segunda-feira, 25 de abril de 2011

São Bernardo de Claraval, ("Sermo I, in Sp. Sanct., 1ss", in I padri vivi, cit.)

           

             "Antes o Espírito invisível manifestava sua chegada com sinais visíveis: quanto mais, portanto, os sinais são espirituais, tanto mais eles são convenientes ao Espírito Santo. Desceram então sobre os discípulos na forma de línguas de fogo, para que eles dissessem palavras de fogo nas línguas de todas as gentes e pregassem uma lei de fogo com língua de fogo. Ninguém se lamente que tal manifetação do Espírito não seja feita a nós: a manifestação do Espírito é feita a cada um de acordo com a humildade (1Cor 12,7). Mas realmente essa manifestação foi feita mais para nós que para os apóstolos. Para que lhes serviram de fato as línguas, se não para a conversão das gentes? Houve neles uma outra manifestação, mais propriamente deles: e esta é ainda hoje revelada a nós. De fato, é evidente que devem ter sido revestidos de poder do alto aqueles que, de uma tão grande pusilanimidade de espírito, alcançaram depois uma tão maravilhosa constância. Eles não fugiram mais, não se esconderam mais de medo dos judeus; é mais forte a coragem deles no predicar, do que tinha sido seu medo no esconder-se. Que aquela mudança seja devida à destra do Altíssimo, o diz claramente o medo do príncipe dos apóstolos, que treme às palavras de uma empregada, mas depois se torna forte sob os flagelos do Sinédrio: "Quanto a eles, saíram do Sinédrio regozijando-se por terem sido achados dignos de sofrer afrontas pelo Nome" (At 5,4). Ainda, enquanto Jesus era condenado diante do Sinédrio, eles tinham fugido e o haviam deixado só. Quem pode pôr em dúvida a descida do Espírito veemente, que fortaleceu as suas almas, com um poder invisível? Assim, também hoje, as coisas que o Espírito opera em nós dão testemunho da sua presença".