"Quantas coisas, de fato, tu tentas adquirir nesta vida, sem ter sempre a possibilidade de desfrutá-las! Se alguém te acusasse por este motivo, tu lhe responderias que te consideras suficientemente consolado das tuas fadigas, pensando nos filhos e netos. Se, na mais avançada velhice, te metes a construir explêndidos palácios, que freqüentemente a morte te impede de terminar, se plantas árvores que darão frutos só muitos anos depois de tua morte, se adquires fazendas e uma herança das quais te tornarás proprietário só depois de muito tempo; se, em resumo, adquires outros bens semelhantes, os quais nunca poderás desfrutar: pois bem, tudo isso fazes por ti, ou para os que estarão vivos depois de ti? Não é, pois, uma completa loucura não perturbar-se nestes casos com o transcorrer do tempo, qunndo ele é a causa que nos privará da recompensa de nossas fadigas, e, por outro lado, nos desencorajar e entorpecer quando se trata do céu, para um adiamento que entretanto servirá para aumentar teu lucro sem que os teus bens passem às mãos de outros e também para te fazer gozar pessoalmente de todos os dons que recebes?