casamento pelo rito católico, em 1912. Nesta ocasião passou a frequentar a “Quarta-feira Eucarística”, da Ordem Terceira de São Francisco. Quando então todos os religiosos reconheceram naquele comunicativo cigano um grande modelo de virtude e santidade. Empenhou-se com grande generosidade nas Conferências de São Vicente de Paulo, porque desejava tornar sua caridade mais eficiente. Mesmo sendo analfabeto, também se dedicava à catequese das crianças, ciganas ou não. Era muito querido por elas, pois, conhecendo muitas passagens da Bíblia ele as contava com especial inspiração.
         Em 1936 explodiu a guerra civil espanhola. No dia 02 de agosto deste ano, Zeferino foi preso ao tentar libertar um padre que era prisioneiro de um grupo anarquista. Tinha então setenta e cinco anos de idade. Mesmo sob a mira das armas, Zeferino protestou de cabeça erguida. Todos puderam ouvir seu último grito, brandindo o Rosário, seu companheiro, antes do fuzilamento: “Viva Cristo Rei!”.
        Por ordem dos rebeldes, todos os fuzilados foram enterrados numa cova coletiva. Dentre eles estava Zeferino, cujo corpo nunca pôde ser encontrado. Em 1997, numa bela cerimônia solene celebrada pelo Papa João Paulo II, em Roma, na presença de milhares de ciganos cristãos do mundo todo, Zeferino Gimenez Malla foi declarado Beato. Assim, ele se tornou o primeiro cigano a ser elevado aos altares pela Igreja, cuja festa foi marcada para o dia de sua morte.