quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Do catecismo de São João Maria Vianney, presbítero, século XIX, (Catéchisme sur la prière: A. Monnin, Esprit du Curé d'Ars, Paris, 1899, pp. 87-89)

A mais bela profissão do homem é rezar e amar


      "Prestai atenção, meus filhinhos: o tesouro do cristão não está na terra, mas nos céus. Por isso o nosso pensamento deve estar voltado para onde está o nosso tesouro. Esta é a mais bela profissão do homem: rezar e amar. Se rezais e amais, eis ai a felicidade do homem sobre a terra.
      A oração nada mais é do que a união com Deus. Quando alguém tem o coração puro e unido a Deus, sente em si mesmo uma suavidade e doçura que inebria, e uma luz maravilhosa que o envolve. Nesta íntima união, Deus e a alma são como dois pedaços de cera, fundidos num só, de tal modo que ninguém pode mais separar. Como é bela essa união de Deus com sua criatura! É uma felicidade impossível de se compreender.
      Nós nos havíamos tornados indignos de rezar. Deus, porém, na sua bondade, permitiu-nos falar com Ele. Nossa oração é o incenso que mais lhe agrada.
      Meus filhinhos, vosso coração é por demais pequeno, mas a oração o dilata e o torna capaz de amar a Deus. A oração faz saborear antecipadamente a felicidade do Céu; é como o mel que se derrama sobre a alma e faz com que tudo nos seja doce. Na oração bem feita, os sofrimentos desaparecem, como a neve que se derrete sobre os raios de sol.
      Outro benefício que nos é dado pela oração: o tempo passa tão depressa e com tanta satisfação para o homem, que nem se percebe a sua duração. Escutai: certa vez, quando eu era pároco em Bresse, tive que percorrer grandes distâncias para substituir quase todos os meus colegas que estavam doentes; nessas intermináveis caminhadas, rezava ao bom Senhor e - podeis crer! - o tempo não me parecia longo.
      Há pessoas que mergulham profundamente na oração, como peixes na água, porque estão inteiramente entregues a Deus. Não há divisões em seus corações. Ó como eu amo estas almas generosas! São Francisco de Assis e Santa Clara viam nosso Senhor e conversavam com Ele do mesmo modo como nós conversamos uns com os outros.
      Nós, ao invés, quantas vezes entramos na Igreja sem saber o que vamos pedir. E, no entanto, sempre que vamos ter com alguém, sabemos perfeitamente o motivo por que vamos. Há até mesmo pessoas que parecem falar com Deus deste modo: "Só tenho duas palavras para Vos dizer e logo ficar livre de Vós...". Muitas vezes penso nisso: quando vamos adorar a Deus, podemos alcançar tudo o que desejamos, se o pedirmos com fé viva e coração puro".