sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Beato Carlos Maria Leisner, sacerdote e mártir


        Carlos Leisner nasceu a 28 de Fevereiro de 1915, numa pequena cidade alemã chamada Rees, no Baixo Reno, perto do Santuário de Kevelaer, Diocese de Münster, na Westfália.
       Desde os 12 anos, começa a participar ativamente como líder no movimento da Juventude Católica, da qual chegou a ser responsável diocesano. Aos 19 anos, conhece o Movimento de Schõnstatt, no qual se integra, através da comunidade dos Teólogos de Schõnstatt, e decidindo-se pelo Sacerdócio, entra no Seminário da Diocese de Münster, repartindo os seus estudos por Münster e Friburgo.
       Pouco depois da sua Ordenação como Diácono, aos 25 anos de idade, é-lhe diagnosticada uma tuberculose pulmonar, que o obriga a ir para um sanatório na Floresta Negra. Nessa altura, juntamente com o seu grupo de Teólogos, selou a Aliança de Amor com a Mãe Três Vezes Admirável de Schõnstatt, no sentido da «Carta Branca».
       A posição clara de Carlos em relação ao nazismo está na origem duma denúncia contra ele, que o levou a ser preso pela Gestapo, a 9 de Novembro de 1939. Depois de ter passado pelo campo de concentração de Saclisenhausen, perto de Berlim, é transportado para o campo de concentração de Dachau, onde dá entrada a 14 de Dezembro de 1940, sendo-lhe atribuído o número de prisioneiro 22356. Passou aí quatro anos. Durante esse tempo, encontra no Padre Otto Pies, S.J., seu companheiro na barraca 26, não só um amigo, mas também um precioso guia espiritual, e começa a integrar o grupo de Sacerdotes de Schõnstatt que, em tomo do seu Fundador, Padre José Kentenich, também prisioneiro, levaram uma vida de intenso heroísmo em tomo ao ideal que, no meio do inferno de Dachau, dava sentido às suas vidas: «Vencedor nas cadeias».
       A 17 de Dezembro de 1944, Mons. Gabriel Piquet, Bispo francês de Clermont-Ferrand, que se encontrava também prisioneiro em Dachau, obtidas as respectivas licenças, ordenou secretamente de Sacerdote o Diácono Carlos Leisner, que nesse momento se encontrava já quase no limite das suas forças físicas, devido aos maus tratos de que os presos eram vítimas. Assim se compreende que este jovem sacerdote, Carlos Leisner, não tenha tido forças para voltar a celebrar a Eucaristia, após a sua Primeira Missa, a 26 de Dezembro desse ano. Após a saída do campo de concentração, no final da Segunda Grande Guerra, Carlos veio a falecer a 12 de Agosto de 1945 no Hospital de Planegg, nas proximidades de Munique.
       Durante o processo de beatificação, alguém levantou a pergunta: Como é possível beatificar um Sacerdote que na sua vida celebrou apenas uma vez a Santa Missa quando há tantos outros que, durante muitos anos, viveram numa entrega heróica ao serviço do Reino de Deus? A resposta encontramo-la no segredo do Ideal pessoal animado pelo Ideal de grupo dos Teólogos de Schõnstatt, que fortalecia o jovem Diácono Carlos Leisner e mandou imprimir no santinho da Ordenação e Missa Nova: «É necessário que o sacerdote ofereça», frase a que às vezes acrescentava «e se ofereça».
       Em 8 de Outubro de 1988, num encontro de 42.000 jovens europeus em Estrasburgo, João Paulo II propôs Carlos Leisner como modelo para a juventude duma nova Europa. A 23 de Junho de 1996, no estádio olímpico de Munique, o Papa João Paulo II beatifica o sacerdote mártir Carlos Leisner. É este o primeiro membro do Movimento de Schõnstatt a ser elevado às honras dos altares.
          Um sacerdote da diocese de Münster, Reinold Friedrichs, detido com Carlos Leisner em Dachau, escreve: "um acontecimento extraordinário e comovente: o candidato, pálido, emagrecido, tremendo em seu uniforme listrado, diante do altar... O bispo consagrante, em trajes pontificais, sob as quais apareciam as calças do uniforme dos prisioneiros... Outros 30 sacerdotes, com jaquetas listradas, em silêncio, impuseram,  depois do bispo, as mãos sobre a cabeça do ordenando".
         



       O altar de Dachau não tem sua importância por ser “de Dachau”, mas por ser altar. Por isso do altar, qualquer sacerdote retira o que os prisioneiros sacerdotes puderam tirar daquele. Se há prisão, dor ou sofrimento, há também um altar onde Ele se entrega uma vez mais por cada um.


Quarto onde faleceu o sacerdote Carlos Leisner


        Em meio ao lugar da dor e da desgraça no bloco 26 estava a capela e nela um altar. Desse altar jorrou em todos esses anos uma fonte inesgotável de vida e fé. Desse altar N. Senhor Jesus fazia-se prisioneiro com seus sacerdotes dando-lhes ao mesmo tempo a liberdade do céu. Nesse altar fora ordenado secretamente o Beato Carlos Leisner. Esse altar recebera sobre si tanta dor, tanta angústia e de si gerou paz, perseverança e santidade.
       Hoje o altar está na Casa Geral do Instituto dos Sacerdotes Diocesanos de Schoenstatt no Monte Moriah perto de Schoenstatt. Os que lá chegam podem fazer a experiência de estar com tantos sacerdotes que dali tiraram forças para suportar o insuportável, dali entraram para o céu.