terça-feira, 2 de agosto de 2011

Santo Eusébio de Vercell, bispo

          Santo  Eusébio era  filho de  pais  piedosos e ricos;   nasceu na  ilha da Sardenha.   Instruído  nas ciências sacras e profanas em Roma,  foi unido ao clero romano, quando São Silvestre governava a Igreja.   Mais  tarde  foi destacado para Vercelli, no Piemonte, para dirigir aquela diocese. Segundo testemunho de  Santo Ambrósio, foi o primeiro  sacerdote secular do Ocidente, que com este estado ligava  o  de sacerdote  regular, e que obrigava o clero da  cidade a  levar uma vida  quase de monges. 
          Eusébio vivia  com o clero em comunidade. Pela  oração e penitência, pediam-se as  bênçãos de Deus para o trabalho da  cura de almas. Além disto estudavam os santos livros, trabalhavam nas paróquias e  ocupavam-se de ofícios  manuais.  Referindo-se a  este estado de vida, Santo Ambrósio disse: "Pode  haver coisa mais maravilhosa? Tudo ali é digno de imitação. O rigor do jejum é compensado pela paz da  consciência e pelo  sossego da alma. O poder do bom exemplo sustenta a todos. O que mais custa à natureza, torna-se  fácil pelo costume".  
          Desta santa comunidade saiu uma série de excelentes bispos. Esta vida  em comum preparou Eusébio para as lutas que o esperavam, e deu-lhe  força para sair  vencedor de todas.  Já em 355, apareceu a primeira dificuldade,  quando o Imperador Constâncio convocou o Concílio de  Milão, ao qual Eusébio se  negou a comparecer, prevendo a preponderância que haveria de elementos arianos. Só quando recebeu o convite escrito do imperador, dos bispos arianos e  católicos, prontificou-se a  ir, mas com a declaração, de que agiria  segundo  a  sua consciência e  os ditames da justiça.   Esta declaração  determinou os membros do Concílio a  dar-lhe acesso às  sessões, bem como ao Legado do Papa, mas só no décimo dia, quando não  havia mais nada  a  receber de sua presença. Ainda assim exigiram  que assinasse  uma bula, que continha a  excomunhão de Santo Atanásio, a que  se opôs enérgica e resolutamente, apelando para a  assembléia que devia respeitar  as  resoluções do  Concílio de Nicéia. 
           As sessões do Concílio  foram então transferidas  para os salões do palácio imperial, e foi ali  que o imperador, com a espada em punho, exigiu  peremptoriamente que assinasse  aquele  documento.  Eusébio ainda assim negou a assinatura, o que lhe importou a prisão e  o exílio para  Scitópolis, na Palestina. Os católicos  viram neste gesto do santo  o triunfo da fé católica,e deram a  Eusébio  as provas  mais claras e comoventes de  solidariedade e  dedicação. Em Scitópolis teve  de sofrer  muitas contrariedades, da parte do bispo ariano daquela cidade. O fanatismo dos arianos  chegou a  ponto de maltratar  fisicamente  o santo prelado e pô-lo  em incomunicabilidade  com os  católicos. Eusébio  passou  por um verdadeiro martírio. O Seu consolo  era o amor dos católicos, que o cumulavam de  atenções, sempre que podiam e a visita de Santo Epifânio.  Os arianos, porém, não o deixavam em paz. Se por algum tempo conseguia  livrar-se da  prisão, outra mais apertada se  lhe abria. Assim aconteceu que, arrebatado dos católicos, ficasse preso, incomunicável, durante seis dias, sem se alimentar. O alimento que os arianos lhe ofereciam, rejeitava-o e aos católicos  era impossível chegar aonde estava. No sexto dia os católicos apareceram em  grande número e com veementes protestos e grandes ameaças, exigiram a libertação do bispo. 
            De Scitópolis, Eusébio foi transferido para a Capadócia e  de lá para Tebaida, onde permaneceu até a morte do imperador Constâncio,  em 361.  Sob o governo de Juliano, Apóstata, os bispos católicos exilados  tiveram  liberdade  de voltar  para as dioceses. Depois de uma expatriação de seis  anos, Eusébio foi a  Alexandria, onde Santo Atanásio realizava  um Concílio, a que assistiu  para depois se  dirigir a Antioquia, onde reinavam graves dissensões entre os  católicos. Deixando Antioquia, visitou quase todas as Igrejas do Oriente, confortando os católicos, animando os fracos  e  chamando os separados ao seio da Igreja. Igual apostolado  realizou na Ilíria, onde o arianismo  tinha produzido lamentáveis estragos.   Por fim, chegou à Itália, onde teve uma recepção brilhante, em que tomaram parte os  colegas do episcopado e o povo.  Em companhia de Santo Hilário , bispo de Poitiers, começou o apostolado de unificação das Igrejas.   Eusébio e Hilário contestaram a  legitimidade  do bispo ariano Auxênio em Milão;  nada, porém, conseguiram, porque  Auxêncio soube habilmente enganar o inperador  Valentiniano e alguns bispos. 
           Depois de tantos trabalhos e  lutas, Eusébio retirou-se  para a  sua  diocese de Vercelli, onde encontrou tudo em boa ordem, graças ao zelo do clero por ele  formado. Não tardou muito que Deus  chamasse  seu fiel  servo ao bem merecido  repouso, em 370. Por causa dos grandes sofrimentos  que passou  Santo Eusébio, em defesa da fé, deu-se-lhe o título de mártir.  

Reflexões: 

            Como é  admirável  a firmeza de Santo Eusébio nas lutas, nas dificuldades, nas perseguições! Desta firmeza o católico  deve procurar  ter  uma boa parcela. Muitas  vezes se vê o contrário. Se vem uma contrariedade, é fácil ouvirem-se  palavras de  desânimo, de queixas contra Deus e  até ameaças de abandonar a religião.  Quando vai tudo bem, não é preciso muita virtude, por  achar fácil a  conformidade  com a vontade de Deus. 
           Sofrer pelo amor de Deus é uma honra, uma segurança. Muitos pensam contrariamente, julgando ser uma graça especial de Deus quando não se sofre nada. O pecador, que assim raciocina,  engana-se.  São Bernardo escreve: "Quem pecou, não experimentando o castigo de Deus, pode estar certo que é objeto da  ira de Deus. Deus condena no outro  mundo a  quem nesta vida não conseguiu  corrigir pela  adversidade".  De Santo Agostinho  são as seguintes  palavras: "Se vives em pecado e  Deus  não te castiga, mal sinal é".  A isenção de sofrimento, portanto, longe de ser sinal da amizade de Deus, deve causar sérias apreensões  ao pecador.  Aos amigos,  Jesus  Cristo oferece o cálice da dor. Disso  tens a prova nos Apóstolos, mártires e confessores. Queres fazer exceção desta honrosa  regra?     

Santo Eusébio de Vercelli, rogai por nós.


Sé da Arquidiocese de Vercelli

Catedral de Vercelli, Itália